Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Evo Morales se diz ‘vítima permanente’ da imprensa


Leia abaixo a seleção de quarta-feira para a seção Entre Aspas.


 


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Folha de S. Paulo


Quarta-feira, 9 de dezembro de 2009


 


BOLÍVIA


Evo afirma haver ‘liberdade de expressão exagerada’ na Bolívia


‘O presidente da Bolívia, Evo Morales, disse ontem que a Bolívia padece de uma ‘exagerada’ liberdade de expressão e se queixou com a imprensa por esta não ter respaldado sua candidatura na eleição presidencial do último domingo, na qual ele foi reeleito com estimados mais de 60% dos votos.


A declaração foi dada em resposta a uma jornalista que perguntara a Morales como ele pretendia proteger os meios de comunicação de supostas perseguições políticas.


‘A imprensa é que intimida os políticos, eu sou [sua] vítima permanente’, disse o presidente -que, como Hugo Chávez, Cristina Kirchner e outros mandatários sul-americanos, tem tido enfrentamentos constantes com a mídia. Morales já acusou jornalistas de estimular o separatismo na Bolívia e obrigou os meios de comunicação a reservar espaços diários para que sindicatos expressassem suas opiniões.


Durante a campanha para a reeleição de Morales, a maioria dos meios controlados por empresários conservadores se alinhou à oposição ao presidente esquerdista e indígena.


Resultados parciais


Após atrasos na contagem, a Corte Eleitoral boliviana começou a divulgar ontem os primeiros resultados oficiais do pleito de domingo, e, até a noite de ontem, com 30% das urnas apuradas, Morales, do MAS (Movimento ao Socialismo), tinha 51,2% dos votos -percentual que deve aumentar quando se computarem os votos nos bastiões do presidente, como as áreas rurais, ou os votos de bolivianos no exterior (no Brasil, Morales ficou com 95,6% dos 14,3 mil votos).


Na contagem parcial, o principal adversário de Morales, Manfred Reyes Villa (Plano Progresso – Convergência Nacional), contava com cerca de 37,5% dos votos.


Também ontem, Morales pediu aos movimentos sociais que constituem sua base de apoio que deem início à campanha para as eleições de abril de 2010 para governadores dos nove departamentos bolivianos. É nesse pleito que a oposição, fragmentada, pretende conquistar o terreno perdido em âmbito nacional.’


 


 


TODA MÍDIA


Nelson de Sá


A chuva e as pessoas


‘No primeiro ‘SPTV’, meio-dia, ‘é o maior volume de água nos últimos três anos’. Um pouco menos, na verdade, ‘é a maior chuva registrada em um único dia desde 2007’. E ‘chove sem parar’, ‘choveu, em oito dias, 70% do que deveria chover em todo o mês’, ‘chuva parou São Paulo’ etc.


No segundo ‘SPTV’, além de chuva e mais chuva, as mortes todas em ‘área invadida’, em ‘costa ocupada irregularmente’. Diz alguém da prefeitura que ‘difícil é convencer as pessoas a saírem da área de risco’. Quanto ao alagamento da Marginal Tietê, é resultado do ‘entulho’, do lixo que é jogado pelas pessoas e que a chuva ‘varreu para o rio’.


No final, ‘oferecimento, Sabesp’.


CHOVEU, CHOVEU


‘Olha, o prefeito disse que choveu muito aqui em São Paulo’, relata a repórter, ‘que eles não imaginavam que iria chover tanto. Choveu muito na cabeceira do Tietê e, por isso, houve esse transbordamento. Ele disse que choveu’ etc.


MUITA ÁGUA


‘O volume de chuva de ontem para hoje é impressionante’, diz a apresentadora do tempo, ‘é a maior chuva desde 2007, foi muita água em toda parte’ etc.


ASSASSINOS POLICIAIS


No alto das buscas por Yahoo News e Google News, o correspondente do ‘New York Times’ noticiou que a ONG Human Rights Watch ‘afirma que assassinatos por policiais não são punidos no Brasil’. Da rede pública de rádio dos EUA ao espanhol ‘El País’, o relatório correu mundo, nas buscas e páginas iniciais.


