REFORMA
Folha lança sua nova revista no domingo
‘No próximo domingo, a Folha lança sua nova revista semanal, sãopaulo. Com mais de 150 páginas em sua primeira edição, ela trará reportagens de comportamento, urbanismo, arquitetura, trânsito, poluição, consumo, cultura e gente da cidade.
Os personagens interessantes da capital serão elencados em várias seções. ‘São Paulo, SP’ apresentará uma entrevista com um paulistano famoso (de nascimento ou adoção) que fala de relação entre sua atividade profissional e a cidade onde mora.
‘GPS’ (título que brinca com o aparelho de localização por satélites, o ‘Global Positioning System’, sistema global de posicionamento) é uma seção com foto e mapa que mostra um personagem anônimo ou conhecido e seus caminhos pelas ruas da cidade, apontando lugares que valem ser conhecidos.
O roteiro de cultura e lazer traz a programação completa de cinema e as melhores opções em teatro, música, exposições, dança, passeios, restaurantes e bares. O jornalista Sílvio Lancellotti apresenta dicas de passeios inusitados, fora do circuito consagrado, em ‘Outra São Paulo’. E Manuel da Costa Pinto indica filmes em DVD, discos e livros em ‘Fique em Casa’.
‘A proposta é garimpar o que a cidade tem de melhor e lançar um novo olhar sobre a vida na metrópole’, explica a editora, Beatriz Peres. ‘Os repórteres vão às ruas, vivenciando com os pés no chão o que mexe com a vida das pessoas’, diz o editor-assistente Thales de Menezes.
A revista vai circular todos os domingos na Grande São Paulo, mas assinantes de outras regiões poderão consultá-la em sua versão digital. sãopaulo integra o Núcleo de Revistas da Folha, dirigido pela jornalista Cleusa Turra, que também edita o Guia Folha, que sai às sextas, e a revista mensal Serafina, cuja próxima edição sairá no dia 27 de junho.’
COLÔMBIA
Grampo é pior que Watergate, diz chefe do Judiciário
‘Só um tema disputa atenção com as eleições hoje na Colômbia: os desdobramentos das investigações do escândalo dos grampos ilegais feitos por agentes de inteligência atingindo jornalistas, ativistas e até magistrados da Corte Suprema de Justiça. Nesta semana, o presidente Álvaro Uribe foi arrolado como testemunha no processo, que já investiga auxiliares do palácio presidencial. À Folha o presidente da Corte Suprema, Jaime Arrubla, disse que o caso é mais grave do que o Watergate, que provocou a renúncia do presidente americano Richard Nixon em 1974.
Folha – Como o sr. avalia a investigação do escândalo dos grampos?
Jaime Arrubla – Esse caso não é aceitável sob nenhum ponto de vista. É uma intromissão indevida nas funções do Poder Judiciário, amedronta a independência do Poder e a privacidade dos magistrados.
Os que fizeram essas interceptações ilegais o fizeram carentes de toda competência. O DAS não tem competência para abrir investigações contra magistrados. Nenhum funcionário do Executivo tem competência para ordenar esse tipo de pesquisa e investigação. Os únicos que podem fazê-lo são juízes, no marco de um processo.
No caso do Watergate, foram interceptações contra um partido político [de agentes do republicano Nixon a um QG do Partido Democrata]. Imagine se fosse a Corte Suprema dos EUA? A nação americana teria tremido. Aqui, não é suficiente.
A tese da Procuradoria diz que o objetivo do grampo e da queda de sigilo era buscar informações para difamar a Corte. O que o sr. acha?
É evidente que sim. A Corte está empreendendo uma grande investigação dos crimes da ‘parapolítica’, onde, aqui sim com nossa competência, estamos investigando parlamentares, e já foram tomadas medidas e sanções.
Obviamente, isso tem afetado muitos círculos de poder. Antes de mais nada, porque são muitos [os casos]. Depois, porque muitos eram do partido do governo. Por isso, temos sido atacados, vilipendiados e estamos certos de que essa campanha de desprestígio tinha a ver com essa atividade.
