Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Folha de S. Paulo


CHINA


Raul Juste Lores


Pequim quer criar ‘CNN chinesa’


‘O governo chinês quer lançar até o final deste ano um canal de televisão com 24 horas de notícias para apresentar ‘a voz chinesa ao mundo’.


Tratada como segredo de Estado, a chamada ‘CNN chinesa’ faz parte de um plano de US$ 7 bilhões que prevê, além do canal, o dobro de escritórios internacionais para a agência estatal Xinhua (chegará a 200) e um novo diário em inglês.


Nas últimas três semanas, jornais americanos têm publicado anúncios da futura ‘CNN chinesa’ buscando candidatos a vagas. ‘Inglês nativo, habilidade de repórter, boa saúde, disponibilidade para viajar muito e trabalhar longas jornadas, salário competitivo’, diz um dos anúncios.


Estima-se que pelo menos cem jornalistas americanos, britânicos e australianos participem da empreitada, principalmente frente às câmeras, junto a jornalistas chineses que tenham vivido muitos anos no exterior.


O projeto bilionário faz parte de uma política do presidente chinês, Hu Jintao, que disse há dois anos que ‘a voz da China deve ser mais bem ouvida em assuntos internacionais’. A rede estatal CCTV lançou em 2008 canais em espanhol e francês e lançará no segundo semestre de 2009 canais em árabe e russo.


A primeira ação internacional da CCTV foi com seu canal em inglês, criado em 2000.


‘A força da nossa voz não se compara com nossa posição no mundo’, diz Yu Guoming, vice-diretor da Faculdade de Jornalismo da Universidade Popular de Pequim, um dos consultores da ‘CNN chinesa’.


‘Até agora tivemos resultados ruins, admito, pois nossos canais não alcançam o desejo de equilíbrio que é demandado pela audiência ocidental.’


Com 10 mil funcionários e uma nova sede orçada em US$ 1 bilhão, a CCTV tem sido criticada em público por manipular as notícias e pela baixa qualidade de sua produção.


‘É natural que uma potência global em alta aspire a aumentar seu ‘soft power’ [poder de influência] com maior voz na arena internacional’, diz o pesquisador francês Nicholas Bequelin, de Hong Kong.


‘A diferença é que o governo chinês e o Partido Comunista ainda exercem forte controle das notícias e informação. Será que o canal pode competir com CNN e BBC? Ou sua busca pela audiência internacional pode levar as regras de censura a começarem a ser mais relaxadas?’, pergunta.


Censura e credibilidade


Em tempos de crise na mídia comercial em diversos países ocidentais, TVs e jornais em inglês mantidos por ditaduras com ambições globais vivem um inesperado auge.


O Irã lançou nos últimos dois anos três diferentes canais de televisão, dois em árabe e um em inglês, a PressTV, com noticiário seguindo os pontos de vista de Teerã, mas com a linguagem televisiva da CNN.


A agência estatal chinesa de notícias, Xinhua, que já conta com cem escritórios internacionais, tem planos de expansão para chegar até 186 representações no exterior até 2010.


O jornal ‘Global Times’, mantido pelo Partido Comunista chinês e que se especializa em política internacional, vai lançar sua edição em inglês no mês que vem.


Com 1,1 milhão de exemplares diários, a versão original chinesa é a mais agressiva e nacionalista voz da imprensa chinesa. O que pode mudar na versão para o inglês para atrair uma audiência internacional?


A Folha conversou com dois jornalistas envolvidos nos projetos. Eles ainda não sabem se a liberdade editorial será maior. Um deles compara com a célebre emissora do Catar.


‘Apesar do ponto de vista muçulmano, a Al Jazeera, por exemplo, sempre entrevista israelenses, mesmo que os apresentadores sejam duros com eles. Não dá para imaginar que aqui se permita entrevistar quem defenda a independência do Tibete.’’


 


 


***


Irã também tem a sua rede em inglês de notícias


‘Uma batalha diária pela audiência ocorre nas TVs do Irã.


A BBC lançou em janeiro a TV Persa (PTV) com noticiário, programas musicais, documentários e talk shows em farsi, o idioma local. Ela é ilegal no país, mas a reportagem da Folha viu várias famílias de classe média e nos bairros populares assistindo ao novo canal.


