Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Folha de S. Paulo

IMPRENSA E POLÍTICA

PT critica tom ‘conservador incrustado’ em mídia

Em resolução aprovada ontem em reunião do Diretório Nacional, o PT voltou a criticar a mídia afirmando ser preciso debater o ‘conservadorismo que se incrustou em setores da sociedade e dos meios de comunicação’.

No segundo turno das eleições, questões como a descriminalização do aborto e a união estável entre homossexuais deram um tom conservador ao debate entre os então candidatos Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB).

O documento aprovado ontem aponta que é urgente a necessidade de uma reforma política e a democratização da comunicação no país.

Parte do texto ameniza os ataques ao estabelecer que as discussões precisam ser realizadas em um ambiente que respeite a liberdade de imprensa e de expressão.

‘No plano interno, está colocada a urgência da reforma político-institucional e da democratização da comunicação’, afirma a resolução.

Na avaliação do partido, as duas medidas ‘são importantes para superar o descrédito de amplos setores de nossa sociedade para com partidos e instituições’.

A proposta do PT reforça o conteúdo de um projeto defendido pelo ministro Franklin Martins que estabeleceria novas regras para o setor de mídia digital no país.

A ideia é criar uma agência para controlar o conteúdo divulgado por meios de comunicação digital, proposta criticada pela ANJ (Associação Nacional de Jornais) e pela Abert (Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão).

Ao longo da campanha, Dilma foi cobrada pelo texto aprovado no Congresso do partido, em fevereiro, e que propunha o controle social da mídia. Em seu discurso da vitória, ela disse que vai zelar pela ampla e irrestrita liberdade de imprensa.

A democratização da comunicação é vista no documento do PT como um dos grandes desafios do país, outros são a eliminação da pobreza e ‘as incertezas econômicas internacionais’ como a guerra cambial.

ESTATUTO

O partido formou uma comissão, coordenada pelo deputado Ricardo Berzoini para estabelecer um calendário de discussões para um novo estatuto até a realização de nova convenção, em 2010.

Um outro grupo, coordenado pelo presidente do PT, José Eduardo Dutra, centralizará as demandas das tendências internas do partido nos Estados e seus diversos setores no novo governo.

Segundo Dutra, as demandas não são só para ocupar ministérios, mas inclui outros cargos federais -processo que se estenderá ao longo dos próximos meses.

 

PRÊMIO

Rodrigo Rötzsch

Folha conquista duas categorias que disputou no 55º Prêmio Esso

A Folha conquistou as duas categorias em que concorria no 55º Prêmio Esso de Jornalismo, o mais tradicional do país, ambas com reportagens do jornalista Leonardo Souza, da Sucursal de Brasília, que é o quarto na história a ter dois trabalhos premiados na mesma edição.

O jornal também foi o único veículo a ser premiado em mais de uma categoria.

Souza ganhou na categoria Reportagem com ‘Dossiê traz dados sigilosos da Receita contra tucanos’.

A reportagem, publicada em 12 de junho deste ano, revelou que documentos fiscais sigilosos do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira, circularam entre pessoas ligadas à chamada ‘equipe de inteligência’ da pré-campanha da então candidata Dilma Rousseff (PT), eleita presidente.

Na categoria Informação Econômica, Souza teve premiada a reportagem ‘Sem caixa, governo segura restituições’. Publicado em 8 de outubro de 2009, o texto revelou que para compensar perdas de arrecadação, o governo retinha R$ 3 bilhões do Imposto de Renda que deveria ser restituído a contribuintes pessoas físicas.

O Prêmio Esso de Jornalismo foi concedido à série de reportagens ‘Diários Secretos’, dos jornalistas Katia Brembatti, Karlos Kohlbach, James Alberti e Gabriel Tabatcheik, da ‘Gazeta do Povo’, do Paraná, que revelou esquema de contratação de funcionários fantasmas e desvios de verbas estimadas em R$ 100 milhões na Assembleia Legislativa do PR.

