Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Estadão destaca uso
da internet nas eleições


Leia abaixo os textos de segunda-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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O Estado de S. Paulo


Segunda-feira, 22 de agosto de 2006


ELEIÇÕES 2006
Maurício Moraes e Silva


Candidatos usam novos artifícios na campanha via web


‘Foi-se o tempo em que a propaganda eleitoral na internet ficava restrita a home pages com as propostas dos candidatos. De olho no potencial da rede e por economia, muitos políticos resolveram apostar em novas ferramentas para tentar conquistar eleitores pela web na campanha deste ano. A panfletagem online inclui colocar vídeos no site YouTube, adicionar eleitores na comunidade virtual Orkut e fazer propaganda usando mensageiros instantâneos, entre outros artifícios.


Até o telefone móvel foi ‘convocado’. No site de campanha do deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ), por exemplo, existe uma ferramenta que permite aos eleitores enviar torpedos SMS, dizendo que o apóiam, para amigos. Outro link leva a folders e adesivos prontos para imprimir, recortar e distribuir. Dá ainda para ligar para um número de telefone, deixar uma mensagem e, depois, ouvi-la via internet. Há a intenção de, em breve, incluir depoimentos em vídeo.


Segundo Gabeira, ainda não dá para dizer que essas ferramentas se tornaram essenciais para quem quer ser eleito. ‘Não se pode definir o mesmo caminho para todos, mas, para nós, são indispensáveis.’ Ele afirma que, em 2002, a web serviu como instrumento de organização da campanha. ‘Agora, é de organização e de descentralização do trabalho. Todo o nosso material pode ser multiplicado.’ O deputado tem ainda uma comunidade oficial no Orkut e pensa em abrir um site semelhante, dentro da sua home page, reunindo seus apoiadores.


Aproveitando a fama crescente do YouTube (www.youtube.com), vários candidatos a deputado estadual ou federal colocaram vídeos de campanha no site. A maioria pôs no ar o trecho em que aparece no programa eleitoral da TV e, talvez por isso, obteve audiência próxima de zero. Exceção à regra, a vereadora Soninha Francine (PT-SP), candidata a deputada federal, gravou sozinha um depoimento de 4 minutos em casa e jogou na página. Deu certo. Mesmo com o áudio fora de sincronia, o vídeo já teve mais de 2.800 espectadores.


Uma das razões que a levaram a optar pelo YouTube foi a economia – ninguém paga nada para usar o serviço. ‘Me faz mal saber o quanto se gasta em uma campanha.’ Pesou também a facilidade de atingir muitas pessoas por meio do site. ‘A capacidade de propagação de um negócio desses é absurda’, diz. ‘Outro motivo é que não é impositivo. O cara que não quiser não clica.’ Ela pretende incluir novos depoimentos para responder a dúvidas comuns dos eleitores.


Outros políticos decidiram fazer corpo-a-corpo em comunidades virtuais. O candidato Jorge Batista Bento, o Jorginho d’Orkut (PRONA – MG), criou mais de 50 perfis no site de relacionamentos e conta com milhares de ‘amigos’. Seu site pessoal tem aparência idêntica à do Orkut. A idéia de buscar eleitores usando o serviço surgiu como forma de contornar a falta de recursos. ‘Se eu vencer, será muito mais fácil me fiscalizarem.’


O Orkut também tem servido de outdoor online. Contratado pela campanha do candidato a governador de Pernambuco Mendonça Filho (PFL), o programador Beto Toledo criou um sistema que cola um adesivo virtual do candidato a qualquer foto. Depois, seus apoiadores exibem a imagem com a propaganda no site de relacionamentos. ‘Já foram feitas 8.000 fotos.’ Ele criou até emoticons eleitorais para o MSN. Será que tudo isso vai dar certo? A resposta virá em 1º de outubro.’


INTERNET
Renato Cruz


Voz sobre internet avança no País


‘A telefonia baseada em voz sobre IP (sigla inglesa de protocolo de internet) deve crescer 23% ao ano até 2010, de acordo com a consultoria IDC. ‘Existe muito potencial no Brasil’, afirmou o analista Brendan Conroy, da consultoria. ‘Há uma grande oportunidade para atender a pequenas e médias empresas.’


A telefonia via internet usa uma conexão de banda larga, que pode ser da própria operadora de telefonia fixa, para fazer ligações mais baratas, principalmente de longa distância. A redução de gastos de telefonia chega a 70%. Em 2010, deve estar em 41% das casas com banda larga.


A IDC identificou 82 provedores de serviço, entre corporativos e residenciais. ‘Em um ou dois anos, a maioria terá fechado’, afirmou Conroy. ‘O mercado está saturado e muitos não têm dinheiro para oferecer um serviço de qualidade.’


A situação do mercado hoje se compara ao da internet antes do estouro da bolha de tecnologia, em abril de 2000. A maior empresa de telefonia via internet hoje no Brasil é a Vono, que pertence à GVT, concorrente da Brasil Telecom. Em 2008, o número de linhas de voz sobre IP deve alcançar 2,1 milhões no Brasil.


É um mercado que atraiu empreendedores de ondas anteriores de investimento em tecnologia, como a própria internet e as espelhinhos, criadas para concorrer com as concessionárias de telefonia fixa. A Hip Telecom pertence a Paulo Humberg, criador do site de leilões Lokau. Conhecedor do mercado das pontocom, Humberg diz que a voz sobre IP é ‘internet com dinheiro’.


A Transit Telecom e a Tmais surgiram como espelhinhos e hoje operam telefonia via internet. A Locaweb, que tem como atividade principal a hospedagem de sites, hoje oferece PABX virtual, via internet.


Alexandre Flit, que criou a Alonet em 1999, como operadora de voz sobre internet, hoje é dono da Principal Telecom, que vende PABX IP. No lugar de um equipamento específico, o PABX IP é um software que roda num servidor. ‘Existem muitas empresas grandes procurando o produto’, afirmou Flit.


A Voitel existe há 8 anos. Até 2002, pertenceu ao fundo americano Spectrum Telecommunications. Com a crise das pontocom, foi comprada pela Combratel, da família de Pedro Suchodolski, presidente da Voitel. ‘Podemos oferecer um tratamento diferente para pequenas e médias empresas, que as concessionárias não conseguem’, disse Suchodolski.


Já a Tellfree começou a operar em 2005. Este ano, recebeu aporte do banco americano State Capital, que comprou 42% da empresa. O diretor-geral da Tellfree, Daniel Duarte Filho, trabalhou no provedor Terra antes de fundar a operadora. ‘A experiência da internet ajuda muito’, apontou Duarte.’


