‘A bolha da internet está meio vazia ou meio cheia? Com a ação do Google subindo mais de 7% ontem e fechando a US$ 205,96, levando alguns analistas a prever que atingirá US$ 290 ou mais nos próximos meses, pode parecer que o final dos anos 90 estão de volta a Wall Street.
As ações do Google estão sendo negociadas há menos de seis meses, mas já subiram 142%, e a empresa tem valor de mercado de US$ 56,2 bilhões, igual ao de Starbucks, Nike e Southwest Airlines – juntas.
As ações de outra estrela da internet, a Yahoo, subiram 73% nas últimas 52 semanas.
Mas tente convencer os principais executivos da eBay e da Amazon.com, dois líderes incontestes da era da internet, de que os investidores tiveram uma recaída de exuberância irracional.
Apesar de os lucros da eBay em 2004 terem subido 76% em relação ao ano anterior, o preço de sua ação caiu um terço desde o início de 2005, basicamente porque seus resultados do quarto trimestre divulgados no mês passado ficaram um pouco abaixo das previsões dos analistas.
E quando a Amazon.com relatou crescimento de lucros e receita na quarta-feira depois do fechamento do mercado, os investidores fizeram sua ação cair até 15% em negociações depois do pregão porque esses resultados também ficaram aquém das expectativas dos analistas. A ação da companhia, negociada abaixo de US$ 36 depois do pregão, teve queda de 33% de seu pico de US$ 54,70 em meados de 2004.
A história de duas trajetórias entre as líderes da internet provocou um debate. ‘É claro que estamos novamente numa bolha’, disse Fred Hickey, editor do boletim ‘The High-Tech Strategist’, de New Hampshire, e um antigo analista de ações de tecnologia.
Mas outros dizem que os investidores na internet aprenderam a traçar distinções que muitos deixaram de notar durante a mania das pontocom.
‘A boa notícia é que os investidores certamente estão se mostrando mais seletivos’, disse David M. Garrity, analista da Caris & Company em Nova York. ‘Não é como se estivéssemos vendo as ações da internet subir selvagemente de modo geral.’
John Tinker, um analista da ThinkEquity Partners, um banco de investimentos em San Francisco, concorda que até agora os investidores estão se mostrando muito mais discriminativos do que no final dos anos 90 – apesar de ele ter detectado reações extremas em ambas as direções. ‘Esse é um mercado que está super-recompensando por um bom desempenho e superpenalizando quando uma companhia fica aquém das expectativas’, disse.
A última alta das ações da Google vem com a força do anúncio pela empresa de que suas vendas e lucros cresceram muito mais depressa do que se esperava no quarto trimestre.
A empresa vendeu ações por US$ 85 cada em sua oferta pública inicial. Mas, enquanto o preço do Google disparou, as ações da internet permaneceram relativamente estagnadas. As ações do índice internet do Morgan Stanley subiram 20% no período.
Mesmo enquanto outros percebem os investidores fazendo distinções, Hickey ainda vê sinais de euforia. Ele dá um grande número de exemplos para defender sua tese. O volume no mundo das ações baratas duplicou nos últimos meses, ele disse, e cita a ‘valorização incrivelmente inflada’ que o mercado atribuiu à Travelzoo, que faz marketing online para a indústria de viagens. As ações da Travelzoo subiram quase sete vezes desde o início de 2004, apesar de a empresa ter relatado um faturamento líquido de menos de US$ 2 milhões no terceiro trimestre de 2004.
Mas é o Google que faz a voz de Hickey subir uma ou duas oitavas. O número crucial para esses analistas que reverenciam o Google foi sua receita de publicidade, que subiu 122% em relação ao quarto trimestre do ano passado. O grosso dela vem do programa AdWords do Google, em que ela permite que os anunciantes façam lances por palavras chaves – ‘amianto’ para advogados, por exemplo -, com as maiores ofertas aparecendo sempre que alguém realiza buscas na web usando essas palavras. Os lances podem ir de 5 centavos a US$ 100 por clique, segundo o Google.