 

LIBERDADE DE IMPRENSA

Gabriela Manzini

Jornais do México omitem 90% dos crimes

Só 1 em cada 10 crimes relacionados ao narcotráfico que acontecem no México chegam às páginas dos jornais. É o que conclui um levantamento realizado pela Fundação Mepi de Jornalismo Investigativo.

O levantamento pretende comprovar que o chamado ‘narcossilêncio’, a autocensura que é imposta à mídia mexicana pelo crime organizado por meio de ameaças, sequestros e assassinatos, não retrata casos isolados, mas sim a situação do país.

‘O poder do narco se espalhou nos últimos anos como um câncer’, afirma o documento. ‘Em seu avanço, de cidade em cidade, os cartéis criaram buracos negros de informação, forçando os jornalistas ao silêncio.’

O levantamento foi realizado durante o primeiro semestre deste ano com os jornais ‘El Noroeste’, de Culiacán, ‘El Norte’, de Monterrey, ‘El Dictamen’, de Veracruz, ‘Mural’, de Guadalajara, ‘Pulso’, de San Luis Potosí, ‘El Mañana’, de Nuevo Laredo, ‘Milenio’, de Hidalgo, ‘El Diario de Morelos’, de circulação nacional, e ‘Norte’, de Ciudad Juárez.

Os pesquisadores compararam o número de reportagens contendo palavras-chave ligadas ao crime organizado com o de assassinatos ocorridos na região.

Também foram entrevistados diversos profissionais do setor. A maioria, descreve a Mepi, admite não publicar toda a informação que recebe e ‘confessa enfrentar uma escolha difícil entre a ética e a segurança pessoal’.

Em Ciudad Juárez, fronteiriça com os EUA e a mais violenta do país, traficantes dos dois cartéis que duelam pelo controle da área -Juárez e Sinaloa- assassinaram 300 ao mês, no período pesquisado, mas só figuravam em 30 reportagens por mês.

TAMAULIPAS

Conforme a pesquisa, o Estado de Tamaulipas é aquele em que a ‘narcocensura’ se instalou mais cedo e de maneira mais profunda.

Lá, data de 1986 o primeiro caso de um jornalista assassinado depois de publicar informações que contrariaram criminosos. Era Norma Moreno Figueroa, 24, colunista do ‘El Popular’, morta a tiros na porta do jornal.

Seu ‘crime’, diziam seus colegas à época, foi publicar uma coluna sobre o prefeito Jesús Roberto Guerra Velasco, parente de Juan Nepomuceno Guerra, fundador do poderoso cartel do Golfo.

No primeiro semestre deste ano, um dos jornais locais, o ‘El Mañana’, publicou, a cada mês, até cinco textos que mencionavam o narcotráfico e nenhum sobre assassinatos. Entretanto, no mesmo período, morreram em média três por dia.

CARTÉIS

Não por acaso uma das conclusões apresentadas na pesquisa da Mepi é a de que os territórios onde o crime é dominado pelo cartel do Golfo e o dos Zetas são os mais silenciosos. Os grupos estão ‘em guerra’, sendo os Zetas uma dissidência do Golfo formada por homens egressos do Exército.

De acordo com o levantamento, nesses territórios, a taxa máxima de divulgação de crimes é de 5%.

Oito jornalistas que atuam naquele Estado contaram à Mepi que são intimados com frequência pelo tráfico para receber orientações sobre o que será publicado. A primeira regra, relata a Mepi, é nunca expor os chefes do crime.

 

TECNOLOGIA

Folha lança novo aplicativo para iPad

A Folha lança hoje seu novo aplicativo para iPad. Com ele, o internauta poderá acompanhar na íntegra as notícias do jornal impresso, assim como as últimas notícias da Folha.com, atualizadas 24 horas por dia.

O programa pode ser baixado na App Store (pelo aparelho ou em folha.com.br/103233). Inicialmente, no período de ‘degustação’, o conteúdo será gratuito.

