Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Ethevaldo Siqueira

‘Os caminhos da TV digital poderão mudar radicalmente daqui para frente, ameaçados pela evolução tecnológica acelerada e por um modelo de negócio inadequado. A mudança tecnológica afeta diretamente o futuro dos três padrões mais importantes de TV digital do mundo – o norte-americano, o europeu e o japonês – condenados à obsolescência antes mesmo de decolarem comercialmente. Mas, a nova tecnologia fortalece a esperança de popularização da TV digital aberta e de seus mais desejados subprodutos: mobilidade e interatividade.

Há cerca de 30 anos, o mundo vem tentando criar uma nova geração de TV. Por volta de 1974, depois de ter investido mais de US$ 4 bilhões, a televisão estatal japonesa NHK, a Sony e a NEC desenvolveram um sofisticado sistema de TV de alta definição, denominado Muse. Mas esse sistema era analógico, caro e não contava com o apoio da indústria européia e de parte da norte-americana.

TV-IP vem aí – A partir dos anos 1980, a Europa, os Estados Unidos e o Japão investiram bilhões de dólares no desenvolvimento da TV digital, visando não apenas à qualidade superior das imagens de alta definição (High Definition TV ou HDTV), como também à interatividade. Desse esforço, resultaram os padrões norte-americano (ATSC de Advanced Television System Committee), europeu (DVB de Digital Video Broadcasting) e japonês (ISDB de Interactive System Digital Broadcasting).

Mas a evolução tecnológica cria surpresas desconcertantes. Conforme declarou a esta coluna o vice-presidente e executivo principal de tecnologia da Microsoft Corp., Craig Mundie, (Estado, 09-06-2004) o caminho seguido pelos Estados Unidos foi ‘uma escolha ruim, quanto à arquitetura para difusão terrestre (em broadcasting) de TV digital’, considerando ‘o melhor meio de distribuição de sinais de televisão o de pacotes de vídeo (packetized video), seja através da atmosfera ou via cabo.’

Essa avaliação crítica atinge não apenas o padrão norte-americano, mas, também, o europeu e o japonês, pois, em sua opinião, o caminho para se evoluir rumo à TV digital deve ser o da comutação e transmissão de pacotes, solução que economiza 80% do espectro de freqüências, cuja preservação é estratégica para a comunicação móvel microcelular do futuro.

Novos rumos – Poucos especialistas poderiam supor que já estivéssemos tão próximos da viabilidade dessas formas de comutação por pacotes e protocolo IP (de Internet Protocol), na tecnologia denominada Video over IP, ou de formatos de compressão digital como o Super High Digital Subscriber Line (SDSL) em suas diversas variantes, na distribuição dos sinais de TV digital sobre linhas telefônicas comuns.

Diversos palestrantes do evento Cable 2004, realizado em maio em New Orleans, analisaram os maiores desafios e as dificuldades de implantação da TV digital em broadcasting, mostrando que a digitalização nos Estados Unidos se concentra prioritariamente nas redes de TV paga, tanto para a transmissão de imagens de TV de alta definição, como para definição melhorada (enhanced definition).

Negócio difícil – Outro desafio é o modelo de negócios adotado no caso da TV digital, nos Estados Unidos, onde mais de 90% dos domicílios dispõem de alguma forma de TV a cabo ou de TV por assinatura.

Como ocorre na Europa e no Japão, a penetração da TV digital aberta (terrestre ou broadcasting) norte-americana não alcança 5%. dos domicílios, depois de quase sete anos de sua introdução. Já a TV digital em sistemas fechados (pay TV, via cabo ou satélite) é muito diferente. Dos 108 milhões de domicílios norte-americanos com TV paga ou por assinatura, 40% deles já recebem TV digital, com enhanced definition, e apenas 22% com alta definição (HDTV).

Por mais surpreendente que pareça, o grande sucesso da digitalização nos sistemas de TV a cabo não está nas imagens de alta definição, pois a maioria dos usuários se diz satisfeita com as imagens digitais de definição melhorada ou mesmo com a definição convencional (standard definition). O que atrai mais assinantes é a interatividade e os novos serviços, tais como video on demand (VoD), via gravação digital em sistemas de Personal Video Recording (PVR), e novas formas de comércio eletrônico.

E o Brasil? – Uma comissão criada recentemente pelo Ministério das Comunicações tem a incumbência de definir as linhas gerais de um ‘sistema de TV digital brasileiro’, sugerindo ao governo uma política nacional nessa área. O grande risco desse trabalho é a eterna tentação de se criar algum tipo de reserva de mercado, com padrões próprios, como aconteceu há 30 anos com padrão PAL-M de nossa TV em cores.

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) vem protelando desde o ano 2000 a escolha do padrão tecnológico a ser adotado na TV digital em broadcasting no Brasil. Diante da experiência mundial e das novas tendências tecnológicas, esse atraso, talvez, tenha sido melhor para o Brasil.