O ‘NYT’ linka o próprio texto, ‘Força Letal: Violência policial e segurança pública no Rio e em São Paulo’, e diz que, em suma, ‘a investigação de dois anos achou provas de ocultação da natureza das mortes’.


Na BBC Brasil, ‘Polícias de SP e Rio matam mais que a da África do Sul’. O governo do Rio respondeu que ‘não tolera violações dos direitos humanos’. O de São Paulo ‘não havia se pronunciado até a publicação’.


EXECUÇÕES…


Também os despachos das agências priorizaram a ONG, ontem. Na Associated Press, ‘Relatório: polícia brasileira matou mais de 11 mil’ nos últimos seis anos, no Rio e em São Paulo. Foram ‘muitos no estilo de execução’, porém ‘poucos policiais acabaram processados’.


SISTEMÁTICAS


No enunciado da Reuters, ‘Polícia brasileira acusada de assassinatos sistemáticos’, nas ‘duas maiores cidades, São Paulo e Rio’. A agência avalia que o relatório ‘eleva a pressão sobre o Brasil pela redução da violência antes da Copa do Mundo de 2014 e dos Jogos de 2016’.


O GOLPE DINAMARQUÊS


O ‘Guardian’ deu a manchete on-line ‘Conversas de Copenhague em caos após vazamento’. Em suma, diz que os ‘países em desenvolvimento reagiram furiosamente ao rascunho’ de comunicado elaborado por um ‘círculo de compromisso’ que inclui EUA, Reino Unido e Dinamarca.


Pelo texto, o acordo final daria ‘mais poder aos ricos nas futuras negociações sobre clima’ e determinaria ‘limites desiguais de emissão, permitindo aos cidadãos dos países ricos emitirem duas vezes mais’.


Ecoou por agências e foi parar no ‘Jornal Nacional’.


LULA E O IRÃ


Na direita hispânica dos EUA, prossegue a reação à diplomacia brasileira, pela visita do presidente do Irã. Carlos Alberto Montaner questiona ‘as verdadeiras intenções de Lula’. Marcela Sanchez escreve que a visita ‘impalatável sugere que o país ainda é obra em progresso, como ator global’.


FHC E O IRÃ


Em declaração destacada pela ‘Foreign Policy’, o ex-presidente afirmou que o país que ainda quer visitar é o Irã, ‘onde eu nunca estive. Ele é fascinante do ponto de vista sociológico (secularização vs. fundamentalismo) e do ponto de vista das relações globais, porque o Irã tem papel crucial no Oriente Médio’.


O REI DO SPAM


Ontem no site da ‘Forbes’, ‘Brasil, o novo rei do spam’. Relatório da Cisco, divulgado ontem, diz que o país enviou 7,7 trilhões de e-mails com spam no ano, até novembro. Em segundo, os EUA, com 6,6 trilhões.’


 


 


PRÊMIO ESSO


Especial da Folha sobre a Antártida vence categoria


‘A revista especial ‘No coração da Antártida’, publicada pela Folha, foi a vencedora do prêmio Esso de Jornalismo 2009 na categoria Informação Científica, Tecnológica e Ecológica. A premiação aconteceu ontem, no Rio.


Enviados especiais a montes Patriot, a 1.000 km do polo Sul, o colunista Marcelo Leite, 52, e o repórter fotográfico Toni Pires, 43, acompanharam a primeira missão científica brasileira no coração do continente austral.’


 


 


EUA


‘New York Times’ vê melhora no mercado de publicidade


‘As receitas com publicidade em mídia impressa do grupo americano The New York Times devem continuar a cair no quarto trimestre, mas, pela primeira vez neste ano, o recuo perde força e a companhia já vê avanços ‘modestos’ no setor.


Segundo estimativa divulgada ontem, a queda nas receitas com publicidade no jornal ‘New York Times’ deverá chegar a 25% de outubro a dezembro, na comparação com o mesmo período do ano passado -no terceiro trimestre, elas registraram um declínio de 31%.


A queda na receita com publicidade vem sendo uma das grandes preocupações dos jornais norte-americanos, já que muitos anunciantes desistiram de investir devido à recessão na maior economia mundial. Em muitos casos, a resposta das companhias jornalísticas foi cortar custos e aumentar os preços das publicações.