O aplicativo foi concebido exclusivamente para navegação no tablet da Apple, que ainda não chegou oficialmente ao Brasil. Permite de forma simples e intuitiva ler as notícias por editoria ou as mais recentes da Folha.com. Desde 22 de maio, a Folha disponibiliza no iPad sua edição completa em fac-símile, com acesso pelo navegador Safari, no endereço edicaodigital.folha.com.br.

Com desenho do editor de arte da equipe de novas mídias da Folha.com, Marcelo Katsuki, o programa foi concebido para criar uma experiência de leitura única, adequando o conteúdo do jornal impresso e da Folha.com para o aparelho. Uma equipe especializada de jornalistas cuidará da edição diária, exclusiva para o iPad, a partir do conteúdo do jornal impresso, disponibilizado na íntegra, com leitura em texto ou fac-símile, exatamente como foi publicado no papel.

A edição será atualizada ao longo do dia, sempre que necessário. Com isso, o leitor do jornal poderá acompanhar em um único lugar o noticiário publicado, suas atualizações e também as últimas notícias da Folha.com.

O software traz ainda a Rádio Folha, que tem cinco programações musicais, intercaladas com boletins noticiosos produzidos pelos jornalistas e colunistas da Folha. O usuário pode ouvir música ao mesmo tempo em que lê as notícias.

Uma galeria reúne as fotos publicadas no jornal, além de material adicional. O aplicativo está preparado para exibir vídeos da Folha em formato compatível com a linguagem do iPad.

Anteontem, a Folha lançou seu aplicativo para o sistema Android 2.2 (froyo). É o primeiro jornal a ter ferramenta desenvolvida exclusivamente para esse sistema operacional. Com isso, o jornal também está presente no Galaxy Tab, da Samsung, tablet concorrente do iPad que começou a ser vendido ontem pelas operadoras TIM, Claro e Vivo.

O conteúdo também está disponível em aplicativo para iPhone e iPod e em uma página exclusiva editada no Facebook, no endereço facebook.com/folhadesp.

‘O sucesso das aplicações para novas mídias depende de dois fatores: um programa com navegação simples e uma edição especial, que respeite as características do meio. Ao final, o papel do editor é o que vai tornar o conteúdo especial’, afirma Ana Lucia Busch, 44, diretora-executiva da Folha.com, responsável pelo grupo de desenvolvimento de novas mídias.

 

‘The Economist’ também investe em conteúdo para iPad

A revista britânica ‘The Economist’ lançou seu aplicativo gratuito para iPhone, iPad e iPod Touch.

Quem já é assinante da publicação (seja da versão impressa, seja da on-line) tem acesso gratuito ao conteúdo nos aparelhos da Apple.

Além disso, o material da revista britânica terá uma versão em áudio.

Os não assinantes podem baixar o aplicativo gratuitamente e recebem uma seleção de artigos feita pela editor da ‘Economist’.

A assinatura anual da versão digital da ‘Economist’ custa US$ 110 (cerca de R$ 190) para quem mora no Brasil -os valores não são iguais para todos os países. Já assinatura da revista impressa (que inclui também o acesso aos artigos na internet) por 51 semanas é vendida por US$ 280 (R$ 480).

 

CASO PANAMERICANO

Laura Mattos

Grupo Silvio Santos se muda para o SBT

Silvio Santos decidiu mudar a administração de todas as suas empresas para o Complexo Anhanguera, onde fica a sede do SBT, em Osasco (Grande São Paulo).

Seu objetivo é ficar mais próximo do comando do grupo, depois da fraude em seu banco, o PanAmericano.

Para cobrir um rombo na instituição, Silvio teve de dar todas as suas empresas como garantia de um empréstimo de R$ 2,5 bilhões do Fundo Garantidor de Créditos.

É no Complexo Anhanguera que ele grava os seus programas e onde trabalham a mulher e quase todas as suas filhas. Além do SBT, já estão no local as direções do Jequiti e do Baú da Felicidade.

O grupo SS ocupa dois andares de um prédio alugado na Angélica. Ainda não foi definida a data da mudança para o outro endereço, que deverá comportar pelo menos 24 profissionais das diretorias da holding. Está em análise se eles vão ocupar o mesmo prédio do SBT ou um anexo, com o Jequiti e o Baú.