Há assessores de Uribe citados por testemunhas. O presidente devia afastá-los?
Não faço referência a nenhuma pessoa em especial. Não nos cabe adiantar as investigações. Atenho-me ao que diz o procurador-geral. Até agora, ele fez acusações formais a funcionários do DAS e da Fazenda. Esperemos para ver a quem mais. É melhor não fazermos jogos de advinhação.
Há várias agências do Estado envolvidas no assunto, e pode-se imaginar que alguém coordenava a operação. É uma hipótese. Essa é a pessoa que falta para poder fechar o quebra-cabeças.
Uribe acusa a Corte de agir contra ele. Há tensão na relação entre os Poderes?
De nossa parte, não há nenhuma tensão ou prevenção. Cumprimos com nossas competências constitucionais.’
TELEVISÃO
Andréa Michael
Amaury Júnior cresce na classe C e diz que pobre gosta é de ver festa de rico
‘Amaury Júnior completa 27 anos no ar, reforça a equipe com mulheres belas e socialites para cobrir a noite e diz que a classe C, público de seu programa que mais cresceu nos cinco últimos anos, gosta é de ver festa de rico.
‘A fofoca não tem classe: de A a Z todo mundo gosta. Mas uma coisa que a classe C ama são as grandes festas que eu faço.’
Em junho, de terça a sexta, Amaury, que já chegou a circular em cinco festas por noite, aparecerá na Rede TV! em uma bancada no Clube A (SP), na qual receberá até três convidados por vez.
‘Estava virando arroz de festa. Tinha que dar uma sumida, mudar e continuar.’
No estúdio, o trio comentará flashes do que a nova equipe apresentará da rua. As mais novas aquisições foram Vera Viel, Laura Wie e Caroline Bittencourt, em São Paulo. No Rio, o casal André Ramos e Bruno Chateaubriand.
‘As mulheres são muito mais perspicazes. Captam o espírito do que as pessoas querem ver, às vezes até mais do que eu. Os gays vão pegar aspectos que a gente não enxerga.’
Ao todo a equipe ficou com 11 integrantes -talvez 12, porque ele ainda negocia a contratação de um astrólogo.
LADY GABI
Marília Gabriela, a real, só estreia no SBT em 6/6. Mas em ‘Edição Extraordinária’, quadro do humorista Raphael Véles, surgiu no ‘A Praça É Nossa’ em 2009.
‘Eu visto a Gabi. Uma mulher forte, poderosa, com personalidade. É assim que faço a imitação’, diz ele, que tem voz muito semelhante à da apresentadora.
Véles estará no teatro Procópio Ferreira (SP) em 24/6.
‘Matadoras’ estreia na ‘VIP’ com Robinho
A jornalista esportiva Dani Scatolin e a repórter do ‘TV Fama’ (Rede TV!) Mônica Apor estreiam a seção ‘Matadoras’ na ‘VIP’ de junho.
Vão aparecer em trajes provocantes a cada edição e prometem não poupar os entrevistados -sempre estrelas do mundo do esporte.
O primeiro é Robinho. Ele contou que fica triste quando: o filho não está bem, a mulher enche o saco dele e o Santos perde.
‘Ah, e quando alguém inventa uma mentira sobre mim na imprensa.’ A que mais o irritou? ‘Disseram que fui numa festa na casa do Adriano. Mas ele não me chamou para a festa. Se chamasse, eu estaria lá.’
Inconfidências Joaquim de Carvalho escreverá o livro em que a ex-diretora de quadros do ‘Domingão do Faustão’ Lucimara Parisi revelará o lado não sorridente do apresentador e detalhes da vida pessoal dele. Carvalho é ex-Globo, Band, Record e SBT.
Estetoscópio Exibida às segundas, às 21h, ‘Grey’s Anatomy’ (Sony) é líder de audiência dos canais por assinatura (excluídos os infantis), na classe AB, entre 18 e 34 anos, no horário. O Ibope indica também preferência do público feminino (84%) pela série.