Para completar os indícios de recuperação do grupo, que também publica o jornal ‘Boston Globe’, as receitas com publicidade e com circulação devem voltar a crescer. A previsão é que o faturamento com anúncios on-line tenha aumento de 10% no atual trimestre, depois de sofrer queda de 18,5% de julho a setembro. Já a circulação deve registrar alta de 2% na receita.


‘Apesar de o mercado de publicidade impressa permanecer muito desafiador, os rumos melhoraram modestamente à medida que o trimestre avançou’, afirmou Janet Robinson, presidente-executiva do grupo. ‘O NYTimes.com tem demonstrado força como importante ambiente para a publicidade on-line.’ As ações do grupo subiram 1,24% ontem.’


 


 


TELEVISÃO


Sílvia Corrêa


Abril fará da MTV marca multiplataforma


‘O grupo Abril está liberado para lançar revistas, rádios, sites segmentados, serviços para celular e novos canais com a marca MTV. Até hoje, a empresa só tinha direito a explorar um canal em TV aberta -o que limitava sua interatividade.


A mudança é fruto de uma meganegociação com o grupo americano Viacom Inc., dono da MTV. A Abril amplia o licenciamento da marca para múltiplas plataformas e passa a explorar o negócio sozinha.


A Viacom, que tinha 30% da MTV Brasil, receberá agora royalties sobre o faturamento bruto no país, formato já adotado em Israel, Turquia, Rússia e países da África.


‘Entendemos que essa é a melhor forma de a MTV crescer no país. A audiência base da emissora, dos 12 aos 17 anos, é segmentada e multiplataforma. Precisamos dar ferramentas para a marca se manter relevante’, afirma Alvaro Paes de Barros, gerente-geral da Viacom Networks Brasil.


A primeira mudança será no nome do MTV Hits -um canal pago de música. Sob controle da Viacom, passará a se chamar VH1 Megahits até fevereiro.


‘Por enquanto, só posso dizer que vocês verão o Twitter no canal e que lançaremos um projeto inédito de consumo de música pela internet’, diz André Mantovani, diretor-geral de TV do Grupo Abril.


Mantovani conta que, além de mudanças de programas, uma parceria entre a TV e a linha de revistas jovens da Abril começa a ser desenhada.


ZERA TUDO


Em reunião com o Ibope, as agências de publicidade e as emissoras de TV decidiram zerar todos os índices de audiência registrados durante o apagão elétrico do dia 10. O fato de a Globo ter pontuado levantou desconfiança e gerou reclamações entre as emissoras.


PRÓXIMA VÍTIMA


Vânia (Bete Coelho) será a oitava vítima do serial killer de ‘Poder Paralelo’. Como as demais, levará um tiro na testa e terá sobre o peito uma foto de Guri -o menino de olhos vendados, assinatura do assassino. Vai ao ar depois do Natal.


CATRACA NA TV


O ‘Catraca Livre’ -agenda cultural do que há de melhor e de graça em São Paulo- virou programa de TV, exibido na AllTV, pela internet.


PÉ NA CHUVA


Os apresentadores Celso Zucatelli e Gianne Albertoni, do ‘Hoje em Dia’, tiveram de chegar a pé -e com atraso- à Record, por conta das fortes chuvas de ontem em São Paulo. O jornalista Luciano Faccioli começou o programa com Edu Guedes até a chegada da dupla.


IBOPE TEEN


‘IsaTKM’, a novela juvenil que a Band exibe desde outubro, teve anteontem sua melhor média de audiência: média de 5 pontos, chegando a empatar em segundo lugar por meia hora com SBT e Record.


NETO NA CULTURA A Band liberou, e o comentarista Neto será o convidado do ‘Cartão Verde’ (Cultura) de amanhã. É programa para corintiano: com Neto e Sócrates na mesa de debates.’


 


 


Justus lança reality show de ação no SBT


‘O apresentador Roberto Justus, que trocou a Record pelo SBT e disse que estava cansado do programa ‘O Aprendiz’, mudou de ideia. Ele vai lançar em agosto no SBT um reality show de negócios, em que escolherá um executivo para ser diretor em uma empresa do grupo Newcomm. O prêmio é de US$ 1 milhão (cerca de R$ 1,75 milhão). As provas do programa serão de desafios radicais e negócios. A produção é inspirada em ‘The Rebel Billionaire’, da Fox.’


