POLÍTICOS
FHC decide reconhecer oficialmente filho que teve há 18 anos com jornalista
‘O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso decidiu oficializar o reconhecimento do filho que teve com a jornalista Mirian Dutra, da TV Globo.
Tomas Dutra Schmidt tem hoje 18 anos. O tucano já consultou advogados e viajou na semana passada a Madri,onde vive a jornalista, para cuidar da papelada.
A Folha falou com FHC no hotel Palace, na Espanha, onde ele estava hospedado. O ex-presidente negou a informação e não quis se alongar sobre o assunto. Disse que estava na cidade para a reunião do Clube de Madri.
Mirian também foi procurada pela Folha, que a consultou a respeito do reconhecimento oficial de Tomas por FHC. ‘Quem deve falar sobre este assunto é ele e a família dele. Não sou uma pessoa pública’, afirmou a jornalista.
O ex-presidente e Mirian tiveram um relacionamento amoroso na década de 90, quando ele era senador em Brasília. Fruto desse namoro, Tomas nasceu em 1991. FHC e Mirian decidiram, em comum acordo, manter a história no âmbito privado, já que o ex-presidente era casado com Ruth Cardoso, com quem teve os filhos Luciana, Paulo Henrique e Beatriz.
No ano seguinte, a jornalista decidiu sair do Brasil e pediu à TV Globo, onde trabalhava havia sete anos, para ser transferida. Foi correspondente em Lisboa. Passou por Barcelona e Londres e hoje Trabalha para a TV em Madri.
Quando FHC assumiu o ministério da Fazenda, em 1993, a informação de que ele e Mirian tinham um filho passou a circular entre políticos e jornalistas.
Procurados mais de uma vez, eles jamais se manifestaram publicamente.
Em 1994, quando FHC foi lançado candidato à Presidência, Mirian passou a ser assediada por boa parte da imprensa.
E radicalizou a decisão de não falar sobre o assunto para, conforme revelou a amigos, impedir que Tomas virasse personagem de matérias escandalosas ou que o assunto fosse usado politicamente para prejudicar FHC.
Naquele ano, a colunista se encontrou com ela em Lisboa e a questionou várias vezes sobre FHC. ‘Nem o pai do meu filho pode dizer que é pai do meu filho’, disse Mirian.
Em 18 anos, o ex-presidente sempre reconheceu Tomas como filho, embora não oficialmente, e sempre colaborou com seu sustento. Nos oito anos em que ocupou a Presidência, os dois se viam uma vez por ano. Tomas chegou a visitá-lo no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência da República.
Depois que deixou o cargo, FHC passou a ver o filho, que na época vivia em Barcelona, com frequência. Mirian o levava para Madri, Lisboa e Paris quando o ex-presidente estava nessas cidades. No ano passado, FHC participou da formatura de Tomas no Imperial College, em Londres.
Neste ano, Tomas mudou para os EUA para estudar Relações Internacionais na George Washington University.’
Elio Gaspari
A arma cinematográfica de Lula e Dilma
‘O filme ‘Lula, o filho do Brasil’ estreará em 500 cinemas no dia 1º de janeiro. As platéias chorarão de emoção e a oposição, de raiva. São 128 minutos de viagem pela história de um garoto que sai do sertão pernambucano, come o pão que o Diabo amassou, e chega à presidencia da República. É possível que algumas pessoas comecem a chorar já na fila para a compra de ingressos. Deliberadamente épico, o filme arranca até a última lágrima da platéia. A epopéia foi lustrada pelos roteiristas e pelo diretor Fábio Barreto, mas não foi invenção deles. Ela está na essencia da história do filho de Dona Lindu.
‘O Filho do Brasil’ baseia-se no livro do mesmo título, de Denise Paraná, lançado em 2002. Ele reúne uma longo depoimento de Lula à autora, mais entrevistas com seus três irmãos, três irmãs e a mulher, Marisa. Quem o leu viu uma parte da alma de Nosso Guia, acompanhou as vicissitudes de sua família e admirou a altivez das irmãs Marinete, Maria e Tiana, duas empregadas domésticas e uma operária.
