‘A próxima reunião da Cúpula da Sociedade da Informação deverá ser palco de discussões tão calorosas quanto inócuas sobre o modelo de governança da internet a ser implementado nos próximos anos. O encontro, que ocorrerá em Túnis em novembro, deve ser marcado pelo embate entre os defensores da gestão norte-americana da rede e países que defendem a transferência dessa tarefa a um órgão da ONU.
Desde suas origens a internet está sob o controle dos EUA. Atualmente ela é gerida pelo Icann (Corporação da Internet para o Anúncio de Nomes e Números), uma empresa autônoma contratada pelo Departamento de Comércio norte-americano.
Segundo os defensores do multilateralismo, o órgão extrapola suas funções técnicas e exerce um controle eminentemente econômico da rede mundial de computadores. Para alguns especialistas, o Icann favorece à existência de um mercado especulativo fundado na escassez artificial de domínios da rede, criando assim um grande balcão de negócios pelos endereços disponíveis.
É certo que argumentos como esse são em alguma medida verdadeiros. Mesmo assim, a proposta do multilateralismo parece inviável do ponto de vista prático. É difícil crer que os EUA concordem em ceder o controle de um instrumento tão valioso, que eles mesmo criaram e aperfeiçoaram à custa de anos de investimentos.
Além disso, é duvidoso que uma organização multilateral fosse capaz de administrar a internet de modo melhor e mais democrático. Quanto a isso, basta considerar que alguns dos parceiros do Brasil nesse pleito, como a China, não são exatamente exemplos de nações democráticas.
Seria preciso muita benevolência para supor que as autoridades brasileiras desconhecessem esses obstáculos. O provável é que, como ocorre em outras posições assumidas pela política externa do governo Lula, trate-se de privilegiar o esforço retórico em detrimento de acordos e resultados práticos.’
FOTOGRAFIA
‘Na era digital, gigantes da foto mudam ação no Brasil’, copyright Folha de S. Paulo, 30/10/05
‘Sofrendo diretamente os efeitos do crescimento da tecnologia digital na fotografia, duas gigantes do setor, Kodak e Fuji, começam a implementar mudanças profundas em suas estruturas e estratégias no Brasil com o objetivo de manter a liderança num mercado cada vez mais disputado.
Depois de um século apostando na venda de filmes fotográficos, as duas multinacionais começam a direcionar seus investimentos principalmente para o setor de impressão de imagens.
E, para garantir competitividade, anunciaram a redução de custos com o fechamento de suas fábricas em São Paulo e a concentração da produção na Zona Franca de Manaus (AM).
No final de dezembro, a Kodak concluirá a desativação de sua fábrica em São José dos Campos (91 km de São Paulo). O fechamento da unidade, inaugurada em 1972, implicará a demissão de 650 funcionários. Até março de 2006, a Fuji encerrará a produção na vizinha Caçapava (112 km de São Paulo), iniciada em 1973. Cerca de 200 vagas serão eliminadas.
As duas empresas apontam que o avanço das câmeras digitais no mercado brasileiro nos últimos três anos as forçaram a adotar tais medidas, encaradas como ‘inevitáveis’ para a sobrevivência.
De acordo com dados da Abimfi (Associação Brasileira da Indústria de Material Fotográfico e de Imagem), 30 mil câmeras digitais haviam sido vendidas no país até 2002. No final deste ano, deve-se atingir 7,5 milhões de unidades.
Menos filmes
A tecnologia digital provocou uma forte queda na venda de filmes fotográficos, produto que ainda é responsável por metade do faturamento das companhias no Brasil. Em 2002, 89 milhões de rolos foram vendidos. Neste ano, o número deve baixar para 60 milhões (queda de 33%).
Como a previsão é que os filmes fotográficos devam perder cada vez mais espaço nos próximos anos, Fuji e Kodak anunciaram que seus investimentos serão direcionados agora para a área de impressão de imagens, essencialmente a imagem capturada com câmeras digitais. Mas, alegando questão de estratégia, não mencionam valores.
‘Cerca de 55% do nosso investimento nos próximos dois anos vai estar diretamente focado em facilitar a impressão de fotos digitais para os consumidores. Acreditamos que já a partir de 2006 o crescimento do faturamento na parte de impressão e venda de máquinas digitais acabe por compensar a queda no faturamento com filmes’, disse o diretor-geral da divisão de fotografia da Kodak no Brasil, Fernando Bautista.
