Desde seus primórdios, a civilização humana se inscreve numa promessa: a de dobrar e desdobrar, estender, para o plano da cultura, da história humana, o fator criativo, vital, da natureza, no qual e através do qual a multiplicidade, a que chamamos de ecossistema, de biomas, acontece sem parar, a partir de cada minúsculo, imperceptível singularidade de partículas, de substâncias; fluxos inorgânicos e orgânicos, num jogo sem fim, do qual somos apenas uma parte; fluxo dentre outros.
Fabular toda essa orquestração de multiplicidades no bicho gente, a fim de criar a humanidade sem fim, como criação consciente de multiplicidades benfazejas, como arte, certamente constitui o DNA do devir humano nele mesmo; um projeto de cuidado de nós conosco.
Projeto esboçado no rosto vulnerável do bebê humano, cuja demanda de cuidado, para viver, de uma forma ou de outra, constitui a igual demanda de cada um de nós em relação às sociedades humanas, como se fossem ou pudessem se tornar sociedades maternais, através de um único possível universal axioma, ou direito universal, a saber: o nós precede ao mim e este, o mim, precede ao nós, desde que o outro preceda a ambos: ao nós e ao mim.
Não deixar morrer o outro, o estrangeiro, o estranho, o não mim e o não nós, o mais vulnerável, porque o mais vital, constitui a única intocável prescrição civilizacional, pela simples razão de que aí reside, na garantia de que outro não possa ser colonizado, humilhado, assassinado; aí reside a única possibilidade sem fim de incorporamos a multiplicidade do cosmos sem assujeitá-la, diminuí-la, adestrá-la, assassiná-la.
Soma das partes nunca é o todo
Como projeto, no entanto, o reino das multiplicidades criativas e criadoras, no plano humano, é o que tem sido: projeto eternamente inacabado, adiado, traído, usurpado; e por uma razão muito simples: o controle-posse exclusivo do excedente, que nada mais é que o controle-posse particularizado, privatizado, das multiplicidades sem fim que habitam o mundo.
Controlando e assujeitando as multiplicidades do mundo, igualmente nos controlamos como multiplicidades abortadas, fazendo-nos como sujeitos assujeitados, porque impedidos de conectar com a multiplicidade sem fim; porque impedidos que temos sido de nos fazermos como multiplicidades insubordinadas, livres.
As últimas civilizações humanas, as, a um tempo mais grandiosas e mais violentas, como a suméria, a egípcia, a chinesa, a grega, a romana e a atual, a da modernidade capitalista, são ou têm sido civilizações de usurpação de multiplicidades, através de uma guerra sem fim contra elas, a fim de estocar-controlar-roubar-privatizar o excedente-mundo ou o mundo como excedente, como excesso, como algo que excede a si mesmo, porque a soma de suas partes nunca é seu todo e seu todo nunca é a soma de suas partes, porque não é nem parte nem todo, mas multiplicidades em devir.
A crise do capitalismo contemporâneo
Não é circunstancial, a propósito, que essas grandes últimas civilizações sejam todas, sem exceção, piramidais, porque a pirâmide é por excelência a arquitetura do poder sobre o controle dos excedentes de multiplicidades; controle tanto mais eficaz quanto mais mimetiza as multiplicidades.
Um mimetismo que é ao mesmo tempo igual e contrário da arquitetura das multiplicidades enquanto tais, pois, enquanto estas são horizontais, isentas de qualquer forma de hierarquias; aquelas são a própria hierarquia multiplicada; hierarquia de quantidades, no lugar das não hierarquias de qualidades, das multiplicidades.
As pirâmides são, assim, a arquitetura do controle do excedente porque mimetizam de forma vertical a multiplicidade do mundo, de tal sorte que as multiplicidades sempre fazem parte de suas bases.