A crítica a ‘Lula, Filho, do Brasil’ correrá em duas pistas. Uma, estética, discutirá o filme. Outra, política, cuidará da narrativa e seus efeitos num ano de eleição presidencial. Só Deus sabe o tamanho do benefício que o sucesso do filme levará aos companheiros. Olhado sob esse prisma, é um exemplar de realismo petista. Retrata com fidelidade quase todos os fatos que conta, mas constrói um herói implausível, sem defeito nem deslize. Pena, porque aos 29 anos, Lula abandonou uma companheira grávida de seis meses com quem planejava viver. Foi o caso de Miriam Cordeiro, mãe de Lurian. (Essa história está bem contada, por ele, no depoimento que deu ao projeto ‘ABC de Luta’: ‘Eu até compreendo o ódio que [ela] tem de mim’). Situações desse tipo refletem a complexidade, as tensões e os sofrimentos da vida dos mortais. Tirá-las da narrativa, como fizeram, empobrece o personagem e ilude a platéia.
É comum ver adversários de Lula torcendo o nariz sempre que ele relembra as dificuldades por que sua família passou. As desgraças mostradas no filme são uma pequena e contida amostra do que eles penaram. Fábio Barreto não filmou a cena em que o menino Lula pede um chiclete mastigado a um amigo. Ficou de fora também a morte, sem qualquer assistência médica, de um casal de gemeos de Dona Lindu, recem-nascidos em São Paulo. A doença e morte de Lurdes, primeira mulher de Lula, grávida de oito meses, vai mostrada em cenas breves, quase secas. A tragédia que se vê na tela choca e emociona, mas não exagera. Aquilo foi o que aconteceu no Hospital Modelo em 1971.
Um episódio pouco conhecido da vida de Lula foi sovieticamente alterado pela arquitetura da construção do herói implausível. No filme um operário é assassinado durante uma greve e seus colegas atiram o empresário (ou gerente) do alto de um passadiço da fábrica. Lula assistiu a cena de longe e, indignado, reclamou com seu irmão. Falso. Nosso Guia contou o caso a Denise Paraná e ele está na página 80 de seu livro. (Paraná é co-roteirista do filme.) O episódio ocorreu em 1962, o dono de uma pequena confecção baleou um grevista e seus colegas atiraram-no do alto de um sobrado e lincharam-no. É Lula quem narra: ‘O pessoal chutou ele’ (à) ‘Acho que ele morreu’ (à) ‘Eu achava que o pessoal estava fazendo justiça’.
‘Lula, o filho do Brasil’ ajudará, e muito, as campanhas de Dilma Rousseff e do PT. Se Luís Inácio da Silva visse esse filme em 1968, quando era um peão que só pensava em futebol, votaria no PT, em Dilma e nos candidatos indicados por aquele filho porreta de Dona Lindu.
Nenhum dos ingredientes que o levariam a tomar essa decisão seria inteiramente falso. Noves fora a trapaça do linchamento e alguns retoques, o que aparece na tela aconteceu na vida real.
Como Tarzan, Rocky Balboa ou até mesmo o esplendido Napoleão de Abel Gance, o herói implausível de ‘Lula, o filho do Brasil’, encanta, comove, e só. Torce-se por ele, mais nada. Saudades de Erin Brokovich (Julia Roberts) e de George Patton (George C. Scott), filmes que enriquecem quem os vê.’
CASO UNIBAN
Muito além de uma minissaia
‘POR TRÁS DA minissaia de Geisy Arruda existe o surgimento de um novo poder no país, com especial intensidade nas regiões metropolitanas. Talvez isso explique parte da repercussão do escândalo: as classes C e D serão, muito em breve, maioria nas universidades. A estudante apareceu no noticiário cotada para posar na revista ‘Playboy’, participar de um anúncio de lingerie e ser a estrela principal de um filme erótico.
Os debates envolvem os mais variados temas: violência, machismo e intolerância, indicadores universitários, pedagogia. E, claro, moda: inspirou um curso de história da moda na sofisticada Casa do Saber. Mas o que me chama atenção é o contexto em que surge Geisy: o do crescimento veloz das matrículas dos mais pobres no ensino superior. É mais veloz do que se imagina.
Com base em questionários socioeconômicos dos testes públicos, uma consultoria especializada em ensino superior (Hoper) estima que, em 2012, haverá mais alunos das classes C e D do que A e B nas universidades brasileiras. De 2004 a 2008, a classe C produziu mais de 343 mil universitários -um crescimento no período de 84%. Na classe D, a evolução foi de mais de 333 mil, o que significa 52%. Estamos falando aqui de 676 mil brasileiros, com altas expectativas.
‘Para a maioria deles, a faculdade é uma espécie de porta da esperança. Muitos são os primeiros a entrar no ensino superior em toda a família’, afirma Ryon Braga, diretor da Hoper, que realiza frequentes pesquisas qualitativas para entender o que pensa e sente esses brasileiros. São indivíduos que, em geral, vêm das escolas públicas, têm ainda maiores carências educacionais e baixo repertório cultural. Mas têm a força dos sobreviventes.