Pedro Doria


A Terra vista pelo Google


‘Há poucos meses, um usuário do Google Earth que atende pelo nome KenGrok fez um achado fascinante para quem gosta de romances de espionagem. Conforme passeava pela Ásia, encontrou na China, não longe da fronteira com a Índia, uma extensa cadeia de montanhas. Deu zoom.


O Google Earth, lançado em 2005 para os Windows 2000 e XP, mas que já tem versões para Mac e Linux, é um programa que permite ver a Terra do alto através de fotografias de satélite. Em algumas cidades, caso de Nova York, o zoom é tão potente que dá para perceber as pessoas nas ruas.


Não eram montanhas, evidentemente, que KenGrok estranhou: há muitas por ali. O problema era a escala: 1:500. Eram montanhas em miniatura. Artificiais – embora ocupassem uma área gigantesca. Fuçando mais pela região, encontrou justamente na fronteira – em disputa desde 1962 – uma cadeia igual, só que em tamanho natural. Os chineses construíram um modelo em escala de uma região disputada para análise estratégica.


Há milhões de problemas com o Google Earth. Privacidade é um deles. Milionários reclamam, não sem razão, que o sistema facilita tanto acesso a imagens de satélite que qualquer um pode ver como são suas propriedades. O governo australiano chegou a pedir oficialmente que imagens de alta resolução de uma de suas propriedades não fossem incluídas. Aí desistiu – o pedido obviamente chamava mais a atenção para o local.


Google Earth foi criado para atender um público não muito grande mas de todo unido: o de quem joga simuladores de vôo. Repentinamente, viu-se popular. É um barato descobrir a própria casa num momento de tédio – e então a de amigos. A cidade toda. O lugar para onde se vai viajar.


Mas usos cada vez mais requintados estão aparecendo, porque o programa permite ao usuário incluir marcadores pessoais em pontos do mapa que achar conveniente.


Eric Born, por exemplo, marca morsas gigantes no Ártico. Fazem parte de sua pesquisa. Biólogo por formação, especializado na fauna do Pólo Norte, ele carrega o Google Earth com dados encontrados gratuitamente na internet. A posição por GPS de suas morsas marcadas, ele as têm. Pinça no mapa enquanto acompanha o derretimento da camada de gelo do Pólo e o descolamento de placas com morsas em cima. Dá para ver o aquecimento global ao vivo.


Biólogos de todo o mundo usam o Google Earth para estudar a distribuição de ecossistemas em geral, e comunidades de animais em particular. Até havia programas sofisticados de análise antes – a diferença é esse permite enxergar uma região por fotografias, não por mapas esboçados.


Às vezes, esse tipo de estudo é mais prático do que parece. A migração de aves monitorada dia a dia permite a distribuição de recursos mais inteligente num quadro de uma epidemia de gripe aviária.


A revista alemã Der Spiegel flagrou equipes de resgate americanas traçando sua estratégia para Nova Orleans, quando veio o furacão Katrina e depois as enchentes, usando nada mais que o Google Earth. Isso incluía equipes do governo.


Não é que não tivessem acesso àquele material. Tinham. Em grandes fotos impressas ou de imagem estática de cada trecho. Tudo encaixado de forma organizada, colada sobre o globo, e com facilidade para se ir de um lugar para o outro, isto só com o Google Earth. E a equipe da empresa tratou, naturalmente, de alimentar seu programa com fotos novas de satélite a cada momento.


Foi isto que permitiu, em muitos casos, saber que regiões estavam cheias ou não quando a crise, o pânico e o clima botou em curto a infra-estrutura de telecomunicação da cidade. Celular tem disso: quando se mais precisa, no momento do desespero geral, o sistema não agüenta.


Por enquanto, para a maioria das pessoas, ele parece não mais que um programinha curioso. Mas ainda vai facilitar muito a vida de muita gente enquanto levantará questões de segurança nacional e privacidade por todo lado. Essa é uma briga da internet que mal começou.’


Bruno Sayeg Garattoni


Novo Blogger fica (bem) mais rápido


‘Entrou no ar semana passada, em caráter de teste (beta), a nova versão do serviço de blogs Blogger, um dos mais populares da internet. É a primeira grande atualização desde que ele foi comprado pelo Google.


Por enquanto, a nova versão, que está em beta.blogger.com, é apenas para quem não possui um blog. Mas, no futuro, o Google vai permitir a migração dos seus atuais blogueiros.


Ao testar o novo Blogger, a primeira novidade que salta aos olhos é a possibilidade de classificar os ‘posts’ em categorias – recurso que fazia falta.


Logo em seguida, vem a grande melhoria: agora, a publicação é instantânea. Sabe aquele maldito aviso, ‘Publicando blog… 50%… Aguarde’? Já era.


Fuçando no painel de controle (Dashboard), você encontrará uma novidade bem interessante. Agora, dá para determinar quem poderá ler o seu blog – todo mundo, só as pessoas que você escolher ou então os autores de outros blogs.


A edição gráfica ficou mais fácil. Agora, dá para reordenar os elementos da página simplesmente arrastando com o mouse, e também alterar as cores do blog. Antes, para fazer essas coisas você tinha de editar à mão um código HTML. Por outro lado, o Blogger continua deficiente no quesito estética – oferece poucos modelos gráficos (templates) para você escolher.


MICROSOFT


Não querendo ficar atrás, a Microsoft recentemente lançou um fazedor de blogs, o Windows Live Writer (tinyurl.com/s77yo). Ele é um programa que você instala no PC, e funciona com o serviço de hospedagem de blogs da Microsoft (Spaces) e também com concorrentes, como o próprio Blogger.


O Live Writer tem recursos diferentes, como um editor de imagens (para retocar fotos antes de publicá-las). Mas eles não justificam a complicação que é instalar um programa para cuidar do seu blog – coisa que, hoje, você faz no navegador.’


Ricardo Anderaos


O calote do camelô


‘Na última terça-feira, o repórter Jocelyn Auricchio, que escreve sobre games aqui no Link, chegou à redação carregando três DVDs com pinta de pirata. Três ‘blockbusters’ do cinema americano, baseados em heróis dos quadrinhos: Homem Aranha 3, O Motoqueiro Fantasma e Homem de Ferro.


