‘Não foi só o Internet Explorer -programa para navegação na internet da Microsoft- que teve uma semana ruim. O Mozilla, navegador que especialistas recomendam como opção mais segura, também teve uma brecha de segurança confirmada.
No caso do Internet Explorer, a falha, que permite a instalação de códigos maliciosos em micros, foi descoberta pelo estudante holandês Jelmer Kuperus.
A falha, segundo Kuperus, não é desconhecida, mas foi considerada de menor importância.
O problema é que, se usada em conjunto com outras brechas, possibilitava a invasão.
A Microsoft admitiu a existência da vulnerabilidade e prometeu lançar as correções e as atualizações que oferecerão proteção adicional ao usuário.
É terceira vulnerabilidade descoberta pelo estudante num período de um mês. As duas primeiras eram utilizadas por um site russo que, ao ser acessado por internautas, baixava e instalava automaticamente o código malicioso download.ject, que possibilitava o roubo de informações contidas nos micros infectados.
O vírus infectou diversos servidores no final de junho.
Para realizar atualizações de segurança no Internet Explorer, acesse o endereço windowsupdate.microsoft.com.
Desde a semana retrasada, o Cert, grupo que monitora ameaças digitais, passou a recomendar que os internautas substituam o Internet Explorer por outros navegadores, como o Opera (3,5 Mbytes; www.opera.com), o Mozilla, ou o Firefox (12 Mbytes e 4,7 Mbytes, ambos no endereço www.mozilla.org).
O problema é que, na última sexta-feira, os programadores da Mozilla Foundation confirmaram a existência de uma vulnerabilidade nas versões mais recentes do Mozilla e do Firefox.
Apenas usuários de Windows XP podem ser afetados pela falha, que permite a execução de programas invasores nos micros infectados. A falha não atinge proprietários de Macintosh e usuários de Linux. A correção já está disponível no site do Mozilla.’
O Globo
‘Site Globo Online sofre ataque de hackers’, copyright O Globo, 15/07/04
‘O site de notícias Globo Online sofreu, por volta das 17h de ontem, um ataque de hackers (piratas da internet). O ataque redirecionou o site, durante cinco minutos, para outra página na internet. O site foi retirado do ar por medida de segurança por cerca de três horas e meia.
Segundo o gerente de sistemas da Infoglobo (empresa que edita o site), Américo Diniz, foi feita uma espécie de limpeza da área atacada pelos hackers . Em seguida, os técnicos reavaliaram os sistemas de segurança do site, antes de recolocá-lo no ar.
— Hackers costumam usar vários endereços para esconder o ataque, como se fosse uma camuflagem — explicou Diniz.
A capa, as editorias e os textos das notícias ficaram indisponíveis para a leitura, enquanto os técnicos iniciavam a análise sobre a origem do ataque pirata.
Durante esse período, os leitores que acessavam o Globo Online viam uma página onde estava escrito ‘em manutenção’.
Como os sistemas internos de publicação estão isolados, a equipe de jornalismo do Globo Online trabalhou normalmente, de tal modo que, ao ser recolocado no ar, o site tinha notícias atualizadas.
No primeiro ataque, site teve muitos pedidos de acesso
Esta é a segunda vez que o Globo Online foi alvo de hackers . O primeiro ataque ocorreu em fevereiro de 2000, partindo de algum ponto nos Estados Unidos ou no Canadá.
A página na ocasião foi retirada do ar após ser bombardeada com pedidos de acesso que sobrecarregaram os computadores do site, num tipo de ataque conhecido como DDoS (Distributed Denial of Service, ou Ataque por Negação de Serviço).
Como as máquinas têm limites para o envio e o recebimento de dados, o site sai do ar. Naquele ano, outros sites de notícias nacionais foram alvos de hackers.’
NOVA FASE
‘Evolução constante’, Editorial, copyright A Gazeta, Vitória (ES), 18/7/04
‘Grandes jornais captam as preocupações e os desejos da sociedade. A Gazeta reforçou seu compromisso com os rumos do Espírito Santo
O jornal é, por natureza, um registro diário dos acontecimentos e tendências da sociedade. Sob essa óptica, fica mais fácil de entender, por exemplo, por que grandes jornais do país só colocavam notícias internacionais em suas primeiras páginas na década de 50: o mundo ainda tentava curar as feridas de sua guerra mais sangrenta e o foco das discussões estava todo centrado em questões de diplomacia e da então recém-inaugurada disputa entre capitalismo e comunismo.
Já na década de 80, os jornais que tiveram maior crescimento foram os que conseguiram captar a preocupação dos brasileiros com os rumos sociais e políticos do país, assim como o desejo desses mesmos brasileiros de verem estampadas nas publicações diárias as várias faces de uma nação que começava a se reacostumar com os bons ares da democracia e do debate de idéias.