A Uniban pode estar muito longe do topo de qualidade de ensino, mas Geisy, ao ser expulsa, transmitiu a sensação de que tinha perdido uma chance de futuro, embora nem seu curso se destaque nos rankings do MEC nem ela tenha demonstrado ser uma aluna aplicada.
Ela se celebrizou pelos dotes físicos, mas quem ouviu com atenção suas entrevistas viu que soube defender com propriedade seus direitos -é a esperteza de quem junta capacidade de articulação com as dificuldades cotidianas. Entre os mais pobres, dissemina-se a percepção correta de que cada ano de escolaridade corresponde a um salário menor e uma chance mais reduzida de desemprego. Somem-se o aumento de renda da classe C, a queda no valor das mensalidades e programas como o ProUni para se entender essa mudança na paisagem humana. O mercado está cada vez mais de olho nesses movimentos. Formado em administração, Caio Romano criou uma empresa de marketing (Mundo Universitário) para fazer a ponte entre as empresas e os campi.
Ele percebe que, nos últimos anos, as empresas se mostram muito interessadas -algumas até de mais- em exibir seus produtos em uma escola povoada por estudantes da classe C e D. ‘É alguém que, em breve, será em maior número e terá mais dinheiro do bolso’, afirma Caio. Por isso, mais publicitários tentam entender e focar seus projetos nesse público. ‘Um universitário, por mais pobre que seja, aumenta seu padrão de consumo ao tomar contato com mais informações.’
Tenho testemunhado, há vários anos, como eles, em geral, demonstram mais garra do que os mais ricos, dispondo-se a trabalhar de noite e estudar de dia. Saem perdendo não só por causa do baixo repertório educacional e cultural, mas especialmente pela falta de uma rede de contatos. Como já comentei, muitos dos que conseguem entrar nas melhores faculdades públicas e enfrentar suas deficiências apresentam desempenho melhor do que a média.
Carregado de expectativas, esse pessoal vai fazer cada vez mais barulho. Tanto quanto Geisy com sua minissaia.
PS – O papel da sociedade é cobrar cada vez mais qualidade das faculdades. Mas cuidado com o preconceito: o ensino superior, mesmo do jeito que está, é uma evolução na paisagem social. É melhor mais quatro anos de escolaridade numa faculdade ruim do que apenas o diploma de ensino médio. Coloquei em meu site (www.dimenstein.com.br) mais detalhes sobre a evolução das classes C e D nas universidades brasileiras.’
TELEVISÃO
‘Viver a Vida’ funde capela a Santo Sepulcro em Jerusalém
‘A novela ‘Viver a Vida’ mostrou cenas de uma capela em Jerusalém (Israel) como se fossem imagens do interior da Igreja do Santo Sepulcro, local no qual, segundo a tradição, o corpo de Cristo foi colocado sob uma rocha. A sequência foi ao ar na última quarta-feira.
Na cena inicial, Thiago Lacerda, que interpreta o fotógrafo Bruno, aparece na entrada da Igreja do Santo Sepulcro. Ele beija a Pedra da Unção-onde o corpo de Cristo teria sido lavado-, segue rumo ao interior da construção e acende uma vela.
Em seguida, o fotógrafo e sua acompanhante surgem dentro da Capela Etíope, que não tem comunicação interna com a Igreja do Santo Sepulcro. Não haveria nenhuma confusão se, na cena seguinte, os dois não aparecessem saindo exatamente pelo hall da Pedra da Unção.
O diretor da novela, Jayme Monjardim, diz que a equipe teve autorização para gravar apenas durante uma hora no Santo Sepulcro -um dos templos mais importantes do cristianismo- e que não vê problemas no recurso utilizado, porque os personagens não falam sobre o local onde estão.
A fusão de cenários, segundo Monjardim, é comum na dramaturgia.
‘Uma licença poética, usada de acordo com as limitações do país onde se está gravando’, disse ele, por intermédio da assessoria da Globo.
Em ‘Caminho das Índias’ o recurso foi muito adotado, de acordo com o diretor. Na mesma cena, os personagens passavam de um mercado a outro, mas, na prática, as feiras ficam léguas distantes entre si.’
