Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Folha de S. Paulo

PRESIDENTE
Anna Virginia Balloussier

Romero Britto celebra vitória de Dilma com anúncio no ‘NYT’

Por achar a presidente Dilma Rousseff ‘uma coisa maravilhosa’, o artista plástico Romero Britto decidiu homenageá-la.

Publicou, na edição desta semana da ‘The New York Times Magazine’, a revista dominical do ‘The New York Times’, um anúncio de página inteira.

Para tanto, calcula ter gasto US$ 20 mil (cerca de R$ 33,5 mil). Aos domingos, a tiragem da revista fica em torno de 400 mil exemplares.

Pernambucano com galeria em Miami, autor de murais ultracoloridos, Britto usou a peça publicitária para apresentar sua versão de Dilma ao público americano.

A presidente é retratada com as cores fortes que caracterizam a obra do artista, com pinturas nas bochechas que lembram o personagem Pablo do programa ‘Qual é a Música?’, do SBT.

Acima da imagem, lê-se ‘parabéns, minha querida, a nova presidente do Brasil’.

Na sequência, o artista parabeniza ‘todas as mulheres da América Latina’.

Britto diz que, dos amigos americanos, só ouve ‘comentários positivos’ sobre a sucessora de Lula.

A empolgação pela ‘primeira mulher presidente’, segundo ele, foi contagiante. Nos Estados Unidos durante as eleições, afirma ter feito questão de votar na petista lá mesmo.

Ele não sabe se Dilma já ficou a par da homenagem, mas disse que pretende presenteá-la com a arte em sua próxima visita ao Brasil. Espera que seja no Carnaval.

No anúncio da revista, abaixo da reprodução da pintura com o rosto da petista, há seis fotos da inauguração do Hospital da Mulher, em São João de Meriti (RJ), em março passado -quando a campanha eleitoral estava a pleno vapor.

Aparecem nos retratos Dilma, Britto, o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e seu secretário de Saúde, Sérgio Côrtes.

 

ATENTADO
Guilherme Voitch

Dono de jornal é alvo de atentado no Paraná

A casa do diretor de Redação de um jornal da cidade de Morretes (PR) foi alvo de um atentado a bomba na madrugada da última terça.

Segundo Orley Antunes, 60, proprietário do ‘Morretes Notícia’ e autor de um blog que trata dos problemas da cidade, a porta de sua casa foi arrombada, e uma bomba caseira foi lançada na escada que leva ao segundo andar.

‘Quem fez isso não fez pra me matar ou derrubar minha casa: o objetivo era me assustar’, diz Antunes. Vidros, vasos e telhas foram quebrados, mas ninguém se feriu.

Em outras duas oportunidades, bombas foram lançadas na frente da casa: ‘Eu achava que era vandalismo. Agora vi que é intimidação’.

O empresário, que foi secretário de Turismo da cidade entre 1989 e 1992 e entre 2001 e 2005, diz estar ‘incomodando’ os políticos locais por meio do jornal e do blog.

Antunes afirma, no entanto, que não sabe quem poderia ter cometido o atentado.

Ele diz que iria registrar um boletim de ocorrência e que pretende relatar o caso para o Sindicato dos Jornalistas do Paraná e para a Ordem dos Advogados do Brasil. A delegacia de Polícia de Morretes confirmou a ocorrência.

 

REINO UNIDO
Vaguinaldo Marinheiro

Grampo derruba superassessor de premiê

Um escândalo que se desenrola há cinco anos e envolve um império de mídia, políticos, a realeza e celebridades derrubou o chefe de comunicações do governo britânico.

Andy Coulson, 43, se demitiu ontem e disse não aguentar mais a pressão das denúncias de que tenha promovido esquema de grampos telefônicos no tabloide ‘News of the World’, jornal que editou até 2007.

‘Quando um porta-voz precisa de um porta-voz, é hora de sair’, disse Coulson.