‘Você não acredita’, disse ele. ‘Comprei os três numa barraquinha perto da galeria Pagé por apenas R$ 10.’ Achei barato demais. ‘Só que é trambique! Os DVDs não têm nada gravado’, completou. Fiquei de boca aberta. Afinal, sabemos que os camelôs não respeitam os direitos autorais. Mas isso era estelionato.


O irônico é que nenhum desses filmes foi lançado ainda. As informações e fotos nas embalagens foram coletadas nos sites dos respectivos estúdios de Hollywood. Sofisticados esses trambiqueiros!


Como todo brasileiro ligado em tecnologia, já comprei muito nas barraquinhas dos Promocenters e camelôs da vida. Mas nunca fui ou vi alguém ser enganado de maneira tão escancarada. Começamos a pensar se o acontecimento renderia uma matéria para o Link.


No dia seguinte, Jocelyn voltou ao local do crime, mas não encontrou o vendedor que o engabelou. Viu os mesmos filmes em outra barraquinha, e deduziu que eles faziam uma espécie de ‘rodízio’ para fugir de consumidores furiosos.


Conversando com meu editor-assistente Otávio Dias, desistimos de fazer uma reportagem sobre o assunto. Afinal, era um caso isolado. Além disso, a quem recorreríamos para repercutir a história e ouvir o ‘outro lado’? A Prefeitura tem uma guerra surda com os camelôs há anos e não resolve o problema.


As entidades de proteção dos direitos autorais não têm peito de enfrentar esses comerciantes informais em campo aberto. E a indústria do entretenimento só poderia fazer declarações genéricas sobre o episódio. Mas, para não deixar a história ir para a gaveta, resolvi tratar dela aqui.


Num país com esquemas de corrupção sendo desbaratados a cada dia, 15% dos congressistas chafurdados no escândalo dos sanguessugas, filas de ex-ministros envolvidos em acusações de corrupção e um presidente tentando provar que não sabia de nada – mas que mesmo assim ‘merece’ ser reeleito para dirigir a Nação por mais 4 anos, pode parecer absurdo ficar injuriado com a safadeza de alguns camelôs. Isso sem falar de nossas ruas, dominadas pela turma do PCC. Quando proíbem Marcola de tomar banho de sol, ele se vinga impedindo a gente de sair de casa.


Mas, ainda que no Brasil as leis nunca tenham sido rigorosamente respeitadas por ninguém, muito menos por nossos governantes, as atividades informais sempre foram regidas por uma ética rigorosa. É engraçado observar como, num país onde ninguém respeita regras ou horários, os desfiles de carnaval no Sambódromo funcionam como relógios e têm regulamentos draconianos. Nossa anarquia sempre teve muita ordem. Talvez por isso sejamos mais relaxados do que deveríamos no cumprimento da legislação formal.


Por tudo isso, o calote do camelô de DVDs ficou martelando em minha cabeça. Mais do que os escândalos no Congresso, a aventura de Jocelyn me deixou com a sensação de que o País está mesmo perdido.’


PUBLICIDADE
Mariana Barbosa


Para causar impacto, agências vão muito além da propaganda


‘Para aumentar o apelo do desodorante Lynx (conhecido no Brasil pela marca Axe) junto ao jovem australiano, as agências Lowe Hunt e Universal McCann chegaram extremo de criar uma companhia aérea. Com aeromoças sedutoras de microssaia e decote distribuindo folhetos pelas ruas e até mesmo vôos fretados para as praias mais badaladas da Austrália, a campanha do Lynx Jet levou às últimas conseqüências o conceito de que, para conquistar o consumidor, é preciso propiciar experiências únicas.


Há vinte anos, essa mesma idéia talvez tivesse sido traduzida em um belíssimo filme comercial. Hoje, além do filme para televisão, das peças para rádio, anúncios em jornal, revista e outdoor, as campanhas têm de ter versões virtuais (sites com atrativos para download no computador ou no celular) e, sobretudo, reais – com som, cheiro, performance, amostra grátis, degustações, test drive. As ações são multifacetadas, com uma ponta voltada para o consumidor, outra para o ‘influenciador’ – que pode ser um cabeleireiro no caso de uma marca de xampu, ou um veterinário quando o assunto é ração de cachorro.


No Brasil, apesar de ainda não se ter chegado ao extremo de uma campanha tão cara e abrangente como o Lynx Jet – uma das mais premiadas da última edição do festival de propaganda de Cannes -, volta e meia o consumidor é surpreendido, nos bares, universidades, cinemas e praias com alguma performance publicitária. Cheiros de chocolate exalando nas salas de cinema para aguçar os sentidos momentos antes da veiculação de um comercial de panetone Bauducco ou um super herói com o número 15 no peito vagando pela cidade.


‘Há uma inversão total da indústria da publicidade. Até os anos 90, a indústria corria atrás do consumidor. Hoje, ela cria condições para fazer com que o público vá, literalmente ao encontro da sua marca’, afirma o publicitário Silvio Matos, que deixou recentemente a Young & Rubicam para criar a MatosGrey, agência que nasce com um forte foco na chamada mídia alternativa.


Antes considerada uma espécie de prima pobre da publicidade, as empresas especializadas em marketing alternativo – promoção, eventos, merchandising, marketing direto, internet – hoje são tratadas com tapete vermelho pelos publicitários.


Nas últimas semanas, três anúncios importantes anunciaram o fim da linha divisória entre a publicidade tradicional e as ferramentas alternativas de marketing. A B/Ferraz e a Motivare, duas bem sucedidas agências de promoção de eventos do País, se associaram a grandes nomes da comunicação.


Bazinho Ferraz e Nizan Guanaes (grupo YPY) criaram a B/YPY, que até 2008 deverá reunir 12 empresas de marketing alternativo, de diferentes segmentos. A segunda se associou à subsidiária brasileira da mexicana CIE, responsável pela turnê de musicais da Broadway e Cirque du Soleil, entre outros – shows cobiçados por patrocinadores. A agência de publicidade Neogama não comprou uma empresa de eventos, mas se associou a um executivo da área.


Outras aquisições e fusões nessa área de mídia alternativa virão por aí. Em breve, a Banco de Eventos deve anunciar a aquisição de uma concorrente. E a agência Fischer deve anunciar a criação de uma empresa de mídia alternativa que terá seus próprios clientes.’


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Novas mídias mudam rumo das verbas de marketing


‘O conceito de comunicação integrada, ou 360 graus, está longe de ser novo na publicidade. Há mais de dez anos que publicitários como Eduardo Fischer (Fischer America) e Marcello Serpa (AlmapBBDO) trabalham com a filosofia de que a comunicação vai muito além da propaganda.


