Saturday, 02 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

Folha de S. Paulo

REDE SOCIAL
Facebook deve superar expectativa e atingir receita de US$ 2 bi no ano

O Facebook deve fechar o ano com uma receita de aproximadamente US$ 2 bilhões (R$ 3,4 bilhões), relatou ontem a Bloomberg, com base em fontes ligadas à empresa.

O Facebook é uma companhia fechada e não divulga a sua receita.

O valor supera a expectativa anterior dos analistas, que apontavam um faturamento de cerca de US$ 1,5 bilhão.

O faturamento deve mais que dobrar em relação ao ano passado, quando ficou entre US$ 700 milhões e US$ 800 milhões.

Com mais de 500 milhões de usuários, o Facebook é atraente para os anunciantes, como Coca-Cola, JPMorgan Chase e Adidas.

‘O caso de amor dos consumidores com as redes sociais é permanente’, afirmou Karsten Weide, analista da consultoria IDC. ‘Todas as grandes marcas estão lá.’

O Facebook, fundado em 2004, atingiu o faturamento de US$ 2 bilhões mais rápido que o Yahoo! e quase no mesmo ritmo que o Google.

O Yahoo!, fundado em 1994, registrou receita de US$ 1,6 bilhão em 2003 e US$ 3,6 bilhões em 2004. Já o Google, fundado em 1998, atingiu US$ 1,5 bilhão em 2003 e US$ 3,2 bilhões em 2004.

 

 

 

BOICOTE
Árabes decidiram proibir filmes de Spielberg depois de doação a Israel

O Escritório Central de Boicotes da Liga Árabe decidiu, em 2007, barrar a entrada nos países da região de filmes de Steven Spielberg, em represália ao fato de o cineasta americano ter doado US$ 1 milhão a Israel no conflito contra o Hizbollah.

A revelação consta de papéis obtidos pelo WikiLeaks e divulgados pelo ‘Guardian’.

Em encontro do bloco, representantes de 14 países votaram a favor da proibição. Malásia, Irã, Paquistão e Índia, que participaram da cúpula, também concordaram.

Spielberg, por meio de um porta-voz, disse que não comentaria o despacho, mas que seus filmes e DVDs têm sido distribuído na região normalmente ‘por esse tempo todo’.

 

TELEVISÃO
Laura Mattos

Conto de Erico Veríssimo vira telefilme na Record

Após as dancinhas do Rodrigo Faro, os micos de Marcos Mion e as subcelebridades de ‘A Fazenda’, o público da Record verá um telefilme baseado em um conto de Erico Veríssimo (1905-1975).

À 0h15 vai ao ar ‘As Mãos de Meu Filho’, uma produção independente, da Contém Conteúdo. A mesma produtora já fez para a Record dois telefilmes baseados em contos de Machado de Assis – ‘Os Óculos de Pedro Antão’ e ‘Uns Braços’, exibidos, respectivamente, em 2008 e 2009, sempre nesta época de final de ano.

Os telefilmes são em HD (alta definição) e têm acabamento de cinema. Podem até soar estranhos em meio à programação da Record, mas o esquema de financiamento ajuda a explicar por que as portas da emissora estão abertas a essas obras.

Todas foram feitas com leis de incentivo fiscal e nada custaram à Record, que divide com a produtora o faturamento comercial da exibição.

‘As Mãos de Meu Filho’ foi beneficiado por um programa da Secretaria da Cultura do Rio. Teve orçamento de R$ 800 mil, patrocinado pela Petrobras, que recebeu desconto no ICMS (imposto sobre circulação de mercadorias e prestação de serviços).

As filmagens foram realizadas no Rio, apesar de o conto de Veríssimo, gaúcho, se passar em Porto Alegre.

No telefilme, os cenários cariocas se passam por gaúchos e os personagens falam com leve sotaque da região.

A história é de época, entre 1920 e 1940. Tudo começa quando Gilberto (o pianista Antonio Guerra, em sua estreia como ator) entra no palco para seu concerto diante da alta sociedade. Nesse momento, ele e a mãe (Ana Petta), na plateia, começam a relembrar quão difícil foi a trajetória do garoto até aquele momento de consagração.

A família é pobre; a mãe, costureira, fez muitos sacrifícios para que o filho tocasse piano. O pai (Gustavo Falcão) superou o alcoolismo.

SUPERAÇÃO

Apesar do choque de linguagem entre ‘As Mãos de Meu Filho’ e a programação da Record, o telefilme é feito ‘para todos os públicos’, segundo seu produtor-executivo, Aguinaldo de Fiori Filho.

