Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Folha de S. Paulo

VAZAMENTOS

EUA pedem ao Twitter dados de 8 contas ligadas ao WikiLeaks

Um juizado federal do Estado da Virgínia ordenou ao Twitter a entrega de informações das contas do WikiLeaks, do seu fundador, o australiano Julian Assange, e das pessoas ligadas ao site.

O mandado foi emitido a pedido do Departamento da Justiça dos EUA.

A ordem judicial para investigar o WikiLeaks solicita dados cadastrais a partir de 1º de novembro de 2009.

Entre os oito usuários citados, além do próprio WikiLeaks e do seu fundador, Julian Assange, está Bradley Manning, analista de inteligência dos EUA suspeito de ter originado os vazamentos.

O pedido da Justiça se baseia em norma que permite obter dados na internet, sendo ‘relevantes e substanciais para uma investigação’.

Em nota, o WikiLeaks disse que a ação é abusiva.

 

Site lança novo fundo de defesa para Assange

O WikiLeaks anunciou pelo Twitter a criação de um novo fundo de doações para a defesa de seu fundador Julian Assange.

Assange está em liberdade condicional no Reino Unido, aguardando julgamento por crimes sexuais na Suécia.

O site ‘Fsilaw.com’ é uma forma para substituir a empresa de pagamentos PayPal e as operadoras de cartão Visa e Mastercard, que cancelaram as contas do site por suposta quebra dos termos de uso.

O rompimento ocorreu após a divulgação de 250 mil documentos diplomáticos dos EUA em novembro de 2010

 

TELEVISÃO

Keila Jimenez

O homem que cuida dos aviões de Silvio Santos

A cena é um clássico do domingão na TV. ‘Quem quer dinheirooo?’, grita Silvio Santos no SBT ao atirar aviõezinhos para a plateia.

Ainda durante o voo, mulheres se estapeiam até uma felizarda sacudir o tesouro.

O responsável por fabricar os aviõezinhos é Jorge Assis de Souza, o Seu Assis.

‘O segredo é selar com durex. Quanto mais peso, mais voa’, ensina.

Com um ajudante, ele faz, em média, 150 aviões por semana, em notas de R$ 20, R$ 50 e R$ 100, para repor o que Silvio joga em um programa. ‘De R$ 10 não faço mais porque o Silvio acha pouco. Não compra nem uma bala, né?’

O que Silvio não usa fica guardado em uma caixa que chega a armazenar até 300 aviões. ‘Se um dia eu não puder fazer, já está lá’, diz Seu Assis, que presta contas à tesouraria de cada nota. Ele não revela seu salário. ‘Os aviõezinhos que faço são muito mais do que ganho.’

Além dos aviões, Seu Assis cuida de cenários e consegue o que Silvio quer. Como quando ele pediu um ‘banco de cinema’, com assento que levanta, para descansar nas pausas do programa.

‘Foi uma luta conseguir’, desabafa. Quando disse ao dono de uma empresa de ônibus que se tratava de um pedido de Silvio é que conseguiu a doação de um banco, e o transformou no modelo pedido pelo apresentador.

Nas gravações, Seu Assis monta o banco no corredor do auditório. Ele o guarda atrás de sua mesa, que tem fotos do neto e mulheres de biquíni sob o vidro. ‘É o pessoal que coloca aí’, explica.

Com a mesma idade do patrão, 80 anos, Seu Assis trabalha com Silvio há 40.

Começou na TV Tupi, como porteiro. Foi lá que virou operador de som, função que o levou ao SBT.

Sobre Roque, o famoso escudeiro de Silvio, diz não ter ciúme. ‘Somos amigos, mas sou mais antigo’, diz, rindo.

Apesar de ser o ‘pai’ dos aviões, nunca ganhou um do patrão. ‘Aqui, ó’, diz, fechando a mão. Em compensação, todo fim de ano recebe um salário extra e é uma das ‘cinco ou seis pessoas’ que recebe um cartão ‘botando a gente lá em cima’, escrito de punho próprio por Silvio.

Na crise, diz que não temeu pela venda do SBT. ‘Silvio sempre me fala: ‘Não podemos parar de trabalhar nunca. Quem trabalha vive, quem não trabalha morre’. Vou com ele até o fim.’