Playstation O ‘Hoje em Dia’ (Record) começará em 4/ 6 um campeonato de videogame com 32 celebridades. Na lista: o ator Dado Dolabella, o legendário Felipe Solari, o ex-’Fazenda’ Miro Moreira e a dupla Pedro e Thiago. A final, ao vivo, será em 9/7.’
Laura Mattos
Em ‘Passione’, Maitê faz inveja ao ‘pegador’ Zé Mayer
‘Em ‘Passione’, Maitê Proença, 52, é a vingança das mulheres por tudo o que José Mayer, 60, já aprontou em novelas e novelas por aí.
Sua personagem, Stela Gouveia, escolhe um novo garotão quase que a cada episódio para levar para cama, enquanto o marido, Saulo (Werner Schünemann), tenta tomar o poder na empresa.
A nova versão da Belle de Jour protagoniza cenas picantes com rapazes sarados. Essas e outras ‘pegassiones’ (destaque para Mariana Ximenes/Reynaldo Gianecchini e Gabriela Duarte/Bruno Gagliasso) levaram o governo a notificar a Globo, que havia classificado a novela como recomendada a partir de 10 anos, com horário livre.
À Folha, Maitê fala sobre suas inspirações secretas para compor Stela e diz o que pensa sobre a traição.
Folha – Já havia feito uma personagem como Stela?
Maitê Proença – Fiz Marquesa de Santos, amante do Imperador, Dona Beija, que oferecia favores sexuais em troco de dinheiro, fiz um filme, ‘Vox Populi’, em que a mulher era infiel e vulgar, mas traidora convicta, no ritmo da Stela, é a primeira.
Por que Stela trai o marido?
Para respirar, sentir que não é o lixo que ele a faz sentir. Ele é truculento, agressivo, desagradável e grosso.
Por que escolhe garotões?
Jovens não se incomodam com rugas e um corpo imperfeito, têm disponibilidade para uma aventura sem nome, correm riscos sem ter que fazer grandes conjecturas e admiram a experiência.
Quem a inspira para o papel?
Não posso citá-las. São só pontos de referência que ajudaram em retoque aqui e ali.
Stela tem um quê da Belle de Jour do filme de Luis Buñuel?
Ela tem uma secura parecida com o personagem da [Catherine] Deneuve. A secura de quem carrega uma tristeza. Aquilo não satisfaz até o fim. Mas, Stela, na hora ela tem grande prazer. Na volta para casa é que a coisa pega.
As traições tendem a ter humor ou seguirão pelo drama?
A novela está começando, tudo é possível. Silvio [de Abreu, autor] vai olhando e levando para um lado ou outro. Estou nas mãos de um craque, não me preocupo.
Saulo é o tipo de homem que merece ser traído?
Não. Merecer é vício da católica apostólica, longe de mim. Ela fez um acordo de casamento formal, e poderia, se quisesse, cumpri-lo. Escolheu esse caminho, e ele pode ser facilmente explicado, mas não se justifica.
Vale a pena suportar um marido assim pelos filhos?
Não! Mas, para mim, a fim de dar coerência interna ao interpretá-la, penso que Saulo é violento e que poderia matá-la até se ela o abandonasse. Ele precisa dela, como mantenedora da família, enfermeira e confidente. Stela é a única pessoa que Saulo escuta e a única criatura que ele tem na vida. Sucumbiria sem ela. Na intimidade, deve ameaçá-la terrivelmente para que não se vá.
É possível ser traído dessa forma e não perceber?
Claro! Ele nem olha para ela. É como uma bolsa jogada num canto. Isso que uso para construir Stela é algo de que Saulo não tem consciência.
O que acha da traição no casamento? Já passou por isso?
Quando há uma relação importante, deve-se fazer tudo para preservar o que se tem de bom. Compreender, entubar e seguir em frente com a página virada. O que não dá é traição sistemática, desrespeito frequente. Melhor partir para outra. Mas cada um sabe sua história, não opino no amor de outros.