Mas o que explica o movimento atual de fortalecimento das empresas de promoção e eventos, com muitas se associando a agências de publicidade, é a migração da verba do anunciante. Ainda que o mercado de publicidade tradicional esteja em crescimento, como reflexo da economia, o tamanho da fatia do bolo da publicidade tradicional na verba de marketing das empresas vem diminuindo.


Até cinco anos atrás, as ações alternativas de marketing ficavam com uma parcela de menos de 25% do orçamento do anunciante. Hoje a divisão já está meio a meio.


Para a professora de pós-graduação da ESPM, Selma Felerico, essa migração da verba publicitária se explica pelo surgimento de novas mídias. ‘São exigências de uma sociedade mais complexa, com muito mais acesso a informação e que deixou de ser informada apenas pelos meios de comunicação de massa.’


O resultado, avalia Duílio Malfatti Jr., da Fischer, é que as agências não podem mais viver só de anúncio. ‘Com a necessidade das empresas de usar os recursos de forma mais eficiente, a tendência é as agências incorporarem as outras atividades para manter o mesmo nível de retorno do passado.’


Para o publicitário Marcello Serpa, mais importante do que ser sócio de uma empresa de eventos é pensar a marca de maneira global. ‘Nós temos que ser consultores de comunicação do nosso cliente e proprietários intelectuais do pensamento criativo. Há vários caminhos para se executar isso – seja com equipe própria ou com os melhores fornecedores.’’


MERCADO EDITORIAL
O Estado de S. Paulo


‘Time’ muda para elevar venda em bancas


‘A revista Time, que chega às bancas e caixas de correio nas segundas-feiras há décadas, em breve estará disponível às sextas-feiras. A mudança é uma tentativa de aumentar as vendas em bancas e possivelmente terá implicações importantes para os anunciantes da Time e para a saúde financeira da revista. A publicidade na publicação tem aumentado ultimamente, mas sua circulação vem caindo.


A revista, que pertence à Time Inc, uma unidade da Time Warner, espera atrair mais anunciantes que desejem atingir os consumidores antes de suas compras de fim de semana. Em boa parte, essa mesma filosofia guiou o Wall Street Journal no ano passado quando ele lançou sua edição de sábado. A decisão pode exercer pressão para as concorrentes da Time – Newsweek e U.S. News & World Report – estudarem medidas similares. Quando a mudança se efetivar, em algum momento antes do fim do ano, a Time estará nas bancas na sexta-feira e chegará a 85% de seus assinantes no sábado.


A mudança visa, em parte, os compradores em banca, que tradicionalmente não constituem uma parte importante da circulação da revista. No fim do ano passado, 3,6% dos 4 milhões de leitores da Time adquiriam a revista em bancas. Mas os compradores por impulso são extremamente valorizados porque pagam o preço integral, ao contrário dos assinantes domésticos, que recebem fortes descontos e cuja conservação é dispendiosa.


LIÇÃO


A Time aparentemente aprendeu uma importante lição com sua publicação irmã, a revista People, que também saía às segundas-feiras. Ela estava perdendo aquelas donas de casa que ficam paradas nas filas das caixas de supermercado nas sextas-feiras quando fazem suas compras para o fim de semana. People mudou para a sexta-feira em 1997 e as vendas em banca melhoraram significativamente.


A mudança da Time é uma das primeiras grandes alterações da revista sob o comando de Richard Stengel, seu editor administrativo até meados de junho, embora essa medida já esteja sendo discutida há anos. Na verdade, quando a Time começou, em 1923, ela saía às sextas-feiras.


Stengel disse que a mudança era uma das muitas medidas que ele está tomando para reformular a revista. Outra tem sido encorajar jornalistas a escreverem no seu próprio estilo e acrescentarem sua expertise num formato mais próximo de um ensaio que o permitido pela reportagem noticiosa tradicional.’


TELEVISÃO
Keila Jimenez


Record quer briga


‘Brigas inflamadas, estresse, discussões e nada de Roberto Justus bancar o bonzinho. Essas foram as recomendações da direção da Record à produção da terceira edição de O Aprendiz, que ainda não emplacou em audiência.


A atração, que estreou no dia 6, vem levando surra da concorrência no ibope e ainda não gerou a repercussão das edições anteriores. Até o horário do programa já foi trocado duas vezes.


A causa do desinteresse do público foi diagnosticada rapidamente pela emissora: o clima leve do reality show. Mas isso deve mudar. Amanhã deve ir ao ar a primeira briga em O Aprendiz 3. O desentendimento – que a Record promete levar ao ar na íntegra, sem edição – ocorreu entre o participante Peter Collins e Roberto Justus. Os ânimos realmente ficaram exaltados e o rapaz perdeu a cabeça com o patrão, que também não ficou calado.


A ordem agora é que Justus esqueça aquele papo inicial de ser mais ‘humano’ com os candidatos, e volte a ser o chefe ‘atacado’ das edições anteriores.


Tudo para tentar reverter o ibope do programa, que estacionou na casa dos 9 pontos.


O Rio de Janeiro continua lindo


É assim, com essa cara de que há tempos não via o Leblon, que Sônia Braga reaparece em Páginas da Vida hoje, desta vez, para ficar. Como a atriz, sua personagem, Antônia, estava longe do Brasil havia anos. Na trama, ela se apaixonará por Tide (Tarcísio Meira).


Entrelinhas


Está marcado para outubro o quarto Pitching GNT, que analisa novos projetos de séries. Os selecionados poderão entrar para a grade do canal no próximo ano. Mais informações no www.gnt.com.br.


O Bastidores, do Multishow, mostra hoje todos os mistérios do Cirque du Soleil. Apresentação de Fábio Judice, às 23h15.’


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Folha de S. Paulo


Segunda-feira, 22 de agosto de 2006


ELEIÇÕES 2006
Fernando de Barros e Silva


Lulismo no ar


‘Em Pernambuco, até o candidato ao governo pelo PFL, Mendonça Filho, exibe imagens de Lula em seu programa de TV. Na Bahia, os candidatos locais se anunciam como membros do ‘time do Lula’. Em São Paulo, Mercadante desfila na TV para lá e para cá agarrado à barba do pai salvador. Todos querem tirar uma lasquinha.