No fundo e no raso, é a mesma lógica do esquema de pirâmide de Madoff, o da chamada atual crise do capitalismo contemporâneo, conhecido como esquema Ponzi, no qual e através do qual o topo da pirâmide acumula o excedente produzido fundamentalmente pela base, enriquecendo-se sozinhos, os seus privilegiados ocupantes,os quais passam a se apresentar como a própria multiplicidade, enquanto que esta fica exangue e é vista com preconceito, como o lugar do fracasso, da ignorância, da improdutividade, do autoritarismo, da ditadura, como se as multiplicidades enquanto tais fossem as não multiplicidades, ao passo que as não multiplicidades daqueles que ocupam o topo da pirâmide se apresentam como a própria multiplicidade.
A oligarquia politicamente correta
É por isso que, dialogando com Marx, podemos dizer que o mundo está de cabeça para baixo, porque a cabeça do mundo é todo o mundo sem cabeça; é todo o mundo sem altura, sem transcendência, sem religião, sem hierarquia, sem roubo e controle de excedentes.
Por outro lado, diferentemente das outras civilizações piramidais, a nossa, a da modernidade capitalista, sobretudo considerando a atual fase do capitalismo tardio, é uma civilização que mimetizou a própria horizontalidade sem hierarquia das multiplicidades do mundo, o que não significa que não seja uma civilização sem hierarquia, de multiplicidades livres. Muito pelo contrário, o requinte da burguesa civilização capitalista é a de dissimular multiplicidades livres, de sorte que são tanto mais hierárquicas quanto mais conseguem dissimular ou produzir a farsa sem fim de multiplicidades livres.
É nesse sentido que é possível dizer que Nova York, capital do imperialismo americano, é também a capital da dissimulação de democracia, de respeito às diferenças. Nova York é, na verdade, a capital mundial da dissimulação das multiplicidades horizontais, pela singela razão de que ocupa o topo das pirâmides urbanas de nossa atual civilização piramidal-horizontal; pela singela razão, enfim, de que vivem, os novaiorquinos, do excedente de multiplicidades, produzido pelo conjunto das multiplicidades assujeitadas do e pelo mundo.
Nova York, a bem da verdade, constitui o lugar do exibicionismo de multiplicidades, sem ser, efetivamente, multiplicidades, porque vive de exibir multiplicidades graças ao roubo geral das multiplicidades do planeta, razão pela qual seus habitantes,fantasiados de multiplicidades, são, sem que o saibam, portadores de uma lógica extremamente cínica, porque exibem (ou a si mesmos se exibem) como ideais de ego para as verdadeiras multiplicidades do mundo todo, apresentadas, estas sim, como não multiplicidades, condenadas que estão, pelo imperialismo americano, a serem roubadas de si mesmas, para sustentar a farsa das pseudo-multiplicidades das oligarquias de todo o mundo, inclusive e antes de tudo da oligarquia politicamente correta dos novaiorquinos.
Uma ilha da fantasia virtual
Mas como é possível uma civilização piramidal-horizontal? Como é possível mimetizar multiplicidades livres através da servidão, na maioria das vezes voluntária, das multiplicidades humanas e não humanas do mundo?
Novamente a resposta a essa o outra igual pergunta é singela, pois está à flor da pele de nossa atual civilização. Quer dizer, está na cara, literalmente sob o nosso foco, nossos olhos, nosso sistema atual de visão: os meios de comunicação são a extensão horizontal ou a dissimulação virtual, protética, daquilo que não existe de fato, numa sociedade de controle burguês de excedentes: as multiplicidades livres.
Eles constituem, assim, o nosso atual sistema de visão: são os nossos óculos. Vemos, ou somos levados a ver, ou a crer, hoje, através dos óculos virtuais dos meios de comunicação, que nada mais são que dissimulações de multiplicidades horizontais; que nada mais são que a farsa de um mundo de multiplicidades, as quais se encontram em situação cada vez mais difícil, quanto mais sequestradas delas mesmas, quanto mais nós mesmos acreditarmos na farsa, atuando no mundo como farsa de multiplicidade, como massa, como espetáculo de multiplicidade, como publicidade daquilo que efetivamente não somos: multiplicidades livres, de vez que vivemos de roubá-las e matá-las.
