‘Um pronunciamento da Comissão Independente de Reclamações sobre a Polícia (IPCC) confirmou ontem as acusações dos advogados da família de Jean Charles de Menezes de que as autoridades de segurança da capital britânica tentaram abafar as investigações sobre a morte do eletricista mineiro, abatido a tiros por agentes da Scotland Yard na estação de metrô de Stockwell no dia 22 de julho. Por intermédio de um de seus mais altos funcionários, John Wadham, o órgão disse que a corporação atrasou o início dos trabalhos da IPCC em cinco dias ao se recusar a permitir sua participação nas investigações.
Foi revelado ainda que, horas depois de Jean Charles ter sido executado com sete tiros na cabeça e um no ombro, o comissário da polícia de Londres, Ian Blair, mandou um memorando ao Ministério do Interior pedindo que a investigação sobre as atividades terroristas na capital prevalecesse sobre qualquer iniciativa da IPCC. O anúncio reforça ainda mais as suspeitas sobre a atuação da corporação no episódio da morte do brasileiro e aumenta a pressão sobre Blair, cuja renúncia tem sido pedida de maneira quase unânime pela imprensa britânica.
– A polícia inicialmente resistiu a nos conceder o direito de assumir as investigações, mas conseguimos superar o problema. Mas a disputa provocou atraso nas investigações – afirmou Wadham, acrescentando que a IPCC espera concluir seus trabalhos num prazo de três a seis meses.
O pronunciamento ocorreu horas depois de uma reunião da comissão com as duas advogadas que representam a família Menezes – as especialistas em direitos humanos Gareth Peirce e Harriet Wistrich – em que foi entregue uma lista de perguntas à IPCC, entre elas um esclarecimento sobre a diferença de cinco dias entre o início das investigações e a entrada da comissão independente no processo. Peirce não apenas disse temer pela imparcialidade dos trabalhos como ainda voltou a defender a abertura de um inquérito público sobre a morte do brasileiro.
– Mentiras foram ditas e um inquérito público é a única maneira de se examinar as questões policiais levantadas por este episódio. Precisamos estabelecer o que foi incompetência, negligência ou algo mais sinistro. Toda essa situação é um caos e provas importantes podem ter sido perdidas porque a comissão independente não estava presente nas investigações da morte de um indivíduo pelas mãos do Estado – completou a advogada.
Ian Blair diz que não vai renunciar
O comissário, porém, rechaçou a hipótese de uma renúncia e negou que a Scotland Yard tenha tomado qualquer atitude que prejudicasse as investigações. Numa entrevista à Rádio 4 da BBC, Blair explicou ainda que seu memorando enviado ao ministério tinha uma cópia para a comissão independente e que todos os procedimentos adotados nas investigações foram discutidos em reuniões com representantes da IPCC.
– Essa alegações ofendem a integridade da polícia. E devo lembrar que versões dos fatos divulgadas na mídia em nenhum momento partiram ou foram corroboradas pela corporação. Não estou tentando me defender de ter cometido um erro, mas da acusação de ter agido de má-fé.
A atuação de Blair será novamente examinada em 13 de setembro em seu depoimento na Comissão de Assuntos Internos do Parlamento. E o clima não deverá ser favorável, a julgar pelas críticas feitas ontem pela deputada Ann Cryer, do Partido Trabalhista.
– Se não houve tentativa de acobertar a verdade, estamos falando de uma grande trapalhada. O mais preocupante em tudo isso é a polícia estar agindo sob a orientação de atirar para matar sem que o Parlamento tivesse conhecimento de tal diretriz. Evidentemente, ela resulta em erros trágicos – disparou Cryer.
Ainda ontem, as investigações sofreram nova reviravolta com a revelação de que as câmeras de segurança da estação de Stockwell realmente não estavam em operação no dia 22 de julho. A informação, ainda não confirmada pela polícia, é que as fitas haviam sido confiscadas na véspera como parte das investigações sobre os atentados frustrados.
Por sua vez, o governo brasileiro vai enviar à Inglaterra na segunda-feira uma missão oficial para verificar em que estágio estão as investigações sobre a morte de Jean Charles. A tarefa caberá a Wagner Gonçalves, subprocurador-geral da República, e a Márcio Pereira Pinto Garcia, diretor-adjunto do Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça. A intenção do governo, que se declarou indignado com as novas revelações sobre a morte de Jean Charles, é pressionar para que o caso tenha solução rápida.’
WEB & TV
Erica Ribeiro
‘Shoptime agora pertence à Americanas.com’, copyright O Globo, 19/08/05
‘O site de compras Americanas.com, controlado pela rede de lojas de departamento Lojas Americanas S/A, comprou ontem 99,36% do capital da empresa Sky Shop, dona do canal de compras e site na internet Shoptime, numa operação de R$ 126,7 milhões. A empresa adquiriu 44% do capital social da TV Sky Shop S.A., de propriedade da Globo Comunicações e Participações(Globopar S.A.), e 98,85% do capital social da Shoptime S.A., detentora de 56% do capital da TV Sky Shop S.A. As duas marcas serão mantidas e a Americanas.com assume a empresa no próximo dia 1 de setembro.