‘Ele [Silvio] me encheu o saco. Aí mandei fazer um termômetro que ele consegue ver durante o programa’

SEU ASSIS

contando como resolveu os problemas do patrão, que reclamava da temperatura do ar-condicionado no estúdio durante as gravações

40 pontos Foi o recorde de audiência do ‘Jornal Nacional’ (Globo) na terça-feira, dia 4

O noticiário não alcançava essa média desde 2009

12 pontos Foi a média de audiência da estreia da minissérie ‘Sansão e Dalila’ (Record), dia 3

No mesmo horário, ‘A Fazenda’ marcava média de 15 pontos

TUITADAS

@huckçuciano

Querida @dilmabr, que tal um #lardocelar no aeroporto de Cumbica? Te apresento o Rosenbaun. Bjs

O apresentador do ‘caldeirão do Hulk’ (Globo), Luciano Huck, sugerindo à presidente que use o quadro de seu programa para reformar o aeroporto

Seleção As mudanças no ‘Rockgol’, da MTV, têm entre os objetivos a Copa de 2014, no Brasil. O canal musical quer montar uma boa equipe de jornalismo esportivo para o mundial. No fim do ano passado, Paulo Bonfá e Marco Bianchi, que estavam no comando da atração desde 1997, saíram. Para substituí-los, a emissora contratou o jornalista Eduardo Elias, trazido do canal esportivo ESPN. O ‘Rockgol’ reformulado deve estrear em março. Seguindo a linha da grade do canal, a intenção é investir em jornalismo, mas sem perder o humor.

com SAMIA MAZZUCCO

 

Keila Jimenez, Laura Mattos e Marina Gurgel

Globo tenta frear verborragia de Boninho

Por trás do confessionário do ‘Big Brother Brasil’, que volta ao ar nesta terça, está o mais polêmico personagem do reality show: José Bonifácio de Oliveira, o Boninho, diretor do programa desde a primeira edição, em 2002.

Enquanto o público se distrai com preparativos para a 11ª edição, a cúpula da Globo quebra a cabeça para lidar com o diretor, que ignora regras da emissora e se envolve em bate-bocas na internet.

Filho de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, Boninho deve ao ‘BBB’ a sua ascensão na Globo, construída sob a direção de seu pai.

Antes do reality, formato internacional da Endemol, não havia se destacado na carreira, com passagens, entre outras, pelo ‘Fantástico’, ‘Faustão’ e Multishow.

O ‘BBB’, um dos mais bem-sucedidos do mundo -bem produzido, editado e fenômeno comercial-, mudou o status de Boninho. Aos 49, ele é diretor de núcleo, responsável, além dos realities, pelo ‘Mais Você’, ‘Estrelas’ e ‘Video Show’.

Satisfeita com o lucro do ‘BBB’, a Globo põe panos quentes nas polêmicas do diretor. A operação está mais complicada desde que ele virou fiel usuário do Twitter.

É por meio do microblog que ele fere regras da Globo. Em 2009, ficou em tempo real criticando a estreia de ‘A Fazenda’, reality da Record, semanas após a Globo lançar seu manual de conduta em mídias virtuais, proibindo profissionais de comentar artistas e programas da casa e da concorrência na internet.

Boninho disse que o reality estava ‘arrastado e chato’. Insinuou que a plateia tinha figurantes do ‘BBB’ e zombou da chuva. ‘Esqueceram o toldo da festa! Será que acabou a verba?’, escreveu.

Não poupou trilha sonora e apresentador. ‘Voltou o Bee Gees. Qual é o SMS pra eliminar a música? Sem personalidade! Britto Jr. tenta de tudo para ser comparado ao Bial.’ As críticas cessaram após anunciar ter levado pito de Monica, no caso, ‘Monica’ Albuquerque, segundo nome da Central Globo de Comunicação. Ela disse que o procurou como ‘pessoa física’ e que ‘a Globo é a favor da liberdade de expressão’.

Mas, meses depois, no Twitter, acusou Gugu, da Record, de ter plagiado um cenário do ‘BBB’. E, pior, usou o microblog para algo que, mais que ferir o manual de conduta online, é ‘pecado’ na Globo: criticar publicamente um colega da rede.

Ele reclamou que Grazi, ex-BBB e hoje uma das principais atrizes da Globo, não concordara em participar do ‘Video Show’. ‘Botamos a moça na lista negra!’ Também reclamou do fato de Ana Maria Braga, que ele dirige, não usar ponto eletrônico.