Os meios de comunicação – televisão, rádio, grandes jornais escritos cinema comercial, internet – constituem, e para isso são programados, os óculos com os quais somos instigados a ver o mundo. Eles são o lugar das multiplicidades roubadas, uma espécie de ilha da fantasia virtual das multiplicidades.
Valor mercantil que dissimula multiplicidades
Por isso são tão sedutores, porque acreditamos ver-viver as multiplicidades nos transformando todos em publicidade de multiplicidades, no espetáculo da cultura de massa da atual sociedade do espetáculo.
Toda sociedade piramidal, de roubo de excedentes de multiplicidades, produz seus sistemas de ver, seus óculos. A atual sociedade capitalista, que não vive sem dissimular ser a própria multiplicidade, constitui-se como mercadoria de multiplicidades, de vez que a multiplicidade dissimuladamente existe se e somente se temos dinheiro para comprá-la, razão pela qual todos queremos enriquecer, porque nosso mais fundo e raso desejo é o de nos fazermos como multiplicidades livres, que não temos sido.
Compramos, assim, as multiplicidades, comprando mercadorias de multiplicidades e ao mesmo tempo nos transformamos em mercadorias de multiplicidades, razão pela qual os jovens estão cada vez mais estilizados, porque a juventude é ela mesma uma dissimulação de multiplicidade, numa civilização vetusta como a nossa.
É por isso que podemos dizer que o jovem estilizado, o jovem, como mercadoria de jovem, ou a mercadoria jovem, é, na verdade, o mais velho dentre nós, por mais que pareça ser jovem; por mais que nos seja vendido como tal, porque, como mercadoria de juventude, constitui-se como o reino estilizado de tudo que existiu e existe, como antiguíssima, embora renovada, estratégia de controle de excedentes.
Mais que multiplicidades humanas, a atual fase do capitalismo piramidal-horizontal conseguiu esta proeza: transformar a multiplicidade do mundo em mercadoria de multiplicidade, dando um valor mercantil a tudo. Valor mercantil, bem entendido, que dissimula multiplicidades, e é por isso, porque as dissimula, que precisa de uma máquina de propaganda de multiplicidade; uma máquina de comunicação publicitária de multiplicidades mercadológicas.
O biopoder de Foucault
A esta máquina chamamos de meios de comunicação de massa e, na atual fase capitalista, de controle piramidal-horizontal de excedente de multiplicidades, tal máquina se presta às seguintes finalidades:
- São máquinas de biopoder, no sentido proposto por Michel Foucault.
- E, no capitalismo atual, tardio, os meios de comunicação, como óculos ilusionistas do sistema mundial de produção de multiplicidades mercadológicas, constituem-se como a principal máquina de biopoder, pois projetam, em seus respectivos suportes, a fantasia das multiplicidades como dissimulação/propaganda de multiplicidades, ao mesmo tempo que funcionam como filtros dos valores dominantes produzidos em todas as outras instituições do mundo do capitalismo burguês, como a instituição da família burguesa, das igrejas aburguesadas, do sistema de ensino burguês, e assim por diante.
- Como máquina por excelência de biopoder, ou de poder sobre e através de multiplicidades, a que chamamos de cultura de massa, os meios de comunicação de massa servem para infantilizar, no sentido negativo, as multiplicidades do mundo, razão pela qual a maior parte de sua programação, para não falar na totalidade de sua programação, produz verdadeiras Estórias de Carochinha.
- Consequências do projeto de infantilização do mundo levado a cabo pelos meios de comunicação da sociedade capitalista atual:
- Os meios de comunicação servem para infantilizar o desejo, confeccionando um sistema de desejo direcionado infantilmente a desejar comprar as multiplicidades de mercadorias produzidas pelas empresas do capitalismo atual.
- Como tudo nas sociedades burguesas, importa é o sistema. Na educação, por exemplo, importa é o sistema educacional, que funciona como o próprio sistema piramidal da sociedade burguesa, de sorte que você será ou tenderá a ser/saber em conformidade com sua posição de classe no sistema educacional.