O lulismo, como se diz, está bombando. Mas não o PT. Fernando Henrique resumiu bem: ‘O PT é o Lula. E o Lula não é o PT’, disse à ‘Playboy’ deste mês. É porque não quer aceitar esse divórcio de fato que Berzoini, investido de ânimo vingativo, pode anunciar aos gritos, como fez no sábado, num comício com Lula, que a vitória será dedicada aos ‘companheiros atacados’.


O gesto da véspera de desagravo aos mensaleiros contrastou com a omissão de Lula, que ontem em Osasco escondeu João Paulo atrás do palco em seu comício. É difícil saber qual dos escárnios é pior: o de quem fala ou o de quem cala.


O lulismo não deriva só do carisma do presidente ou das ações anestésicas de seu governo contra a miséria extrema. Mais do que isso, o lulismo é resultado do esfacelamento do PT e da anarquização fisiológica do sistema político e partidário. O mensalão é ao mesmo tempo sua causa e sua conseqüência.


Lula sobreviveu à base podre que ele mesmo gestou, descolou do PT e saiu da crise fortalecido. Mas está solto no ar. Em caso de vitória, o que o espera depois de outubro?


O PT, se tanto, deve conquistar três Estados bem periféricos: Acre, Sergipe e Piauí. E a bancada do partido, além de encolher, deve ser mais lulista do que petista: é nos grotões do Nordeste que o PT ainda tem chance de reduzir suas perdas.


Como então governar? Reforma política? Constituinte? Nem Lula acredita. Seu vice, vale lembrar, é do PRB. No final, tudo conspira para o casamento à moda antiga do lulismo com o PMDB. Saem o PL de Valdemar, o PTB de Jefferson e o PP de Janene. Entra o PMDB de Jader, Newtão e Renan. Afinal, se hoje no ministério cabe um Hélio Costa, por que não quatro ou cinco?’


Mauro Paulino


Xote, baião e xaxado


‘NÃO IMPORTA O RITMO , o forró tornou-se trilha sonora padrão da disputa pela Presidência. Os jingles que embalam as campanhas de Lula e Alckmin simbolizam a importância estratégica conferida aos votos nordestinos nessa eleição, justificada por ser o segundo colégio eleitoral do país com 27% dos eleitores. Além disso as intenções de voto em Lula alcançam 65% na região 18 pontos acima de sua média nacional, segundo o último Datafolha.


Isto é inédito na região e na trajetória de Lula e obriga os adversários a roubar parte desses votos para tornar viável o segundo turno. Uma missão quase impossível se não houver ousadia. Os resultados obtidos no Nordeste nas quatro eleições presidenciais anteriores, em comparação com as médias alcançadas junto ao total do eleitorado, são reveladores da atual força de Lula nesses Estados, fruto das ações sociais de seu governo.


A única vez em que o percentual de votos obtidos por Lula no Nordeste superou sua média nacional foi no primeiro turno de 1989. Contra Collor, Lula conquistou 16% dos votos enquanto entre os nordestinos atingiu 20%.


No segundo turno obteve 41% dos votos na região, três pontos abaixo de sua média nacional.


Em 1994, contra Fernando Henrique, Lula conquistou 22% dos votos nordestinos igualando seu percentual nacional. Em 1998, chegou a 23% na região, três pontos abaixo de sua média. Em 2002, a votação de Lula no Nordeste cresceu para 38% mas ficou quatro pontos abaixo do que obteve em todo o país naquele ano. Vale lembrar que em 1998 e em 2002 enfrentou a forte concorrência de Ciro Gomes na região, hoje um fiel correligionário. No segundo turno, contra Serra, Lula foi eleito com 58% dos votos totais, enquanto no Nordeste obteve 57%.


Os resultados de intenção de voto obtidos agora por Lula refletem a avaliação positiva de seu governo junto aos nordestinos, também muito acima da média nacional. O governo federal conta hoje com a aprovação de 59% desses eleitores. É também no Nordeste que se concentra a maior taxa dos que se dizem totalmente decididos quanto ao voto: 75%.


Se nessas eleições o eleitor nordestino mantiver o mesmo comportamento verificado nas anteriores, esse quadro não será revertido. Nas três últimas eleições para presidente os números obtidos por Lula, em outubro, nas urnas nordestinas foram quase idênticos às taxas de intenção de voto verificadas pelo Datafolha na região durante o mês de agosto. A campanha eletrônica não tem modificado a opinião dos nordestinos.


A se manter esse padrão talvez seja uma opção à campanha de Alckmin, hoje, substituir Dominguinhos por Renato Borghetti e os conjuntos de forró pelos Demônios da Garoa.


MAURO PAULINO é diretor-geral do instituto Datafolha’


Folha de S. Paulo


Justiça Proíbe Cenas Com Lula


‘A Justiça Eleitoral de Pernambuco proibiu que as coligações dos candidatos ao governo do Estado José Mendonça Filho (PFL) e Eduardo Campos (PSB) utilizem, no horário eleitoral, imagens do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ambos vinham exibindo cenas em que aparecem ao lado do presidente. Segundo a procuradora Maria do Socorro Leite de Paiva, a lei proíbe a exibição em respeito à fidelidade partidária, já que o presidente é filiado a uma legenda que não é coligada a eles.’


CENSURA NO AMAZONAS
Kátia Brasil


Para ter aposentadoria, vice do AM pressionou deputados


‘Escutas da Polícia Federal feitas para a Operação Saúva, que desmontou um esquema de corrupção em licitações no Amazonas, acabaram gravando, no final do ano passado, o vice-governador do Estado e candidato à reeleição, Omar Aziz (PMN), pressionando a Assembléia Legislativa pela aprovação de uma emenda constitucional que garantiu a ele, quando deixar o cargo, uma aposentadoria de aproximadamente R$ 20 mil. As gravações também mostram Aziz tentando impedir a imprensa local de divulgar a notícia.


As gravações foram feitas em dezembro no ano passado e janeiro deste ano. Aziz utilizava o telefone celular -que estava grampeado- do seu assessor Manoel Paulino da Costa Filho, um dos presos pela PF por suspeita de envolvimento nas fraudes em licitações.


Nas conversas, Aziz, 47, tenta apressar a aprovação da emenda. Na época, ele temia não ser escolhido para compor a chapa à reeleição do governador Eduardo Braga (PMDB).


‘Nos temos até o dia 20 [para aprovar a emenda da aposentadoria]… Se algum jornal [ficar sabendo], você tem que me avisar com antecedência, tá certo, pra eu segurar, viu?’, diz ele em conversa com o presidente da Assembléia, Berlamino Lins (PMDB), em dezembro.