Enfim, se os homens mudam, se as sociedades se modificam, os jornais têm de mudar. As preocupações com a guerra fria, com ‘a volta do irmão do Henfil’, com a aprovação das eleições diretas para a Presidência da República foram substituídas por questões mais próximas, como os cuidados com a saúde, com a vida profissional, com a educação dos filhos, com a aposentadoria, com a segurança, com os fatos da cidade e do Estado.
Junte-se a isso a multiplicação intensa dos canais de informação e temos um quadro social e informativo com cores muito diferentes do que era pintado há 10 ou 20 anos.
Jornal mais importante do Espírito Santo, A Gazeta tem a obrigação de evoluir sempre. A partir de hoje, o jornal entra em uma nova fase, iniciada há alguns meses, quando foi tomada a corajosa decisão de modificar profundamente a forma como ele é produzido e pensado.
O projeto é ambicioso e tem hoje seu ponto de partida, não de chegada. Não é um pacote fechado a ser entregue ao leitor. Ao contrário, nosso objetivo é trazê-lo para nos ajudar a fazer o jornal. Vamos abrir canais específicos de comunicação com você. E ampliaremos fortemente a prestação de serviços e a cobertura local.
Mas faremos isso preservando e intensificando o ótimo jornalismo já praticado ao longo dos anos por A Gazeta, notadamente em áreas como política e economia. É muito importante salientar que os novos rumos editoriais adotados a partir de hoje servirão para aprofundar ainda mais o forte relacionamento deste jornal com os capixabas.
Não poderia ser diferente. Em sete décadas e meia, A Gazeta deixou de ser apenas um jornal para ter participação decisiva nos rumos e na história deste Estado. Saiu em defesa dos interesses da população quando isso foi necessário, numa das maiores demonstrações de como o jornalismo ético e independente pode ser útil à sociedade.
É com o compromisso de manter os princípios éticos que sempre nortearam nossas atividades que colocamos hoje em suas mãos o nosso trabalho. E fazemos um convite: escreva, opine, critique. A sua palavra será fundamental para acelerarmos o processo de melhoria do que faremos a cada dia. Queremos estar ao seu lado, continuar fazendo parte da sua vida. Mas pedimos também que você esteja ao nosso lado, nos auxiliando na importante tarefa de construir o grande jornal que o Espírito Santo merece.’
Amálio Pinheiro
‘O jornal e a cidade’, copyright A Gazeta, 18/07/2004
‘O jornal impresso situa-se num espaço concreto de relações culturais que lhe confere especificidade frente aos demais meios. As inovações tecnológicas trazidas para a página têm de forçosamente adequar-se à sua propensão histórica de integrar-se ao próprio ambiente urbano e cultural da circulação. Portátil e maleável, tátil às exigências dos dedos e de todo o corpo, obriga o leitor a participar de um modo de conhecimento, que interliga os âmbitos privados e domésticos às atividades de lazer externo da cultura: nenhum ato comunicativo pode substituir aquele, democrático, de sair, comprar e folhear um jornal a céu aberto. Tais práticas são anatomicamente próprias do suporte desse meio impresso, das bancas à leitura doméstica. Essa mobilidade gestual dos jornais impressos dentro da cidade não é colateral ou secundária: faz parte da sua rede estrutural, modifica os processos de produção e leitura das diagramações, espaços, letras, e contribui muito para toda a história das conexões entre os sistemas do jornalismo impresso e os sistemas e subsistemas da cultura. Saber que o jornal faz convergirem olho e cidade, num espaço de política de lazer e prazer, desagrada a toda e qualquer tendência teórica, segundo Eric Dunning, ‘que o engavete no lado que todos julgam negativo dentro do imbricado complexo de dicotomias convencionalmente admitidas, como as que existem entre ‘mente’ e ‘corpo’, ‘seriedade’ e ‘prazer’’. Por isso mesmo os jornais devem ser considerados aqui como uma espécie de produção gráfico-visual que estabelece nexos diferenciados com processos civilizatórios, na América Latina, que subvertem as fórmulas redutoras dos dualismos baseados na superioridade do conhecimento abstrato.
A mobilidade em mosaico do jornalismo impresso aproveitou-se, neste continente, de uma sorte de montagem das ‘culturas em ritmo rápido’, conforme mostra Paul Zumthor, aptas para incorporar os agregados provenientes das mais diversas linguagens. São processos de produção desdobrados pelo caráter migrante, mestiço e solar da sociedade. Resumindo: apropriação, através de procedimentos construtivos de materiais e linguagens complexos, oriundos das mais heterogêneas culturas, no trânsito da casa à rua, do livro ao jornal aberto e dobrável sob o sol. Aquém e apesar da rigidez das posições conceituais, tais sociedades tendem a exponenciar, contra a idéia de obra acabada para leitura de gabinete, o processo de engastes anônimos que interliga série a série, produto a produto, material a material, no grande sistema da paisagem urbana (esta mesma que o jornal veio a habitar, refratar e multiplicar). [Professor de pós-graduação da PUC de São Paulo]’