‘Basicamente estamos vendo uma corrida temporária, em que as firmas de advocacia estão pagando cerca de US$ 35 por clique por palavras que consideram valiosas’, disse Hickey. ‘Se isso é econômico ou não, não sabemos. Mas suspeito que não seja, porque ouvi advogados dizerem que não vale esse preço.’
‘O que acontecerá quando a Microsoft realmente lançar sua máquina de buscas?’, pergunta Hickey. ‘É oferta e demanda básica. Quando a oferta aumenta, os preços caem.’
Para Hickey, o resultado será uma repetição de 1999. ‘Todo mundo ficou maluco com os anúncios em ‘banners’, ele disse. ‘Só se falava nisso. Mas adivinhe o quê? Acontece que os ‘banners’ não valiam tanto quanto as pessoas achavam, e o resultado foi que companhias como o Yahoo viram o preço de sua ação cair 70% ou 80%.’’
O Globo
‘Lucro da Google silencia críticos’, copyright O Globo, 3/2/05
‘SÃO FRANCISCO. Quem apostava que depois de abrir seu capital a estrela da Google Inc. ia perder seu brilho ficou sem argumento ontem. A empresa, dona do site de busca mais acessado da internet, informou ter lucrado US$ 204,1 milhões no quarto trimestre do ano passado, um salto significativo frente aos US$ 27,3 milhões registrados no mesmo período de 2003.
A receita bruta do trimestre ficou em US$ 1,03 bilhão, o dobro dos US$ 512,2 milhões do ano anterior. Retiradas as comissões pagas a outros sites, a receita trimestral da Google ficou em US$ 653,5 milhões, contra US$ 296 milhões no mesmo período de 2003. Em todo o ano de 2004, o lucro foi de US$ 399 milhões, com receita de US$ 3,19 bilhões.
Os resultados fizeram as ações da Google subirem 7% ontem em Wall Street, cotadas a US$ 191,90. Os papéis foram lançados no mercado há seis meses, pelo valor de US$ 85.
Agora o alto conceito que a Google tem de si própria parece razoável, disse John Tinker, analista da consultoria ThinkEquity Partners. Para Tinker, o lucro registrado no trimestre mostra que a empresa está cada vez mais forte.
A Google está crescendo bem porque há cada vez mais anunciantes dispostos a pagar para seus links aparecerem nas páginas de resultados de busca do site. Os anunciantes pagam à Google e seus parceiros todas as vezes em que os internautas clicam nos links comerciais.
— O modelo que construímos ao longo dos anos está funcionando muitíssimo bem — disse o diretor-executivo da Google, Eric Schmidt.
Com base no valor de fechamento das ações na terça-feira, o valor de mercado da Google hoje é de US$ 55 bilhões — mais do que os de General Motors e Ford somados.’
VIDEOGAME DO MAL
‘Jogos eletrônicos e direitos humanos’, copyright O Estado de S. Paulo, 2/2/05
‘Violentos, preconceituosos, racistas e disseminadores de práticas e costumes que atentam contra a dignidade e os direitos humanos são alguns dos adjetivos e expressões utilizados pela Anistia Internacional, como parte de uma campanha mundial pelo fim da violência contra as mulheres. Engana-se, no entanto, quem atribuir tais denúncias a governos ou grupos fascistas que se espalham pelo mundo. Desta vez, o alvo específico está dentro de nossas casas, disfarçado sob a aparência de inocentes jogos eletrônicos, companheiros inseparáveis da garotada.
Com a Violência não se Brinca é o título do relatório de 39 páginas, no qual os zelosos observadores da AI não economizam críticas a fabricantes, revistas especializadas e à própria internet pela promoção e disseminação de jogos que, da forma como foram retratados, bem poderiam ser confundidos como manuais de assassinatos, torturas, abusos de menores, extermínio de civis e prostituição, entre outras formas de desrespeito aos direitos humanos. Nada que a TV não mostre o tempo todo. Nada que justifique tamanho exagero.