Assim, poucos especialistas brasileiros julgam que esta seja a hora certa para a escolha do padrão tecnológico ou mesmo para a definição do modelo de negócios, embora o País deva investir adequadamente em pesquisa e, principalmente, no conhecimento de seu mercado.

Para o ex-presidente da Anatel, Renato Guerreiro, o melhor que temos a fazer é acompanhar tudo que acontece no mundo, sem pressa. ‘Só teremos a ganhar com essa espera’ – diz Guerreiro.’



EFEITOS DA TV
Berta Marchiori

‘Pesquisa diz que TV demais duplica insônia’, copyright Folha de S. Paulo, 13/06/04

‘Os pais ganharam mais um argumento para impedir que seus filhos passem horas diante da TV. Adolescentes que passam três horas ou mais por dia diante de um televisor apresentam mais riscos de desenvolver problemas relacionados ao sono.

A conclusão é de uma pesquisa desenvolvida pelo americano Jeffrey Grant Johnson, professor associado do Instituto de Psiquiatria da Universidade Columbia, em Nova York. Muitos estudos já associaram a TV à dificuldade para dormir, mas esse é um dos primeiros a tentar relacionar a quantidade de tempo que o jovem vê televisão com problemas de sono.

O estudo, publicado na atual edição dos ‘Archives of Pediatrics & Adolescent Medicine’, foi feito com adolescentes de 14 anos em 759 famílias nos Estados Unidos. Os pesquisadores acompanharam os jovens durante oito anos, até eles completarem 22 anos, e concluíram que o excesso de TV mais que dobra a possibilidade de os adolescentes desenvolverem dificuldades para dormir, principalmente após os 16 anos.

A Academia Americana de Pediatria recomenda que crianças e adolescentes não vejam TV mais de duas horas por dia. ‘Adolescentes devem ter outras atividades, não passar seu tempo livre assistindo à televisão’, Johnson disse à Folha, por telefone, de seu consultório em Nova York.

E o tempo gasto em frente à TV não precisa ser necessariamente durante o período da noite. A pesquisa, segundo Johnson, apenas quantifica o número de horas que é prejudicial ao jovem. Mas ele ressalta que manter o hábito de ver TV à noite contribui para piorar o quadro. Esse fator não foi investigado separadamente no estudo.

As principais queixas dos adolescentes são acordar durante a noite e não conseguir voltar a dormir -mais comum no início da adolescência- e dificuldade para pegar no sono -freqüente em adultos jovens.

‘Na maioria dos casos há uma combinação de fatores. Por exemplo, adolescentes mais jovens muitas vezes acordam durante a noite por questões relacionadas ao próprio crescimento’, disse.

As razões pelas quais a TV se tornou uma das principais vilãs não estão totalmente determinadas, mas o pesquisador destaca a luz e o brilho da tela, o alto nível de atenção que a televisão desperta no jovem e a estimulação cerebral. Pelos mesmos motivos, videogames e computadores também são prejudiciais ao sono.

‘A TV é desenhada para ser excitante e interessante, para suscitar pensamentos e idéias. Ela pode ser bastante provocativa de certa maneira’, disse Johnson.

De acordo com a neuropediatra e coordenadora do setor de crianças e adolescentes do Instituto do Sono da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), Márcia Pradella Hallinan, a televisão, assim como o computador e o videogame, estimula a retina e dificulta a secreção da melatonina, hormônio que prepara o organismo para o sono.

A melatonina precisa do escuro para ser liberada. ‘É como se fossem milhares de microlâmpadas estimulando a retina’, afirmou a médica.

Por isso, quem liga o aparelho justamente porque não consegue dormir está na verdade contribuindo para o problema. ‘Assistir à TV é pior. É melhor ler ou fazer outra coisa menos estimulante’, afirmou o pesquisador, que reconhece não saber explicar por que algumas pessoas só conseguem pegar no sono em frente à TV. ‘A televisão deve afetar as pessoas de maneira diferente.’

O pesquisador americano ressalta que nem todos os programas prejudicam o sono de modo igual, depende também de seu conteúdo. Programas que tenham elementos mais perturbadores, traumáticos ou tristes acabam atrapalhando mais.

Comportamento

Distúrbios de sono afetam o comportamento do adolescente e trazem conseqüências para a sua vida. Quem dorme mal costuma apresentar alterações de humor, dificuldades de concentração e cansaço, entre outros sintomas, o que pode ocasionar prejuízos de aprendizagem, problemas escolares e de relacionamento.

‘Quem não consegue dormir ou não tem um sono repousante apresenta maior dificuldade de concentração, de prestar atenção. Além de problemas de aprendizagem, isso muitas vezes pode levar a pequenos acidentes domésticos, a batidas de carro’, afirmou Luiz Celso Pereira Vilanova, chefe do setor de neuropediatria da Universidade Federal de São Paulo.