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Quarta-feira, 9 de dezembro de 2009


 


LIBERDADE DE IMPRENSA


Mariângela Gallucci


Supremo deve julgar hoje censura ao ‘Estado’


‘O plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) marcou para hoje o julgamento de um pedido de liminar feito pelo jornal O Estado de S. Paulo para derrubar a censura que impede há 131 dias a publicação de reportagens sobre a Operação Boi Barrica. Essa operação da Polícia Federal, deflagrada em 2006, investigou o empresário Fernando Sarney, filho do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP).


A censura foi imposta ao Estado no final de julho, pelo desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF) Dácio Vieira. Reportagem publicada na época pelo jornal mostrou que Vieira era do convívio social da família Sarney e do ex-diretor-geral do Senado Agaciel Maia. Advogados do jornal fizeram cinco recursos ao TJ-DF, mas a censura foi mantida.


Agora, o STF analisará o pedido de liminar feito numa reclamação do Estado, que foi baseada em decisão de abril deste ano do Supremo. Na ocasião, o tribunal derrubou a Lei de Imprensa e fixou o entendimento de que é plena a liberdade de imprensa e não é admitida a censura.


No julgamento de abril, o STF entendeu que a Lei de Imprensa era incompatível com a atual Constituição Federal e que a censura era inadmissível. Editada em 1967, a regra era uma das últimas legislações do tempo do regime militar (1964-1985) que continuavam em vigor. Ao decidir pelo fim da lei, os ministros deram votos bastante claros reconhecendo o amplo direito à liberdade de imprensa e repudiando a censura prévia. Na decisão, há referência explícita à censura procedente do Poder Judiciário. ‘Não há liberdade de imprensa pela metade ou sob as tenazes da censura prévia, inclusive a procedente do Poder Judiciário’, estabeleceu a decisão.


A reclamação do jornal foi distribuída em 17 de novembro ao vice-presidente do STF, Cezar Peluso. Como relator, ele optou por submeter o pedido de liminar ao plenário do tribunal, que é integrado por ele e por mais 10 ministros.


A defesa do jornal alega que a decisão do TJ é uma censura judicial operada sob as vestes de proteção aos direitos da personalidade. Isso seria incompatível com o direito à manifestação de pensamento. Fernando Sarney pediu formalmente ao Supremo que mantenha a censura. Entre outros argumentos, os advogados do empresário sustentam que o jornal quer noticiar conteúdo de interceptações telefônicas oriundas de inquérito que tramita em segredo de Justiça.’


 


 


Moacir Assunção


Belisário vê mordaça como ilegal


‘O advogado Belisário dos Santos Junior, representante do Brasil na Comissão Internacional de Juristas, entidade com sede em Genebra (Suíça), vê várias irregularidades no processo que culminou na censura ao Estado pelo Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJ-DF). Ele critica, principalmente, o fato de se estabelecer a própria mordaça – expressamente vedada pela Constituição de 1988 – e a duração da medida.


‘Há uma clara violação contra o Estado no que diz respeito ao tempo decorrido desde a instituição da censura. Uma das principais regras da Justiça é que ela precisa ser ágil, para que os cidadãos tenham uma resposta rápida’, afirmou. Para o jurista, o Supremo Tribunal Federal (STF) dará uma resposta importante à decisão do TJ-DF, que instituiu a mordaça. ‘Não tenho nenhuma dúvida de que os ministros oferecerão uma resposta à altura da violação.’’


 


 


PRÊMIO ESSO


Fernando Paulino


‘Estado’ ganha Prêmio Esso por revelar atos secretos


‘O Estado recebeu ontem o prêmio Esso de Reportagem com a série Dos Atos Secretos aos Secretos Atos de José Sarney, dos repórteres Rosa Costa, Leandro Colon e Rodrigo Rangel. Rosa, ao receber o prêmio, criticou a censura sofrida pelo Estado em razão de liminar concedida pelo Tribunal de Justiça do DF, em ação movida por Fernando Sarney, proibindo o jornal de publicar dados sobre a investigação da Polícia Federal acerca dos negócios do empresário, que é filho do senador José Sarney . ‘Dedico (o prêmio) ao nosso jornal, que está censurado. Espero que isso acabe de uma vez. O mínimo que se pode falar é que é uma indecência’.


