WIKILEAKS
O dever de publicar
Há muitas interpretações curiosas na praça a respeito do processo pelo qual documentos da diplomacia dos EUA chegaram ao WikiLeaks e aos órgãos de imprensa. Em meio a elucubrações diversas, duas teses tratam a imbricação do episódio com a prática do jornalismo. São as seguintes:
1) os jornais deixam de praticar reportagem. São irresponsáveis ao publicar telegramas vazados;
2) os jornais se associam ao comportamento temerário do WikiLeaks. Divulgam dados sensíveis, como a lista de locais vitais para a segurança de alguns países.
As duas proposições derivam de desinformação ou má-fé. Nenhuma das sete publicações no planeta com acesso privilegiado aos telegramas, a Folha incluída, deixou de averiguar o conteúdo dos despachos antes de publicá-los.
Ontem, por exemplo, a Folha ouviu várias fontes sobre o relato de 2005 no qual um diplomata dos EUA afirmava que Dilma Rousseff havia organizado três assaltos a bancos. O material apresentado aos leitores esclarecia não haver provas a respeito de tal acusação.
Sobre colocar em risco a vida de alguém, não parece ser o caso das reportagens que citam alguns dos milhares de telegramas obtidos pelo WikiLeaks. Há também uma cláusula explícita entre os jornais e a ONG tratando do tema: não divulgar nomes de pessoas que possam ficar em perigo físico por causa da revelação de suas declarações.
A Folha já segue normas rígidas e usou esse critério nas reportagens com despachos obtidos pelo WikiLeaks. Antes de um telegrama ser divulgado, cada frase é detalhadamente analisada por vários jornalistas envolvidos no processo.
Resta o episódio dos locais vitais para a segurança de alguns países. O WikiLeaks estava determinado a divulgar o dado. O que poderiam fazer os jornais? Se uma notícia vaza, a mídia tem o dever de publicá-la. Praticar autocensura não combina com o bom jornalismo.
Paquistão usa falso despacho contra Índia
Vários veículos de imprensa do Paquistão tiveram que se retratar ontem pela publicação, na véspera, de despachos falsamente atribuídos a vazamentos do WikiLeaks reproduzindo acusações feitas pelo país à arquirrival Índia.
Os documentos aparentemente forjados foram difundidos por agência de notícias do país ligada a Islamabad.
O episódio ilustra a tensão que envolve as potências nucleares vizinhas -que já protagonizaram três guerras- e revela o primeiro, ao que se sabe, uso para fins de propaganda política dos vazamentos dos textos diplomáticos.
O jornal ‘The News’ admitiu que as informações ‘eram duvidosas e podem ter sido plantadas’. O ‘Express Tribune’, ligado ao jornal britânico ‘Herald Tribune’, pediu ‘profundas’ desculpas pelo ocorrido. Já o ‘Jang’ admite que ‘são falsas’, mas apenas em suas páginas internas.
Nos despachos falsos, são atribuídos a representantes diplomáticos americanos na Índia relatos de que Nova Déli tem espiões nas regiões paquistanesas do Baluquistão e Waziristão e financia o extremismo hindu em seu solo.
Islamabad frequentemente acusa a rival de fomentar o separatismo, no primeiro caso, e a insurgência, no segundo, para rebater acusações indianas de que financia grupos terroristas na Caxemira.
Segundo os relatos falsos, os representantes dos EUA teriam qualificado de ‘genocídio similar ao da Bósnia’, nos anos 90, o que ocorre na região da Caxemira -a qual abriga grupos separatistas.
Há ainda nos documentos descrições em termos pouco usuais de altos oficiais indianos. O ex-chefe do Exército Deepak Kapur é considerado ‘incompetente’ e ‘cretino’.
Outros são ‘petulantes’ e ‘egoístas’. E o general H.S. Panag é comparado ao general Dragomir Milosevic, acusado de crimes de guerra durante a Guerra da Bósnia.
