Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Folha de S. Paulo

CRISE NO SENADO
Carlos Heitor Cony

Até quando?

‘RIO DE JANEIRO – Com a queda de Getulio Vargas em 1945, por deliberação dos militares que depuseram o ditador, o poder foi entregue ao presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro José Linhares.

Naquele tempo e como parte ainda hoje, o funcionalismo público em seus vários graus (federal, estadual e municipal) era a espinha dorsal do mercado de trabalho brasileiro.

Linhares nomeou muita gente, inclusive parentes, o que fez o Barão de Itararé reclamar: ‘Não são Linhares, são milhares’.

Quando Juscelino nomeou um parente com o nome de sua família para importante cargo em estatal, o ‘Correio da Manhã’ publicou o editorial mais curto da imprensa mundial: ‘O presidente da República nomeou um Kubitschek. Este nome não nos é estranho’.

O nepotismo é hoje condenado e com razão, mas na escala dos crimes institucionais, é venial, como a gula, a preguiça e a soberba em relação aos pecados mortais, como o homicídio e o roubo.

Ao visitar José Alencar no hospital, Lula encontrou-se com o senador Eduardo Suplicy e reclamou: ‘Você está há 18 anos no Congresso e não sabia de nada?!’ Não somente Suplicy, mas centenas de congressistas nesses últimos anos nada sabiam do que se passava nos porões da Câmara ou do Senado.

A onda moralista que a mídia desencadeou contra o Senado e em especial contra determinado senador lembra a virulência udenista que, expressando a indignação das grandes parcelas da classe média, criaram as condições objetivas para o movimento militar de 1964. Lembro uma foto publicada do guarda-roupa da mulher de João Goulart com a legenda: ‘Até quando vamos suportar isso?’’

 

Painel do Leitor

Sarney

‘‘A reportagem ‘Empresas da família Sarney são alvo de devassa da Receita’ (Brasil, ontem) contém informações completamente inexatas. A fiscalização que está sendo feita pela Receita em nossas empresas foi determinada pela Justiça, corre em segredo de Justiça e não difere das que são feitas rotineiramente por aquele órgão. Nada tem com a apuração de câmbio e lavagem de dinheiro.

As informações passadas pelos repórteres Leonardo Sousa e Hudson Corrêa são a antítese do jornalismo da Folha. Nada temos, nem jamais foi isso aventado, qualquer relação com o caso Usimar. Jamais a fiscalização que se faz em nossas três empresas tem a ver com a saída da senhora Lina Vieira, pelo simples fato de terem sido iniciadas dois anos antes que ela assumisse.

Para ver a falta de isenção dos jornalistas enviados, em especial, do senhor Hudson Corrêa, relato fato de que ele declarou no tradicional bar Por Acaso, localizado na lagoa da Jansen, na quinta-feira, dia 16, na presença de vários jornalistas, inclusive o senhor Caio Hostílio, do jornal ‘A Tarde’, que veio com ‘a missão de só sair do Maranhão quando derrubar essa Sarneyzada’. Tal notícia saiu no blog local do jornalista Décio Sá e não foi desmentida.’

FERNANDO SARNEY (São Luís, MA)

Resposta do jornalista Hudson Corrêa – Nunca disse a frase atribuída a mim pelo missivista.’

 

GAZA
New York Times

Hamas troca foguetes por relações públicas

‘Seis meses depois da feroz campanha militar de três semanas que Israel lançou contra a faixa de Gaza para acabar com o disparo de foguetes, o Hamas -que controla o território- suspendeu o uso dos projéteis e transferiu ênfase à busca de apoio local e no exterior por meio de iniciativas culturais e relações públicas.

A meta é construir a chamada ‘cultura da resistência’. Nos últimos dias foi encenada uma peça, um filme estreou, uma exposição de arte foi promovida, um livro de poemas foi publicado e um seriado de TV foi ao ar. Quase tudo teve patrocínio estatal, e, como tema, a difícil situação dos palestinos em Gaza. ‘A resistência armada ainda é importante e legítima, mas a nova ênfase é sobre a resistência cultural’, disse Ayman Taha, um dos líderes do Hamas.