Apesar de proibidas, antenas parabólicas são onipresentes em Teerã. É raro visitar uma residência na capital do Irã onde o televisor não esteja sintonizado em canais proibidos pelo regime dos aiatolás.


A Voz da América, bancada pelo governo dos EUA como forma de disseminar influência, também tem canal em farsi.


Do outro lado, o regime iraniano lançou nos últimos dois anos três canais, dois em árabe e um inglês, a Press TV.


Com a cara da CNN, a PressTV é um canal de notícias 24 horas em inglês com 50 correspondentes no exterior, quatro deles cobrindo o conflito israelo-palestino -na maioria jornalistas americanos e britânicos, ironicamente ex-BBC.


O governo diz que a emissora é independente. A Folha viu até reportagem sobre desrespeito aos direitos humanos na China no canal iraniano.


Tanto a PressTV como a TV Persa da BBC têm orçamentos anuais de US$ 27 milhões, modestos comparados aos planos da CNN chinesa.’


 


 


PAQUISTÃO


Folha de S. Paulo


Islamabad censura TV e perde ministra


‘A ministra paquistanesa da Informação, Sherry Rehman, renunciou ontem, após denúncias de censura à transmissão de protestos contra o governo. O sinal das redes independentes TV Geo, a maior do país, e da AAJ TV, foi bloqueado em várias cidades. A TV Geo acusa o presidente, Asif Ali Zardari, de ordenar a censura.


A renúncia da Rehman, durante a madrugada, foi um ato de resistência ao controle da mídia, segundo a imprensa paquistanesa. A saída da ministra, inicialmente recusada pelo premiê Yousuf Raza Gilani, foi confirmada por Rehman ontem de manhã. A Presidência nega ter interferido nas transmissões, normalizadas ontem.


A censura remete ao cenário de convulsão social e repressão que marcou os últimos meses de governo do ex-ditador Pervez Musharraf e culminou no fim do regime militar, em 2008. A oposição a Musharraf unia os rivais PPP (Partido do Povo Paquistanês, de centro-esquerda), atualmente no governo, e PLM-N (Partido da Liga Muçulmana -Nawaz, nacionalista e conservador moderado), maior legenda de oposição.


A cassação dos direitos políticos do ex-premiê Nawaz Sharif e de seu irmão -governador da mais rica Província paquistanesa, substituído por um aliado de Zardari- foi o estopim da atual onda de protestos, que exige o retorno dos juízes afastados pelo ex-ditador.


O governo reagiu com truculência, prendendo mais de 350 opositores e proibindo protestos nas duas principais Províncias, Sindh e Punjab. Mas, pressionado pelas Forças Armadas e pela Casa Branca, Zardari negocia agora a devolução do governo do Punjab à oposição.


A instabilidade paquistanesa prejudica o projeto americano de estabilizar a situação no vizinho Afeganistão -as regiões de fronteira são base de combatentes do Taleban.


A volta dos juízes tem amplo apoio popular e era endossada pelo PPP em campanha, mas foi vetada por Zardari. O retorno do presidente afastado da Suprema Corte ameaçaria a anistia contra ele em processos por corrupção.


Viúvo da carismática Benazir Bhutto, ex-premiê morta em atentado em dezembro de 2007, Zardari foi indicado para a Presidência pela cúpula do PPP (a eleição é indireta), mas nunca teve apoio popular.’


 


 


PROPAGANDA


Janaina Lage


BNDES gasta R$ 50 milhões em publicidade


‘O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) aprovou orçamento recorde de R$ 50 milhões para gastos em publicidade neste ano. O banco abriu concorrência para contratar duas agências. Até agora, 27 entregaram propostas. O resultado será divulgado em até três semanas.


Segundo o banco, em 2005 foi decidido que o BNDES deveria aumentar investimentos em publicidade para ampliar a visibilidade da instituição e para buscar novos clientes.


De 2004 a 2008, os gastos com propaganda quadruplicaram e passaram de R$ 8,6 milhões para R$ 35,8 milhões. No período de 2000 a 2003, o maior valor registrado em um ano foi de R$ 12,2 milhões.