O jornal ‘The Nation’, que não se retratou, escreveu um editorial com base nas falsas revelações com o título de ‘A verdadeira face da Índia’.
Divididos em 1947, após a independência do Reino Unido, os dois países têm histórico de rivalidade, com disputas por território, acusações de fomento de insurgência e mesmo conflitos abertos.
ORIGEM
Os periódicos não souberam ontem informar a origem dos despachos falsos, porém disseram que as informações foram difundidas pela agência de notícias paquistanesa ‘Online News’.
Segundo a emissora britânica BBC, a agência é conhecida por seus laços com o serviço secreto paquistanês, órgão extremamente poderoso e na linha de frente das questões de segurança no país.
O jornal ‘Guardian’, também britânico e um dos veículos que receberam os mais de 250 mil documentos revelados pelo WikiLeaks, disse ontem não ter encontrado na sua base de dados os relatos publicados no Paquistão.
Pelo contrário. Em alguns despachos de fato revelados pelo site, as descrições envolvendo Índia e Paquistão contradizem informações difundidas pelo ‘Online News’.
O documento falso diz que um investigador indiano foi morto por investigar elos entre extremistas hindus nos atentados de Mumbai, em 2008. No despacho verdadeiro, a hipótese é considerada completamente infundada.
Walter Ceneviva
De jornalismo e vazamentos
IMPRENSA, DURANTE SÉCULOS, foi vocábulo criado para indicar o conjunto das publicações escritas nas quais saíam notícias, opiniões, críticas e elogios. O nome privilegiou a condição material do meio impresso, do suporte físico de divulgação.
Hoje, se fala até em imprensa escrita e falada, na impropriedade de incluir na definição o que é impresso e o que não é.
O salto do jornalismo tradicional para a pluralidade de novos meios se liga à multiplicidade de alternativas da eletrônica. Nem distingue o que é jornalismo do que não é, mesmo sendo informação, crítica, aplauso servindo a interesses unilaterais.
Resulta daí a preocupação, que tende a se generalizar, com o espaço legal da profissão jornalística, para saber o limite aceitável ante a liberdade gerada pela Carta Magna. O artigo 220 resolveu, por antecipação, a pluralidade acrescida de novos meios, exemplificados nestes dias pelos vazamentos espetaculosos lançados à atenção mundial.
O artigo 220 veda que criação, expressão e informação, sob qualquer forma, processo ou veículo, sofram qualquer restrição, salvo se vinda na própria Carta.
Hoje a informação jornalística não depende só da mídia impressa (superada expressão). Por isso, o parágrafo 1º do artigo obsta que qualquer lei tenha dispositivo que, até por hipótese, ‘possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social’.
Mesmo a garantia de direitos fundamentais (artigo 5º da Constituição) é equilibrada pela vedação peremptória de ‘toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística’.
É possível extrair desses pontos o que há de essencial na lei brasileira, para sobrepor aos informes vindos dos ‘wikileaks’ que continuam agitando o mundo.
Nenhum meio de divulgação brasileiro pode ser impedido ou sofrer qualquer restrição por publicar o conteúdo dos vazamentos. A garantia legal torna inócua a discussão sobre se tais vazamentos constituiriam ou não uma forma de exercício da liberdade de comunicação. Ou seja, se corresponderiam ou não a modos de exercício do jornalismo.
Duas ordens de raciocínio afastam a discussão. Uma é a da amplitude da definição do artigo 220, quando exclui das restrições todas as formas, todos os processos, todos os veículos na criação, expressão ou informação que venham a ser criadas.
Outra está na insuficiência vocabular dos segmentos específicos criados pelo progresso, em grande velocidade, para a manifestação do pensamento.
Foi essa espécie de consideração que levou o constituinte a inserir enquadramentos, no campo da informação, que ultrapassam os limites clássicos do trabalho jornalístico.
A pergunta sobre se os vazamentos de agora correspondem ou não a formas de jornalismo deixou de ter significado. Os vazamentos foram previamente agendados com grandes órgãos da mídia tradicional. Estes acolheram notícias dignas de atenção, efetivamente jornalística, tanto que as divulgaram.