- Se o que marca a nossa sociedade capitalista, e todas as outras que a precederam, de base piramidal, é o parasitismo, pela simples razão de que é sempre um reduzido grupo, visto como portador de multiplicidades desejáveis, que se apropria da produção de riquezas oriundas do trabalho e do assujeitamento das multiplicidades de fato, os meios de comunicação são o próprio parasitismo das multiplicidades.
- Os meios de comunicação, como meios de poder, estão no geral a serviço do imperialismo da vez, de sorte que suas programações ou notícias são as programações ou notícias que interessam ao imperialismo da vez.
Para Michel Foucault, o poder não é apenas repressão e violência, pois assim seria muito fácil destroná-lo.
Toda forma de poder, assim o é, porque se inscreve na vida, porque é afirmativa, mais que negativa; porque nos faz agitá-la, atiçá-la, existir, enfim, através de nosso próprio desejo.
A essa maneira de compreender a atuação do poder, no mundo, Foucault chamou de biopoder, de poder agindo em nossas vidas, porque nossas vidas estão programadas a dar vida ao poder, através das mais diversas formas de servidão voluntária, nas mais diversas áreas sociais, como a educacional, por exemplo, cujo saber ensinado no geral é saber programado para produzir a sociedade capitalista mesma, razão pela qual acreditar que a educação pode salvar o mundo é absolutamente ridículo, posto que está a serviço do capitalismo, que a engendra, e este, como sabemos, está a serviço do controle, domesticação e parasitismo assassino das multiplicidades livres.
Daí a produção de professores, médicos, jornalistas, psicólogos, sociólogos, engenheiros, advogados, físicos, economistas formados, pelo sistema educacional, para se apresentarem como legítimos quadros da sociedade capitalista.
Trata-se de um círculo vicioso: o capitalismo produz profissionais, mesmo que pobres, para produzir sem cessar a si mesmo, o capitalismo;
As estórias de carochinha
A forma mais contemporânea de ilusionismo de multiplicidades é aquela ligada ao campo dos direitos civis, como disfarce de democracia.
São os meios de comunicação que transformam, ou têm o papel delegado de transformar tudo em direitos civis, sem direitos econômicos, transformando tudo em questão cultural, como a questão étnica, como a de gênero, como até mesmo a questão da pobreza, que é naturalizada quando é transformada em questão cultural, posto que nunca pode ser vista, concebida e vivida como fator de injustiça social.
Assim, seja no cinema comercial produzido, seja nas telenovelas, seja nos programas de auditório, nas notícias escritas, radiofônicas, internéticas e televisivas, tudo tem quer virar Estórias de Carochinha.
Temos, assim, novelas que são infantilizadas Estórias de Carochinha. Assim, igualmente é o cinema comercial, Estórias de Carochinha. Assim são até mesmo as notícias, Estórias de Carochinha, em forma de sérias e verdadeiras notícias.
Quase tudo ou tudo, nos meios de comunicação, são Estórias de Carochinha, razão pela qual, neles, nos meios de comunicação, é proibido a vida adulta, compreendida como vida capaz de entender a trama dos poderes do mundo, agindo com consciência crítica, como esperamos de um adulto de verdade.
Um periférico do sistema educacional
As consequências diversas da infantilização do mundo ainda estão por serem mapeadas. Certo mesmo é que não existe nenhum setor social que está livre dessa infantilização generalizada da humanidade, de sorte que setor algum pode sequer resvalar em qualquer forma de solução efetiva de suas dificuldades ou falências se não enfrenta a questão da infantilização geral da vida, levada a cabo sem cessar pelos meios de comunicação de massa;
‘Deseje como um idiota!’ Essa é a divisa vomitada sem cessar pelos meios de comunicação.
Se você estuda, por exemplo, numa escola da periferia do sistema educacional, você certamente será preparado para ser um periférico do sistema educacional. Logo será preparado – e o próprio sistema educacional se encarregará de confirmar isso – para ocupar uma posição de classe extremamente inferior, excluída.