O primeiro-ministro, David Cameron, lamentou a saída e afirmou que não se arrepende de tê-lo levado para o governo, apesar de críticos dizerem que, no mínimo, foi um erro de julgamento ter se aproximado de um profissional sob suspeição.

A renúncia aumenta a pressão sobre um governo que enfrenta protestos de rua após ter anunciados cortes nos serviços públicos.

A história começa em 2005, quando o ‘News of the World’ publicou reportagem sobre um problema no joelho do príncipe William.

Como o assunto era tratado em segredo, a polícia foi chamada para investigar a possível quebra de sigilo.

As investigações chegaram a um repórter do jornal, que acabou preso em 2007.

Apareceram outros casos de repórteres que se utilizavam de grampos para descobrir segredos de políticos, jogadores de futebol e astros da TV e do cinema.

O esquema, segundo denúncias, era incentivado por Coulson, para que o jornal tivesse histórias exclusivas e vendesse mais.

Ele sempre negou, mas mesmo assim pediu demissão do jornal.

Na sequência, foi trabalhar como diretor de comunicações do Partido Conservador. Quando Cameron se tornou primeiro-ministro, em maio do ano passado, levou-o para o governo.

MURDOCH

Até o início do escândalo, Coulson teve uma carreira bem-sucedida nos jornais do australiano Rupert Murdoch. Dizem que foi ele que aproximou Murdoch de Cameron e dos conservadores.

Os jornais britânicos do australiano apoiavam o Partido Trabalhista, mas mudaram para os conservadores antes das eleições.

Murdoch precisa do apoio do governo para não ter barrada sua intenção de controlar a Sky, maior provedora de TV a cabo do Reino Unido.

A operação é criticada com o argumento de que a produção e distribuição de conteúdo ficariam concentrados.

O escândalo voltou a esquentar no início do mês, quando a Justiça mandou a polícia tornar pública toda a investigação sobre o caso.

A renúncia foi formalizada na quarta, mas só divulgada ontem, dia em que o ex-primeiro-ministro Tony Blair voltou a depor em um inquérito sobre a Guerra do Iraque.

Se houve a intenção de tirar o foco da demissão de Coulson, não deu resultado.

 

CHINA
Fabiano Maisonnave

Para imprensa chinesa, visita foi um ‘grande sucesso’

Sob forte controle estatal, a imprensa chinesa classificou ontem de ‘grande sucesso’ a visita aos EUA do dirigente máximo do país, Hu Jintao, e minimizou divergências com Washington sobre direitos humanos, política monetária e propriedade intelectual.

Em editorial, o jornal ‘Global Times’ disse que a viagem de Hu ‘merece o aplauso do mundo’ e ‘afastou quaisquer temores de que uma nova Guerra Fria poderia irromper entre a China e os EUA’.

Segundo o jornal, controlado pelo Partido Comunista e um tradicional crítico dos EUA, os dois países ‘estão tentando moldar uma nova civilização política’. A manchete de ontem foi: ‘Visita de Hu, ‘um grande sucesso’.

As publicações chinesas destacaram também os detalhes do jantar oferecido a Hu na quarta-feira, como o cardápio e as apresentações musicais.

Em edição pouco comum, o diário ‘China Daily’ usou toda a primeira dobra da capa para uma foto tirada na Casa Branca com Barack e Michelle Obama ao lado do líder chinês.

No campo econômico, ênfase para o pacote de exportação de US$ 45 bilhões dos EUA para a China e poucas referências a divergências em aberto, como a política cambial, protecionismo (áreas em que ambos países trocam acusações) e propriedade intelectual, esta uma preocupação americana.

Houve bastante espaço até para a decisão do governo chinês de estender por mais cinco anos a permanência de dois pandas emprestados ao zoológico de Washington.

A China costuma enviar pandas a países como sinal de bom relacionamento diplomático, a chamada ‘diplomacia panda’. Em 1972, por exemplo, um casal foi enviado aos EUA após a histórica visita do então presidente Richard Nixon.

Destaque na mídia internacional, o tema dos direitos humanos foi apenas mencionado pelos jornais chineses.