O material do Estado sobre o caso Sarney venceu 1.091 trabalhos inscritos. O Esso de Jornalismo, a mais importante premiação, foi para o Jornal do Commercio, de Recife, com Os Sertões. A série sobre os atos secretos teve início dia 10 de junho com a manchete Senado acumula mais de 300 atos secretos para criar cargos. O jornal mostrou que esses boletins sigilosos envolvia familiares e aliados de José Sarney (PMDB-AP), entre eles sobrinhos e até o namorado da neta. Na mesma série, o Estado revelou que a Fundação Sarney desviou R$ 500 mil de patrocínio de R$ 1,3 milhão da Petrobrás para empresas fantasmas, de fachada ou da família do senador.


A Comissão de Seleção, ao terminar o julgamento que definiu os finalistas, fez uma declaração em que repudia a censura. ‘A Comissão de Seleção dos trabalhos concorrentes ao Prêmio Esso de Jornalismo de 2009, vem manifestar o seu repúdio, protesto e preocupação com a censura judicial imposta ao jornal O Estado de S. Paulo, por ter este noticiado a trajetória e os negócios do filho do ex-presidente da República e presidente do Senado, José Sarney. Não se trata de reivindicar imunidade nem de considerar a imprensa acima de lei, mas de apontar uma aplicação distorcida dos princípios legais para evitar que a divulgação de fatos em apuração pela Polícia Federal sejam tornados públicos’, diz a nota. ‘Sob os mais diversos argumentos tal prática têm sido usada com frequência para manter privilégios e ocultar métodos pouco claros de gestão do bem público, muitas vezes confundido e tratado como se privado fosse. Tal pressão é ainda muito forte, principalmente, em pequenos jornais, muitas vezes submetidos a processos e sentenças indenizatórias que chegam a inviabilizar a sua existência.’


Os ganhadores em cada categoria foram os seguintes: jornalismo – Jornal do Commercio de Recife com Os Sertões; reportagem – Estado; fotografia – Jornal do Commercio de Recife com Exilados da Fome; informação econômica – Correio Braziliense com O Brasil que Emergirá da Crise; informação científica, tecnológica e ecológica – Folha de S. Paulo com No Coração da Antártida; primeira página – O Dia por A Faixa Preta Hoje é de Luto; criação gráfica – Jornal do Commercio do Recife por Os Sertões e revista Época por Voo Air France 447; interior – A Tribuna de Santos com Caso Alessandra; Regional 1 – Diário de Pernambuco com Quilombola – Os Direitos Negados de um Povo’; Regional 2 – Diário Catarinense com O Flagelo da Chuva; Regional 3 – O Globo com Democracia das Favelas; Telejornalismo – SBT com Confronto na Linha Vermelha. Os sites Museu corrupção e Congresso em foco receberam o prêmio de melhor contribuição à imprensa . O primeiro por agrupar todos os casos de corrupção desde 1964 e o outro por ter noticiado o descontrole do uso de passagens aéreas por parlamentares. Criado em 1955 , o Esso é o mais tradicional prêmio de jornalismo do Brasil e está completando 54 anos ininterruptos de existência.’


 


 


CNA premia fotógrafo do jornal


‘O fotógrafo Dida Sampaio, da sucursal de Brasília do Estado, recebeu ontem o IV Prêmio CNA de Jornalismo, com a imagem intitulada Ambiente. O tema deste ano foi Abastecimento e renda: o caminho para o futuro da agropecuária brasileira. Os vencedores de cada uma das cinco categorias receberam R$ 10 mil e um certificado da entidade.


A cerimônia, conduzida pela presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA), senadora Kátia Abreu (DEM-TO), ocorreu após uma entrevista na qual ela apresentou um balanço do setor agropecuário neste ano e perspectivas para 2010.


De acordo com a CNA, o objetivo da premiação é reconhecer o material jornalístico que contribuiu na tarefa de esclarecer a opinião pública sobre a realidade do campo brasileiro, ‘sensibilizando o homem urbano sobre a importância da atividade agropecuária para toda a sociedade’.