Seguiram-se manifestações de autoridades públicas ou fatos referidos a elas, mesmo que emitidas sem serem endereçadas ao público em geral.
Vazamentos que podem mudar o mundo. Para melhor ou pior, conforme o destino que interesses em conflito reservarem para seu autor.
Ex-aliados planejam abrir ‘novo WikiLeaks’
Ex-integrantes do WikiLeaks que se desligaram do site por divergências com o seu fundador, Julian Assange, planejam abrir já na próxima segunda um canal alternativo para publicação de vazamentos: o Openleaks.
A ideia é resgatar princípios supostamente abandonados pelo WikiLeaks e por Assange, como o de ser uma plataforma aberta.
‘O Openleaks é um projeto tecnológico que se pretende um provedor de serviços a terceiras partes dispostas a aceitar material proveniente de fontes anônimas’, disse Daniel Domscheit-Berg, seu idealizador, à TV sueca SVT.
Amanhã, a emissora transmite um documentário sobre o projeto liderado pelo alemão. Até deixar o WikiLeaks, neste ano, Domscheit-Berg atuava como o número 2 e porta-voz do site, com pseudônimo de Daniel Schmitt.
Sua saída se deveu ao que ele considerou falta de transparência no processo de tomada de decisão do grupo.
‘Se você prega transparência para todo mundo, deve também ser transparente’, disse Domscheit-Berg.
Segundo ele, o problema do WikiLeaks teve início com os vazamentos de grandes proporções, como o de 76 mil documentos da Guerra do Afeganistão e de 400 mil textos sobre a Guerra no Iraque.
Além da centralização das decisões, outra crítica a Assange -desde a última terça preso em Londres acusado de crimes sexuais na Suécia- seria a sua suposta obsessão em atingir os EUA.
‘CIBERGUERRA’
O WikiLeaks afirmou ontem não ter nenhuma relação com a ‘ciberguerra’ desencadeada por hackers contra empresas que, sob pressão dos EUA, aderiram ao cerco internacional contra o site.
‘Esse grupo [Anonymous] não tem ligação com o WikiLeaks’, disse o site, em referência ao grupo que coordena os ataques que já tiveram como alvo Mastercard e Visa, Amazon e PayPal -todas tomaram medidas prejudiciais ao site nos últimos dias.
Ontem, foram atacadas as páginas da polícia e da Promotoria da Holanda, em aparente represália à detenção, na véspera, de um suspeito de integrar o Anonymous.
Uma dos advogados de Assange, Jennifer Robinson, afirmou ontem esperar que o fundador do site seja mesmo acusado de espionagem nos EUA e já prepara sua defesa.
Robinson adiantou, no entanto, que considera que essa medida é inconstitucional segundo a legislação local.
NOBEL
Pela primeira vez em 74 anos, o Prêmio Nobel da Paz foi entregue simbolicamente a uma cadeira vazia.
Seu ganhador, o dissidente chinês Liu Xiaobo, não pôde receber o prêmio de US$ 1,4 milhão de dólares em Oslo, capital da Noruega.
Ativista pela democracia, ele cumpre pena de 11 anos de prisão, acusado de subversão. Há dois anos, foi um dos organizadores do manifesto Carta 08, em que intelectuais e ativistas pediram reformas abrangentes na China -inspirando-se na Carta 77, movimento pró-democracia na Tchecoslováquia, dos anos 70.
Liu já havia passado 20 meses detido por sua participação nas manifestações da praça da Paz Celestial (ou Tiananmen) e outros três anos num campo de reeducação, nos anos 1990.
Essa é a primeira vez que o Prêmio Nobel da Paz não é entregue desde 1936, quando Adolf Hitler impediu que o pacifista alemão Carl von Ossietzky fosse à cerimônia.
Em Pequim, ontem, oficiais guardavam a entrada do edifício onde vive a mulher de Liu, Liu Xia.
