ELEIÇÃO
Governo duplica gasto com publicidade
O governo federal turbinou seus gastos publicitários nos meses anteriores à disputa presidencial de 2010.
A média mensal dos valores pagos entre janeiro e junho de 2010 dobrou, em comparação com a média do mesmo período de 2009, 2008 e 2007.
A curva suscita dúvida sobre desobediência à Lei Eleitoral. O texto legal exige que a despesa com propaganda oficial no período da pré-campanha, no ano eleitoral, não ultrapasse a ‘média dos três anos anteriores’.
A redação da lei é dúbia, o que permite ao governo dizer que a média citada é a anual, não a semestral. Assim, o governo diz que cumprirá a média anual, ao final de 2010.
O incremento do gasto publicitário no primeiro semestre é uma manobra do governo para fazer frente às restrições do ano eleitoral.
A partir de hoje e até o final das eleições está vetada, salvo exceções, a publicidade da administração direta (ministérios e Presidência).
Com os possíveis candidatos impedidos de fazer campanha antes de julho, a máquina da propaganda federal invadiu os veículos de comunicação na pré-campanha.
Entre janeiro e 23 de junho último, o governo, sem contar as estatais, desembolsou R$ 146 milhões, uma média mensal de R$ 24,3 milhões.
Nos primeiros semestres dos três anteriores, a média foi de R$ 12,31 milhões, em valores corrigidos pelo IPCA.
A parte das peças publicitárias sob responsabilidade direta da Presidência custou R$ 61,6 milhões nos seis primeiros meses, média de R$ 10,2 milhões mensais -nos três anos anteriores ela foi de R$ 4,57 milhões.
No primeiro semestre de 2006, ano em que o presidente Lula foi reeleito, a administração direta gastou R$ 121 milhões, já corrigidos, valor 17% inferior ao de 2010.
O levantamento feito pela Folha foi comparado com outro feito pela liderança do DEM no Senado, ambos com base no Siafi, o sistema de acompanhamento de gastos do governo.
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) não é conclusivo sobre a questão da média de gastos -se anual ou mensal- referida pela Lei Eleitoral (nº 9.504/97).
Em resposta a uma consulta da Folha, o tribunal respondeu: ‘Não encontramos julgado que definisse o conceito ‘média de gastos’ ou explicitasse a forma de cálculo de tal média’.
Ao analisar dois processos semelhantes no passado, ministros tomaram decisões opostas. Em um dos casos, foi cancelada a multa que havia sido aplicada a um candidato. Em outro, a punição foi mantida.
Segundo a assessoria do TSE, o tribunal poderá ter que examinar novamente a questão da média.
GOVERNO
Governo decide levar adiante propostas sobre setor de mídia
O governo decidiu dar um encaminhamento às propostas aprovadas pela Confecom (Conferência Nacional de Comunicação), realizada em dezembro do ano passado.
Muitas das 633 sugestões desse encontro patrocinado pela administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva visam a regular o funcionamento dos meio de comunicação. A ideia do Planalto é enviar até o final do ano ao Congresso projetos para viabilizar algumas das medidas aprovadas na Confecom.
O assunto foi discutido em reunião com Lula conduzida pelo ministro Franklin Martins (Secretaria de Comunicação Social), segunda-feira.
Após a Copa do Mundo deve ser editado um decreto para formar um grupo de trabalho interministerial que será responsável por definir quais propostas serão incorporadas pelo governo e redigir os projetos que dependem de mudança na legislação.
Há cinco eixos principais: marco regulatório da internet; direitos autorais; legislação geral para a comunicação pública; regulamentação do artigo 221 da Constituição pelo qual as TVs devem priorizar conteúdo nacional e o marco regulatório para o setor de comunicação.
A Confecom contou com a participação do governo e da sociedade civil. As principais entidades representativas das empresas de mídia no Brasil não participaram por considerar que muitas das teses defendidas pelas entidades sociais, em maioria no evento, eram restritivas à liberdade de expressão e de livre associação empresarial.
Havia propostas como a criação de um ‘tribunal de mídia’ e a criação de punições para jornalistas ‘que excluam a sociedade civil e o governo da verdadeira expressão da verdade’.
A Confecom não é deliberativa, por isso depende do governo ou do Congresso para que as propostas aprovadas se viabilizem. A Folha apurou que não há determinação do governo para que todas as ideias sejam colocadas em prática.
COPA
Felipe Melo, Jagger e Dunga são campeões no Twitter e no Face
Felipe Melo, que fez o primeiro tempo no game Fifa 2010 e o segundo no Mortal Kombat, estourou no Twitter, com o complemento ‘FDP’ -também usado para o líder dos Stones. ‘Tira o Mick Jagger!’, pediram no Facebook, quando ficou feio.
Já Dunga virou DUNGA BURRO no miniblog. Apareceu abatido na coletiva. Vai no analista de Bagé, tchê!
Rouquíssimo, Galvão Bueno, nosso inenarrável narrador, tentou até culpar as vuvuzelas pela falha de Júlio César. Elas não deixariam os jogadores ouvir direito dentro de campo! #calaboca.