O que achou do fim polêmico do programa ‘Saia Justa’?
Estamos de recesso, o programa voltará um dia…’
Clarice Cardoso
Apresentador leva bom humor para a cobertura da Copa
‘Pesquise em qualquer campinho. Meninos brigam para decidir quem jogará no ataque. Brigam menos para escolher goleiro. Mas ninguém quer ser juiz. Era justamente essa a função do jovem Tiago Leifert na quadra.
Após um ano e meio à frente do ‘Globo Esporte’ em São Paulo, Tiago só comprova que, aos 29, não é mesmo do tipo que faz igual a todo mundo.
Ele, que mudou o formato do jornalístico local -deu tom mais bem-humorado e atraiu novo perfil de público-, se prepara para assumir o ‘Central da Copa’ ao lado de Luis Ernesto Lacombe.
Estar à frente do programa-chave na cobertura da Globo do evento mostra que ele é uma das grandes apostas da emissora. Mas Tiago desconversa.
‘Não sou de jeito nenhum ‘a cara’ dessa Copa. Só quero fazer diferente, surpreender’, diz à Folha, enquanto espera o elevador na sede da emissora em São Paulo.
‘A Copa atrai pessoas que só lembram do futebol a cada quatro anos. Prender esse público sem ofender o conhecimento dos zé boleiros é o nosso desafio.’
VAI, VAL BAIANO
De riso fácil, ele diz que já está pensando nas brincadeiras que fará com as seleções. O humor é um ponto forte do estilo dele de apresentar.
O programa faz graça com o próprio Tiago. Essas gracinhas, aliás, eram ouvidas por todos os lados, vindas de técnicos a colegas, na tarde em que caminhava com a Folha pela emissora.
Mas o pai do hit do ‘Funk do Val Baiano’ (‘A pior ideia que já tive na vida’, brinca), diz que vai pegar leve com o público nacional no começo.
‘Temos várias piadas internas com o telespectador de São Paulo, e ele vai esperar por isso no ‘Central’. Mas vamos mostrar nossa cara aos poucos, para que os novos se acostumem.’
Tiago, que estudou nos EUA e foi estagiário do canal americano NBC, começou na TV Vanguarda e passou pelo SporTV antes de chegar à Globo. Mas seu estilo nem sempre foi bem aceito.
‘Nunca fui muito normal e acabava sendo muito editado. Demorei dois anos para emplacar uma coisa minha. Quase desisti da TV’, diz. Logo é interrompido por uma piada. ‘Tá famoso, hein?’
‘Agora virei galã, só quero fazer ensaio sensual, ganhar dinheiro’, retruca, rindo, da enésima piadinha que ouviu naquele dia sobre a cena em que apareceu como si mesmo entrevistando o piloto Gerson (Marcello Antony) na novela ‘Passione’. Em tempo: o ‘bico’ durou 1,7 segundo.’
Mônica Bergamo
Ana Rica S.A.
‘Ana Hickmann corre sobre a esteira de uma academia em Perdizes. O celular toca. É o marido dela, Alexandre Corrêa, o Alê, que liga pela sétima vez no período de 50 minutos em que a apresentadora vence o equivalente a 7,5 quilômetros. ‘Amor, é aquilo que eu te falei. Fechado. Lógico. Certo.’ Ana desliga. Sem dizer tchau. Nem mandar beijo.
Os dois se falam ‘milhares de vezes por dia’, mas sempre e só sobre trabalho.
‘A Ana tem que performar!’, diz Alê. ‘Tem dias em que eu trabalho 17 horas. São 35 pessoas que dependem de mim, entre empregados e familiares.’ Alê interrompe: ‘Não! Com a família, são 42’.
Ana, diz o marido, ‘é movida por uma ambição descontrolada. ‘É tudo meu, eu faço, eu mando!’. É a psicose dela. Já joguei a toalha’.
