ELEIÇÕES 2010
Petistas comemoram o resultado da pesquisa Datafolha, mas adotam discurso moderado para evitar o ‘salto alto’. Os tucanos, por sua vez, atribuem a vantagem de Dilma Rousseff (PT) ao fato de que sua entrevista no ‘Jornal Nacional’, da Rede Globo, foi feita antes, e, portanto, teve mais repercussão.
O presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, disse que o resultado estava dentro das projeções do partido, mas a campanha na TV, que começa na terça-feira, ainda será decisiva. ‘O resultado serve para animar a militância, não para estimular a irracionalidade. A ordem é calçar mocassim’, afirmou.
O presidente nacional do PSDB e coordenador da campanha de José Serra, Sérgio Guerra, apostou na recuperação de seu candidato, que segundo ele, já deve ter ganhado pontos após a participação no ‘JN’.
A tese dele é que o Datafolha pegou o reflexo da participação da Dilma no telejornal da Globo, mas não a de Serra, que foi entrevistado na quarta-feira. ‘Não dá para imaginar que uma pessoa fala 12 minutos seguidos para 70 milhões de pessoas numa eleição fria e isso não contamine o eleitorado’, afirmou.
Metade do campo do Datafolha foi realizado na quinta-feira. A pesquisa cobriu o efeito das três entrevistas no ‘JN’. ‘Analisando os resultados do campo feito até quarta e só na quinta, não há diferença no resultado’, disse o diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino.
O deputado José Eduardo Cardozo, um dos coordenadores da campanha de Dilma, disse que o resultado é ‘expressivo’, mas ainda há ‘muito chão’.
‘Se houvesse um Datafolha daqui a dez dias, o resultado naturalmente seria outro’, aposta.
O presidente nacional do DEM, Rodrigo Maia, que tem trocado farpas com Serra recentemente, disse que, até o início do horário eleitoral, ‘o jogo está muito desequilibrado, porque o governo conta com uma estrutura de ONGs e sindicatos’. Ele disse acreditar que o tucano vai ultrapassar Dilma até o início de setembro.
O tucano Alvaro Dias repete o argumento de Guerra, mas cobra mais ‘atitude’ da oposição. ‘Temos de buscar fatos novos, sacudir essa campanha com uma ação afirmativa e veemente’.
ANTITERROR
DA ASSOCIATED PRESS – O governo da Índia planeja proibir o uso de aparelhos celulares BlackBerry. Com a proximidade dos Jogos da Comunidade Britânica, marcados para ocorrer em outubro, em Nova Déli, o país iniciou uma grande revisão na segurança das suas telecomunicações.
Celulares e satélites foram usados em 2008 pelos terroristas que atacaram e mataram 166 pessoas em Mumbai.
Fontes próximas da revisão dizem que o passo seguinte do governo será pedir para Google e Skype maior acesso aos seus dados secretos, já que analistas consideram esse tipo de tecnologia, anônima, mais arriscada que a dos ‘smartphones’, cuja habilitação exige documentação.
INTERNET
Europa abre debate sobre regulação dos serviços da internet
A Comissão Europeia espera concluir até o final do mês que vem uma consulta pública para definir se é preciso alterar a regulação dos serviços de internet nos países do continente.
O que está em jogo é a chamada neutralidade da internet -consumidores serem tratados da mesma maneira independentemente do conteúdo que acessam e da quantidade de acessos.
Há quatro pontos básicos: 1- Telefônicas e provedores de banda larga podem cobrar do consumidor baseado no uso que ele faz da internet? Exemplo: aqueles que congestionam a rede com muitos downloads pagariam mais.
2- Essas empresas podem cobrar dos provedores de conteúdo para que eles sejam acessados mais rapidamente pelo usuário? Exemplo: o Google pagaria para a dona de uma rede se quiser que seu serviço de busca seja acessado mais rapidamente que o Bing, da Microsoft.
3- Operadoras de celular podem continuar a bloquear o uso de serviços de voz -como o Skipe- pela internet?
4- O acesso à internet por meio de um celular deve ter uma regulamentação diferente da aplicada à banda larga via cabo?
Há argumentos dos dois lados. Empresas de telefonia dizem que, se não cobrarem mais dos ‘heavy users’ (pessoas que baixam conteúdo pesado o dia todo) ou reduzirem a velocidade de seus acessos, todos os usuários terão um serviço ruim devido ao congestionamento.
Já os defensores da neutralidade dizem que cobrar baseado no conteúdo acessado é um passo para o controle do acesso, seja por razões comerciais ou políticas.
EUA
A mesma discussão acontece nos EUA. Na última segunda-feira, o Google e a Verizon (grupo de telecomunicações) divulgaram uma proposta conjunta de como a internet deve ser regulada no país.
Basicamente, defendem que os operadores de rede possam cobrar por serviços que usam conexão de maior qualidade, como vídeos 3D, e que a neutralidade da rede não valha para a internet via telefonia celular.
