Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Evandro Éboli


‘O Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos determinou a suspensão da distribuição da cartilha ‘Politicamente correto’, elaborada pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos e que contém 96 expressões consideradas pejorativas e discriminatórias contra mulheres, negros, homossexuais e portadores de deficiência física, entre outros grupos. A medida do comitê confirma decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de tirar o livro de circulação. A publicação da cartilha foi divulgada pelo GLOBO no sábado passado.


Subordinado à secretaria de Nilmário Miranda, o comitê é composto por 31 representantes de universidades, ONGs, do Congresso e do governo. Além de recomendar a suspensão, o comitê aprovou proposta de realização de um seminário para debater o conteúdo da cartilha.


A coordenadora do comitê, Aida Monteiro da Silva, diz que a cartilha precisa ser revisada e melhorada, mas com a participação de representantes das vítimas de discriminação.


– A cartilha tem questões negativas e que precisam ser melhoradas. O governo tomou a decisão certa – disse Aida.


Nilmário suspendeu a divulgação da cartilha e pediu a opinião do comitê após críticas do próprio governo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou contrariado com a edição do livro, criticado por intelectuais, escritores e entidades da sociedade civil.


A Secretaria de Direitos Humanos afirma que o comitê decidiu suspender a publicação por considerar que a cartilha ‘tem limitações’. Ela foi elaborada em parceria com a Fundação Universitária de Brasília e a primeira tiragem tinha cinco mil exemplares. A distribuição era gratuita.


A cartilha inclui palavras que devem ser evitadas, como sapatão, veado, turco, barbeiro, beata, palhaça, baianada, baitola e louco. O livro condena também expressões como ‘mulher ao volante, perigo constante’, ‘preto de alma branca’, ‘a coisa ficou preta’ e ‘farinha do mesmo saco’.


Cartilha polêmica


A cartilha ‘Politicamente correto’ foi publicada, segundo o governo, com o objetivo de ‘chamar a atenção da sociedade para os preconceitos nossos de cada dia’. Ela começou a ser distribuída na semana passada, num seminário realizado pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados para vereadores, deputados estaduais e pessoas ligadas a ONGs que atuam nessa área.


Depois da reportagem do GLOBO sobre a cartilha, houve uma reação de setores intelectuais. O escritor João Ubaldo Ribeiro classificou a cartilha de autoritária. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou contrariado. O ministro Nilmário Miranda foi levado a ligar para João Ubaldo e anunciar que o livro seria recolhido e submetido à análise do Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos, que recomendou a suspensão da distribuição.’



MÍDIA IMPRESSA


José Meirelles Passos


‘Venda de jornais nos EUA tem queda de 1,9%’, copyright O Globo, 7/05/05


‘Levantamento concluído no início desta semana trouxe novamente más notícias para as empresas jornalísticas dos Estados Unidos: a circulação dos jornais teve uma queda de 1,9% durante a semana e de 2,5% as domingos, num período de seis meses que terminou em março passado. Para a empresa Audit Bureau of Circulations, que apura esses números, foi um dos piores declínios dos últimos anos.


Mas as companhias do setor não se alarmaram. Para elas, quem corre mais risco de perder o emprego não são os jornalistas, e sim distribuidores e entregadores de jornais. Isso porque, enquanto a circulação (venda de exemplares) diminui, sobe a leitura paga de edições eletrônicas dos 160 jornais americanos que oferecem essa opção.


– Não dê ouvidos aos fatalistas. Eles estão anunciando a nossa morte há muito tempo, mas nós é que vamos publicar o obituário deles – disse Jay Smith, presidente da rede Cox Newspapers.


Há duas explicações para a queda na circulação. Uma é que muitos leitores, especialmente os mais jovens, passaram a ler as notícias online, gratuitamente.


A outra é que a venda de assinaturas sofreu um forte impacto da nova legislação que limita o telemarketing, que dá às pessoas a opção de não receberem telefonemas de vendedores. Quem insistir em ligar será multado. Os jornais usavam o telemarketing para vender assinaturas: 43,4% das vendas eram feitas assim em 2000, e no ano passado o índice baixou para 30,9%.


Mas o detalhe que importa às empresas é que, embora a venda dos jornais impressos tenha caído, a leitura (online) vem crescendo. Ou seja: o número de leitores está aumentando. Além disso, o faturamento com publicidade vem crescendo, em média, 20%.


Por isso as empresas jornalísticas vêm investindo cada vez mais em seus sites. Outras alternativas para atrair novos leitores são a criação de edições tablóides grátis e o lançamento de edições em espanhol, de olho no mercado hispânico.’



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‘‘Washington Post’ recorre a tablóide e assinatura online’, copyright O Globo, 7/05/05


‘O ‘Washington Post’ tem utilizado um terceiro artifício para aumentar tanto a audiência quanto o faturamento. Além de manter a sua edição tradicional – que vende 700 mil jornais por dia – ele distribui gratuitamente 180 mil exemplares do tablóide ‘Express’ (repleto de anúncios pagos), em estações do metrô e no Centro da cidade.


Além disso, o ‘Post’ comprou o diário ‘El Tiempo Latino’, voltado à crescente comunidade hispânica da capital. E, assim como o ‘New York Times’, criou uma edição eletrônica só para assinantes. O interessado paga US$ 9,95 por mês ou US$ 120 por ano, contra os US$ 180 da edição em papel.


– É muito caro produzir o jornal, considerando o preço do papel e da distribuição. Mas, uma vez tendo o conteúdo em mãos, é relativamente barato colocá-lo na internet. Quem assina a versão eletrônica está pagando para manter toda a operação e os jornalistas que fazem o jornal diariamente – conta o presidente do ‘Post’, Stephen Hills.’



O Globo / The New York Times


‘Mídia impressa em campanha’, copyright O Globo / The New York Times, 7/05/05


‘Uma capa da ‘Newsweek’ de maio de 2105 mostra a vista aérea do estado da Califórnia como uma ilha no meio do Pacífico, com a seguinte manchete: ‘Ilha da Califórnia: Mais popular que nunca, 62 anos depois do terremoto’.


Esse exercício de futurologia faz parte de uma campanha de US$ 40 milhões lançada pela indústria americana de revistas com o objetivo de convencer os anunciantes de que essas publicações, que existem nos Estados Unidos há 250 anos, vão continuar por pelo menos mais 250 anos, haja o que houver. A campanha, dos Editores de Revistas da América, deve durar três anos.


A Associação dos Jornais da América também está lançando uma campanha para passar uma imagem menos sisuda e mais contemporânea aos anunciantes.


A razão disso é que a mídia impressa está se sentindo ameaçada, com os anunciantes se mudando para a internet. Para tentar mudar esse quadro, os dois grupos citam pesquisas que mostram que leitores de jornais e revistas são influentes e prestam atenção no que lêem, o que nem sempre ocorre com quem surfa na Web.’