O bombardeio não poupa nem mesmo o consumismo romântico da série The Sims, um dos jogos mais vendidos no mundo, mas se concentra mesmo em duas dezenas de games, alguns inteiramente desconhecidos por aqui. Como o patético Neverland, disponível apenas na internet, onde o usuário desempenha o papel do astro Michael Jackson, tentando capturar crianças aterrorizadas. ‘É um jogo que promove o abuso sexual contra menores’, acredita a AI.
Em September 12th, as vítimas são afegãos, metralhados impiedosamente na luta contra o terrorismo internacional. Já Kaboom troca as cavernas do Afeganistão pelos territórios ocupados na Palestina e coloca o usuário na condição de homem-bomba, recompensado com novas vidas e poderes à medida que são bem-sucedidos em suas missões. ‘Banalizam crimes de guerra e fomentam o estereótipo do árabe suicida’, é o diagnóstico presente no relatório.
Como exemplo de games que ‘promovem a degradação e atentam contra a dignidade da mulher’, o documento da Anistia Internacional cita um punhado de títulos, entre os quais Benki Kuosuko, em que uma japonesa seminua é brutalmente espancada, e Grand Theft Auto: San Andreas, um dos games mais vendidos em todos os tempos e também um dos mais polêmicos já produzidos pela chamada indústria do entretenimento doméstico.
Numa das cenas descritas no relatório, o personagem principal se diverte agredindo prostitutas para recuperar o dinheiro gasto momentos antes. O documento considera ‘significativo’ o fato de que num jogo em que predomina a violência em troca de dinheiro, o maior pagamento ocorre justamente pelo assassinato de uma das prostitutas que vagam pelas ruas da fictícia San Andreas.
O relatório da AI conclui que a maioria dos games analisados discrimina e estimula a violência contra mulheres, caracterizadas quase sempre nos enredos como personagens passivos e secundários, vítimas indefesas de abusos, torturas e assassinatos. A versão integral do polêmico documento está disponível a partir do endereço www.es.amnesty.org.
A VERSÁTIL MARIA
Maria, uma robô dotada de inteligência artificial, foi apresentada oficialmente na semana passada como professora assistente no Departamento de Estatísticas da Universidade de Auckland, na Nova Zelândia. De acordo com o currículo divulgado pela centenária escola, Maria possui um vocabulário de 203 mil palavras, um repertório de 106 mil regras gramaticais e 118 mil interferências lógicas, requisitos considerados suficientes para garantir conversações em nível elevado.
A julgar pela foto, divulgada com o currículo, Maria aparenta ter 25 anos, mas a pouca idade e a falta de experiência com alunos não deverão ser obstáculo, segundo o seu criador, um engenheiro iraniano radicado na Nova Zelândia. Maria vai trabalhar em tempo integral, 24 horas por dia, sete dias por semana, para atender simultaneamente a vários alunos como se estivesse atendendo um a um, separadamente.
O iraniano está animado com o potencial de sua nova assistente e já planeja ‘emprestá-la’ ao Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos. Além de suas habilidades em estatística, Maria é também especialista em conceitos de engenharia elétrica e parece bem informada sobre política internacional. Só não consegui arrancar dela uma explicação, convincente ou não, para a origem do nome Maria. Se alguém quiser tentar, a nova funcionária da UA pode ser encontrada em www.auckland.ac.nz.’
VELOX
‘Instalação do Velox é um tiro no escuro’, copyright O Globo, 6/2/05
‘Para vender o serviço de internet banda larga Velox, a Telemar vem orientando os clientes a adquirirem linhas telefônicas adicionais. O problema é que a operadora não informa que não há garantias de que a linha servirá para instalar o Velox. Com isso, só depois é que muitos clientes descobrem que pagaram por uma linha que não serve para banda larga. O consumidor acaba ficando com uma linha inútil e continua sem o serviço de internet rápida.
Luiz Alexandre Correa Patrício conta que, por sugestão da Telemar, adquiriu uma linha de telefone para a instalação do Velox porque, segundo a operadora, a linha que ele já possuía era incompatível com o serviço de banda larga:
— Paguei pela linha, mas não foi possível instalar o Velox. Reclamei com a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), mas nem assim o problema foi resolvido.