Ela está em prisão domiciliar desde outubro, quando foi anunciado que seu marido receberia o prêmio. O policiamento foi intensificado ontem, e telefone e internet dela foram cortados.
Em conversa com sua mulher, Liu disse que o Nobel a ele concedido é um tributo a todos os mortos em 1989 por soldados em Tiananmen.
CENSURA
Sites noticiosos estrangeiros foram suspensos e programas das redes CNN e BBC foram bloqueados quando reportagens sobre Liu eram mostradas na China.
As palavras ‘cadeira vazia’ e ‘Oslo’ foram censuradas pelo governo nos sites do país poucas horas antes da entrega do prêmio.
A possibilidade de escrever as palavras-chave ‘cadeira vazia’, ‘tamborete vazio’ ou ‘Oslo’ estava bloqueada no site Renren -o equivalente chinês do Facebook.
Desafiando a censura, internautas criaram uma rede de fotos de vários tipos de cadeiras vazias, em referência ao Nobel.
Durante a premiação, a atriz norueguesa Liv Ullmann leu um trecho do depoimento de Liu no seu julgamento, que ocorreu em dezembro do ano passado.
‘Não tenho inimigos e nenhum ódio. Nenhum dos policiais que me monitoraram, prenderam e interrogaram, nenhum dos promotores que me indiciaram, e nenhum dos juízes que me julgaram são meus inimigos’, disse.
RETALIAÇÃO
Nesta semana, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Jiang Yu, descreveu os defensores de Liu como ‘palhaços’ e acusou o comitê do Nobel de ‘orquestrar uma farsa’.
Em retaliação à entrega do Nobel, o governo chinês suspendeu discussões comerciais com a Noruega e pediu para que alguns países não participassem da premiação.
Recusaram os convites e não participaram da solenidade 18 deles.
Para se posicionar contra a escolha do Nobel, os chineses ainda criaram o Prêmio Confúcio da Paz, entregue anteontem. Ele foi dado ao ex-vice-presidente de Taiwan, Lien Chan, que construiu uma ponte entre seu país e a China. Chan não compareceu à cerimônia.
VENEZUELA
Chávez apresenta projeto para regular teor da internet
O governo de Hugo Chávez enviou à Assembleia Nacional projeto de reforma da lei de mídia para estender à internet regras de restrição de conteúdo e sanções já vigentes para jornais, rádios e TV.
É mais uma lei que entra num pacote de normas que o governo corre para aprovar antes de 5 de janeiro, quando assume o novo Parlamento, no qual o chavismo não terá maioria qualificada.
A reforma prevê a criação de um ‘mecanismo’ para restringir acesso a portais que veiculem violência, sexo explícito e que atentem contra a saúde (tabaco e álcool, por exemplo).
O documento também estipula sanções para provedores que transmitirem mensagens que ‘atentem contra os bons costumes’, que possam ‘constituir manipulações midiáticas’ e que ‘não respeitem’ os poderes públicos ou quem os exerça.
Para analistas venezuelanos e para a oposição, os termos são demasiado vagos e servirão para enquadrar sites e portais críticos do governo.
Os oposicionistas também argumentam que Chávez se prepara até mesmo para censurar as redes sociais, como Facebook e Twitter.
Para o deputado Manuel Villalba, que preside a Comissão de Meios de Comunicação da Assembleia, a oposição estrila sem motivo. ‘Não se trata de controlar a internet. Os que a usam têm de ser responsáveis.’
Pelo projeto, a regulamentação e as sanções serão decididas e aplicadas por uma instância chamada ‘diretório de responsabilidade social’, com representação dos Poderes, de escolas de comunicação e até de igrejas.
No Brasil, não há nenhum conselho ou comissão de caráter executivo com poder de regular o conteúdo na internet. A via usada para reclamar na rede é a jurídica.
Tampouco há no país mecanismo de restrição de acesso, como acontece na China ou no Egito, por exemplo.
Até o fechamento desta edição, não havia reação de entidades de mídia como a SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa) ou da Relatoria para a Liberdade de Expressão da OEA.