UOL eleva lucro em 31% com maior receita de publicidade
Maior portal da internet brasileira, o UOL -empresa controlada pelo Grupo Folha- terminou o segundo trimestre com lucro líquido de R$ 31,1 milhões -aumento de 31% ante o mesmo período de 2009.
De acordo com o UOL, o aumento do lucro se deve especialmente ao forte crescimento da publicidade on-line, que se soma às assinaturas como principal fonte de receita do portal.
Pela primeira vez, a receita com publicidade e serviços correlatos atingiu 52% dos ganhos, ultrapassando as receitas com assinaturas, segundo Miguel Longo, diretor financeiro do portal.
No período, o portal teve receita de publicidade de R$ 140,2 milhões, volume 43% maior do que no segundo trimestre do ano passado.
Já a receita com assinaturas permaneceu estável -passou de R$ 129,7 milhões para R$ 129,3 milhões no período-, refletindo, segundo Longo, a aprovação da qualidade do conteúdo pelos internautas.
O número de assinantes em banda larga, segmento que mais cresce, chegou a 1,3 milhão em junho -3,2% superior a junho de 2009. A banda larga já representa 76% da base de assinantes.
Para Longo, o crescimento da publicidade reflete o bom momento econômico e eventos sazonais, como a Copa.
‘A qualidade de conteúdo torna as nossas páginas disponíveis, nos mais diversos canais, uma alternativa atrativa para os anunciantes dos mais diversos segmentos da economia’, disse.
O UOL encerrou junho atingindo 20,6 milhões de internautas domiciliares, medidos pelo conceito de visitantes únicos (que passaram duas vezes pelo site em um mês), público 17% maior que em junho do ano passado. Somando os internautas que acessam do trabalho, esse número salta a 29,7 milhões.
TECNOLOGIA
De acordo com o jornal californiano, a News Corp. pretende lançar uma publicação digital que vai ser vendida exclusivamente para tablets e smartphones.
A publicação deve, além de contratar jornalistas, usar conteúdo dos jornais do grupo de Murdoch (como o ‘New York Post’, o ‘Wall Street Journal’ e o ‘Times’, além da agência Dow Jones), mas o material será adaptado para o seu público-alvo e para os aparelhos.
As reportagens serão curtas e provocativas, segundo o ‘Los Angeles Times’.
Ainda não há uma data para o lançamento do aplicativo, mas se cogita que o jornal comece a ser vendido até o final deste ano. O preço também ainda não foi definido.
Camila Fusco
Saraiva entra no mercado de ‘ebooks’
Dois meses depois de lançar sua loja on-line de livros eletrônicos, a Saraiva, maior rede de livrarias do país, inicia a venda de leitores digitais a partir da próxima segunda-feira (16).
A companhia começa a distribuir os leitores coreanos iRiver pelo site. Com capacidade para 1.500 livros, funções de gravador de voz e reprodutor de músicas, o aparelho custará R$ 1.099.
‘Este é o primeiro aparelho da série de leitores digitais que pretendemos oferecer. Imaginamos ter, até o fim do ano, também o iPad, da Apple’, diz Marcílio Pousada, presidente da Livraria. O aparelho da Apple, porém, não tem data confirmada para chegar ao país.
Até o fim de agosto, a Saraiva também venderá o Alfa, da brasileira Positivo. O Alfa custará cerca de R$ 700. Em complemento às vendas pela internet, as lojas físicas da rede receberão os modelos nos próximos meses.
Também na próxima semana, a Saraiva atualiza sua loja de livros on-line. Inaugurada em junho, a loja até agora oferecia livros para serem lidos no computador. Até agora foram 12 mil títulos distribuídos. Deles, 8 mil foram obras gratuitas, fruto de parceria com a Imprensa Oficial.
O volume ainda é pequeno, mas marca o início da tendência. ‘Os leitores atuais são deficientes em conectividade e não têm loja embarcada, o que seria o ideal’, diz.
AMADURECIMENTO
Existem hoje cerca de 1.500 títulos nacionais em versão eletrônica, ante os 46 mil exemplares em papel editados no ano passado.
É igualmente pequena a base de leitores digitais. São 10 mil unidades, frente a 2,9 milhões nos EUA.
A entrada da Saraiva na venda destes aparelhos, ao lado de outras iniciativas recentes de Fnac, Livraria Cultura, editoras e fabricantes, devem contribuir para o crescimento do mercado.
O fenômeno pode não ser integrado como nos EUA, onde a Amazon, tradicional varejista on-line, fomentou a criação de um ecossistema completo, da distribuição do leitor Kindle até a entrega dos livros eletrônicos.
‘Iniciativas pontuais, porém, tendem a fazer o mercado crescer naturalmente, já que com mais leitores, mais conteúdo pode ser gerado, o que ficará mais interessante para o consumidor’, diz Duda Ernanny, da livraria Gato Sabido, que trouxe oficialmente o primeiro leitor digital ao país, em dezembro.