Luciana será a socialite moderna Ninica, em novela do SBT
Ela está de volta -linda e loira. Após cinco anos longe das novelas, a ex-paquita, ex-garota do ‘Fantástico’ e ex-capa da ‘Playboy’ Luciana Vendramini, 37, estará em ‘Uma Rosa com Amor’, remake que o SBT começa a gravar no dia 1º.
A missão: colocar para fora um jeito debochado que só os mais íntimos conhecem.
‘Sou socialmente tímida. Ninguém me imagina assim’, diz Luciana, que viverá Ninica, uma socialite cômica e fissurada em moda que namora o gêmeo rico da trama.
O lado direto da atriz ajudará no papel. Luciana é do tipo que não evita assunto.
Fala dos três anos de luta contra um transtorno obsessivo e do suicídio do ex-marido logo após a separação. ‘Parece que já vivi quatro vidas.’
O jeito reflexivo, porém, a fez rejeitar o convite que diz ter recebido para entrar em ‘A Fazenda’. ‘Detesto ser eu mesma para tanta gente. Prefiro os personagens.
BANHO DE GATO
‘A Fazenda’, que estreia hoje Na Record, tem uma nova regra: sem relógio (o uso é proibido) e no verão, os confinados não poderão exceder os dez minutos de baixo do chuveiro. Infrações serão punidas como fechamento da piscina por 24 horas.
PARTO À VISTA
A égua de ‘A Fazenda’ está prenhe, com parto previsto para janeiro.
O evento deve ser um ponto alto. Na 1ª temporada nasceu a ovelha Tirulira.
MARCA DO PÊNALTI
Se a audiência de ‘Geraldo Brasil’ não subir com ‘A Fazenda’, o programa sairá do ar.
VIOLA, MINHA VIOLA
A produção da minissérie ‘Dalva e Herivelto, Uma Canção de Amor’ (Globo), que estreia em janeiro, mandou fazer dois violões sob medida para o personagem de Fabio Assunção (Herivelto Martins). O compositor carregava violões claros, com desenhos típicos.
CAÇA-TALENTOS
A apresentadora Bianca Rothier viaja hoje para a Argentina atrás de pesquisadores brasileiros que atuam em Buenos Aires, Mar Del Plata e Mendoza.
É a segunda viagem internacional da equipe do Globo Universidade.
A primeira, para o Chile, foi exibida no último dia 7.
REGINA VEM COM TUDO
O programa de Regina Casé ganha nova temporada no ‘Fantástico’, a partir do dia 22; num dos episódios, sobre profissões em extinção, ela encarna uma datilógrafa que tenta convencer as pessoas de que a moda do e-mail vai passar’
Sílvia Corrêa e Laura Mattos
‘Quero os menos famosos’, diz diretor de ‘A Fazenda’
‘De bermuda, o diretor Rodrigo Carelli, 40, pinga de suor debaixo do sol fervente de Itu (101 km de São Paulo), enquanto apresenta à Folha o local onde foi realizada a primeira edição do reality show ‘A Fazenda’, reformado para a segunda, que estreia hoje, às 22h, na Record.
Com média de 15 pontos na Grande São Paulo, o programa chegou a deixar o ‘Fantástico’, da Globo, em segundo lugar.
Não é a primeira vez que Carelli dá trabalho à líder. Ele dirigiu a ‘Casa dos Artistas’ (SBT), fenômeno de audiência que, na final da primeira edição, em 2001, chegou a derrotar a Globo por 55 pontos a 15.
‘Sinto que hoje estou concorrendo com o mesmo ‘Fantástico’ da época da ‘Casa 1’. O programa não mudou, e esse é o seu problema. Já a concorrência melhorou’, diz o diretor.
A estrutura que Carelli tem nas mãos na TV do bispo Edir Macedo é, segundo ele, incomparavelmente maior à que tinha no SBT. São 210 profissionais, fora contratados eventuais. Ele não divulga valores, mas a Folha apurou que a Record gastou R$ 25 milhões na ‘Fazenda 1’ e agora, só com a reforma, foram R$ 5 milhões.
Além disso, o cachê dos participantes, que girava em torno de R$ 100 mil na primeira edição, deverá ser inflacionado em razão do sucesso do programa -o vencedor continua levando R$ 1 milhão.
Carelli não quer revelar os novos convocados. Diz que a imprensa já publicou 50 nomes -entre os quais o nadador Fernando Scherer e a ex-bandeirinha e capa da ‘Playboy’ Ana Paula Oliveira- e acertou 12, mas em listas diferentes. ‘Além da expectativa do público, é importante que os próprios concorrentes não saibam quem são os outros para não se comunicarem antes.’