Mas não só. Em 2002, o americano Jeffrey Johnson divulgou outro estudo que relacionava ver TV em excesso com a violência. Segundo a pesquisa, adolescentes que assistem à TV mais de três horas por dia também têm mais probabilidade de desenvolverem comportamentos agressivos e até cometerem crimes, como assaltos, brigas e porte ilegal de armas. E esse comportamento permanece quando se torna adulto.’



TV GLOBO
Daniel Castro

‘Globo reabre o cofre para viagens de novelas’, copyright Folha de S. Paulo, 11/06/04

‘Depois de dois anos quase sem viagens, para economizar, a Globo voltou a liberar as gravações de novelas no exterior. Dia 19, uma equipe de dez profissionais, incluindo quatro atores, parte para Moscou e São Petersburgo, na Rússia, onde ficará dez dias gravando as primeiras imagens de ‘Começar de Novo’, próxima novela das sete.

Desde ‘Esperança’ (2002), a Globo não permitia viagens desse porte. Em ‘Mulheres Apaixonadas’, só dois atores e um diretor foram ao México.

A agenda internacional da Globo promete muita milhagem: boa parte do elenco de ‘América’, novela das 21h que estréia em janeiro, gravará nos EUA e México.

OUTRO CANAL

Passaporte Além das novelas, outros programas da Globo também foram liberados para viajar. ‘Sítio do Picapau Amarelo’ e ‘Caldeirão do Huck’ irão a Portugal, os cassetas vão para Atenas, e até ‘Turma do Didi’ gravará na Flórida (EUA).

Batismo Se a MTV não mudar de idéia, vai se chamar ‘Missão MTV’ o programa que a top model Fernanda Tavares estreará na emissora em julho. Ela terá a ‘missão’ de transformar pessoas mal-vestidas. E de resgatar o ‘glamour’ que a MTV perdeu com a saída de Fernanda Lima.

Vem aí Depois de virar atração de TV, o originalmente programa de rádio ‘Pânico’ vai ganhar uma revista. O primeiro número sai em julho.’

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‘Globo quer Wanessa Camargo em minissérie’, copyright Folha de S. Paulo, 11/06/04

‘A cantora popular Wanessa Camargo foi convidada há duas semanas para interpretar um dos principais personagens da minissérie ‘Mad Maria’, de Benedito Ruy Barbosa, que fará parte das comemorações dos 40 anos da Globo, em 2005.

Wanessa, filha do sertanejo Zezé di Camargo, deverá fazer par romântico com Rodrigo Santoro.

O convite a Wanessa partiu de Ricardo Waddington, que será o diretor-geral da minissérie. Ocorreu no escritório da cantora, em Alphaville (Grande São Paulo). A mãe dela, Zilu Camargo, acompanhou a reunião. Wanessa demonstrou total interesse no trabalho, mas sua contratação ainda depende de aprovação do autor da minissérie, Barbosa.

Como atriz, Wanessa Camargo acaba de gravar ‘Sítio do Picapau Amarelo’. Ela estudou teatro nos EUA, participou de um filme de Xuxa e de um curta-metragem.

Além de Wanessa e Santoro, estão cotados para o elenco de ‘Mad Maria’ Ana Paula Arósio (como protagonista), Juca de Oliveira e Antonio Fagundes. As gravações começam em setembro.

A minissérie contará a epopéia da construção da ferrovia Madeira-Mamoré, em plena selva amazônica (Rondônia), no início do século 20. Será uma megaprodução com computação gráfica (que multiplicará figurantes). Uma locomotiva deverá ser transportada de Campinas para o Rio, onde será construída uma miniferrovia.

OUTRO CANAL

Silêncio 1

A Band ainda não deu satisfação sobre o sumiço do vídeo de Jorge Kajuru, que foi tirado do ar há uma semana, no meio do ‘Esporte Total 2ª Edição’, quando fazia críticas ao governo mineiro pelo suposto excesso de convidados para o jogo Brasil x Argentina.

Silêncio 2

Na semana passada, especulava-se na Band que Kajuru teria seu contrato rescindido. Agora, já se fala apenas em suspensão.

Nem aí

Faltando menos de quatro meses para o fim do seu contrato com a Record, Adriane Galisteu ainda não deu nenhuma satisfação à emissora. Não disse se vai renovar nem se vai sair. Há quem aposte que Galisteu teria um ‘pré-contrato’ com o SBT.

Forno

Em estudos desde o final do ano passado, o ‘talk-show’ diário de Paulo Henrique Amorim na Record deve sair finalmente no segundo semestre.

Espaço 1

Agora é oficial: a quarta edição de ‘Casa dos Artistas’ foi mesmo adiada, por tempo indeterminado. Na semana passada, o SBT chegou a exibir chamadas e a lançar plano de patrocínio.

Espaço 2

A proposta comercial do SBT previa quatro cotas nacionais de patrocínio por R$ 8,2 milhões cada, mais duas locais (SP) de R$ 2,1 milhões cada. Diz o documento que o dia de eliminação de participante passaria dos domingos para as quintas.’