A preocupação foi tanta que o sinal de TV da BBC na China foi cortado anteontem no momento em que o próprio Hu aparecia falando sobre direitos humanos.

 

INTERNET
Camila Fusco

Carnaval põe Brasil na rota do YouTube

O YouTube escolheu o Brasil para avançar em sua estratégia de transmissão de vídeos ao vivo em 2011.

O portal fará a transmissão global e em tempo real dos desfiles dos trios elétricos do Carnaval de Salvador em 24 idiomas. A ideia é aproveitar o interesse crescente por vídeos on-line, que atraem 1,6 bilhão de usuários.

‘A ideia dos vídeos on-line é levar paixão para onde o usuário está. O Carnaval hoje tem mais procura nas ferramentas de buscas do que a Copa do Mundo’, diz Flavia Simon, gerente de marketing de produtos de consumo do YouTube no Brasil.

A atração principal da transmissão -em parceria com Nova Produções- será a cantora baiana Ivete Sangalo. Além da semana do evento, em março, o YouTube transmitirá o ensaio do show da cantora, em fevereiro.

O modelo de negócios também prevê compartilhamento de receitas de conteúdo com a gravadora, assim como ocorre com outras parcerias do gênero no mundo.

‘Elas abraçaram o modelo do YouTube como negócio. Hoje, 90% do uso do portal é para consumo de conteúdo relacionado a música’, diz.

A estratégia de transmissão ao vivo também busca uma fatia do bilionário mercado de anúncios em vídeos on-line, que deve quintuplicar até 2014, chegando a US$ 11,3 bilhões.

O número parece pequeno comparado aos valores da publicidade tradicional -que movimentou cerca de US$ 500 bilhões em 2010-, mas chama a atenção pelo rápido crescimento.

As empresas anunciantes entendem que a visibilidade da marca é turbinada à medida que é atrelada ao conteúdo. No caso do Carnaval, o potencial está não só durante o evento mas também no período de armazenagem dos vídeos, que ficarão numa biblioteca no YouTube.

Os parceiros para o evento -que terá também um camarote do YouTube no circuito Barra-Ondina- serão o Santander, a Oi e a L’Oréal (via marca Garnier).

‘O principal benefício para a empresa está nas impressões da marca (quantidade de cliques sobre o logotipo) no YouTube. Nessa ação, a expectativa é chegar a 1 bilhão de impressões’, afirma Pedro Janowitzer, diretor de marketing da Garnier.

Segundo ele, a identificação com Ivete Sangalo -que já é garota-propaganda da marca- acontece principalmente com consumidores da classe C, crescentes na web.

CAMPANHA EM VÍDEO

Segundo Ana Paula Lentino, da consultoria Digipronto, boa parte dos clientes que já fazem campanhas publicitárias em ferramentas de busca já está migrando para o vídeo on-line.

Com 2 bilhões de vídeos exibidos por dia, o YouTube é o favorito. Não à toa, o Google conseguiu duplicar as receitas do portal em 2010.

Segundo a Folha apurou, empresas pagam até R$ 100 mil por uma campanha ao lado dos vídeos da primeira página do YouTube.

Estimativas do banco de investimento Jefferies Company indicam que o portal pode faturar até US$ 4 bilhões em 2011 com anúncios.

 

Facebook levanta US$ 1 bi com estrangeiros

O Facebook levantou US$ 1 bilhão na captação feita pelo Goldman Sachs, apesar de a operação ter vetado a participação de investidores norte-americanos.

O banco excluiu os investidores norte-americanos de adquirir uma fatia no site, devido ao temor de que a ‘intensa atenção da mídia’ não estivesse de acordo com normas da SEC (a CVM dos EUA).

Segundo o site, que pelo acordo com o banco tinha a possibilidade de levantar até US$ 1,5 bilhão, a procura pelas suas ações superou a oferta, mas ele tomou a decisão de limitar a US$ 1 bilhão.

