Sunday, 17 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1314

Folha de S. Paulo


TV DIGITAL
Fernando Gabeira


Até breve com imagem e som digitais


‘Possivelmente já morri. Dois grandes shows no Brasil, atraindo milhares de
pessoas, e busquei o conforto da televisão, com direito a intervalos para o
banheiro.


Um dos shows, o dos Stones, aconteceu perto da minha casa. Desde cedo senti
uma atmosfera de euforia na zona sul. Muita gente, carros na calçada, chope,
calor, as vozes nos bares subindo como se mãos invisíveis aumentassem o volume
do som, através do balcão.


Calculei que era melhor a TV. Claro que meu cálculo seria mais acertado com
melhor qualidade de imagem e de som. Mas ainda não chegou a TV digital. O
governo discute muito sobre o padrão a ser adotado. Temo, a julgar pela
experiência com câmeras e celulares, que, ao tomarem a decisão final, o quadro
de opções já estará mudado. Os ritmos da tecnologia não respeitam os da
política.


Os shows me alegraram. Escrevi algumas vezes sobre como o 11 de Setembro e as
tensões que iria gerar abriam uma possibilidade nova para o Brasil. Guerra no
Oriente Médio, atentados em metrópoles européias e, agora, todos os conflitos em
torno das charges de Muhammad confirmaram essa tendência.


Meus escritos, na época, eram endereçados aos ministros da Cultura e do
Turismo. Pensei então que, sendo a paz o fundamento básico de nossa política
externa, poderíamos nos abrir para grandes festivais que tratassem, diretamente
ou não, do assunto.


Na verdade, não acredito muito no lado explicitamente político desses shows.
Mesmo Bob Marley, vindo dos bairros pobres de Kingston, tinha um discurso para a
juventude negra na Europa, mas era ouvido por milhares de pessoas que não se
interessam especificamente por isso.


Bono veio falar da fome. Tudo bem. Já no último Live Aid, produzido por Bob
Geldoff, intelectuais etíopes lembravam que o combate central à fome vai se dar
pela correção das distorções no comércio internacional. Bono sabe disso pois
freqüenta Davos, e lá essas coisas são mencionadas, ao menos de vez em
quando.


Da mesma maneira, a tolerância religiosa é um tema bom para ser lançado de
São Paulo. Das metrópoles que conheço, foi uma das que resolveram de forma
satisfatória a convivência entre as religiões. Bono falou o nome de alguns
Estados, mas, com a sensibilidade da história irlandesa e da atualidade do
Oriente Médio, poderia ter ressaltado esta característica diante de seus
olhos.


Grandes estrelas pop sempre vão visitar presidentes e dirão coisas sem
nenhuma responsabilidade com a repercussão na política interna. Isto pode se dar
de barato. O próximo show, por exemplo, é de Santana: possivelmente vai se
dançar mais.


A passagem dos Stones e do U2 reafirma para mim não só análise do passado
sobre as chances turísticas culturais do Brasil mas lembra também que não
conseguimos neutralizar nossa principal vulnerabilidade: a falta de uma política
consistente para atenuar a violência urbana.


Na medida em que o Brasil se abrir para esses festivais de verão, novos
grupos aparecem e com posições as mais variadas sobre política, desde uma
distância saudável até a hostilidade.


Portanto, a sensação de que esses festivais favorecem um ou outro partido é
passageira. O que está pela frente é a possibilidade de se ampliar o turismo,
criar um nicho, já tentado pelo Rock in Rio, e fazer do país uma plataforma para
a cultura de paz, o que daria uma dimensão popular ao fundamento de nossa
política externa.


Para confirmar que morri, vou me fechar no Carnaval, soterrado por textos
inacabados, relatórios e, como diz um amigo, muita costura para fora. O governo
tem tempo para refletir sobre essa possibilidade turística e interferir de forma
positiva. Os cálculos do Rio mostraram resultado favorável do ponto de vista
econômico.


O que o governo deveria apressar mesmo é a decisão sobre a televisão digital.
A vida dos que ficaram em casa, poderia ter sido enriquecida por uma imagem com
definição maior, um som mais límpido. São respostas que dependem de base técnica
e a forma de consulta ampla, por mais democrática que pareça, nem sempre atinge
os melhores resultados.