‘O tema desse conto, a superação, é universal. É uma história que deverá sensibilizar o telespectador. Imagine quantas famílias podem se espelhar nessa trama.’

Fiori diz estar ‘fazendo cinema para a televisão’. ‘Acreditamos nessa linguagem, em poder ter na TV algo mais contemplativo e com uma fotografia mais bem cuidada. Ao mesmo tempo, estamos dando acesso a Erico Veríssimo para todo o país.’

Depois disso, a programação da Record segue normalmente. Com a Igreja Universal do Reino de Deus.

 

Obama e Clinton elogiam Larry King em último programa

A despedida do programa norte-americano de entrevistas de Larry King, exibido na CNN anteontem, teve participações de Barack Obama e de Bill Clinton.

O atual presidente dos EUA declarou, em mensagem gravada, que ‘se vai um dos grandes’. Já Clinton, que fez aparição ao vivo, chamou o entrevistador de ‘genial’. Larry King comandava a atração há 25 anos.

 

IMPRENSA
Carlos Eduardo Lins da Silva

‘Realidade Re-Vista’ traz jornalismo audaz

Talvez só tivesse sido possível realizar no Brasil um projeto jornalístico tão audacioso e bem-sucedido como o da revista ‘Realidade’ na década de 60: 1966.

Muitas e raras condições para uma ‘tempestade perfeita’ se juntaram: um grupo de jornalistas de extraordinário talento, um público ansioso por insumos intelectuais que lhe permitissem compreender os fenômenos da sua época plena de transformações de toda espécie, um mercado que comportava iniciativas arrojadas, uma empresa jornalística com saúde financeira e disposta a correr riscos.

O fato é que não houve antes e provavelmente nunca haverá nada parecido.

Isso explica o fascínio que ‘Realidade’ provoca até em pessoas que nem eram nascidas quando ela deixou de existir, 42 anos atrás (uma sucessora homônima a sucedeu até 1976 sem lhe chegar aos pés), mais ainda nas que esperavam ansiosamente uma vez por mês o dia em que ela chegava às bancas, sempre instigante, inteligente, surpreendente.

DESTAQUE CULTURAL

Dois veteranos daquela aventura, José Carlos Marão e José Hamilton Ribeiro, resolveram, com o editor José Luiz Tahan, revivê-la um pouco na forma de livro.

Escolheram e colocaram juntas algumas das reportagens que a revista publicou. E produziram comentários e textos atuais sobre elas e sobre o grande projeto.

Num deles, Marão enfatiza que, ao contrário da mitologia criada, não foi na política, mas na área da cultura, que ‘Realidade’ foi de fato grandiosa no seu conteúdo.

A identidade entre leitores e revista era intensa porque ela os ajudava a compreender as perplexidades que pílula anticoncepcional, liberação feminina, conquista do espaço, igualdade racial, urbanização acelerada, transplantes cardíacos, teologia da libertação lhes causavam.

Por ser mensal, o que muitos consideravam loucura, sua pauta tinha de se livrar do cotidiano imediato, no que ela radicalizou, tendo feito algumas edições especiais que poderiam ter a perenidade de um livro (como o relançamento de uma sobre a mulher brasileira em 1967).

Por ser do tempo em que era proibido proibir, seus repórteres tinham a liberdade de escrever como quisessem e, como eram muito bons, souberam tirar pleno proveito dessa liberdade, para total desfrute da audiência.

‘Realidade Re-Vista’ leva os leitores para aquela época (de volta, no caso dos mais velhos, talvez pela primeira vez, no dos jovens) com os textos históricos e os que reconstituem a história. José Hamilton Ribeiro tem a minúcia de contar que filmes estavam em cartaz em abril de 1966, as cotações do dólar, os comentários de senhoras mineiras à coleção de Pierre Cardin em que as saias curtas preponderavam.

Essa viagem ao passado vale a pena ser feita. Inclusive para entender melhor o presente e vislumbrar o futuro com mais nitidez.

REALIDADE RE-VISTA AUTOR

AUTORES José Hamilton Ribeiro e José Carlos Marão

EDITORA Realejo

QUANTO R$ 70 (436 págs.)

AVALIAÇÃO ótimo

LANÇAMENTO segunda, dia 20/12, no Posto 6, às 19h (rua Aspicuelta, 646; tel. 0/xx/11/3812-4342).

 

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