‘Com esse investimento finalizado, nós temos maior flexibilidade financeira para explorar quaisquer oportunidades que surjam no futuro’, disse o diretor financeiro do Facebook, David Ebersman.

O montante captado confirma que o site tem um valor de mercado de cerca de US$ 50 bilhões, superando o Yahoo! (US$ 21 bilhões).

O Facebook não confirmou, mas, com a captação, deve ter superado os 500 acionistas, o que significa que terá de abrir capital em Bolsa ou publicar balanços financeiros regularmente.

A empresa reafirmou que uma dessas duas hipóteses vai ser realizada até abril do ano que vem.

Conforme o acordo firmado com o Facebook, o Goldman também adquiriu US$ 450 milhões em participação na empresa.

 

Brasileiro cofundador do Facebook investe em novo site

O brasileiro Eduardo Saverin, cofundador do Facebook e um dos personagens retratados no filme ‘A Rede Social’, vai financiar novo projeto na internet, segundo o ‘New York Times’.

Na última quinta-feira, a Qwiki, espécie de enciclopédia interativa que está sendo desenvolvida nos EUA, anunciou que Saverin foi o principal investidor em uma injeção de capital de US$ 8 milhões no projeto.

A tecnologia básica da Qwiki transforma uma coleção de dados sobre um assunto em apresentações multimídia interativas.

Se o usuário digitar ‘San Francisco’ (município dos EUA), por exemplo, ele terá como resultado uma apresentação audiovisual sobre a cidade que inclui fatos básicos e imagens.

Até agora, o Qwiki já levantou US$ 9,5 milhões em investimentos.

‘Estou em uma situação em que posso fazer o que amo, que é ajudar outros empreendedores’, afirmou Saverin em entrevista ao jornal. ‘O Facebook tem sido e será grande. O Qwiki está na fase inicial, mas eles estão no caminho para mudar o jogo.’

O site, de acordo com o jornal, tem outros ‘investidores notáveis’, como o cofundador do YouTube, Jawed Karim, e o investidor do Vale do Silício Pejman Nozad.

Saverin e Mark Zuckerberg foram os primeiros membros do Facebook, criado em um dormitório de Harvard. Saverin entrou com o investimento financeiro inicial e iria cuidar dos negócios da companhia, mas os dois amigos se desentenderam. Saverin levou a briga à Justiça.

Hoje, ele divide seu tempo entre Boston e Nova York. Os detalhes de sua batalha jurídica com Zuckerberg são um segredo, mas seu nome foi recolocado na página de fundadores da rede social.

David Kirkpatrick, autor de ‘O Efeito Facebook’, diz não ter conseguido entrevistar Saverin porque o brasileiro está proibido por contrato de falar sobre Facebook. Ele teria, segundo o livro, 5% das ações da rede social.

 

Camila Fusco

Empresa não pode se isolar, diz fundador da Wikipedia

As empresas que isolam suas decisões em debates internos e não ouvem consumidores ou parceiros correm o risco de fracassar na era da informação.

A afirmação foi dada por Kul Wadha, fundador da Wikimedia Foundation/Wikipedia Kul Wadha em entrevista na Campus Party, feira de tecnologia que termina amanhã em São Paulo.

‘As empresas não podem ficar isoladas numa caixa. Devem compreender o peso de suas decisões em relação ao ambiente em que estão e também devem ouvir seus parceiros’, afirmou.

Wadha deu o exemplo da telefonia celular, em que o ciclo de desenvolvimento de produtos está mais acelerado na era da inovação. A antes líder isolada Nokia enfrenta concorrência pesada de empresas como a Apple, com o iPhone, e a RIM (do BlackBerry), que conseguiram se adaptar mais rapidamente.

O compartilhamento de informação é traduzido também em negócios para a Wikimedia Foundation. A empresa anunciou interesse de ter operação local para impulsionar essa área no Brasil e também uma parceria com a Telefônica para conteúdo móvel. A empresa também deve melhorar o conteúdo de suas páginas em português.