Se até o ano que vem isso não estiver resolvido, o caminho será voltar à
praia para ouvir os shows. A multidão não é muito diferente da que se concentra
no Réveillon. O dilema será: ela ou TV digital? Encerrei prematuramente minha
carreira nesses cercadinhos com convites. A única vez que fui, recusei-me a usar
as camisetas de propaganda. Saí com um gosto de nunca mais.


Entre a multidão e cercadinhos, mil vezes a multidão. Creio que ela não se
sentirá traída se eu optar pela minha casa. Aquela imagem dos celulares acesos
no Morumbi mostra que até mesmo as pessoas comprimidas na praia ou no estádio
terão o espetáculo na palma da mão.


Ao mencionar os celulares acesos e ligá-los às possibilidades da TV digital,
os técnicos vão supor que tomo posições. Mas os técnicos sabem que nada entendo
do assunto. É apenas o palpite de alguém que não apenas quer se libertar do
analógico, mas também dos fios. Hoje já se faz quase tudo nos celulares. Por que
não mostrar os grandes shows?’


Folha de S. Paulo


Equipamentos para TV digital têm imposto de importação reduzido


‘O governo reduziu o imposto de importação de equipamentos relacionados à
implantação do sistema de TV digital no Brasil -aparelhos de mixagem e
processamento de sinais de áudio, mesas de comutação de sinais de vídeo e
monitores para teste de transmissão digital.


Os produtos foram incluídos na chamada lista de ‘ex-tarifários’ (exceções à
tarifa externa comum do Mercosul) e tiveram suas alíquotas de imposto de
importação reduzidas de 16% para 2%. Monitores de vídeo utilizados em ilha de
edição ou unidades móveis também foram beneficiados. A tarifa reduzida vale até
o final do ano que vem.


O governo está negociando a implantação da TV digital com representantes dos
padrões japonês (ISDB), europeu (DVB) e norte-americano (ATSC). As negociações
envolvem a parte técnica de cada padrão e contrapartidas comerciais e
industriais que cada país possa oferecer ao Brasil. A decisão do governo deverá
ser anunciada no início de março.


Recentemente, o CPqD (Centro de Pesquisas e Desenvolvimento em
Telecomunicações) concluiu seu relatório final sobre o tema.


O relatório é um dos itens que serão analisados pelo governo federal antes de
tomar a decisão. Apesar de não apontar claramente nenhum dos padrões, o CPqD
concluiu que, para o consumidor, a decisão pelo padrão japonês seria mais
cara.’




FSP CONTESTADA
Painel do Leitor


Banespa


‘‘Em seu artigo de ontem (‘Viva a campanha’, Opinião, pág. A2), Clóvis Rossi,
mais uma vez, faz referência a uma inverdade, segundo a qual eu teria ajudado a
eleger o meu sucessor no governo de São Paulo, ‘à custa da quebra do Banespa’. O
Banespa nunca quebrou. A intervenção criminosa no banco, durante o governo FHC,
deu-se apenas para justificar a privatização, altamente prejudicial aos
interesses do Estado, como claramente demonstrou a revista ‘CartaCapital’ na
edição de 19/6/2002 (‘A confirmação da manobra’). O lucro fabuloso que o
Santander obteve logo depois da privatização comprovou isso.’ Orestes Quércia,
ex-governador de São Paulo (São Paulo, SP)’




TELEVISÃO
Daniel Castro


Sonia Braga fará novela inteira na Globo


‘Depois de 26 anos, finalmente a atriz Sonia Braga, 55, atuará em uma novela
do começo ao fim. Anteontem, ela assinou contrato com a Globo e terá um papel
central em ‘Páginas da Vida’, próxima novela das oito, que estréia em julho. Seu
contrato durará toda a novela. Ela entrará no décimo capítulo e ficará até o
final.


Em ‘Páginas da Vida’, de Manoel Carlos, Sonia interpretará a segunda mulher
de Tarcísio Meira, que será pai da protagonista Olívia (Ana Paula Arósio).


A última novela inteira que Sonia fez foi ‘Chega Mais’, em 1980. Depois, ela
se mudou para os Estados Unidos e se dedicou a uma carreira internacional de
atriz.


A estrela das novelas ‘Gabriela’ (1975) e ‘Dancin’ Days’ (1978) ainda se
destacou no cinema em ‘O Beijo da Mulher Aranha’ (1985), de Hector Babenco. Em
1999, atuou em 15 capítulos da novela ‘Força de um Desejo’.