O banco atribui o aumento de gastos nos últimos anos ao maior volume de desembolsos. Em 2006, o BNDES liberou R$ 51 bilhões. No ano passado, o montante subiu para R$ 92 bilhões. A área responsável pela propaganda é o gabinete da presidência da instituição.


Nos últimos anos, foram realizadas campanhas de produtos como Cartão BNDES, Procaminhoneiro, Debêntures BNDESPar, além de outras de apoio à cultura (incluindo apoio ao cinema e recuperação do patrimônio histórico).


No ano passado, a maior parte dos recursos foi destinada para a televisão (82%).


A fatia gasta em jornais ficou em 8,5%, seguida pelas despesas com internet (4,5%), revistas (4%) e rádio (0,5%).


Sem especificar os veículos, o banco informou que gastou R$ 126,5 mil em publicidade no exterior no ano passado. O montante representa um aumento de 168% em relação aos gastos de 2007 com propaganda fora do país.


Campanha com energia


Para a concorrência deste ano, foi proposta às agências a criação de uma campanha referente ao apoio do banco à produção de energia.


No ano passado, o banco emprestou R$ 19 bilhões para projetos de infraestrutura.


A estimativa deste ano é de um total de R$ 30 bilhões, sem contar os financiamentos para a Petrobras.


Além de sustentar parte dos investimentos da estatal petrolífera, o banco é o principal financiador das obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), com destaque para projetos como as usinas hidrelétricas do rio Madeira.


Segundo o representante de uma grande agência, que pediu para não ser identificado, a concorrência do BNDES movimentou o mercado apesar de estar longe do patamar gasto por uma empresa como a Petrobras. No ano passado, ela gastou mais de R$ 200 milhões em publicidade. Apesar disso, o publicitário ressaltou que em um cenário de crise, em que o setor privado está cortando despesas, as agências estão mais interessadas na verba pública. É uma conta importante, especialmente neste momento.


Para Ulysses Reis, professor da FGV, as empresas privadas mudaram a estratégia, com foco em ações mais direcionadas ao público que querem atingir. ‘Não significa que as empresas privadas estejam parando de fazer propaganda, mas elas estão mudando a forma de divulgação. Em tempos de crise, as empresas começam a se questionar. É como se percebessem que o barco está furado. Quando para o motor, elas começam a tapar os buracos’, disse Reis.


Desde 2005, as duas agências que têm a conta do BNDES são a DPZ e a Arcos Propaganda. Procurada pela reportagem, a DPZ afirmou que não tinha um executivo disponível para comentar, mas confirmou que participa da licitação atual. A Arcos disse que foi orientada a encaminhar a reportagem para a área de publicidade do banco, porque o BNDES concentra os dados sobre a sua publicidade.’


 


 


FUTEBOL


Paulo Cobos e Gustavo Alves


Tribunal fatura com ‘multa do hino’


‘Seja o Corinthians, seja o time sub-17 do Primeira Camisa, custa caro para os clubes a lei que manda tocar o Hino Nacional antes dos eventos esportivos no Estado de São Paulo.


Nas competições organizadas pela Federação Paulista de Futebol, é exigido que os times entrem em campo oito minutos antes do horário marcado para o jogo, ou três minutos antes do que manda o regulamento geral elaborado pela CBF.


Faltando seis minutos para a bola rolar, os times devem estar perfilados para ouvirem o hino.


Só que são comuns os atrasos, e o TJD (Tribunal de Justiça Desportiva) paulista transformou a demora para o hino em uma verdadeira indústria da multa. Segundo as atas dos julgamentos realizados pelo órgão desde o ano passado, foram aplicadas 372 multas para clubes que não entraram em campo no horário previsto.


Tantas infrações significaram R$ 380 mil arrecadados para a federação paulista. Parte da bolada foi revertida para o próprio tribunal. Consultada pela Folha, a assessoria da entidade respondeu que ‘o valor das multas que não se referem a atletas [caso das aplicadas por atraso] vai para a FPF e parte deste valor é utilizado para a manutenção do próprio TJD’.


Nas cinco sessões realizadas pelo TJD neste ano, foram 63 multas e R$ 63 mil arrecadados. Essa foi praticamente a única infração cometida pelos clubes que acabou punida com multa na temporada até agora.