Alê diz que era ‘um convicto derrotado antes de conhecer a Ana. Fui modelo frustrado até 1992. Fui para o mercado financeiro e nunca arrumei emprego decente. Fiz faculdade de economia e não consegui me formar’.
Tudo começou a mudar quando, promotor de um clube noturno em SP, Alê conheceu a modelo. Ela tinha 15 anos. Ele, 24. Dois anos depois, aos 17, Ana foi emancipada. Os dois se casaram e foram para Paris. De lá, para Nova York, onde dividiram um quarto e sala na rua 36, entre a Park Avenue e a Madison. Enquanto a mulher bombava nas passarelas, Alê, desempregado, ‘limpava a casa, fazia as compras, cozinhava, lavava a louça, as roupas… lavei calcinha dessa garota até [não poder mais]!’
Hoje, os 14 produtos com a marca ‘Ana Hickmann’ (óculos, bolsas, jeans, esmaltes, desodorantes, biquínis, lingeries, toalhas etc.) faturam R$ 290 milhões no varejo e no atacado.
Ela fica com 10% disso, menos os impostos. Como apresentadora da TV Record, recebe R$ 300 mil por mês, entre salário e merchandising. E não sai de casa por menos de R$ 40 mil, seu cachê de presença para ficar duas horas numa festa.
‘Começamos sem nada.
O Alê vendeu um equipamento de som e discos de vinil, que eram o xodó dele, pra gente poder viajar [até Paris].
A gente batalhou junto, sofreu junto e agora estamos na bonança juntos.’ Tudo o que é dela é dele. ‘Eu sou a figura ali na frente, mas o trabalho é igual para os dois.’
‘Sempre me considerei um produto. Parece cruel, mas é verdade’, diz Ana. ‘E o produto precisa ir à academia para manter a aparência e a saúde. Se ficar doente, não consegue gravar na TV, fazer fotos, trabalhar. Ele cuida do resto.’ Resumindo: ‘É um produto que a gente criou junto e que administra junto: o produto Ana Hickmann’.
O ‘produto’ acorda às 6h30. Depois de cinco anos sem fazer ginástica direito e de chegar a 72 kg, distribuídos em 1m85, Ana decidiu, em janeiro, entrar em forma a qualquer custo. Passou a treinar seis dias por semana, inicialmente por quase cinco horas, e agora por quase três horas. Já perdeu 5 kg.
Depois da ginástica, Ana passa em casa para se arrumar. Engole um copo de Isopure, um soro de proteínas de gosto esquisito -e esse é o seu almoço.
Às 15 horas, à bordo de seu Mini Cooper, da BMW, que não custa menos de R$ 90 mil (e no qual acomoda as pernas de 94 cm), ela vai para a fonoaudióloga. ‘Ela fala rápido, engole palavras’, diz Alê. ‘A gente vai entregar para o mercado uma Ana Hickmann diferente, sem esses problemas. A Record já gastou muito e ela tem a obrigação de dar certo.
É isso, ou o castelo de cartas cai. Acabam royalties, mansão, carro caro. Não que isso nos faça menos gente. Mas é mais difícil depois que você sentiu o sabor da coisa.’
‘A palavra ‘perder’ não está no nosso dicionário’, diz ele. O Ibope do programa de Ana aos domingos, das 12h às 16h, concorrendo com Eliana, do SBT, virou obsessão. ‘A Ana Hickmann tem que ir para o domingo para matar ou morrer. Tem que acordar todos os dias com sangue nos olhos. Se não odiar o concorrente, você é um frouxo. Com mão mole, não machuca ninguém. Fere, mas não tira a pessoa de combate.’
Às 17 horas, a apresentadora atravessa a cidade para visitar, na Mooca, a fábrica de roupas com sua grife. Ao volante, diz que, aos 29 anos, tem vontade de ser mãe.
‘Quando fizer 30, vou soltar as rédeas.’ Alê é contra. ‘Somos loucos pra ter bebê. Mas você imagina: a Ana foi obesa na infância. Uma mulher de 1m80… temos que esperar a hora certa.’