Boninho deixa a direção de cabelo em pé ao usar o microblog para reclamar de reportagens que o desagradam e provocar jornalistas. Membros da direção são escalados para procurar extraoficialmente os agredidos. Desculpam-se em nome da rede e dizem que a opinião de Boninho não reflete a da Globo.

O clima esquentou em novembro, quando escreveu no Twitter que no ‘BBB 11’ ‘vai valer tudo, até porrada’, e que não haveria mais bebidas do tipo ‘ice’: ‘Só power, chega de bebida de criança’.

O tom das ligações extraoficiais a jornalistas para se desculpar por Boninho foi mais contundente e houve quem tenha se referido a ele como ‘criança mimada’. A Globo desmentiu oficialmente o diretor. Ao final do dia, ele afirmou que seu tom havia sido de brincadeira.

FORTE LIGAÇÃO

Profissionais que trabalham com Boninho dizem que o Twitter tem grande peso nas suas decisões. No ‘BBB’ passado, três provas foram canceladas porque twitteiros apontaram erros.

Na produção, a chegada do ‘big god’, como Boninho foi apelidado, é conhecida por portas batendo e gritos.

Certa vez, ele disse que, se flagrasse um cameraman sem o pano para cobrir a cabeça (o que o torna visível na casa), ‘o cara nunca mais trabalha na Globo e nunca mais será câmera na vida’.

Ficou famoso em 2009 um vídeo em que vazou uma bronca do diretor a participantes: ‘Dona Ana Carolina: este alicate não está esterilizado, a dona Naiá é diabética. Se essa merda inflamar, eu vou arrancar o seu braço’.

E o verdadeiro ‘big fone’ (que toca no programa com notícias boas ou ruins aos participantes) é um celular de Boninho conectado às caixas de som da casa. Quando quer falar com os BBBs, liga do aparelho, que automaticamente corta o áudio ao vivo do ‘pay per view’ para dar os seus recados.

 

‘BBB 11’ tem uma transexual em seu elenco

A lista de participantes do ‘Big Brother 11’, que começa nesta terça-feira, está entre os assuntos mais comentados da internet desde a última quarta, quando foi divulgada.

Dentre os participantes está Ariadna Thalia, que, segundo alguns sites, era travesti e teria se submetido, na Tailândia, a uma operação para mudança de sexo. A Globo confirmou que ela é transexual.

Há também entre os 17 concorrentes da nova edição um modelo que já posou nu, um administrador que se diz ‘curioso’ sobre sua orientação sexual e uma dançarina carioca do Bonde Faz Gostoso.

Nesta edição, a casa terá dois andares, e o quarto do líder ficará no segundo. Usado em edições anteriores, o quarto branco ou ‘do pânico’, que já foi acusado pelo Ministério Público de ser um ‘instrumento de tortura’, também deve fazer parte do novo ‘Big Brother’.

 

Globo não fala oficialmente, mas Boninho comenta em site

A Folha enviou à Globo um pedido de entrevista com o diretor do ‘Big Brother Brasil’ para este texto.

A reportagem também tentou contatar Boninho por meio do Twitter, mas não obteve resposta.

Na tarde de quarta-feira, a Central Globo de Comunicação (CGCom) afirmou que ‘Boninho está viajando, de férias e não conseguimos contatá-lo’. Mas, 15 minutos antes, o diretor havia postado no Twitter a seguinte mensagem: ‘Ideia pra [repórter da Folha] Laura Mattos. Bota uma foto minha com cara de diabo. Ai a matéria vai fazer sentido! Rsrsrs’.

Diante do comentário, a Folha voltou a procurar a CGCom para saber se ele não gostaria de se pronunciar.

A CGCom afirmou que ‘Boninho deveria estar dentro do avião, de volta para o Brasil’. ‘Esse twit foi postado antes de ele embarcar.’

Poucos minutos depois, contudo, o diretor voltou a postar no Twitter, falando que os participantes da 11ª edição seriam anunciados.

A Central Globo de Comunicação disse ainda que a emissora não faria comentários sobre esta reportagem. ‘Não participaremos da matéria porque ela é opinativa e não discutimos as- suntos internos por meio da imprensa.’

 

Keila Jimenez

Horário pobre

O horário nobre não é mais tão nobre. De dez anos para cá, são grandes as quedas de audiência na faixa mais visada, mais lucrativa e mais disputada da TV aberta.