Nos últimos anos, o currículo de Sonia Braga revela uma estrela decadente. Só
atuou em filmes obscuros ou de pouca repercussão. Sua ‘salvação’ foram
participações em seriados, quase sempre em papéis de mulher latina. Em 2001, ela
atuou em três episódios da cult ‘Sex and the City’. No ano passado, fez uma
aparição em ‘CSI – Miami’ e duas em ‘Alias’.


Recentemente, Sonia foi assediada pela Record, que a queria em um papel de
protagonista de ‘Cidadão Brasileiro’, que estréia dia 13. A atriz recusou a
proposta.


OUTRO CANAL


Retorno Diretor do ‘Domingo Legal’ nos bons tempos do programa no Ibope,
Roberto Manzoni, o Magrão, passou toda a tarde de quinta no SBT. Negocia a
direção de um eventual novo programa de Carlos Massa, o Ratinho, nas tardes de
sábado.


Truque André, o misterioso personagem de Marcello Antony em ‘Belíssima’, vai
sumir da novela durante uma semana. Ele viajará para Nova York e reaparecerá no
capítulo do dia 11. O autor Silvio de Abreu faz mistério sobre o que está por
trás da viagem.


Detetive A trama policial de ‘Belíssima’ movimenta o elenco da novela. Vera
Holtz, por exemplo, acredita que André, Bia Falcão (Fernanda Montenegro) e Erica
(Letícia Birkheuer) já se conheciam antes de entrarem em cena. E que armaram
tudo: do sumiço de Bia ao casamento e golpe de André em Júlia (Glória Pires).


Salvador O autor Carlos Lombardi pode entrar para a história como
‘milagreiro’. Ele está conseguindo salvar ‘Bang Bang’ do fiasco total. A novela
já está registrando médias de 30 pontos.


Serviço Aproveitando a expectativa pela estréia da quinta temporada de ‘24
Horas’, na Fox, no próximo dia 13, a operadora de TV paga DirecTV abrirá um
canal para exibir uma maratona com todos os 24 episódios da quarta leva da
série, que acaba de passar na Globo. A maratona será nos dias 4 e 5, das 14h às
2h.’


Folha de S. Paulo


Rato Jerry é pró-judeus, conclui iraniano


‘Para Hasan Bolkhari, especialista em comunicação de massa que trabalha para
o Ministério da Educação do Irã, o desenho animado Tom e Jerry é uma conspiração
para favorecer a imagem dos ratos -apelido pejorativo associado aos judeus. O
desenho, lançado em 1939, apresenta o gato Tom, que tenta capturar Jerry mas é
sempre vencido pela esperteza do rato.


Em rede de TV iraniana no dia 19 passado, Bolkhari apresentou uma palestra
‘explicando’ a origem do anti-semitismo: ‘Se vocês estudarem a história
européia, verão quem tinha mais poder em dinheiro e riquezas, no século 19. Na
maioria dos casos, eram os judeus’. Bolkhari usa esse argumento como a origem do
anti-semitismo do ditador nazista, Adolf Hitler. Sobre o Holocausto, diz: ‘Em
parte é verdade. Não negamos tudo’.


Assim, os judeus, chamados pelos nazistas de ‘ratos’, animais sujos e que
agem escondidos, resolveram usar a metáfora a seu favor, segundo o iraniano.


‘[O desenho] Tom e Jerry foi feito para mostrar a imagem exatamente oposta.
Se acontecer de virem amanhã esse desenho, tenham isso em mente e vejam com essa
perspectiva. O rato é muito esperto. Tudo o que ele faz é bonito. Ele bate no
gato, mas sua crueldade não faz a gente detestar o rato. Ele é tão belo e
esperto… É exatamente por isso que alguns dizem que ele visa apagar a imagem
dos ratos da mente das crianças européias e mostrar que esse animal não é sujo e
tem aquelas características. Infelizmente, temos muitos casos assim em
Hollywood’, disse Bolkhari, atribuindo a animação à ‘companhia judia Walt
Disney’. Na verdade, o desenho foi criado nos EUA por William Hanna e Joseph
Barbera, da produtora MGM. As animações ganharam sete prêmios Oscar, entre 1943
e 1952. Com agências internacionais’




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