Já no Sportv, Rizek, que subestimara a Holanda na véspera, estava chocho.
Juca Kfouri falou tudo ao dizer na CBN que não lamentaria Copa perdida por time que não joga futebol brasileiro. Como pediu a publicidade, foram guerreiros, que esqueceram de ser craques. :((
Fica para o Maraca. #arg
TV
Aos 23 anos, brasileiro faz sucesso no YouTube
Toda vez que MysteryGuitarMan põe um vídeo no YouTube, mais de 1 milhão de pessoas são avisadas automaticamente. Mas não há mistério: o ‘guitarrista misterioso’ é o brasileiro Joe Penna, 23, desde os 12 nos EUA.
O ex-estudante de medicina é o diretor, editor, ator e músico -toca violão, gaita, guitarra e, claro, a vuvuzela- dos vídeos que compõem o 11º canal mais assinado por usuários do YouTube em todo o mundo.
Os filmes ultracoloridos, com edição ágil, música, caretas e efeitos exclusivos do YouTube já foram reproduzidos 92,7 milhões de vezes.
A maior parte da audiência é norte-americana; os brasileiros estão em segundo, ‘mas gente do mundo inteiro vê’, faz questão de dizer. Narra, canta (e faz barulhos) quase sempre em inglês, mas coloca legendas em português.
Ele se cadastrou no site em 2006. ‘No início, eu colocava só vídeos bobos’, contou à Folha por telefone, de Los Angeles, onde mora.
‘Comecei porque eu gostava de fazer filmes. Era assistente de direção em comerciais locais em Boston, fui aprendendo edição’, diz.
PASSOU A CRISE
Mas veio a recessão econômica de 2008 e, recorda-se, ‘acabaram as oportunidades’ nesse mercado.
Penna queria continuar com os filmes. ‘Mudei para Los Angeles e fui fazer YouTube em tempo integral, para ganhar dinheiro.’
Ele não diz quanto recebe do Google, proprietário do YouTube, pelos comerciais exibidos com seus filmes. Mas afirma que, depois de ‘quase quatro anos sem fazer nem sequer um centavo’, hoje recebe o suficiente para pagar ‘o carro, a casa, tudo o que eu preciso’.
O sucesso que o faz ser reconhecido ‘com frequência, especialmente por crianças’ nas ruas de Los Angeles ajudou o diretor a expandir as fontes de lucro.
Vende camisetas com desenhos que os próprios fãs mandam para ele (envia uma de graça para o desenhista do trabalho eleito), adesivos e até aplicativos para o iPhone e para o Facebook com a grife MysteryGuitarMan.
Ainda assim, faz questão de divulgar seu trabalho no Twitter, no Facebook, no Orkut, para os amigos.
Mas o segredo da popularidade, diz, é a regularidade e a disciplina que dedica à sua produção.
Coloca dois clipes por semana no ar e demora até 16 horas para editar filmetes que, não raro, duram um ou dois minutos.
INTERNET
Um mês depois da data prevista inicialmente, o jornal britânico ‘The Times’ começou ontem a cobrar pelo seu conteúdo on-line.
Agora, somente assinantes terão acesso ao material do ‘Times’ e também da sua versão dominical, o ‘Sunday Times’. A assinatura diária custa US$ 2, e a semanal sai por US$ 4.
Os jornais, ambos da News Corp., do bilionário Rupert Murdoch (dono ainda do ‘Wall Street Journal’ e da Fox), são os primeiros a fechar totalmente o conteúdo.
Outros jornais do grupo, como ‘The Sun’ e ‘News of the World’, logo vão adotar o mesmo caminho. Com isso, ele pretende interromper a queda na circulação e na receita com publicidade.
O ‘Wall Street Journal’ e o ‘Financial Times’, que são considerados os modelos mais bem-sucedidos de cobrança por conteúdo na web, liberam parte do seu material para não assinantes.
O ‘New York Times’, que já afirmou que também vai cobrar a partir do ano que vem, sinalizou que deve adotar o mesmo modelo.
Murdoch defende que, ‘assim como não há almoço grátis, não há notícia grátis’.
Para o bilionário, os sites agregadores de notícias (como o Google News) deveriam pagar para usar o conteúdo dos jornais.
Google compra empresa de dados de viagens aéreas
O Google vai entrar com mais força no segmento de informações turísticas com a compra da empresa norte-americana ITA por US$ 700 milhões.
A companhia organiza dados como horários, preços e disponibilidade de voos e já foi alvo de ofertas por outras concorrentes. Com a compra, o Google quer tornar as informações mais fáceis de achar para quem usa seu site de buscas.
Finlândia torna internet banda larga um direito básico
O governo do país decretou que ‘todo finlandês terá o direito à conexão de 1 Mbps [megabit por segundo]’. Cerca de 96% da população já tem acesso à internet e só 4.000 residências terão que receber o serviço para a meta ser atingida.
Segundo a ONU, a internet na Finlândia é uma das mais rápidas no mundo e o governo promete que até 2015 todos terão conexão de 100 Mbps.
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Folha de S. Paulo