Dados nacionais do Ibope mostram que a poltrona do brasileiro das 18h à meia-noite tem ficado mais vazia. Os números de televisores ligados no horário caíram e com eles a audiência de quem reinava absoluto nessa faixa: as novelas e os noticiários .

Em 2001, na faixa nobre, o total de TVs ligadas no PNT (Painel Nacional de Televisão) era 59%. Em 2010, representou 56%, queda de 3%.

De olho nos números da líder, o cenário parece desolador: a Globo perdeu 17% do seu público nesse bolo. Das 18h à meia-noite, pulou de 32,3 pontos (2001), para 27,6 pontos de audiência (2010). (Cada ponto equivale a 191 mil domicílios no Brasil).

Reis do horário nobre, novelas e ‘Jornal Nacional’, que costumavam registrar médias na casa dos 50 e 40 pontos, respectivamente, perderam um público considerável. Passaram para a casa dos 40, 30 pontos de audiência. Queda alardeada pelo mercado, mas que acompanha uma mudança de hábito: a poltrona agora está ocupada em outros horários e por outros hábitos.

Os mesmos índices do PNT mostram que, na década, o número de televisores ligados cresceu. Pulou de 40% (2001) para 42% (2010).

Se tem mais gente vendo TV, para onde migrou o público da faixa nobre?

Em 2001, a faixa vespertina (do meio-dia às 18h) tinha 39% de TVs ligadas no país. Em 2010, esse número pulou para 41%. De manhã, o crescimento foi maior: a faixa das 7h ao meio-dia foi de 20% (2001), para 26% (2010).

Essa mudança é tão maluca que, em 2010, as atrações da tarde do SBT superaram a faixa nobre. Registraram média de 6 pontos, ante 5,9 pontos da programação da noite.

Para o diretor da Central Globo de Pesquisas e RH, Érico Magalhães, a queda na faixa nobre chama atenção por conta dos números altos que a Globo acumulava no horário. No entanto, o público não fugiu da TV.

CONCORRÊNCIA

‘Em dez anos houve uma evolução industrial, a TV paga passou de 2 milhões para 10 milhões de assinantes, há mais canais UHF dividindo o bolo e outros produtos, como videogames e DVD, roubando uma fatia da TV aberta. Mas o número de aparelhos ligados se mantém’, continua. ‘Com relação à nossa concorrência, o que houve, em dez anos, foi uma troca. A Record pulou de uma média de audiência de 4 pontos para 7. E o SBT caiu de 9 pontos para 6. O que uma cresceu a outra caiu. A Record não é para gente o que o SBT foi dez anos atrás. Não temos a mesma concorrência.’

Para a Globo, a diferença entre as redes é o rufar de tambores. A Record faz mais festa com o crescimento.

Já o mercado acha que o SBT sempre se conformou com o 2º lugar e a Record, não. E tem motivos para pensar assim. A Record fechou 2010 como a única emissora que cresceu em audiência em relação à 2009: 2%.

‘Estamos trabalhando para assumirmos a liderança em menos de dez anos e não temos dúvida do que acontecerá’, disse à Folha o presidente Artístico da Record, Mafran Dutra.

‘Uma prova é que constantemente estamos na liderança em capitais como Rio, Salvador e Belém.’ Vislumbrando a próxima década, Érico Magalhães acredita em pequenas diluições de audiência, mas nada que abale a hegemonia da Globo. ‘As 30 atrações mais assistidas da TV são da Globo’, diz ele.

‘Apostaremos mais em atrações para a classe C e a TV aberta seguirá forte’, diz. ‘Depois de um inteiro de trabalho, com tanta interatividade, o público terá o desejo de ser programado, de ver uma programação pronta para ser consumida. Isso não deve mudar.’

 

Lúcia Valentim Rodrigues

Com humor, telejornal trará notícias falsas

‘Mulher vai ao hospital para tirar música de Justin Bieber da cabeça.’

Improvável? Com certeza. Mas a equipe do site Sensacionalista (www.sensacio nalista.com.br) não está atrás de notícias verdadeiras. Está em busca do inusitado para suscitar o riso.

Criado há seis meses, o endereço tem 20 mil acessos em média por dia, mas já bateu picos de 80 mil visitas. Também funciona bem no Twitter, com 47 mil seguidores.