– Estamos felizes e empolgados com a operação e esperamos ter uma atuação ainda mais competitiva no mercado – disse ontem Roberto Martins, diretor Financeiro e de Relações com o Mercado da Lojas Americanas.
Segundo Martins, a Americanas.com identificou no Shoptime a oportunidade de ampliar sua atuação junto aos clientes. A aquisição será submetida à aprovação dos órgãos de defesa da concorrência, conforme determina a legislação brasileira.
Empresa de capital fechado, a Americanas.com pretende, tão logo seja concluído todo o processo de aquisição, entrar com um pedido de cancelamento do registro de companhia aberta do Shoptime junto à Comissão de Valores Mobiliários (CVM), órgão regulador do mercado acionário.
O Shoptime foi criado em 1995 como um canal de TV nos moldes do Homeshopping Network, principal canal de vendas dos EUA. Além da TV, foram lançados o catálogo e o site shoptime.com, em 1996. Após dez anos, a empresa tem mais de 1,5 milhão de clientes cadastrados e chega a cerca de de dez milhões de lares, via canais de TV a cabo (Net/Sky) e antenas parabólicas.
Mensalmente são realizadas mais de 60 mil entregas de mercadorias em todo o país. O valor médio de compras pela internet é de R$ 280, e no canal de TV, de R$ 240. No ano passado, a TV Sky Shop S.A. faturou R$ 187 milhões, sendo metade da receita vinda do canal de vendas na internet. No primeiro semestre de 2005, o faturamento da empresa foi de R$ 87 milhões, dos quais o canal internet foi responsável por 60% do total.’
Agnaldo Brito e Andrea Vialli
‘Shoptime é vendido para as Lojas Americanas ‘, copyright O Estado de S. Paulo, 19/08/05
‘O portal Americanas.com S.A. – Comércio Eletrônico, controlado pelas Lojas Americanas, comprou por R$ 126,7 milhões a empresa TV Sky Shop S.A., dona do canal de TV paga e o site de internet Shoptime. O portal adquiriu 99,36% do capital da empresa. A informação foi divulgada ontem por meio de fato relevante.
A transação foi realizada mediante a aquisição de 44% do capital social da TV Sky Shop detido pela Globo Comunicações e Participações (Globopar), e de 98,85% do capital social da Shoptime S.A., sociedade detentora de 56% do capital da TV Sky Shop.
De acordo com o fato relevante, do total de 114.450.582 ações do Shoptime S.A. adquiridas, 57.225.287 são de propriedade da Benalla Investments Inc. e 55.907.517 da Nysted S.A., ‘sociedade controlada indiretamente pelos controladores indiretos das Lojas Americanas S.A.’.
A Americanas.com informou que a decisão de comprar as operações do Shoptime foi motivada por sua ‘vocação de varejo multicanal’. De acordo com o diretor financeiro e de Relações com o Mercado das Lojas Americanas, Roberto Martins, a empresa identificou no Shoptime, empresa com mais de dez anos de mercado, uma oportunidade de ampliar sua atuação junto aos clientes, a partir de um novo canal de vendas – pela televisão. ‘Estamos empolgados com a operação e esperamos ter uma atuação ainda mais competitiva’, afirmou.
A TV Sky Shop faturou R$ 187 milhões em 2004, sendo que 50% da receita veio da internet. Neste ano, o faturamento bruto no primeiro semestre da empresa atingiu R$ 87 milhões. O canal de venda pela internet assegurou 60% deste valor. A aquisição ainda terá de ser submetida à aprovação dos órgãos de defesa da concorrência.
A Americanas.com entrou no varejo eletrônico em 1999. A empresa apostou no know-how em logística das Lojas Americanas para atender todo o território nacional no prazo médio de 48 horas – o que acabou se tornando um diferencial. Atualmente, a empresa possui uma base de 4 milhões de clientes e 9 mil fornecedores.’
Folha de S. Paulo
‘Americanas.com adquire canal de compras Shoptime por R$ 127 mi’, copyright Folha de S. Paulo, 19/08/05
‘O controle acionário da TV Sky Shop, proprietária do canal de compras Shoptime, foi transferido para a Americanas.com. Em comunicado ao mercado, as duas empresas afirmam que o controle da empresa, representado por 99,36% do capital, foi transferido por R$ 126,7 milhões para a área de comércio virtual da varejista.
Em comunicado, a Americanas informa aos acionistas que ‘considerando a sua vocação de varejo multicanal, identificou no Shoptime uma oportunidade de ampliar seu âmbito de atuação junto aos clientes, [por meio] de um canal diferenciado de vendas pela TV (home shopping), catálogo e comércio eletrônico’.
Antes da transação, as ações da TV Sky Shop eram assim divididas: 56% pertenciam à Shoptime S.A. e 44% à Globo Comunicações e Participações S.A.
O Shoptime é transmitido pelas operadoras de TV paga Net e Sky, ambas do sistema Globosat, e mantém loja virtual na internet.
Em 2004, o Shoptime teve faturamento bruto de R$ 187 milhões -50% dos quais com o site na internet. No acumulado dos seis primeiros meses de 2005, o faturamento bruto atingiu R$ 87 milhões, dos quais 60% pelas vendas via internet.’