Foram também premiados Cláudio Junqueira, da Rádio Bandeirantes; Giovani Ferreira, do jornal Gazeta do Povo, de Curitiba; Denise Saueressig, da revista A Granja, de Porto Alegre, e Talita Nonato Moreira, da TV Terraviva, do Grupo Bandeirantes.


Integraram o corpo de jurados Heraldo Pereira, da TV Globo; Estevão Damázio, da Rádio CBN; Orlando Brito, da ObritoNews; Maria Devanir Rodrigues e Rosângela Evangelista, da assessoria de imprensa da Embrapa; e Zélia Leal Adghirni, da UNB.’


 


 


ÉTICA


Jamil Chade


Lamy é criticado por aceitar cargo na ‘Reuters’


‘Ao aceitar um cargo no conselho de ética da gigante Thomson Reuters, recebendo quase US$ 25 mil por ano, o diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, se tornou alvo de duras críticas de embaixadores de várias partes do mundo. A assessoria de imprensa da OMC rejeitou a tese de conflito de interesses e indicou que o dinheiro recebido vai para um fundo de caridade.


A maior empresa do setor de informações financeiras anunciou o novo membro em comunicado de imprensa. Mas a OMC não informou aos governos sobre a posição que ocuparia Lamy. O mistério irritou autoridades que desde ontem passaram a pedir explicações.


O conselho é formado por ‘sábios’ que avaliam os princípios éticos da empresa e garantem a ‘integridade e independência’ da companhia. Um dos poderes do conselho é o de bloquear qualquer medida de um acionista que ameace esses princípios.


Elizabeth Maclean, assessora de imprensa da Thomson Reuters, confirmou ao Estado que Lamy receberá o dinheiro por dois anos. ‘Ele será tratado como qualquer outro membro.’ O trabalho se limita a poucos dias de encontros por ano.


Pehr Gyllenhammar, presidente do conselho da companhia, não economizou elogios ao francês, que já foi banqueiro e atuou como comissário de Comércio da Europa. ‘Lamy tratará uma riqueza de experiência global incalculável para nosso conselho.’ Lamy, que está na Coreia para promover a Rodada Doha, afirmou que ‘espera ajudar’.


Para a OMC, Lamy não ocupará um posto de direção e servirá apenas como um consultor. Outra alegação é que membros da Corte de Direitos Humanos da Europa também fazem parte do grupo.


Mas, para muitos, não há como um funcionário internacional ocupar um segundo cargo em uma empresa privada, nem mesmo a título de consultor. Isso porque a OMC serve como tribunal para o comércio mundial. Ontem, o presidente do conselho-geral da OMC, Mario Matus, ouviu queixas de governos de todo o mundo, que queriam saber em que condição Lamy aceitou o novo trabalho.


Negociadores revelaram que essa era a primeira vez que um diretor de uma organização internacional passa a integrar o conselho de uma empresa privada. ‘O diretor da OMC precisa estar acima de qualquer suspeita’, disse um negociador, que pediu anonimato. Um dos mais surpresos foi o embaixador da China na OMC, Sun Zhenyu. ‘Acredito que existe um conflito de interesse.’


A Thomson Reuters esteve envolvida em uma disputa na OMC. Canadá, Estados Unidos e a União Europeia abriram queixa contra as restrições da China em relação aos serviços de informação do setor financeiro. O caso foi encerrado em 2008, quando Pequim decidiu rever suas barreiras.


Essa é a segunda polêmica envolvendo Lamy em menos de um ano. Em plena crise, ele pediu aumento de salário de 32%.’


 


 


ANÁLISE


Gustavo Chacra


Para Murdoch, futuro do jornalismo é ‘promissor’


‘O magnata das comunicações Rupert Murdoch afirmou que o futuro do jornalismo é promissor, sendo limitado apenas por editores que não lutam pelos seus leitores ou governos que regulam ou subsidiam demasiadamente as empresas jornalísticas. A tese dele, defendida em palestra para a Comissão Federal de Comércio no início deste mês, foi transformada em artigo e publicada no Wall Street Journal, que pertence ao próprio empresário australiano.