Criada em 2001, a enciclopédia livre Wikipedia já tem mais de 14 milhões de artigos em centenas de dialetos e idiomas.

 

Stephen Burn, do New York Times

Internet transformou a relação de poder entre críticos e leitores

Cinquenta anos é muito tempo para qualquer literatura nacional, mas, no ambiente extremo da cultura norte-americana, a ficção parece encontrar uma incubadeira que propicia crescimento incomumente rápido.

Mas, nos 50 anos transcorridos desde que Alfred Kazin (1915-1998) lecionou sobre a função da crítica, a crítica literária acadêmica nos EUA possivelmente mudou mais que o romance moderno, enquanto o tipo de crítico que servia de tema a Kazin -um profissional que escreve para o público, ‘vive a literatura’ e tenta criar padrões- agora vê sua função revisada por mudanças tecnológicas.

‘Nos bolsões solitários de pequenas e grandes cidades’, escreveu Don DeLillo no começo dos anos 80, ‘um milhar de mentes se move’.

Cerca de uma década mais tarde ou pouco mais, a comercialização da internet formou uma rede que une essas mentes e criou uma espécie de vasta teia neural.

A internet tira as pessoas de sua solidão e as leva a criar ‘eus’ eletrônicos talvez mais nus ou mais estridentes que o ‘eu’ indistinto e repleto de compromissos que se movimenta fantasmagoricamente em suas rotinas.

No início da revolução das redes, o crítico Sven Birkerts catalogou as perdas que um leitor sofreria no milênio eletrônico: divórcio da consciência histórica, senso de tempo fragmentado e perda de concentração profunda.

Do outro lado da divisa, a capacidade de localizar um núcleo de pessoas com ideias semelhantes decerto representaria um ganho real para um leitor que considera o isolamento desconfortável.

Ainda mais acentuadamente, no final do século 20, o romance contemporâneo sério se afastou da linearidade e suas partículas narrativas se agruparam em nódulos semelhantes aos da web e com foco distribuído por diversos personagens.

MENOS NEBULOSA

Para o crítico, essas mudanças tecnológicas criam ecos históricos profundos. Se em séculos passados o leitor comum era, ao menos em parte, uma construção retórica, um não especialista imaginário, para o crítico do novo milênio a audiência da literatura é menos nebulosa. Em 1960, Kazin se queixava de que ‘a audiência não sabe o que quer’; com o advento das resenhas da Amazon e outros sites, a audiência se expressa claramente.

Ainda que as resenhas on-line variem em termos de qualidade e percepção, o fato de que existam já não permite imaginar que não exista uma audiência de interesse geral bastante envolvida.

A era da avaliação, do crítico olímpico como árbitro cultural, acabou. Embora continuem a existir críticos, seus esforços só servem para elevar o ruído na cultura.

A perda de uma crítica mais centralizada e unívoca não é necessariamente ruim.

Certamente a maioria dos leitores já viram resenhas de críticos conhecidos cujo trabalho termina envenenado por preconceitos pessoais.

E embora a remoção ou, mais precisamente, a redistribuição das tarefas de avaliação deva provavelmente diluir os padrões críticos, também pode liberar o crítico para que se dedique a tarefas mais sérias, que talvez influenciem a cultura. Ao abandonar a cultura da opinião e realizar análise mais profunda, o crítico irá desempenhar sua função primordial: localizar obras importantes que nem sempre ficam visíveis em meio às correntes dominantes.

Tradução de PAULO MIGLIACCI

 

TECNOLOGIA
Maria Clara Cabral e Larissa Guimarães

Impasse barra venda de jogos para iPad

Um impasse entre a Apple e o governo brasileiro impede que os usuários de iPad no país tenham acesso a jogos populares, como Fifa Soccer e SimCity.

O Ministério da Justiça cobra da Apple a classificação etária dos aplicativos -por lei, todos os jogos precisam ser avaliados no Brasil.

Até agora, a empresa se recusou a seguir a norma. Nas lojas virtuais de outros países, a Apple usa um sistema de classificação próprio.