Hoje, além do Cool-er, Positivo, e a pernambucana Mix Tecnologia já investem nas vendas do aparelho.
Do lado das editoras, um avanço expressivo veio em junho, com a criação da Distribuidora de Livros Digitais (DLD), reunindo as editoras Objetiva, Record, Sextante, Intrínseca, Rocco e Planeta. A intenção é investir R$ 2 milhões até o fim de 2011.
CONTEÚDO DIFERENTE
Entre os autores não há unanimidade, mas, para alguns, os leitores digitais são o trunfo para conquistar os jovens. Segundo o gaúcho Moacyr Scliar, 73, com obras à venda na Amazon, recursos multimídia como os do iPad darão vazão a outros tipos de conteúdo. ‘O livro deixará de ser só texto, embora sua beleza continue nas palavras’, resume.
PayPal negocia para se integrar ao Android
Empresa discute com o Google para que o seu serviço de pagamento on-line seja integrado ao sistema de celulares, diz a Bloomberg. Caso confirmado, os donos de telefones com Android terão outra alternativa para adquirir aplicativos, além de cartão de crédito e o serviço Google Checkout.
TELEVISÃO
Sindicatos lançam ‘Salve a TV Cultura’
As diretorias dos sindicatos dos jornalistas e dos radialistas de SP lançaram na quinta à noite, em reunião de que participaram cem pessoas, o movimento ‘Salve a Rádio e a TV Cultura’.
É a primeira tentativa de reação às mudanças que João Sayad, presidente da Fundação Padre Anchieta (mantenedora da Cultura), pretende implantar. Sayad já anunciou o término do programa ‘Manos e Minas’ e do ‘Login’, focados em jovens.
Para a diretora do sindicato dos jornalistas, Rose Nogueira, o movimento ‘não visa apenas defender o emprego dos funcionários da emissora, ameaçados de demissão em massa, mas também defender um patrimônio cultural do povo paulista’.
Sayad assegurou anteontem a representantes dos radialistas e dos jornalistas que não tem a intenção de demitir 1.400 funcionários, como chegou a ser veiculado.
Segundo o presidente da Fundação Padre Anchieta, as dispensas devem atingir no máximo 450 trabalhadores responsáveis pela realização de programas que a Cultura prepara para veiculação na TV Justiça e TV Assembleia, entre outros -e que não serão mais produzidos pela emissora.
Aos sindicalistas, Sayad disse que essas demissões devem acontecer até dezembro deste ano.
‘Nós, funcionários da Cultura, não somos os responsáveis pelo caos financeiro a que os 16 anos de gestão tucana levaram a fundação’, disse uma jornalista da emissora. Ela atuava no programa ‘Manos e Minas’.
‘Temos que discutir o que deve ser uma TV pública. O Sayad já disse que quer fechar várias unidades de produção de programas e passar a comprar conteúdos de produtoras independentes. Para isso não é preciso uma TV Cultura. Basta uma antena’, disse o presidente do sindicato dos jornalistas, José Augusto de Oliveira Camargo.
Matarazzo chama a TV Cultura de ‘ficção’ porque ‘ninguém assiste’
Andrea Matarazzo, secretário da Cultura de São Paulo, chamou a TV Cultura de ‘ficção’, uma emissora a que ‘ninguém assiste’, nem os seus próprios conselheiros. A emissora é administrada pela Fundação Padre Anchieta e recebe dinheiro do Estado de São Paulo por meio da Secretaria da Cultura.
As críticas de Matarazzo foram publicadas pelo site ‘Poder Online’.
‘São R$ 80 milhões [repasse do Estado para a emissora] para quê? Pagar conselheiros? Aqueles conselheiros nem assistem à TV Cultura’, disse, de acordo com o site.
Matarazzo criticou Jorge da Cunha Lima, hoje vice-presidente do conselho da Fundação Padre Anchieta, que ocupou a presidência da Cultura por nove anos.
Em reportagem publicada pela Folha na quarta-feira, Cunha Lima afirmou que as mudanças anunciadas pelo novo presidente da Cultura, João Sayad (como a contratação de veteranos como Marília Gabriela, Maria Cristina Poli e Alexandre Machado) podem colocar a emissora ‘na metade do século 19’.
‘Quem colocou a TV Cultura no século 19 foi ele, que é vice-presidente do conselho e membro vitalício’, disse Matarazzo, segundo o site.
À Folha, Cunha Lima afirmou ontem que ‘ficção científica’ é a afirmação de Matarazzo de que os conselheiros recebem salário. Só o presidente do conselho recebe salário, remuneração inaugurada quando Cunha Lima passou a ocupar o cargo.
Em seu blog, Cunha Lima disse que elogiou a contratação de Marília Gabriela e de Alexandre Machado no conselho. Afirmou também que a ‘TV Cultura não é uma ficção’ ou ‘o caos que se deseja vender’ e ‘ainda é a melhor televisão pública do Brasil’.
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