Na fábrica, ela fiscaliza cada uma das roupas desenhadas pelos estilistas. Só sai de lá às 22h. ‘Nisso eu não me meto. Ela escolhe todos os produtos’, diz Alê. ‘E tem um departamento em que ela não enfia o nariz. É quando eu digo: ‘Ana, não gaste mais neste mês!’ Ela reluta, simula lágrimas nos olhos. Eu digo: ‘Chega. Dá um tempo. Você tem a vida inteira. Não precisa gastar tudo em dois dias’. Pego um papel e mostro que, se ela gastar isso todo mês, pode faltar lá na frente.’
‘E o bicho é ambicioso. Gosta de coisa cara e quer vencer.’ Alê aponta para oito caixas de objetos de cristal Baccarat que ela comprou para o casarão do Pacambu que estão reformando e para onde se mudam em 2011.
‘Todos me têm como um carrasco. ‘O Alexandre força, força’. Mas eu não induzo a Ana a gostar de coisas caras.
Nem a acordar cedo para vencer.’ ‘O Alê me chama de general. Fala que sou truculenta pra caramba. E sou mesmo. Exigente, como sempre foram comigo. Nunca me deram a chance de errar.’
O romantismo foi deixado de lado ‘por um tempo pra gente investir e enxergar nosso crescimento sem deslumbramento. Porque com romantismo vêm férias em Paris, esquiar em Aspen, fazer compras em Nova York. E o trabalho e as obrigações ficam para trás’, diz o empresário. ‘Se ficar com ‘mela mela’, todo problema profissional vira sentimental. O circo pegando fogo e você ‘amorzinho’, abraçando o outro para se lamentar? Ah, por favor!’
‘Não vamos nos enganar: a Ana entrou na TV 100% por causa da beleza dela. Hoje, ela se mantém lá 70% pela beleza e 30% pela capacidade de entreter. Em cinco anos, a gente quer que essa relação seja de 60% a 40%.’ O tempo vai passar.
Até lá, o casal espera que a marca da apresentadora se fortaleça de tal forma que ‘ande de maneira independente e gere receita pra aí então a gente aproveitar a vida’. ‘É como a [estilista] Carolina Herrera’, que, aos 71 anos, dá nome a roupas e perfumes. Entre outras coisas, Ana, que largou a escola no 2º colegial, pretende voltar a estudar. Quer fazer faculdade. Talvez, jornalismo.
O patrão Edir Macedo é o maior ícone dela. ‘O ser humano pode muita coisa. Basta querer’, disse ele numa palestra a que Ana assistiu.
‘Foi uma coisa muito forte pra mim.’ Em segundo lugar, ela coloca a família Marinho, das Organizações Globo, ‘pelo império e a tecnologia que conseguiram construir’. Admira Hebe Camargo ‘que venceu barreiras na TV e também na vida’.
Mas é a apresentadora americana Oprah Winfrey, 56, que coloca ‘no Olimpo’.
‘É uma mulher que veio lá de baixo e construiu seu próprio império, seu canal de TV, sua revista, sua marca. Ao mesmo tempo, se dedica à família e é feliz.’ Essa é a meta? Sim, diz Alê. ‘A Ana vai ser a Oprah Winfrey do Brasil, loira e de olhos azuis num país de gente parda.’’
HQ
Tarso Araujo
Quino em crise
‘‘Não gosto de matérias jornalísticas. E me sinto um idiota posando para fotos. Mas como estão saindo esses livros aí, achei que deveria fazer’, diz o cartunista argentino Quino à Folha, por telefone, de Buenos Aires.
Os livros que fizeram Joaquín Salvador Lavado -o nome que consta no RG de Quino- deixar de lado sua reticência a entrevistas são coletâneas de cartuns publicados após 1973, ano da ‘morte’ da Mafalda, sua mais célebre personagem.