Nova queridinha da Record, ‘A Fazenda’ faz do clima de mistério um de seus trunfos. E Carelli é especialista nisso -a ‘Casa dos Artistas’ foi planejada por ele em sigilo absoluto e sua estreia, em pleno domingo, foi uma surpresa para imprensa, concorrentes e público.
Na visita da Folha, na última quarta-feira, o diretor ficou atento para que novidades e o elenco não fossem revelados. As repórteres tiveram de viajar a Itu em carro da Record, com a assessoria de imprensa, e não puderam levar fotógrafo.
Subcelebridade
Carelli não gosta do termo ‘subcelebridade’ para definir os elencos da ‘Casa dos Artistas’ e da ‘Fazenda’, que ia da Mulher Samambaia à mulher do cantor Latino. ‘Celebridade engloba todos os que estão na mídia. Pode ser um protagonista de novela ou a namorada de um cantor. A diferença é o nível de fama’, defende.
Ele afirma escalar ‘menos famosos’ de propósito. ‘Dizem que é porque não conseguimos contratar só famosos. Claro que tentamos muitos que não topam, mas é bom colocar ‘nomões’ com os pouco famosos. Isso dá química; os famosos tem de tratar os outros de igual para igual, e, na segunda semana, todos têm a mesma fama.’ Desculpa ou não, sorte dos ‘menos famosos’. Que o diga Bárbara Paz, anônima antes da ‘Casa’ e hoje personagem importante da novela da Globo.’
‘Crebis’, que já era caseiro do local, volta na 2ª edição
‘‘Cle-bis’, responde o caseiro pausadamente enquanto olha tímido para o diretor Rodrigo Carelli, quando a reportagem pergunta o seu nome. ‘O nome completo’, questiona a Folha. ‘Crebis Cândido Ribeiro.’
Não adiantou a produção de ‘A Fazenda’ treiná-lo. Clebis ou Crebis, ele se tornou famoso com suas entradas no reality show para ensinar os concorrentes a cuidar dos bichos.
Casado, 32 anos, pai de duas crianças, ele mora há nove anos na fazenda onde o programa é feito. O proprietário que alugou o local para a Record exigiu em contrato que o caseiro não fosse tirado de lá e continua pagando salário. Agora, Crebis tem duas remunerações. ‘Precisávamos de um caseiro no programa. Quando conhecemos o Clebis, percebemos que ele era perfeito’, diz Carelli.
Crebis, que volta agora na segunda edição, sabe a regra: ‘Só passo falar pouco’. Ele usa ponto eletrônico para ouvir a orientação da produção, mas tem sacadas próprias. Um participante, na primeira edição, enquanto aprendia sobre um bicho, perguntou as horas. ‘A mesma de ontem’, mandou o caseiro Crebis.’
Lúcia Valentim Rodrigues
SBT levanta ibope com série de caça-demônios
‘O SBT fez um pacto com o demônio. Na verdade, com vários deles e com dois irmãos que caçam entidades do além na série ‘Sobrenatural’.
Desde que o programa saltou das madrugadas do domingo para o horário nobre, diariamente, tem dado uma média de oito pontos no Ibope e colocado a emissora à frente da Record. Na disputa direta com ‘Viver a Vida’, da Globo, com o telejornal da Record e com ‘Bela, a Feia’, a mudança fez efeito, com um crescimento de audiência de 110% para a emissora de Silvio Santos.
Até setembro, nesse horário era exibido o ‘SBT Brasil’, que dava 3,8 pontos. Depois, veio a série ‘Harper’s Island – O Mistério da Ilha’, que não começou tão bem, mas entregou o horário com oito pontos no final.
Essa média é o mínimo que ‘Sobrenatural’, às 21h, tem alcançado desde sua reestreia, em 1º de outubro. Na última quarta-feira, chegou aos dez pontos, mesmo com a novela das oito da Globo mantendo um desempenho de 35 pontos.
Criada por Eric Kripke, a trama envolve dois irmãos que se unem para enfrentar criaturas sobrenaturais em busca da arma que pode matar Lúcifer.
Henrique Casciato, diretor comercial do SBT, diz que a mudança foi uma estratégia de programação. ‘Nas pesquisas foi constatado que o público estava pedindo uma série no horário nobre. Deu certo.’
Para ele, a série não rouba audiência das telenovelas. ‘O público não é o mesmo. As séries no horário nobre são uma alternativa a quem não quer assistir às novelas. Não há como negar que há espaço para os dois produtos’, diz Casciato.