Em outra ligação, Aziz fala com o deputado Francisco Balieiro (PMDB) até sobre o horário em que a emenda deveria ser aprovada para não chamar atenção da oposição.


‘Eu tô preocupado, se não sair agora [a emenda] não sai nunca mais, entendeu?’, diz Aziz. Balieiro responde que a emenda vai ser aprovada ‘na surdina’. Aziz completa: ‘Isso! Lá de madrugada’.


A emenda constitucional foi aprovada em 21 de dezembro, alterando o artigo 278 da Constituição do Estado, que concedia a aposentadoria apenas a governadores. Assinaram a emenda Berlamino e os deputados Liberam Moreno (PHS), Vicente Lopes (PMDB), Wanderley Dallas (PMDB), Lino Chíxaro (PPS), Wallace Souza (PP), Arthur Virgílio Bisneto (PSDB) e Sinézio Campos (PT).


A remuneração aprovada para o vice-governador corresponde a 95% do salário de um desembargador (R$ 22 mil).


Imprensa


No dia 26 de janeiro deste ano, uma nota sobre a alteração do artigo foi publicada no jornal ‘A Crítica’, de Manaus. Com isso, Aziz iniciou uma operação abafa -para evitar que outros jornais também publicassem a notícia- que lhe custou oito horas e 16 ligações.


O vice-governador ligou para o superintendente de ‘A Crítica’, João Bosco Bezerra de Araújo. ‘O único jornal que publicou… A única coisa que eu pedi’, reclama Aziz. ‘Pisei na bola com você, mas vou corrigir assim, mandando parar, tá?’, responde Araújo.


Em seguida, Aziz liga para o vice-presidente do jornal ‘Diário do Amazonas’, Francisco Cirilo Anunciação Neto, e pede para que ele dê ‘uma segurada’ na história. ‘Deixe comigo’, responde Anunciação.


Em seguida, Aziz contata o empresário Samuel Hanan, que foi vice do ex-governador Amazonino Mendes (PFL). Amazonino é conselheiro do ‘Correio Amazonense’.


‘Samuel, ‘A Crítica’ saiu numa matéria hoje sobre aquele negócio, entendeu? Eu queria que tu desse uma ligada [para a redação do ‘Correio’] pra reforçar, pra não deixar sair nada’, diz o vice-governador. ‘Eu falei com o Amazonino. Ele vai pra lá [para a redação] agora pra tirar, inclusive tinha algumas notinhas em colunas, vai tirar tudo’, diz Hanan.


O juiz Cassio André Borges dos Santos, mestre em direito constitucional pela PUC-SP, afirmou que a aposentadoria para vice-governador é inconstitucional porque fere o princípio da igualdade -o vice conseguiria se aposentar com apenas quatro anos de trabalho, diferentemente dos outros cidadãos do país.’


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Jornalistas negam ter sofrido pressão de vice-governador para não publicar notícia


‘Os assessores do vice-governador do Amazonas Omar Aziz (PMN) disseram que ele estava cumprindo agenda de trabalho na sexta-feira, quando foi procurado pela Folha, mas que ele responderia à reportagem, o que não aconteceu.


O deputado Eron Bezerra (PC do B) afirmou que, à época da aprovação da emenda de aposentadoria, recebeu uma ligação do vice-governador. ‘O Omar me ligou, de fato, pedindo apoio formal. Eu disse que não queria saber disso e o máximo que faria era votar contra, que eu acho que votei.’


O superintendente do jornal ‘A Crítica’, João Bosco Bezerra de Araújo, disse que não lembrava de ter conversado por telefone com Aziz sobre a não-divulgação de matérias. ‘Se o Omar Aziz me pediu isso, e eu não estou lembrado, posso lhe assegurar que a orientação que eu tenho como funcionário é que nós não cederemos jamais quando tivermos um fato jornalístico na mão.’


O ex-governador Amazonino Mendes (PFL), conselheiro do jornal ‘Correio Amazonense’, disse que não soube de pressões de Aziz para tirar do noticiário a aprovação da emenda.


Francisco Cirilo Anunciação Neto, vice-presidente do ‘Diário do Amazonas’, disse que não houve prejuízo da liberdade de imprensa.


‘Não considero que, neste caso, houve cerceamento da liberdade de imprensa. Tomo decisões, diariamente, como faz todo proprietário de veículo de comunicação em qualquer lugar do mundo’, afirmou Anunciação, por e-mail. ‘Deixar de publicar um assunto já explorado por outros veículos de comunicação não significou que houve um atentado à liberdade de imprensa.’


O presidente da Assembléia Legislativa, Berlamino Lins (PMDB), segundo sua assessoria, encontrava-se ontem viajando e não foi localizado. Também não foram localizados os deputados estaduais Francisco Balieiro (PMDB) e Lino Chíxaro (PPS).


O empresário Samuel Hanan (PSDB), ex-vice-governador do Amazonas, não foi localizado no escritório em São Paulo, onde trabalha atualmente.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


‘Nem começou’


‘Na escalada do ‘Jornal Nacional’ de sexta, ‘Ibope afirma que Lula seria reeleito no primeiro turno’. Na reportagem, oscilações positivas também quanto ao eventual segundo turno e à aprovação do governo.


Ecoou até ontem -e deve seguir até nova pesquisa. Na manchete do UOL e em destaque no iG e no Terra, ‘Alckmin afirma que campanha ‘nem começou’. Ele diz que ‘diferenças são mínimas’ para forçar segundo turno. Na Folha Online , por outro lado, Lula deixou o adversário de lado e partiu contra José Serra -com a manchete que dizia que ele ‘ataca Serra’ ao dizer que ‘há candidato que vai à televisão vomitar preconceito contra o povo nordestino’. É ainda a exploração da entrevista do tucano ao ‘SPTV’, na semana passada.


EXCETO NO BRASIL


Dizendo que a ‘estratégia de combustível alternativo’ do país ‘é vista como modelo’, o ‘Washington Post’ de domingo voltou a dar o Pró-Álcool como exemplo para os EUA no setor. Início da longa reportagem, assinada de SP:


– Os preços recordes do petróleo fizeram da paisagem energética mundial um lugar escuro, de maus presságios, sem espaço para otimismo e celebração. Exceto no Brasil.


BOOM


O ‘Observer’ deu ontem que ‘fontes da City’, a Wall Street londrina, informam que a brasileira Vale do Rio Doce e as britânicas Xstrata e Rio Tinto preparam proposta para compra da ‘gigante mineradora’ Anglo American.