Em todos os outros 286 artigos da legislação esportiva, foram só quatro multas em 2009 até agora -uma arrecadação de pouco mais de R$ 11 mil.


A chance de absolvição, mesmo em casos em que o atraso ocorreu por fatores externos, é pequena. Nas sessões já realizadas pelo tribunal neste ano, só 23% dos clubes julgados por atraso acabaram absolvidos.’


 


 


Respeito à TV explica o rigor, diz procurador


‘Para o TJD de São Paulo, o rigor no respeito ao horário dos jogos tem como principal motivo as transmissões das emissoras de TV e de rádio.


‘Existe uma programação de televisão, rádio, que precisa ser cumprida. O minuto de TV é muito caro. Se você ficar passando coisas fora do horário que estava previsto atrapalha’, diz Antônio Carlos Meccia, o procurador-geral do tribunal paulista.


Ele diz que a obrigatoriedade do hino nacional antes das partidas não pode servir de desculpa pelos atrasos.


‘Não acho o hino um agravante. Você pode se programar. Em vez de ficar no vestiário se aquecendo por 40 minutos, faça o aquecimento em 35 e vá ouvir o hino, que é importante no contexto da coisa’, afirma o procurador.


Meccia desafiou os dirigentes que colocaram a culpa pelo atraso no equipamento usado pela federação para fazer a identificação eletrônica dos jogadores no Estadual.


‘Se eles provarem que a culpa é dessa maquininha, eles não serão apenados’.


O procurador diz que dificilmente um clube é julgado sem defesa, incluindo os mais modestos.


‘A federação mantém advogados para defenderem clubes que não têm advogados próprios. É muito raro alguém ser julgado sem a presença de um advogado’, fala Meccia, que diz aplicar multas também para times de garotos e nos torneios femininos porque a ‘lei é a mesma para todos’.


Nesta temporada, o tribunal criou uma tabela para multar os clubes conforme a divisão. Os clubes da Série A-1 pagam R$ 500 por minuto de atraso. Os da Série A-2, R$ 250, e os da A-3, R$ 125.


Para Meccia, o rigor nos atrasos continuará. ‘A gente vai continuar aplicando a lei para o pessoal cumprir o horário em benefício do próprio futebol’, diz.’


 


 


TELEVISÃO


Daniel Castro


Bicho do asfalto


‘Guilherme Winter, 29, vai dar o que falar em 2009. Ex-’Malhação’, o ator terá seu primeiro trabalho de destaque em ‘Paraíso’, novela das seis que estreia amanhã. A nova promessa de galã da Globo começou sua carreira relativamente tarde. Aos 22 anos, trabalhava como desenhista de cenários, em um hotel da Bahia. ‘Descobri que queria ser ator no palco, montando cenário’, conta. Na novela, Guilherme será Otávio Barbosa, jornalista que, sem emprego no Rio, parte para o interior, onde monta uma emissora de rádio. ‘É o êxodo urbano’, brinca.


Novela da Globo aborda crise mundial e anorexia alcoólica


Próxima novela das oito da Globo, ‘Viver a Vida’ tratará de dois temas atualíssimos: a crise financeira mundial e a anorexia alcoólica em mulheres jovens. Também chamada de ‘drunkorexia’, essa anorexia é o hábito de substituir alimentos por bebidas, com controle de calorias, o que pode levar ao alcoolismo.


Na história de Manoel Carlos, a crise mundial será o pano de fundo dos acontecimentos folhetinescos. O autor pretende retratar a crise em seu início e auge, uma vez que a trama se passará entre 2008 e 2009.


Já a ‘drunkorexia’ será o drama da personagem Renata, ainda sem intérprete. ‘Ela é uma jovem que vive deprimida por não conseguir se realizar profissionalmente. Quer ser modelo, atriz, qualquer coisa que a projete socialmente. Com isso, começa a beber muito. Quando o namorado acaba com o namoro, ela afunda’, conta Manoel Carlos, o Maneco.


Tanto crise quanto anorexia alcoólica serão merchandising social. Os personagens buscarão a superação.


‘O número de mulheres dependentes de álcool está subindo de maneira alarmante, aproximando-se do de homens’, diz Maneco. ‘O tratamento é terapia e, em casos extremos, internação. Ainda não tenho certeza de como vou encaminhar o assunto até o final da novela, mas quero dar o alarme, mais uma vez, sobre os perigos do álcool, principalmente entre jovens.’