A decisão de suspender o uso dos foguetes Qassam, de curto alcance, que foram disparados contra Israel por anos, às vezes dezenas por dia, foi em parte fruto da pressão popular. Cada vez mais, moradores de Gaza questionam o valor dos foguetes.

Não está claro por quanto tempo o grupo radical islâmico manterá a suspensão. Mas a mudança de política é evidente. Em junho, segundo as forças israelenses, foram disparados só dois foguetes desde a faixa de Gaza, uma das contagens mensais mais baixas desde que os disparos começaram, em 2002.

Como Israel também acredita que precisa melhorar suas relações públicas e a mensagem que transmite, o foco sobre a cultura cria uma intrigante batalha: agora, pela opinião pública.’

 

INTERNET
Claire Cain Miller, do New York Times

Pequenas empresas usam o Twitter para se comunicar

‘Três semanas após Curtis Kimball inaugurar seu carrinho de sobremesas em San Francisco, notou que na fila, entre seus amigos, havia uma pessoa que ele não conhecia esperando para comprar um doce. E como o novo freguês o descobriu? Lendo no Twitter.

Para Kimball, que admitiu que até então não havia ‘realmente compreendido o propósito do Twitter’, a beleza da divulgação digital de freguês para freguês se tornou imediatamente perceptível. Ele criou uma conta e hoje tem mais de 5.400 seguidores que acompanham seus posts sobre os locais que o carrinho visitará e o cardápio de cada dia.

‘Eu adoraria dizer que tive uma excelente ideia e estratégia, mas na verdade o Twitter foi essencial para o sucesso do meu negócio’, afirma.

Muito se disse sobre a maneira pela qual grandes empresas como Dell e Starbucks usam o Twitter para promover seus produtos e se comunicar com os clientes. Mas hoje em dia as pequenas empresas superam de longe em número as grandes companhias entre os usuários do serviço de microblogs.

Para muitas empresas de varejo desprovidas de orçamento publicitário, o Twitter se tornou o único recurso de marketing. É muito mais fácil estabelecer e atualizar uma conta do Twitter do que manter um site. E, porque os donos de pequenas empresas tendem a trabalhar diretamente com o consumidor, a intimidade propiciada pelo Twitter serve bem a eles.

As pequenas empresas tipicamente conquistam mais de metade de seus clientes por meio de divulgação feita espontaneamente por outros consumidores, diz Greg Sterling, analista que estuda a influência da web no consumo e nas empresas locais. E o Twitter é uma manifestação digital disso. Os usuários do Twitter escrevem mensagens de no máximo 140 caracteres, e a cultura do serviço encoraja as pessoas a difundir informações entre os amigos que formam suas redes.

O Umi, um restaurante de sushi em San Francisco, chega a receber cinco novos fregueses por noite devido a informações que os consumidores encontram no Twitter, disse Shamus Booth, um dos proprietários.

Ele anuncia no Twitter o peixe fresco do dia -’O O-Toro [atum azul] de hoje é um dos mais saborosos e suaves que já servimos’, escreveu Booth em post recente- e oferece saladas de algas gratuitas aos clientes que mencionarem o Twitter.

Mas o serviço não atende apenas a empresas que desejam atrair clientes descrevendo alimentos que dão água na boca. Para Cynthia Sutton-Stolle, coproprietária de um antiquário em uma pequena cidade do Estado do Texas, o Twitter tem servido como forma de encontrar tanto fornecedores quanto clientes, em todo o país.

Desde que ela começou a usar o Twitter, em fevereiro, conectou-se a pessoas que produzem luminárias e velas, que posteriormente vieram a encomendar em sua loja, e vendeu alguns milhares de dólares em mercadorias a clientes de fora da cidade de Columbus.