As verdadeiras multiplicidades
Assim como acontece com o sistema educacional, ocorre com o sistema dos meios de comunicação.
No conjunto, tal sistema serve para nos inscrever numa posição de classe na sociedade burguesa, ainda de uma forma mais nefasta que no sistema educacional.
No sistema midiático, as multiplicidades vivas nunca aparecem como protagonistas. Nunca produzem seus próprios meios de comunicação, tendo em vista seus pontos de vista de multiplicidades livres.
O máximo que temos, nesse sistema, são multiplicidades assujeitadas produzindo sem cessar as mídias de suas sujeições; de suas enganosas publicidades de multiplicidades, que não são, através das infantilizadas programações das culturas de massa.
Cada médio tem a sua função sistêmica no sistema dos meios de comunicação. O rádio possui seu próprio sistema de assujeitamento, e assim a televisão, a imprensa escrita e a internet.
Todos usando, no fundo e no raso, uma programação única: a de procurar ocupar o lugar das multiplicidades, como propaganda de multiplicidades, apontando para as verdadeiras multiplicidades ora apresentando-as como coitadas, ora como terroristas, ora como ignorantes, mas nunca como multiplicidades livres, por produzirem suas mídias livres;
Todo o resto não passará de lixo
Eles parasitam a tudo, a alegria, a sexualidade, a beleza, a força, a coragem, o sonho, o carinho, o respeito, a dignidade, o amor, a vitalidade, a esportividade.
Enfim, eles parasitam tudo que fazem ou podem fazer as multiplicidades livres brilharem, deslocando tudo aquilo que significa a força de atração gravitacional das multiplicidades livres para as castas sociais que controlam e se apropriam dos excedentes produzidos pelas multiplicidades livres, fabricando, assim, a ilusão generalizada de que são essas castas as verdadeiras multiplicidades livres, enquanto que são, na verdade, as castas que parasitam as multiplicidades livres.
É assim que os meios de comunicação mundial produzem um sistema mundial de parasitismo e roubo das forças vivas das multiplicidades livres, razão pela qual tendemos a conceber as elites planetárias como o exemplo mais bem acabado de multiplicidades livres, sobretudo as elites artísticas e esportivas;
O imperialismo americano, como imperialismo da vez, constitui o sujeito oculto e explícito do atual sistema piramidal-horizontal das mídias dominantes do planeta.
Seria possível continuar arrolando uma série quase que indefinida de finalidades dos meios de comunicação, quando a serviço, como é o caso, da manutenção da estrutura piramidal-horizontal do capitalismo contemporâneo.
A intenção deste artigo foi a de apresentar as mais importantes, porque são as que trazem mais impacto no nosso cotidiano, pois são as que produzem o cotidiano burguês-planetário em que vivemos.
Para finalizar, diria apenas que qualquer tentativa de democratização dos meios de comunicação que não leve em conta a curto, médio e longo prazo – se é que temos a possibilidade de longo prazo – o desafio de retirar dos meios de comunicação as suas finalidades autoprogramadas de manter o controle de excedente piramidal-horizontal da atual fase do capitalismo tardio, espetacular, está fadado ao fracasso ou simplesmente será mais uma tentativa, na melhor das hipóteses, de administração da falência geral do sistema burguês em que vivemos, o que significa ser mais uma tentativa fracassada.
A única saída, a mais digna, a mais bela, a mais fabulosa, a mais criativa e ousada, reside em produzir um sistema de comunicação livre, das multiplicidades livres.
Todo o resto é, se pensarmos a partir do sistema-mundo, mais uma ilusão do sistema mundial de ilusões de liberdades múltiplas da sociedade burguesa contemporânea.
Todo o resto, assim, não passará de lixo: o lixo geral que o sistema mundial de mídia produz, sem cessar, intoxicando-dizimando as multiplicidades livres do planeta.
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Poeta, escritor, ensaísta e professor na Universidade Federal do Espírito Santo