‘Viver a Vida’ será protagonizada por Taís Araújo. Ela viverá uma modelo internacional que se casa com um homem 30 anos mais velho (José Mayer) e, aos poucos, vai deixando a carreira. Numa viagem à Jordânia, alguns acontecimentos mudarão suas vidas.


PÊSSEGO 1


Vaidoso, o publicitário e apresentador Roberto Justus aparenta estar mais jovens nas fotografias promocionais de ‘O Aprendiz 6’ do que na primeira temporada do programa, em 2004. Não, não se trata de plástica ou produto ‘milagroso’.


PÊSSEGO 2


Justus, simplesmente, está controlando as fotos que divulgam o programa. As posadas estão passando pelo Photoshop, o mesmo programa que elimina celulites em revistas femininas.


CINDERELA 1


O canal GNT fechou na semana passada a compra do documentário ‘Alguém me Contou sobre… Carla Bruni’, que mostra detalhes da vida da primeira-dama francesa. Levará ao ar em 16 de abril, quatro meses após a exibição na França.


CINDERELA 2


O filme era para ser o relato da vida de uma modelo que virou cantora. Mas, no meio da história, Carla conheceu Nicolas Sarkozy -que não impediu a continuação das filmagens.


FAZENDA


A Record vai fazer de tudo para que seu reality show com ‘celebridades’ lembre ‘Big Brother Brasil’. O programa, a ser gravado em uma fazenda em Itu (SP), deverá se chamar ‘Fazenda Brasil’ e pagará R$ 1 milhão ao vencedor.


GISELE


Por questões jurídicas, a Record ainda não confirma a informação. Mas já está batido o martelo: Gisele Ithiê será a protagonista da versão brasileira de ‘Betty, a Feia’.


EMÍLIA CRESCEU


Intérprete de Emília no ‘Sítio do Picapau Amarelo’ entre 2002 e 2006, Isabelle Drummond (foto) já é uma mocinha de quase 15 anos. A atriz está no elenco de ‘Caras & Bocas’, próxima novela das sete da Globo. Na trama, interpretará Bianca, filha de Dafne (Flávia Alessandra) e Gabriel (Malvino Salvador). O casal se separou antes que ela nascesse, e Gabriel nunca soube de sua existência. O desafio de Bianca será encontrar o pai e reaproximá-lo da mãe.’


 


 


Bia Abramo


‘CQC’ e os limites da propaganda


‘O ‘CQC’ voltou como foi: engraçado, provocativo, energético e atolado nos comerciais.


Medida do sucesso, sim, mas talvez também de uma limitação, que cedo ou tarde, o programa pode sofrer.


Além dos regulares (e longos, muito longos) intervalos comerciais, há vinhetas entra cada atração, nas quais os próprios jornalistas-atores-apresentadores atuam vendendo cerveja, desodorante etc. Todos, como dizem em Portugal, têm piada.


Repito, o programa é ótimo. Mesmo. Voltou com novos quadros, ‘Fala na Cara’, ‘Palavras Cruzadas’ e ‘CQC Teste’, e voltou com pauta boa para os antigos. O trio de apresentadores -Marcelo Tas, Rafinha Bastos e Marco Luque- é rápido, inteligente e, importante, tem carisma e combina.


Os repórteres fixaram seus tipos e sabem explorá-los com criatividade e graça. O quadro ‘Top Five’ é de gargalhar. O recurso da animação gráfica como ‘comentário’ irônico e gag visual, parece ainda mais afiado, a julgar por essa reestreia.


O ‘CQC’ 2009 conseguiu botar os óculos no Ronaldo, o grande assunto da segunda-feira em que reestreou, deixou Paulo Maluf frente a frente com transeuntes críticos, testou o nível de conhecimentos de parlamentares com os resultados vexaminosos esperados, esteve na entrada do aniversário da Hebe importunando as celebridades e botou Rafinha Bastos de cueca no hall do palácio do governo do Distrito Federal a reclamar de um hospital-fantasma. Tudo certo, na verdade.