O artigo teve grande repercussão na imprensa porque Murdoch, apesar de polêmico, é o executivo de maior sucesso no setor, conseguindo aumento na circulação de alguns de seus jornais, enquanto nomes tradicionais, como o San Francisco Chronicle, correm o risco de fechar. Neste ano, títulos seculares, como o Seattle Post-Intelligencer, o The Rocky Mountain News e o Ann Arbor News deixaram de circular. Outras publicações regionais devem deixar as bancas no próximo ano.


Na avaliação de Murdoch, para que o jornalismo obtenha sucesso, três pontos devem ser seguidos: saber usar a tecnologia, cobrar pelo conteúdo e reduzir a intervenção governamental na imprensa. Segundo o empresário, ‘muitos jornais e empresas de comunicação não se adaptarão às novas realidades e fracassarão. E não podemos culpar a tecnologia por esses fracassos. As companhias que prosperarão são aquelas que entendem as necessidades de seus leitores, ouvintes e espectadores’. Em uma ironia que alveja indiretamente seus rivais Washington Post e New York Times, ele diz que muitos jornais gostam de mostrar os seus prêmios Pulitzer, que é a principal premiação do jornalismo americano, enquanto suas circulações não param de cair. ‘Isso indica que os editores produzem notícias para eles próprios, e não o que é relevante para os leitores’, afirma.


O empresário diz que, na News Corporation – sua companhia, que é composta por jornais tradicionais como o Wall Street Journal e redes de TV conservadoras, como a Fox News -, eles têm trabalhado ‘há dois anos em um projeto para tornar o conteúdo jornalístico acessível pelo celular’. Segundo Murdoch, ‘os consumidores não pretendem ficar enfurnados em caixas nas suas casas e escritórios para obter suas notícias favoritas’.


Murdoch acrescenta que um dos pontos mais importantes para salvar os jornais está na defesa de que ‘conteúdo de qualidade não pode ser gratuito’. ‘No futuro, o bom jornalismo dependerá de as organizações de informação atraírem consumidores dispostos a pagar pelas notícias. O modelo de negócios baseado em anunciantes está morto e não é sustentável no longo prazo. A razão é matemática – apesar de os anúncios na internet terem crescido, eles são apenas uma fração do que é perdido com a queda na publicidade impressa. E isso não vai mudar.’’


 


 


TELEVISÃO


Patrícia Villalba


Novela discutirá células-tronco


‘Se Luciana (Alinne Moraes) sair dando piruetas de bailarina nos próximos dias em Viver a Vida, não será a primeira vez que um personagem de novela conseguirá se livrar da cadeira de rodas. Mas, apesar dos boatos, não há, por enquanto, grande chance de isso acontecer na novela das 9, avisa Manoel Carlos. ‘Ainda mantenho a posição anterior, de que ela não voltará a andar’, disse o autor ao Estado. Ele considera muito importante que Luciana passe a mensagem de que é possível viver bem em sua nova condição.


A expectativa da recuperação da personagem ganhou força quando se soube que Maneco decidiu tratar do tema polêmico das pesquisas com células tronco na trama – teve até clínica oferecendo especialistas para falar sobre o assunto com a imprensa, já usando a novela como exemplo. ‘Realmente estou procurando mais informações sobre esse procedimento, pois quero pôr a novela discutindo a questão’, admite o autor, que encomendou um levantamento do tema às pesquisadoras de sua equipe.


As pesquisas sobre células-tronco, entretanto, não devem envolver o bebê que Helena (Taís Araújo) espera de Marcos (José Mayer), pai de Luciana. A protagonista sofrerá um aborto espontâneo nos próximos capítulos. Discussão semelhante já foi levantada por Manoel Carlos em Laços de Família (2000), quando Helena (Vera Fischer) gerou um filho para salvar a vida de sua filha, Camila (Carolina Dieckman), que sofria de leucemia.


O autor conta ainda que muita gente lhe pede que amenize o sofrimento da modelo, que ficou tetraplégica após um acidente. ‘Os pedidos que me chegam para que ela ande são muitos, mas não em maior número do que os que querem que ela não ande. O jogo está empatado por enquanto.’’


 


 


 


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