Ministério Público quer obrigar operadora a assinar termo
A Telemar informou que, após análise, foi constatada a falta de viabilidade técnica para a instalação da banda larga. A empresa diz que avisou ao leitor sobre a possibilidade de ter a linha adicional retirada, sem custo. Mas, segundo a operadora, o leitor optou por ficar com a linha. Já a Anatel informou que não é de sua responsabilidade regular ou fiscalizar serviços de banda larga.
O promotor Rodrigo Terra, da Promotoria de Defesa do Consumidor do Ministério Público, informou que a Telemar está ferindo um dos princípios básicos do Código de Defesa do Consumidor (CDC): o direito à informação. Terra afirmou que vai convocar a operadora para firmar um termo de ajustamento de conduta (TAC) para impedir que a prática abusiva continue a lesar os usuários.
— Vamos abrir inquérito civil para investigar o caso. Queremos garantir, por meio do TAC, que a operadora preste as informações sobre o serviço corretamente, dizendo ao consumidor que não tem como garantir previamente que a linha dará acesso ao Velox — explicou.
Wagner Silva do Aragão conta que solicitou à Telemar a instalação do Velox em sua casa e foi informado de que precisaria trocar sua linha para ter o serviço:
— Inicialmente protestei, já que o vizinho ao lado da minha casa instalou o mesmo serviço sem problemas. Fiz a troca, mas depois a Telemar informou que o novo número também não era compatível com o Velox. O pior é que a operadora me sugeriu fazer uma nova troca, pagando por isso, é claro. A empresa me aconselhou ainda a fazer uma segunda assinatura, dando certeza de que assim teria acesso à banda larga.
A Telemar informou que o Velox do leitor foi instalado no último dia 30, mas não explicou como o problema técnico inicial, que impediu a instalação, foi contornado.
Julianna Antunes de Carvalho também alega que foi induzida pela Telemar a comprar uma linha adicional porque a sua não tinha condições técnicas para a instalação do Velox:
— Quando o técnico veio instalar o Velox, após realizar alguns testes, disse que essa segunda linha também não tinha condição técnica, pois a central estava a cinco quilômetros de distância da minha casa. Ora, fui induzida a adquirir uma nova linha com a promessa de que essa teria o Velox.
A Telemar diz que o serviço de banda larga foi instalado na casa da leitora em março de 2004. A empresa, no entanto, não esclareceu por que inicialmente a linha adicional não tinha condições para receber o Velox.
Marcela Oliboni, coordenadora do Núcleo de Defesa do Consumidor da Defensoria Pública do Rio (Nudecon), diz que a Telemar está violando frontalmente o direito à informação previsto no CDC. Segundo ela, o consumidor que comprar uma linha adicional e tiver suas expectativas de instalação do Velox frustradas tem o direito de cancelar a compra da linha e receber seu dinheiro de volta.
— O usuário deve formalizar o pedido à operadora, exigindo a devolução do que pagou pela instalação da linha e a isenção de eventuais cobranças de assinatura básica — ensina.
Segundo Marcela, se a operadora se negar a devolver o dinheiro, o consumidor deverá entrar com uma ação no juizado especial:
— Por isso é importante o consumidor documentar tanto a solicitação do serviço Velox quanto o pedido de anulação da compra da linha.
Telemar diz que ressarcimento, só após investigação
A Telemar admitiu que não é possível garantir previamente se a linha telefônica terá ou não capacidade para receber o Velox. A empresa explica que a instalação depende, por exemplo, de a central telefônica à qual a linha está ligada ter uma distância ideal do endereço. A Telemar diz ainda que a central precisa ter um número suficiente de placas para a habilitação do serviço. Há ainda casos em que existem problemas no prédio do usuário, como a falta de infra-estrutura para passagem dos cabos ou tubulação congestionada. Nesses casos, a Telemar diz que é preciso que o condomínio realize obras para resolver os problemas.
Sobre os consumidores que foram orientados a comprar linhas adicionais, mas ainda assim não puderam ter o serviço, a Telemar diz que os casos são avaliados e, conforme a apuração, o ressarcimento é providenciado. A operadora diz ainda que tem investido na ampliação do serviço Velox, que registrou um crescimento de 129% em 2004.’