Nesta semana, as duas organizações criticaram Chávez por assumir 20% das ações do canal opositor Globovisión. O governo interveio no Banco Federal, cujo dono é sócio da emissora.
PUBLICIDADE
Marc Gobé é consultor de ‘branding’. Sua agência atende marcas como Air France, Accor e Club Med, criando logotipos e ‘revitalizando’ o visual e a imagem pública das empresas. Ele é um crítico da propaganda.
Autor de ‘A Emoção das Marcas’ (ed. Negócio, esgotado), Gobé defende que a marca amada pelo cliente economiza em propaganda -e que esta, em muitos casos, tornou-se mais um problema que uma solução.
Está sendo lançado no Brasil seu livro ‘Brandjam’, que compara o ‘design emocional’ ao jazz. Como no improviso musical, a marca deve ser desenvolvida colaborativamente com a lógica do marketing, a emoção do design e os anseios do cliente. Gobé respondeu à Folha de Nova York, onde vive e trabalha, por e-mail:
Folha – O sr. diz que a propaganda excessiva causa rejeição do consumidor. Os executivos estão aderindo à ideia? Marc Gobé – Cerca de dez anos atrás, comecei a notar que as marcas estavam muito agressivas em sua comunicação. A propaganda deixou de ser um visitante bem-vindo e se tornou um invasor. O resultado é que menos gente assiste aos comerciais na TV nesta era digital e que todo mundo entende o ‘outdoor’ como poluição visual. Apenas 6% dos espectadores acreditam em comerciais.
O que se pode aprender de São Paulo, com a proibição à publicidade externa?
Quando o prefeito Gilberto Kassab [DEM] baniu a comunicação exterior em São Paulo, percebi que algo estava errado com as marcas. São Paulo percebeu que sua própria identidade, como lugar para morar e produzir, estava em conflito com o mundo da propaganda e sua necessidade de capturar nossa atenção com obstáculos visuais. Decidi dizer às marcas que repensassem seus modelos; que criassem novas formas de envolver os consumidores e criar uma relação positiva com eles -particularmente na era das mídias sociais. Um executivo de uma multinacional em São Paulo explicou-me como a Lei Cidade Limpa fez com que ele trabalhasse para a presença da marca nos supermercados ser mais envolvente. Em minhas palestras, essa é a história que mais interessa às pessoas. É uma cidade visionária -isso só poderia acontecer no Brasil.
Marcas multinacionais brasileiras devem usar o apelo do país ou buscar uma imagem globalizada?
Para economias em desenvolvimento, o caminho está nas marcas próprias. O Brasil tem uma vantagem enorme: é um país que todos amam, tem ótima imagem.
Em ‘Brandjam’, o sr. coloca a lógica sob responsabilidade do marketing, enquanto o design fica com a emoção. Isso não contraria a ideia de que o designer deveria pensar em funcionalidade?
Há um engano comum sobre o designer. Este é um pensador que olha para o futuro sem as amarras da administração cotidiana. Poucos sabem que, quase todo dia, a primeira pessoa com que Steve Jobs se reúne na Apple é o designer Jonathan Ive. Escrevi ‘Brandjam’ para mostrar como a colaboração traz melhores inovações. As equipes de marketing têm de responder a metas de vendas; para elas, é difícil mexer em marcas que vão bem. Mas, para manter uma marca em movimento, é preciso inovar. Os designers entram com o sonho. Essas partes trabalham melhor juntas, têm de fazer a ‘brandjam’.
BRANDJAM
Autor Marc Gobé
TRADUÇÃO Maria Clara de Biase
EDITORA Rocco
QUANTO R$ 54 (384 págs.)
Publicitário critica empresas de ‘branding’
DE SÃO PAULO
Em ‘Faça Logo uma Marca’ (ed. Novo Século), o publicitário Francesc Petit, da DPZ, comenta criações suas e marcas internacionais. Petit dá conselhos para criar uma marca: copiar os melhores logotipos, pôr alma e recusar serviços de ‘branding’.