‘Nós ainda nem criamos um site e não estávamos tentando começar coisa alguma no ramo do comércio eletrônico’, disse. ‘O Twitter vem sendo uma ferramenta realmente valiosa porque permite que tenhamos alcance nacional, em vez de sermos apenas uma lojinha em uma cidadezinha.’

Chris Mann, dono do Wood -house Day Spa, em Cincinnati, usa o Twitter para divulgar descontos em massagens e serviços de manicure. Promover esses serviços pelo Twitter é mais efetivo do que usar o e-mail. Ele pode fazer atualizações de seu telefone celular, enquanto ‘todas as outras empresas enviam e-mails’, afirma Mann.

Mesmo que os clientes de uma loja não sejam usuários do Twitter, o serviço pode se provar útil para os empresários, diz Becky McCray, que opera uma loja de bebidas em Oklahoma.

Em cidades como a dela, com apenas 5.000 habitantes, os proprietários de empresas de pequeno porte podem se sentir isolados, diz. Mas, por meio do Twitter, ela recebeu dicas sobre impostos de um contador, informações de marketing de um consultor e conselhos sobre como gerir uma empresa iniciante do fundador de diversas companhias de tecnologia.

Anamitra Banerji, gerente de produtos comerciais no Twitter, diz que, quando começou a trabalhar para a empresa, vindo do Yahoo!, em março, ‘imaginava que aqui fosse o lugar em que as grandes empresas estão. Mas o que constato mais e mais, para minha surpresa maior a cada dia, é que temos empresas de todos os tipos’.

O Twitter, que por enquanto ainda não está faturando, no momento concentra esforços em ensinar às empresas como aderir e aproveitar seus recursos, disse Banerji, e a companhia planeja publicar estudos sobre casos bem sucedidos.. Ele também está envolvido no desenvolvimento de produtos que o Twitter possa vender a companhias de todos os portes, entre os quais recursos que permitem confirmar contas empresariais e analisar o tráfego em seus perfis.

De acordo com Banerji, os proprietários de pequenas empresas gostam do Twitter porque podem conversar diretamente com os clientes de uma maneira que, no passado, só poderiam fazer em pessoa. ‘Estamos constatando que a distância emocional entre empresas e consumidores está se encurtando consideravelmente.’

Tradução de PAULO MIGLIACCI’

 

HONDURAS
Clóvis Rossi

Uma aventura e algumas perguntas

‘SÃO PAULO – Para começar, um momento-ombudsman: o relato de Fabiano Maisonnave sobre a frustrada tentativa de volta a Honduras do presidente Manuel Zelaya é um desses textos que dão firme esperança sobre a sobrevivência do jornalismo impresso. Uma boa história, bem contada, rica em cores e personagens -eis algo que, se se tornar a regra nos jornais, dará longa vida a eles.

Pena, do ponto de vista da democracia, que esse rico texto também ilustre a carência de mecanismos eficazes de governança global. É verdade que Zelaya lançou-se a uma aventura, ao que tudo indica inspirada pela bufonaria que é uma das principais características de seu aliado Hugo Chávez. Como explicar, se não por essa ânsia teatral, a presença do chanceler de Chávez ao lado de Zelaya?

Mas restava ao presidente hondurenho algo além da aventura? Tudo o que a comunidade internacional poderia fazer ou dizer foi feito e dito. Mesmo assim, um mês depois da deposição, Zelaya continua no exílio e os golpistas continuam no poder, impávidos e inabaláveis.

O que torna a impotência internacional mais eloquente é o fato de que Honduras é um pequeno e pobre país, irrelevante do ponto de vista estratégico ou econômico. Candidato natural e óbvio a curvar-se, portanto, ante o isolamento internacional. Outro dia, alguém que acabei não anotando o nome sugeriu que as Nações Unidas fossem dotadas de uma força de intervenção rápida permanente, capaz de atuar em casos agudos (como o de Honduras) ou que já se tornaram crônicos (Darfur, por exemplo).

Seria uma violação do princípio da soberania, ainda intacto apesar da globalização? A soberania é uma licença irrevogável para praticar um crime condenado por toda a comunidade internacional? Não está na hora de achar respostas a perguntas como essas?’