Entre os produtos incluídos na nova estratégia da empresa estão os papéis fotográficos e as estações de impressão de fotografias (lojas, quiosques de auto-atendimento), além da linha Easyshare, ‘coração da estratégia’ da Kodak, que compreende quatro modelos de câmeras digitais e uma impressora portátil.
A impressora se conecta diretamente nessas câmeras, não precisa estar ligada a um computador para funcionar e imprime fotos na hora.
Apesar de menos agressiva do que a rival, a estratégia de mercado da Fuji também enxerga na impressão de fotografias um mercado em expansão. A empresa aposta suas fichas na venda dos minilabs Frontier, de papel fotográfico, e nas câmeras digitais da linha Finepix, que oferece seis modelos de máquinas amadoras.
‘Enquanto as vendas de filmes caíram cerca de 10% no ano passado, tivemos um crescimento na venda de papéis fotográficos quase que na mesma proporção. Isso demonstra o aumento na demanda por impressões de fotografias’, disse o gerente nacional de vendas da Fuji, Sérgio Takayama.’
Carlos Franco
‘A foto do leitor nas páginas do jornal’, copyright O Estado de S. Paulo, 30/10/05
‘Londres, 7 de julho de 2005. Nesse dia, bombas explodiram no metrô da capital britânica, espalhando o pânico. As melhores imagens dos fatos que ganharam repercussão mundial saíram de máquinas digitais e de aparelhos telefônicos com câmera dos próprios passageiros, que estavam nos trens na hora das explosões. Em agosto, foram os moradores da cidade americana de New Orleans que fizeram as melhores imagens da tragédia que foi a passagem do furacão Katrina. São fotos de pessoas comuns que contribuíram para reforçar uma idéia que ganha corpo em todo o mundo: repórter por um segundo, por uma hora ou por um dia, que presencia um fato, registra-o em foto e o distribui para a comunidade, muitas vezes num exercício de cidadania.
Foi isso que levou o Grupo Estado a desenhar e a lançar, a partir de hoje, o projeto FotoRepórter. A idéia é publicar nas páginas dos jornais O Estado de S. Paulo, Jornal da Tarde e portal www.estadao.com.br aquilo que for importante e complementar para a compreensão dos fatos, algumas vezes o fato em si. Já a Agência Estado poderá comercializar as imagens, pelas quais o fotorepórter será remunerado.
Mas qual o tipo de foto que o Grupo Estado passa a comprar e a distribuir dos fotorepórteres? A editora de Fotografia da Agência Estado, Mônica Maia, responde: ‘É importante que a foto tenha informação jornalística, que interesse aos leitores, ou que seja inusitada, que surpreenda’. Um bom exemplo é o das vacas que saíram em disparada pelas ruas de São Paulo na última semana, sendo que uma delas entrou num açougue, diz Mônica. ‘São situações imprevisíveis que um fotógrafo profissional, que cumpre uma agenda prévia, muitas vezes não tem a chance de fotografar. É aí que entram os fotorepórteres com seus equipamentos como um celular ou uma câmara digital.
Mônica diz ainda que, para estimular a criatividade e dar exemplos daquilo que será usado, o próprio portal www.estadao.com.br abrirá espaço para a comunidade dos FotoRepórteres, exibindo sua produção e permitindo a troca de experiências. ‘Muitas vezes uma pessoa está passando por um local, onde ocorre algo inusitado ou mesmo um crime, como um assalto. É isso o que poderá interessar a outros leitores, num exercício ao mesmo tempo de cidadania.’
O fotógrafo profissional Juca Varella, que coordenará o projeto FotoRepórter, diz que o objetivo não é só estimular a interação do Grupo Estado com seus leitores, mas atrair novos que não abrem mão de andar com uma câmara digital a tiracolo ou acoplada ao celular e não perdem a chance de usá-las. ‘A convergência dos meios de comunicação é uma realidade e os leitores dos jornais terão muito a ganhar com o projeto’, diz o editor de Fotografia do Estado, Wilson Pedrosa.
O editor do caderno Link e do portal www.estadao.com.br, Ricardo Anderaós, não tem dúvida de que essa interação dos meios de comunicação com os leitores, numa relação de serviço e informação em tempo real, é o futuro e este já chegou e só tem a evoluir em equipamentos e velocidade da distribuição de conteúdo.