Para ele, ‘o pesadelo chamado branding’ usa estudos pouco confiáveis para fazer o empresário pagar por novas marcas.
INTERNET
Larissa Riquelme é líder de buscas do Google no Brasil
Sob anúncio de 1 bilhão de buscas diárias no mundo, o Google divulgou a sua tradicional lista de termos mais buscados em 2010. O serviço chama-se Zeitgeist (‘espírito do tempo’, em alemão).
Há medições como buscas emergentes e buscas que caíram ao longo de 2010, tanto por países específicos quanto a nível mundial.
No mundo, segundo o levantamento, o termo que liderou o ranking de busca crescente foi ‘ChatRoulette’ -site de bate-papo randômico por vídeo. Em seguida aparecem os termos ‘iPad’ (tablet da Apple) e o nome do cantor Justin Bieber.
Os termos emergentes mais buscados no Brasil foram Larissa Riquelme, Formspring, Justin Bieber, BBB 2010 e Enem 2010.
A novidade deste ano traz a categoria de interesses sociais emergentes. Na ordem, os cinco primeiros termos mais buscados são ‘BBB10’, ‘Justin Bieber’, ‘tabela da Copa’, ‘eleições 2010’ e ‘Enem 2010 inscrições’.
É possível ver tendências de pesquisa regional ou globalmente no site (google.com/press/zeitgeist2010).
Twitter alcança 100 mi de novos usuários em 2010
O serviço de microblog Twitter acrescentou 100 milhões de novos usuários neste ano. A empresa anunciou o número em seu blog e numa página especial de retrospectiva.
A peça reúne, em uma ilustração, nomes e fotos de celebridades que criaram contas no serviço neste ano. Dalai Lama e Bill Gates estão entre os nomes, além de Dilma Rousseff e Hugo Chávez, com os seus comentários de apresentação na rede.
‘Se você se juntou [ao Twitter] em 2010, você está em boa companhia: Bill Gates, Tiger Woods e o presidente da Rússia integram o grupo dos que decidiram criar as contas neste ano’, sugere o blog. O Twitter foi fundado em 2006.
TECNOLOGIA
Brasil exporta TV digital para vizinhos
O Brasil está a um passo de ter seu padrão de TV digital, baseado em tecnologia japonesa, disseminado na América do Sul.
A Folha apurou que o Uruguai está decidido a adotar o padrão nipo-brasileiro. O país já assinou contratos com a União Europeia no ano passado, mas o projeto ainda não saiu do papel e o acordo deve ser cancelado. A Colômbia tende a tomar a mesma decisão.
Os dois países eram os únicos na região a optar pelo padrão europeu de TV digital, principal concorrente do modelo nipo-brasileiro.
Agora, ambos ensaiam um recuo do padrão europeu devido a problemas de financiamento por conta da crise no continente. A Europa não conseguiu honrar a promessa de investimentos em pesquisa e tecnologia previstos nos contratos, estimados em US$ 50 milhões.
O Uruguai deverá trocar de modelo rapidamente. A Colômbia, no entanto, já comercializou alguns receptores com tecnologia europeia, o que tornará mais penosa a migração para o sistema nipo-brasileiro.
‘Colômbia e Uruguai se veem sozinhos no continente na implementação de TV digital, o que acaba tornando o processo demorado’, afirmou Flávio Lenz César, assessor da Secretaria de Telecomunicações do Ministério das Comunicações.
Para ele, o isolamento do Uruguai incomoda mais o Brasil, por se tratar de um país do Mercosul.
Caso se tornem parceiros do Brasil, os dois países terão assistência técnica e desenvolvimento de capacidades locais de produção, como acontece com os demais que já adotam o modelo.
Com Uruguai e Colômbia, restarão apenas Guiana, Guiana Francesa e Suriname para uma América do Sul 100% padronizada.
De acordo com César, Guiana e Suriname já mostraram interesse no modelo brasileiro, mas a Guiana Francesa deverá adotar o modelo europeu.