Os volumes são ‘Humanos Nascemos’ (1991) e ‘Que Presente Inapresentável’ (2004). Nesta semana, chega às livrarias do país ‘10 Anos com Mafalda’ (Martins Fontes, R$ 45, 190 págs.)
A tradução em português desta coletânea de tiras está separada por assunto e tem textos inéditos de Quino, introdutórios a cada bloco.
Embora tenha projetado Quino internacionalmente, Mafalda é ‘apenas uma mínima parte’ de sua carreira, como ele diz. Foram 55 anos de uma intensa produção, que ele decidiu suspender em abril do ano passado.
Aos 77, ele diz que cogita voltar a criar, mas não estabelece prazo para enfrentar de novo a angústia de preencher o papel branco. Quino é avesso ao computador, que afirma não usar.
As coletâneas agora lançadas deixam claro que, se na Mafalda Quino tinha a figura infantil para amenizar a seriedade dos temas -corrupção, opressão etc.-, nas obras posteriores seu humor ganha um ar tão grave que quase perde a graça.
Há um tom de desilusão sob o olhar de quem passou mais de cinco décadas apontando os problemas do mundo e só os viu crescer.’
Mundo vai mal e humoristas são ‘raça em extinção’, afirma Quino
‘Leia a seguir os principais trechos da entrevista.
Folha – Quando fazia a Mafalda, tinha esperança de que o mundo ficasse melhor?
Quino – Sim, ela lutava para que o mundo melhorasse.
Mas, lendo alguns de seus cartuns, parece que o mundo está pior…
Acho que sim. Crise econômica, bancos, desemprego… Está muito pior. Bem, mas lemos no Velho Testamento que a humanidade sempre esteve mal. Repare que de Adão e Eva saiu um filho assassino. Logo, de quatro pessoas que existiam no mundo, um quarto eram delinquentes. Então, não mudou nada. Somos assim.
Por que parou de desenhar?
Porque parecia que estava dizendo desde sempre que o mundo ia mal. E que tinha que parar para pensar e ver se achava argumentos diferentes.
Tem planos de voltar?
Quero voltar, mas não há planos. Porque depois muda sua situação, seu estado de ânimos, sua saúde, as coisas mudam muito.
E como está sua saúde.
Anda mais ou menos.
O que está de mais e o que está de menos?
Bem, demais estão os anos… De menos, a juventude.
Picasso costumava dizer que era preciso muito tempo para tornar-se jovem…
Isso era o incrível desse velho. Cada dia inventava uma coisa diferente. Mas quantos Picassos há no mundo? Pouquíssimos.
Como foi a entrada do computador em sua vida profissional?
Não entrou nunca.
Você se sente de alguma forma excluído pelas novas tecnologias?
Sim. Porque, por exemplo, na Europa é muito comum que você vá ao correio e não haja uma pessoa para atendê-lo. Você vai a uma máquina, pesa a carta, vê quanto tem que pagar e tudo o mais, sem encontrar uma pessoa para lhe dizer que gostou do seu penteado hoje.
Acompanha os humoristas de hoje em dia?
Somos uma raça em extinção. Nós, humoristas, éramos as pessoas que denunciavam situações que nem todo mundo se dava conta. Agora, o que se vai denunciar? Há vários livros denunciando de tudo na política e nada acontece. Antigamente, você desenhava algo e ia preso. Agora, nada importa.
Como cidadão de Mendoza, gosta de um vinho?
Gosto muito. Apesar de um senhor que se chama Michel Roland [consultor de vinícolas francês], que impõe um tipo de vinho que tem o mesmo gosto em todo lugar.
Mafalda não suportava sopa. E você?
Eu gosto. Isso era uma alegoria dos governos militares: algo de que ela não gostava, mas que tinha que suportar.
Há trabalhos seus feitos há muito tempo que ainda estão atuais. Isso é sinal da genialidade do Quino ou da dos nossos políticos?
A realidade muda pouco, os temas são recorrentes. Você lê Hamlet e tudo o que se passava naquele castelo é o que se passa na Casa Branca ou em qualquer palácio de governo. Intrigas, assassinatos. Não muda nada.