Para estimular a participação dos leitores e do público, o Grupo Estado vai veicular campanha de publicidade criada pela Agência Click, uma das mais premiadas da internet brasileira no Festival Internacional de Publicidade de Cannes. A agência mostra fotos tiradas por pessoas comuns a partir de câmeras digitais e telefones celulares, emoldurando notícias publicadas no jornal. A logomarca criada pela Click diz tudo: o dedo do leitor na câmera, no momento exato de um click.
‘É um projeto que segue a tendência mundial de oferecer mais conteúdo e cada vez mais interatividade’, diz Juca Varella. ‘As imagens de amadores muitas vezes foram vitais para a solução de crimes ou registro de fatos que marcariam na vida de todos, quando não uma comunidade.’ São muitos os exemplos. A partir de agora, uma parcela deles vai ser exposta no portal www.estadao.com.br, que permitirá também o diálogo entre os internautas que estarão participando do projeto.
O lançamento no Brasil deste projeto inovador, diz Antonio Hércules Júnior, diretor de Marketing e Mercado Leitor do Grupo Estado, é mais uma demonstração de que o grupo se mantém sempre à frente das mais importantes tendências internacionais. ‘Institucionalmente, estamos reforçando a marca do Grupo Estado pela inovação, pioneirismo e compromisso com seus leitores, e comercialmente abrindo novas oportunidades para os anunciantes de celulares e operadoras estarem próximos as seus públicos-alvo.’’
DIRECTV / SKY
‘DirecTV critica governo e ameaça fechar no Brasil’, copyright Folha de S. Paulo, 31/10/05
‘Terceira maior operadora de TV paga do Brasil, com 450 mil assinantes, a DirecTV ameaça encerrar seus serviços no país caso o processo de sua fusão com a Sky (857 mil assinantes) não seja analisado até o final de 2006.
Sua matriz, a DirecTV Latin America, está distribuindo material em que critica o governo pela demora na análise da fusão das operadoras, ambas controladas pelo magnata Rupert Murdoch.
O processo de fusão tramita na Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) há um ano. Ainda terá de ser julgado pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica). No Brasil, a DirecTV irá desaparecer e seus assinantes migrarão para a Sky, que passaria, hoje, a ter 32% do mercado. A fusão reduzirá custos (em vez de dois satélites, só terá um).
‘A demora deste processo tem impacto negativo no consumidor e compromete o recebimento de investimentos já programados para o país. DirecTV e Sky estão conduzindo suas operações separadamente, o que compromete o desempenho das empresas. Nos demais países -México, Colômbia e Chile-, a fusão foi analisada em menos de oito meses’, diz Michael Hartman, vice-presidente da DirecTV, em carta que apresenta material sobre a fusão.
O material prega que é inviável manter as duas operadoras, que acumulam R$ 3,6 bilhões de prejuízos e US$ 1,6 bilhão de ‘investimentos não recuperados’.
Bruce Churchill, presidente da DirecTV Latin America, afirma que a demora dá prejuízo de ‘dezenas de milhões de dólares’. Mas o maior dano, diz, é a ‘perda de oportunidades de investir numa plataforma maior e crescer’. Ele esperava que a Anatel concluísse sua análise em setembro.
‘Com a demora da Anatel, achamos que a decisão do Cade só sairá em 2007. Mas a gente não pode esperar até lá. Teremos que tomar outra decisão antes’, afirma. ‘As alternativas são vender ou fechar a DirecTV no Brasil.’
A Anatel, por meio de assessoria, não comentou as declarações. Informou apenas que o processo está no gabinete do conselheiro José Leite, que produzirá relatório a ser encaminhado ao conselho diretor da agência.
OUTRO CANAL
Telão
A Globo definiu na semana passada os filmes que exibirá no final do ano. Os destaques são ‘Minority Report’, ‘A Identidade Bourne’, ‘Stuart Little 2’ e ‘Uma Mente Brilhante’.
Exportação
Exibida em 2004 na faixa das 19h, ‘Da Cor do Pecado’ é hoje a novela mais vendida pela Globo no exterior. A produção já foi exportada para 30 países e está entre as mais vistas em Peru, Venezuela e Romênia, segundo a Globo.
Quartel
A Globo está usando o hotel Sonesta, na avenida Ibirapuera, como base para as gravações da novela ‘Belíssima’ em São Paulo. Seu elenco se hospeda lá.’