O assessor afirmou ainda que países do sul da África e também o Irã já procuraram o Brasil sobre o assunto. Com o mesmo padrão, países poderão tornar mais barato o custo de fabricação de equipamentos, como o conversor do padrão nipo-brasileiro, e intercambiar conteúdo.
COOPERAÇÃO
O intento de uma TV regional é antigo e foi tema de conversa entre o presidente Lula e seu colega colombiano, Juan Manuel Santos, em visita a Brasília em setembro.
Lula fez questão de falar de avanços alcançados pelos países que adotaram o modelo nipo-brasileiro e ressaltou a possibilidade de maior cooperação econômica e tecnológica.
Procuradas pela reportagem para falar sobre modelo nipo-brasileiro de TV digital, as embaixadas do Uruguai e da Colômbia não se manifestaram.
TELEVISÃO
TV Rá Tim Bum estreia nove produções em 2011
A TV Rá Tim Bum vai começar o ano de 2011 com nove estreias e um bom motivo para comemorar.
Além dos novos programas, o ‘Cocoricó’ celebra seus 15 anos de criação com uma nova temporada da turma do Júlio na cidade.
Três galinhas, um porquinho, um cavalo, um papagaio e um menino passaram uma parte das férias na casa do primo João, na cidade grande -São Paulo, com seus congestionamentos, poluição, lixo e desenvolvimento, notáveis já na chegada da galera, na Estação da Luz.
Agora, eles devem ficar um pouco mais na cidade, para que a série ganhe novos episódios urbanos. A equipe, liderada por Fernando Gomes, entra em estúdio no início de 2011, e a série deve estrear em abril ou maio.
Mas Júlio vai ter outros amigos com quem dividir o espaço da programação. Cinco produções do canal e quatro coproduções entram na grade a partir de janeiro.
Fernando Vieira de Mello, vice-presidente de conteúdo da Fundação Padre Anchieta, que administra o canal, disse à Folha que a ideia é colocar no ar pelo menos uma estreia por mês.
Não foi definida a ordem dos desenhos (leia ao lado).
‘A oferta nesse gênero está muito grande, por isso acabamos fechando mais contratos nessa área. Mas não foi intencional. Devagarinho, foi aumentando o interesse das produtoras independentes por aparecer na Rá Tim Bum’, diz Vieira de Mello.
Mesmo porque ‘Cocoricó’ e o ‘Castelo Rá-Tim-Bum’, que são feitos com bonecos ou atores, ainda são os maiores sucesso do canal.
PARCERIAS
As coproduções também conseguiram bons resultados. Em segunda temporada, estão ‘Escola pra Cachorro’, da Mixer com a canadense Cité-Amérique, ‘Nilba e os Desastronautas’, da 44Toons, e ‘A Mansão Maluca do Professor Ambrósio’, da Tortuga Studios.
O canal focou em diferentes faixas etárias. ‘Nossa programação não é tão segmentada como a do Cartoon [infantojuvenil] ou do Discovery Kids [para pré-escolares]. Temos de contemplar todas as idades e até flertar com um público adulto.’
A fórmula parece estar dando certo. A presença nas operadoras de TV paga aumentou, assim como a base de assinantes. Em 2009, eram 2,5 milhões. Já 2010 vai fechar com 3 milhões.
Os novos programas entram no lugar de desenhos que migram para a TV aberta.
São seis anos no ar, dividindo conteúdo com a TV Cultura, que partilha do compromisso com o educativo.
Enquanto isso, Vieira de Mello também prepara mudanças na emissora pública.
Vai criar o ‘Quintal da Cultura’, com um apresentador a definir, que fará a passagem entre um desenho e outro. ‘A ideia é que esse personagem convide as crianças a brincar, dançar ou participar de um ateliê de artes durante a programação.’
Também haverá a renovação dos desenhos, ainda em fase de negociações.
******************
Clique nos links abaixo para acessar os textos do final de semana selecionados para a seção Entre Aspas.