Essa foi a primeira decisão importante depois que Luiz Sandoval pediu demissão, anteontem, da presidência do Grupo Silvio Santos, que reúne 44 empresas.

Ele trabalhava com o empresário havia 40 anos e disse ter saído porque Silvio tomou decisões com as quais não concordava. Foi substituído por Guilherme Stoliar, sobrinho e homem de confiança do apresentador.

A mudança de endereço da sede do grupo e a nomeação de Stoliar são vistos como sinal de que Silvio deverá priorizar o SBT na administração da crise.

Segundo a Folha apurou, já houve outras tentativas de centralizar o comando das empresas no Complexo Anhanguera, mas Sandoval foi contra. Ele não foi localizado ontem para comentar.

Stoliar era diretor-executivo do SBT e um dos grandes defensores da concentração da holding no complexo.

DANÇA DAS CADEIRAS

Seu cargo passou para José Roberto dos Santos Maciel, antes diretor administrativo e financeiro.

Com a dança das cadeiras, Daniela Beyruti, filha de Silvio Santos, que já atuava na diretoria da emissora, deve ganhar mais poder.

Apesar de o apresentador ser o grande responsável pelas decisões da programação, Stoliar tem influência e deve deixar o caminho mais livre para Daniela.

Além disso, um novo executivo deverá ser anunciado nos próximos dias para completar a cúpula do SBT.

 

TELEVISÃO

Marcelo Bortoloti

‘Fantástico’ acompanha turma de escola pública

O formato de quadros sem roteiro, que acompanham os personagens com um mínimo de interferência, tem sido bem visto pela direção do ‘Fantástico’ desde ‘Manda Quem Pode, Obedece Quem Tem Juízo’ (2009).

A série mostrou os desajustes financeiros da família Amorim, da classe média baixa carioca. Depois dele, o programa já exibiu outras três iniciativas e amanhã estreia a de maior fôlego.

O quadro ‘Turma 1901’ acompanhou por dez meses as aulas de português de alunos do ensino fundamental numa escola pública do Rio. O objetivo é mostrar os desafios da educação e questões que sejam cruciais para adolescentes de 15 e 16 anos -fase de definição do futuro.

Os produtores do ‘Fantástico’ levaram um ano para escolher a escola ideal junto à Secretaria Municipal de Educação do Rio. A opção foi pelo colégio General Euclydes de Figueiredo, na Tijuca, que não é um exemplo de excelência nem de abandono.

A escola não fica na zona de tiro dos traficantes, mas é cercada por favelas, onde mora a maioria dos pouco mais de 30 alunos da classe.

A equipe da Globo produziu cem horas de gravação, que devem ser reduzidas a cinco episódios de 15 minutos. Além das aulas, o quadro acompanhou de perto a vida pessoal de quatro alunos.

A ideia do quadro partiu do apresentador Zeca Camargo, que se inspirou no filme francês ‘Entre os Muros da Escola’, de Laurent Cantet, vencedor da Palma de Ouro em Cannes em 2008.

O filme mostra o abismo que existe entre professores e alunos nos subúrbios de Paris, o que gera incompreensão e atritos na sala de aula. O quadro do ‘Fantástico’, no entanto, é mais otimista.

Segundo Zeca Camargo, a ideia não foi maquiar as mazelas da educação brasileira, mas também não apresenta um cenário de final dos tempos. ‘Mesmo com todas as dificuldades do sistema, o espectador vai perceber que a responsabilidade da educação acaba sendo individual.’

Neste caso, o que faz a diferença é a professora da turma. Mirza Christine Leal da Silva parece ter traçado como meta dar um rumo na vida destes jovens. ‘O quadro acabou tendo um toque daquele filme ‘Ao Mestre, com Carinho’, diz Camargo.

NA TV

Turma 1901

QUANDO estreia amanhã, no ‘Fantástico’ (20h45)

CLASSIFICAÇÃO livre

 

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