A ideia surgiu do conceito do ‘The Onion’, jornal americano de sátiras do noticiário, fundado em 1988 por Tim Keck e Christopher Johnson.

O formato vai ser adaptado para a TV em série que estreia no primeiro quadrimestre deste ano no Multishow.

‘À primeira vista, as reportagens parecem reais, mas são coisas absurdas. Por isso usamos o slogan de um jornal isento de verdade’, explica Nelito Fernandes, criador do site e redator final do programa em produção.

Eles adaptam o estilo de um telejornal. Dois apresentadores (Márcio Machado e Betina Kopp) estarão em um cenário sóbrio, com bancada, e chamarão correspondentes em todos os lugares.

Fernandes, que é jornalista da revista ‘Época’, diz que a ideia não é enganar o público. Os absurdos serão óbvios, mas com alguma conexão com o real. ‘Perseguimos o humor de falar seriamente, com o rosto impassível, o maior absurdo do mundo.’

Talvez por isso algumas notícias tenham sido interpretadas como verdadeiras ao serem tiradas do contexto do site. ‘Escrevemos que uma mulher tinha engravidado vendo filme pornô em 3D. Isso foi reproduzido como real num site em Portugal’, relembra Fernandes.

Serão 13 capítulos, com duração ainda a ser definida, mas que não ultrapassará meia hora.

Os roteiros são escritos, além de Fernandes, por sua mulher, Martha Mendonça, por Marcelo Zorzanelli (roteirista do ‘Comédia MTV’) e por Leonardo Lanna.

As imagens serão de agências reais, mas com usos diferentes das notícias verdadeiras. Também serão criados debates. O que querem dizer os figurinos de Lady Gaga ou se os donos de pitbull devem usar focinheira são alguns dos temas previstos.

 

Vanessa Barbara

O Napoleão do crime

Fica difícil condenar a pirataria quando uma série como ‘Sherlock’ (2010), da BBC, não tem a menor previsão de ser exibida no Brasil.

A primeira temporada contou com apenas três capítulos de 90 minutos cada um, chegando ao fim em agosto de 2010.

Trata-se de um folhetim de ação e suspense que transporta o detetive Sherlock Holmes (interpretado por Benedict Cumberbatch) para os tempos contemporâneos.

Na minissérie, Holmes é fã de tecnologia, não desgruda do celular e gosta de provocar o inspetor Lestrade tumultuando entrevistas coletivas com torpedos SMS. Seu lendário parceiro, o dr. Watson (Martin Freeman), registra os casos num blog. Holmes passa o tempo todo agindo feito um maestro louco, insultando os policiais e rebatendo as acusações de que seria um psicopata (‘Sou um sociopata funcional’, diz).

Em vez de charutos, ele é usuário ostensivo de adesivos de nicotina: ‘Este é um problema de três adesivos!’, exclama no episódio-piloto, ‘Um Estudo em Rosa’, que trata de suicídios seriais.

O visual da série acompanha o ritmo multitarefa do herói: numa cena de crime, letreiros se sobrepõem na tela para destrinchar as evidências encontradas, enquanto Holmes pesquisa simultaneamente em seu ‘smartphone’ dados meteorológicos, rotas de trem, informações avulsas e recados pessoais.

Embora saiba rastrear endereços de e-mail e tenha alma de hacker, o Holmes da BBC não é tão diferente do original. A um suspeito, diz: ‘Além dos indícios óbvios de que você é solteiro, maçom e asmático, não sei nada a seu respeito’. Ao médico legista, pede que não enuncie seus pensamentos em voz alta, pois está diminuindo o QI de toda a rua.

Ele também observa que deve ser ‘muito relaxante não ser eu’ e aproveita cada novo assassinato, alegando que não dá para ficar em casa quando algo divertido assim acontece.

No final da temporada, Holmes sai ao encalço de seu arqui-inimigo prof. Moriarty, o ‘Napoleão do crime, organizador de tudo o que há de mal nesta cidade’. Houve polêmica quanto ao desfecho da série, que atraiu 7,3 milhões de espectadores na Inglaterra, mas a segunda já foi confirmada para o fim deste ano.

 

******************

Clique nos links abaixo para acessar os textos do final de semana selecionados para a seção Entre Aspas.

Folha de S. Paulo – Domingo

Folha de S. Paulo – Sábado

Estado de S. Paulo – Domingo

Estado de S. Paulo – Sábado