Na App Store (loja virtual de aplicativos) brasileira isso não é permitido, o que reduz a oferta de conteúdo.

Davi Pires, responsável pela área de classificação no Ministério, diz que há diferença entre o sistema usado pela Apple e a norma do país e que, por isso, o ‘governo está de mãos atadas’.

‘Eles não estão dispostos a se adaptar. Nós gostaríamos muito, mas não está por nossa conta’, afirma.

Segundo Pires, a Apple alega que têm dificuldade em exibir os símbolos brasileiros de classificação. A empresa e o governo já se reuniram, mas o impasse persiste.

O diretor diz que mais jogos devem passar por classificação neste ano. Atualmente, das 10 mil obras avaliadas pelo ministério, cerca de 10% são jogos.

A equipe que avalia jogos só conta com cinco profissionais, mas o analista de classificação Rafael Vilela diz que será possível atender o aumento da demanda.

ESTRATÉGIA

Para tentar contornar a situação, alguns usuários brasileiros têm recorrido a estratégias como comprar os jogos pela App Store da Argentina ou dos Estados Unidos.

Leandro Mingrone, 28, analista de projetos de uma empresa de tecnologia, recorreu ao endereço e ao número do cartão de crédito de um amigo que mora no exterior. Agora ele faz suas compras usando uma espécie de cartão pré-pago virtual.

‘Tenho iPad e iPhone e compro quatro ou cinco aplicativos por mês, a maioria jogos. E nenhum deles pode ser considerado violento, por isso não concordo com essa burocracia’, afirma.

A assessoria de imprensa da Apple disse que a empresa não iria comentar o assunto.

 

TELEVISÃO
Álvaro Fagundes

Temporada final de ‘Big Love’ leva segredos a público

Os Henricksons, a família polígama de ‘Big Love’, finalmente vieram a público no final da quarta temporada -e chegou a hora de pagarem o preço da exposição.

O quinto -e último- ano, que estreia amanhã no Brasil, começa no deserto de Utah. Porém essa será a única oportunidade que a família terá para fugir da rejeição.

Para quem não se lembra, Bill Henrickson (Bill Paxton) foi eleito senador pelo Estado de Utah. Depois que as urnas foram fechadas e os votos, contados, ele decidiu avisar aos eleitores que tinha três mulheres -cada uma delas com três filhos.

O que antes era conhecido quase que só pelo círculo mórmon mais próximo deles, agora não é mais novidade para ninguém -e as equipes de TV estão sempre atrás para contar a história.

Mais que eleitores insatisfeitos, no início desta temporada Bill tem de enfrentar as críticas dos seus empregados na loja de departamentos e dos colegas de Senado, que não estão nada contentes com sua presença, ‘manchando a imagem’ da Casa. Já as esposas Barb (Jeanne Tripplehorn), Nicki (Chloë Sevigny) e Margene (Ginnifer Goodwin) enfrentam seus demônios mantendo o humor característico da série. Barb, a mais centrada das três, apela para a bebida.

Margene perde seu lucrativo emprego na televisão, e Nicki fica aterrorizando as crianças que fazem ‘bullying’ com seus filhos na escola.

O dinheiro também deverá ser um tema de destaque nessa nova temporada, já que Margene agora está desempregada, a loja perdeu clientes, e o acordo de Bill para abrir um cassino foi encerrado. A recessão, portanto, não deve demorar para bater às portas das três casas da família suburbana. A última temporada de

‘Big Love’ estreou em baixa na TV americana. Enfrentando a concorrência do Globo de Ouro (que passava no mesmo horário), a reestreia da série teve 1,2 milhão de telespectadores na semana passada, 500 mil a menos que o início da anterior -chamada de ‘horrível’ por Sevigny, que, como costuma ocorrer nesses casos, não demorou para se retratar.

NA TV

Big Love

Estreia da quinta temporada

QUANDO dom., às 22h10, na HBO

CLASSIFICAÇÃO não informada

 

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