 

TELEVISÃO
Daniel Castro

Globo estuda instalar TVs em ônibus e táxis de São Paulo

‘A Globo está trabalhando em um projeto de instalação de televisores em ônibus e táxis de São Paulo. Se der certo, a ideia poderá ser exportada para grandes cidades do país.

Batizado internamente de ‘plataforma digital para ônibus e táxis’, o projeto visa basicamente levar a programação da emissora ao passageiro que perde muito tempo em transporte coletivo. Em São Paulo, já existe em algumas linhas um serviço semelhante, que oferece uma programação alternativa às das TVs abertas. Ou seja, as redes estão perdendo audiência para esse serviço.

O projeto da Globo ainda não tem um formato definido. ‘Vamos passar o segundo semestre estudando todas as possibilidades’, diz Octavio Florisbal, diretor-geral da emissora. Segundo ele, o mais difícil é encontrar um modelo de negócio viável.

A Globo estuda, por exemplo, se faz parcerias com anunciantes, fabricantes de televisores, empresas de ônibus e cooperativas de táxi. A emissora não descarta arcar com os custos de implantação do sistema, mas fará o possível para encontrar um modelo alternativo.

A programação a ser distribuída dependerá desse modelo. Se a implantação for bancada por taxistas e empresas de ônibus, por exemplo, em tese os televisores receberão a programação digital de todas as redes abertas. Mas, se for custeada pela Globo, deverão ter a programação em tempo real apenas da emissora ou uma programação alternativa produzida pela própria rede.

A Globo estuda também quais as linhas de ônibus e pontos de táxi poderão iniciar o serviço. A tendência são as linhas que servem bairros nobres e taxistas de shoppings e aeroportos.

MISTERIOSO GIMENEZ

Marco Antonio Gimenez (foto), 31, surgirá nos próximos capítulos de ‘Caras & Bocas’ na pele do sargento Lucas Rios. ‘Ele é amigo do Gabriel [Malvino Salvador], que o chama para investigar o sumiço das joias de Dafne [Flávia Alessandra]’, conta. Isso é tudo o que o irmão de Luciana Gimenez diz saber. Ele acredita que Rios é ‘aparentemente’ honesto e que deverá formar par com uma atriz que já está na novela. ‘O personagem vem para movimentar a trama’.

BRUNO, O BELO

Revelado em ‘Celebridade’ (2003), Bruno Ferrari, 27, fará seu primeiro protagonista em ‘Bela, a Feia’, a versão da Record para o hit mundial ‘Betty, a Feia’. O playboy mulherengo Rodrigo Ávila, aliás, foi o último personagem a conhecer seu intérprete. ‘Tinha acabado de fazer ‘Chamas da Vida’ quando me chamaram para testes. Foi uma surpresa’, conta o ator. Ferrari diz que não viu a novela colombiana. ‘Assisti a um pouco do seriado, mas não quis ver muito para não me influenciar. A nossa versão tem cara brasileira. Estou bronzeado’, diz.

TV É CULTURA

Publicada pela Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, a coleção Aplauso já publicou, desde 2004, 163 títulos, a maioria biografias de personalidades da TV, cinema e teatro brasileiros. Dos livros de bolso, os mais vendidos até agora foram os dedicados a Silvio de Abreu, Fernando Meirelles, Samir Yazbek e Gianfrancesco Guarnieri. No formato especial, lideram a lista os volumes de Raul Cortez, Eva Wilma e Dina Sfat.

GIANECCHINI DO BISPO

A Record não deixará nenhum participante de ‘A Fazenda’ desempregado. Luciele Camargo será contratada para novelas. O polêmico Theo Becker já está gravando um quadro de esportes radicais e aventura para o ‘Geraldo Brasil’. Mirella Santos, a mulher de Latino, será repórter do ‘Hoje Em Dia’. Até o modelo Miro Moreira receberá atenção. Fará uma oficina de atores. Aposta-se nele como um ‘novo Gianecchini’.’

 

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