Por que, então, implicar com o excesso de vinhetas comerciais? De certa forma, o que se faz de um lado, desfaz-se, ao menos parcialmente, de outro: ‘Sejamos iconoclastas e irreverentes com tudo e com todos, menos, é claro, com o capital que nos viabiliza (compreensível) e para quem emprestamos rosto, verve, gestos e, sim, credibilidade (um pouco menos compreensível)’.


A contundência e a coragem de fazer políticos e autoridades passarem os mais diversos ridículos, a capacidade de zombar de famosos dos mais variados calibres, a inquietude do jornalismo-cidadão dos quadros mais ‘sérios’ se rende à publicidade e à ‘neutralidade’ do consumo.


São as contradições do mundo moderno: ao mesmo tempo em que o dinheiro dos patrocinadores e anunciantes os mantém autonômos e livres de pressões políticas, também se subordina, de alguma forma, a independência ao mercado. Pode-se argumentar que ajudar a vender desodorante é o preço que se paga, mas o caso é que a indistinção entre os campos do ‘conteúdo’ e da propaganda podem acabar por comprometer a credibilidade.’


 


 


Fábio Grellet


Estreia novela em busca da ‘honestidade’


‘Sai Sérgio Reis, entra Daniel. Sai Kadu Moliterno, entra Eriberto Leão. Em vez de Cristina Mullins, Nathalia Dill. Cássia Kiss substitui Eloísa Mafalda.


Mudam os atores (menos Moliterno, que só trocou de personagem) e os recursos técnicos, que se multiplicaram, mas a história de amor e até o horário, das 18h, continuam exatamente iguais. Vinte e sete anos depois, a novela ‘Paraíso’, de Benedito Ruy Barbosa, volta ao ar amanhã pela Globo, em nova versão -adaptada pela filha de Ruy Barbosa, Edmara Barbosa- e com outro objetivo.


Em 1982, quando foi lançada, a intenção era combater o populismo de uma emissora concorrente. ‘O SBT tinha um programa [‘O Povo na TV’] em que valia tudo. Padre benzia, e as pessoas colocavam em cima dos aparelhos de TV um copo d’água e bebiam depois, para curar até câncer. Aquilo começou a dar audiência e, quando chegou a 20 pontos, o Boni [José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, então vice-presidente de operações da Globo] me chamou e falou que tínhamos um problema para resolver. Eu falei: ‘Me deixa pensar um pouco’, conta Ruy Barbosa.


‘Depois fui falar com ele e disse: ‘O SBT está botando água em cima da televisão e falando que a água é benta por Nossa Senhora […]. Acho que, para combater aquela ave-maria, só mesmo um casamento do filho do diabo com a santinha’. E o Boni: ‘Está aprovada’.’


Agora, o objetivo do autor é atrair o público com uma história cheia de bons princípios morais. ‘Hoje as novelas começam na horizontal, tem sexo logo no começo’, diz. ‘As mulheres não gostam, é putaria.’


‘Em ‘Paraíso’, as pessoas têm ética, são comprometidas com a honestidade’, diz o autor. A trama se passa num ambiente rural -as cenas externas foram gravadas na Chapada dos Guimarães (MT)- e Barbosa se inspirou em personagens reais que conheceu quando trabalhava na fazenda da família, em Gália (a 393 km de São Paulo).


‘Já plantei café, já bati feijão, já colhi arroz. ‘Paraíso’ tem muito a ver com minha experiência na fazenda. Santinha foi uma linda menina que conheci. Já o filho do diabo eu inventei’, afirma. Não foi difícil a escolha dos protagonistas -que vão interpretar Maria Rita, moça criada pela mãe para ser santa, e Zé Eleutério, conhecido como ‘filho do diabo’, porque a mãe só engravidou depois que o pai comprou a imagem de um diabo engarrafado. ‘Eriberto Leão já vinha se preparando para o papel. A Nathalia [Dill] foi uma aposta a partir dos testes’, diz o diretor-geral, Rogério Gomes.


Outra novidade é o cantor Daniel, que estreia em novelas. ‘Zé Camilo [o papel] vai aproveitar seu lado musical para conquistar as mocinhas.’


PARAÍSO


Quando: estreia amanhã, às 18h


Onde: na Globo


Classificação: livre’


 


 


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