Os humoristas estão fadados a se repetir?
Enquanto nos ocuparmos sobre como funciona a sociedade, sim, porque ela se repete. O ser humano segue tão mal como sempre.’
TRIBUNAL
Francisco Cembranelli
Liberdade de informação e democracia
‘De tanto ouvir que a mídia é a grande responsável pelas condenações nos julgamentos dos crimes de repercussão, resolvi tecer algumas considerações sobre o tema, um pouco em defesa da liberdade de informação, e também para salvaguardar o trabalho de profissionais sérios, responsáveis pela elaboração das provas, ao menos no rumoroso ‘caso Isabella’.
Os meios de comunicação não criam provas, tampouco fazem as vezes dos peritos e das partes, verdadeiros responsáveis pelo esclarecimento dos fatos.
O que fazem é mostrar, por vezes com indesejável e censurável excesso, as provas que existem no processo, que pretende-se serem produzidas em contraditório, perante um juiz de direito. Os abusos merecem, por óbvio, correção. Não é raro que a defesa ocupe amplo espaço nos noticiários, tanto quanto a acusação.
É desejável que, num Estado democrático de Direito, os meios de comunicação apresentem, da forma mais ampla possível, a tese dos acusados, para mostrar o ‘outro lado da história’, se for a vontade dos envolvidos (a entrevista dos Nardoni ao ‘Fantástico’ é um exemplo).
Por isso, questiono a conclusão simplista de que a sociedade assiste a tudo de forma impassível, acrítica e irrefletida. Sobre o julgamento do casal, o curioso é que, nesses dois anos, os meios de comunicação não divulgaram nada de muito diferente do que foi mostrado aos jurados nos cinco dias de julgamento.
Se havia espaço para dúvidas, passou-se a ter certeza, porque a prova era inapelavelmente comprometedora, tanto que nada foi apresentado pela parte contrária, mesmo após tantos alardes, pela mesma mídia que ora se critica.
A condenação proferida pelo júri, ao contrário do que alguns inocentemente imaginaram, era mais do que esperada. Bastava uma atenta leitura do processo.
Ao se atribuir a culpa pela condenação à imprensa, corre-se o risco de desmerecer o trabalho honesto, sério e dedicado daqueles que atuaram no processo.
A ideia de que o veredito condenatório decorreu da exposição midiática soa como desculpa, deslocando-se a discussão do campo da valoração das provas para a busca de outros responsáveis que não os próprios acusados.
Guardadas a dignidade dos envolvidos e a incomunicabilidade do júri, sou plenamente favorável à ampla publicidade dos atos processuais, inclusive quanto à transmissão das sessões plenárias, de modo a permitir que a sociedade acompanhe a exposição dos fatos e conclua por seu próprio conhecimento.
A imprensa esteve no julgamento do casal Nardoni, ainda que não de forma ampla, e mostrou-se curiosa, séria e imparcial. Não consta que tenha deturpado os fatos ali apresentados. Ou será que mais de cem profissionais teriam se equivocado quanto ao que foi exposto?
É certo que os abusos devem ser coibidos, especialmente quando aviltados os direitos à defesa, à intimidade e, sobretudo, à honra dos réus. Mas, por outro lado, penso que a democracia tem seu preço, que não deve ser pago à custa de limites à liberdade de informação.
FRANCISCO CEMBRANELLI, 49, é promotor de Justiça do 2º Tribunal do Júri da cidade de São Paulo, responsável pela acusação no caso Isabella.’
CINEMA
Produtora vai à Justiça contra pirataria
‘Os produtores de ‘Guerra ao Terror’, vencedor do Oscar de melhor filme, entraram com uma ação na Justiça dos EUA contra 5.000 pessoas, acusadas de baixar ilegalmente pela internet a película. Segundo a Voltage Pictures, alguns deles baixaram o filme meses antes de ele chegar aos cinemas.’
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