As eventuais compradoras são ‘rivais cheias de dinheiro graças ao boom de commodities que está sendo estimulado pela China e pela Índia’.


A notícia ecoou pelas agências, do site da ‘Forbes’ à manchete do brasileiro Terra.


BUROCRACIA


A Vale já vem das manchetes econômicas da semana passada, pela proposta para compra da canadense Inco.


No site Tendências, a análise semanal do ex-ministro Mailson da Nóbrega aponta uma outra razão, para além do ‘boom das commodities -avalia que, ‘se ainda fosse estatal, a oferta seria impossível’, devido à burocracia.


EUA SOB PRESSÃO


Na home do ‘Financial Times’ , a notícia da edição de hoje de que ‘Líderes de negócios cobram de Bush que estimule negociações de Doha’.


Os presidentes de Citigroup e British Airways assinam a carta que diz ser ‘inaceitável’ que ‘diferenças sobre agricultura, menos de 3% do PIB transatlântico, ditem o avanço no acesso a mercados’.


BRASIL SOB PRESSÃO


Já o ‘Wall Street Journal’ deu que os ‘EUA jogam pesado no comércio’. A ‘nova estratégia’ seria ‘ameaçar vantagens comerciais de nações em desenvolvimento como Índia e Brasil para torná-las mais abertas a um acordo’.


O jornal nota que ‘a tática’ pode se voltar contra os EUA, a exemplo de ‘outros esforços de pressão’ sobre tais nações -como os acordos bilaterais com países menores que acabam ‘significando quase nada para a economia americana’.


PUBLIQUE E SE DANE O ‘Guardian’, cobrindo a feira ‘Publish and Be Damned’, de veículos alternativos, destacou o Pablo Magazine, que prioriza moda ‘em seu mix de arte, arquitetura e homens’ -e é ‘do Brasil’


CAIPIRINHA


A revista on-line Slate , a maior dos EUA, hoje parte do ‘Washington Post’, vem publicando a série de posts ‘Caipirinha Nights’, com o subtítulo ‘Um americano no Rio’.


Com tópicos como ‘miscigenação’ e ‘turismo de favela’ e observações como ‘os brasileiros são loucos por futebol’, é ‘uma sucessão de clichês’, avalia Sérgio Dávila.


Para registro, também não faltam conselhos na linha ‘não reaja quando assaltado’.


PASTEL


Observando que o Cristo Redentor está entre os 21 monumentos finalistas do site 7 New Wonders, que vai ‘eleger’ as sete novas maravilhas do mundo, o blog Ponte Aérea SP, de Xico Sá, ‘dândi da deselegância discreta’, escolheu as ‘sete maravilhas de SP’:


Estação da Luz, Mercado Municipal, avenida Paulista, estádio do Pacaembu, praça Roosevelt, a rua Augusta, ‘nosso ‘red light district’, e, ‘pelo pastel, as feiras livres’.’


TELEVISÃO
Adriana Mattos


TVs pagas questionam venda da operadora Way Brasil à Telemar


‘A ABTA (Associação Brasileira de TV por Assinatura) entregou à Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) um documento rechaçando a compra da Way Brasil, operadora de TV paga, pela Telemar, companhia de telefonia fixa, segundo apurou a Folha.


A ação era aguardada pelo mercado como sinal contrário das empresas de TV paga à invasão das teles no mercado. O envio ocorreu na sexta-feira. Nesta semana, a ABTA deve confirmar ao setor a medida.


A entidade informa no documento que há entraves para que o grupo Telemar controle a Way. O contrato de concessão de telefonia no país não permite que uma concessionária adquira uma operação de cabo em sua área de cobertura. A Way opera em quatro cidades de Minas Gerais, na área de exploração da Telemar.


Até o momento a Anatel não se manifestou sobre a questão, mas o presidente do órgão, Plinio de Aguiar Júnior, disse semanas atrás que ‘a regulamentação há que ser obedecida’.


Segundo disse na época Aguiar Júnior, ‘assim que as informações sobre o negócio forem recebidas pela agência’, serão analisadas. A Telemar disse na sexta-feira que não havia sido comunicada da ação da ABTA. A entidade confirmou à Folha o envio do documento.


A venda da Way Brasil à TNL PCS Participações, do grupo Telemar, ocorreu em julho em operação de R$ 123 milhões, em leilão. A Way registrou em 2005 receita líquida de R$ 45,6 milhões e atende pouco mais de 60 mil pessoas em Poços de Caldas, Barbacena, Uberlândia e Belo Horizonte. Na prática, a questão não é a disputa pelo mercado nas cidades mineiras: a pendenga é bem maior.


Se a Anatel não barrar o negócio, uma brecha será aberta na seara da TV por assinatura. Os grupos de telefonia querem ganhar espaço na distribuição de conteúdo e buscam formas de fazê-lo por meio de certos formatos tecnológicos.


No entanto, as TVs acreditam que essa entrada pode quebrar as empresas menores -já que os grupos de telefonia, com faturamento em bilhões, poderiam praticar ‘dumping’ (preços abaixo do mercado).


Nesse embate, de um lado estão empresas como TVA e NET, que tem a mexicana de telefonia Telmex como sócia, e, do outro, grupos como Telefonica, Brasil Telecom e Telemar. Enquanto o faturamento bruto do setor de TV paga atingiu R$ 4,5 bilhões em 2005, só a Telefônica, por exemplo, faturou R$ 20 bilhões e a Telemar, R$ 23,6 bilhões no ano passado.


A Telemar argumenta que a TNL PCS, a dona da Way Brasil, é uma holding, criada em 2000, que não é controlada ou coligada do grupo de telefonia.’


Daniel Castro


Record compra ‘Zorro’, 1ª novela da Sony


‘A Record poderá ser a primeira emissora brasileira a exibir uma novela em HDTV (alta definição em tecnologia digital). A emissora fechou na semana passada acordo com a Sony Pictures em que adquiriu o direito de transmitir a novela ‘Zorro – A Espada e a Rosa’.


‘Zorro’ será a primeira novela totalmente captada em alta definição e também a estréia no gênero da Sony, uma das maiores produtoras de cinema e séries de TV do mundo.


Será produzida originalmente para a Telemundo, TV hispânica dos EUA _país em que as grandes redes começam a se voltar para as novelas_ e terá tratamento de superprodução.