Do zero
Outra manobra da emissora foi esquecer o ponto onde havia parado aos domingos e, em vez de mostrar somente a temporada inédita, recomeçar desde a primeira na faixa diária.
Os fãs parecem ter aprovado.
Rodolfo Barreto, 25, atendente de call center em São Paulo, considerou positivo. ‘Assisto ao seriado desde que estreou na Warner, em 2005. Mas nem todo mundo pode ficar até de madrugada. Eu dormia mais cedo para acordar lá pelas 23h para ver a série no SBT. Depois, ia quase direto para o trabalho.’
O perfil desse espectador, aliás, nada tem a ver com os teens de ‘True Blood’ ou ‘Crepúsculo’. É formado majoritariamente por mulheres e está numa faixa entre os 18 e os 34 anos. A TV paga acompanha esse movimento, com um maior envelhecimento do público.
Se nenhum imprevisto acontecer, a quinta temporada estreia em 25 de janeiro do ano que vem. Mas, para quem tem medo das mudanças na grade do SBT, o diretor afirma que não há nada em contrato que determine a exibição de todas as temporadas. ‘O público dita a programação. Se ele estiver gostando, é o que importa.’
SOBRENATURAL
Quando: segunda temporada, de seg. a sex., às 21h, no SBT; quinta temporada, qui., às 22h, na Warner
Classificação: 14 anos’
Paris Hilton participa de 5ª temporada
A Warner exibe, na próxima quinta, o quinto episódio da quinta temporada de ‘Sobrenatural’, que tem participação de Paris Hilton. Ao todo, serão 22 capítulos. Mas já há rumores de que este pode ser o último ano da série. Os roteiristas vão ter trabalho para fechar as tramas, mas o contrato dos protagonistas expira no ano que vem.
Bia Abramo
Juventude em dois tempos
‘EM 1978 , estreava ‘Ciranda Cirandinha’. Era uma série sobre quatro jovens, ensaiando entrar na idade adulta, que acabam indo todos morar no mesmo apartamento. Ali, na virada dos anos 70 para os 80, a questão era: como entrar na vida adulta sem renegar a transgressão hippie? Ou, em outras palavras, como não encaretar e tomar os pais conservadores como modelo?
O autor principal era Paulo Mendes Campos, e entre os colaboradores estava, por exemplo, Domingos de Oliveira. Os jovens eram interpretados por Lucélia Santos, Fábio Jr., Denise Bandeira e Jorge Fernando. Era ótima, a série. O dilema principal dos quatro personagens não era, de maneira nenhuma, conduzido de forma a simplificar a questão.
Em outras palavras, os personagens eram cindidos entre uma identidade histórica e uma identidade possível.
Apesar da qualidade da série (que foi lançada em DVD no ano passado), ela não foi bem de audiência e foi encerrada depois do sétimo episódio. Talvez fosse um tanto amarga para os jovens aos quais se dirigia, talvez fosse careta demais para os ainda hippies e avançada demais para os que eram caretas.
Na última semana, estreou uma nova encarnação da novelinha adolescente que está há 14 anos no ar, ‘Malhação ID’ (de segunda a sexta, às 17h25; classificação não informada). Desde as primeiras cenas, há uma espécie de efeito túnel do tempo: o protagonista é Fiuk, vivido pelo filho de Fábio Jr., muitíssimo parecido com o pai e também ligado à música, como o pai.
Mas, de resto, quanta diferença! Como as versões anteriores, ‘Malhação ID’ reúne aquilo que a emissora acha que são jovens, de alguma forma, típicos. E o são mesmo, mas não de grupos sociais e juvenis concretos, com alguma referência no real, e, sim, como representantes de uma agenda de questões juvenis formulada pelo mundo adulto e publicitário. Esses jovens vão estar, dizem, também às voltas com questões de identidade -mas como falar em identidade se tudo o que há é uma descrição rasa de tipos?
Há diferenças gigantescas entre a série dos anos 70 e a novelinha, é claro. Os tempos são mesmo outros -o inconformismo saiu de moda, o modelo dos pais é mais adotado e aperfeiçoado do que contestado, o mundo do consumo tem um tamanho e uma importância inimagináveis em relação a 30 anos atrás, só para citar alguns pontos.
Mas o fato de ‘Malhação’ persistir no ar por década e meia e ‘Ciranda Cirandinha’ ter durado tão pouco fala muito sobre a televisão e sua aversão àquilo que é menos simples.’
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