A maior parte das gravações serão na Colômbia, e o elenco terá atores de vários países. Estuda-se a possibilidade de um ou mais ator da Record participar dela. Antes mesmo de ter as gravações iniciadas, ‘Zorro’ já foi vendida para vários países, segundo Helius Alvarez, diretor da Sony na América Latina.


A novela será falada em espanhol e estreará nos EUA no primeiro trimestre de 2007. A Record poderá exibi-la, dublada, quase simultaneamente. Os planos da emissora são apresentá-la na faixa das 18h.


Baseada em romance de Isabel Allende, a novela contará a lenda de Don Diego, o nobre que adotou uma máscara para se vingar de bandidos. A história se passa em meados do século 19 no México e na Espanha e, nos dias atuais, na Califórnia.


VIGILÂNCIA 1Só os dois primeiros dias de propaganda política renderam quatro notificações extrajudiciais da Globo a partidos que, de acordo com a emissora, se apropriaram de suas imagens ou propriedades artísticas.


VIGILÂNCIA 2A Globo notificou o PT paulista duas vezes: uma pelo uso de imagens de José Serra (PSDB) dando entrevista ao ‘SP TV’ e outra pela apropriação, na propaganda de Eduardo Suplicy, do logotipo da novela ‘Páginas da Vida’. O PT-SP diz já cessou o uso das imagens e que pediu desculpas à Globo.


VIGILÂNCIA 3As outras duas notificações foram para um candidato do Rio e outro do Espírito Santo, ambos por reprodução de imagens de telejornais.


BICHO RUGE 1O bicho continua pegando nos bastidores da novela ‘Bicho do Mato’, gravada no RecNov, complexo de estúdios da Record, no Rio. A produção anda tão confusa que até o diretor Roberto Bomtempo, que tem fama de ‘zen’, já deu piti.


BICHO RUGE 2Nos últimos dias, foram várias as reuniões de cúpula da Record para discutir a novela, cuja audiência caiu. Tiago Santiago, autor de ‘Prova de Amor’, acaba de assumir a supervisão do roteiro da trama.


BICHO RUGE 3Para completar, a Igreja Universal colocou um homem de confiança, ex-presidente da Record de Minas, para acompanhar o diretor do RecNov. Na semana passada, os dois deram blitze em gravações externas.’


Bruno Segadilha


GNT explora biografias polêmicas


‘O que se passa na mente de uma personalidade polêmica?


O canal pago GNT tenta refletir sobre a questão, a partir de hoje, com cinco programas dedicados a mostrar biografias tumultuadas que conquistaram um espaço definitivo no mundo dos escândalos.


A semana começa com a história do jornalista e escritor norte-americano Truman Capote, autor do consagrado ‘A Sangue Frio’. Em ‘Capote, o Homenzinho Terrível’, vemos o sucesso e o fracasso do homem que foi um dos ícones do chamado novo jornalismo. Dependente de drogas e do álcool, morreu em 1984, no completo ostracismo.


Não menos polêmico, Michael Jackson é o assunto do programa de amanhã, em ‘A Mente de Michael Jackson’.


Psicólogos, terapeutas e pessoas ligadas a ele falam sobre seus hábitos estranhos, questionam a sua sexualidade e seu suposto apetite por crianças.


A semana dedica ainda dois dias a Diana e ao Príncipe Charles com ‘Charles & Camila’, na quarta, e ‘O Legado da Princesa Diana’, na quinta. Por fim, na sexta, acompanhamos Liza Minelli em ‘Por Dentro da Mente de Liza Minelli’. O programa tenta entender o que levou a filha de Judy Garland e Vincente Minelli às drogas, à obesidade e aos problemas de saúde.


CAPOTE – O HOMENZINHO TERRÍVEL


Quando: hoje, às 21h


Onde: GNT’


Lúcio Ribeiro


Chega ao fim hoje a 2ª temporada de ‘Lost’


‘O que derrubou o avião? Quem são os ‘Outros’? Que fim levou o menino Walt? Qual o estrago se alguém parar de digitar os ‘malditos’ números naquele ‘maldito’ computador?


Para (aparentemente) resolver alguns velhos enigmas, mas encher a cabeça dos telespectadores de vários novos e manter latente sua fama de seriado-mistério, o premiado ‘Lost’ chega hoje no Brasil ao fim de sua segunda temporada.


O canal pago AXN exibe às 21h o episódio de duas horas de duração ‘Live Together, Die Alone’, que joga um pouco de luz sobre o acidente do vôo 815, Sydney-Los Angeles, avião que caiu numa ilha tropical estranha em algum lugar do Pacífico e deixou 42 sobreviventes à mercê de monstros, vozes sinistras, abrigos científicos bizarros e ‘anfitriões’ que gostam de raptar criancinhas.


A segunda temporada de ‘Lost’, mistura de ‘Arquivo X’ com ‘Twin Peaks’ em cenário havaiano, foi finalizada nos EUA em maio. Os americanos esperam contando os dias o terceiro ano da série, que começa a ser mostrado em 4 de outubro e terá o ator Rodrigo Santoro no elenco fixo. O astro brasileiro interpretará um dos sobreviventes do desastre, que teria estado na ilha o tempo todo.


‘Lost’ criou no Brasil quatro públicos fiéis à sua saga. O que vê na TV paga (AXN), o que espera pela TV aberta (Globo), o da internet (que já viu toda a segunda temporada tal qual um americano) e o que aguarda o DVD. Para esse último, a notícia é a de que a caixa com o segundo ano da série chega às lojas no dia 13 de setembro.


Atenção: ‘spoiler’


A informação a seguir, embora não seja tão estraga-prazer assim, pode não agradar quem quer ver o programa sem saber de absolutamente nada.


O Brasil, não só por Rodrigo Santoro, pode entrar com força em ‘Lost’ a partir da terceira temporada. Em uma trama mal explicada, que joga todas as dúvidas para o próximo ano, aparecem dois jovens conversando em português no momento final de ‘Live Together, Die Alone’, importantíssimos para o desencadeamento dos acontecimentos futuros.


Quem deu a dica de que os rapazes são brasileiros foi o próprio Santoro, em entrevista recente à Folha. Ele contou que foi avisado pelos produtores-executivos, Damon Lindelof e Carlton Cuse, de que seu papel na série será mais o de um ‘rapaz latino’, não tendo nada a ver com os ‘brasileiros’ do fim da segunda temporada.


LOST – 2ª TEMPORADA


Quando: hoje, às 21h, no AXN’


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