Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Gazeta Mercantil

‘Busato diz que parte do eleitorado não tem como se defender do ‘rolo compressor publicitário’. O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Roberto Busato, afirmou, ontem, que grande parte do eleitorado brasileiro não tem como se defender do ‘rolo compressor publicitário’ que tem marcado as campanhas eleitorais no Brasil. Ele acrescentou que alguns publicitários contratados com verbas milionárias para conduzir as campanhas de candidatos confundem eleição com marketing e candidatos com produtos de consumo. ‘Os marqueteiros vendem uma verdadeira feira de ilusões nos horários gratuitos no rádio e TV, em vez de usarem esses espaços como uma oportunidade de esclarecimento ao eleitor.’

Ele criticou o conteúdo dos programas dos partidos políticos exibidos no horário gratuito da Justiça Eleitoral e afirmou que o que se vê não é a natureza do compromisso do candidato, nem a viabilidade do que ele propõe, mas a forma como o faz, as técnicas mercadológicas de que se vale.

‘Daí porque os chamados marqueteiros eleitorais tornam-se, em alguns casos, mais louvados que os próprios candidatos que ajudam a eleger, credenciando-se a polpudos contratos no governo que a seguir se instala.’

O assunto é um dos que vêm sendo debatidos nos estados e no Distrito Federal por meio da Campanha Nacional de Combate à Corrupção Eleitoral, que desde 12 de abril deste ano vem sendo encampada pela OAB em parceria com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

O foco da campanha tem sido na importância de o eleitor usar o seu voto com ética, não o vendendo ou o anulando nas próximas eleições municipais.

‘Sabemos que eleição é o impulso vital do processo democrático. É por meio dela que se recrutam os dirigentes do país e que se estabelece a participação popular, fonte legitimadora do poder.’

Busato acrescentou que atitudes de conformismo do tipo ‘política é assim mesmo’ favorecem apenas os vilões desse processo.

‘Na política brasileira, o clamor por ética remonta aos primórdios da formação nacional e, no entanto, ainda hoje soa a muitos como utopia, já que de escassa presença no meio.’

O presidente da OAB afirmou que felizmente as pesquisas de opinião vêm mostrando que o eleitor está atento ao ataque publicitário das campanhas eleitorais e ciente de que mudanças relevantes devem acontecer. ‘O eleitor brasileiro está farto de maus políticos, que prometem e não cumprem e que, uma vez no poder, esquecem-se dos compromissos que assumiram solenemente do alto dos palanques.’

Roberto Busato frisou, ainda, que somente a sociedade organizada, por meio das instituições que lhe são representativas -e a OAB e a CNBB seguramente estão entre as mais tradicionais- terá condições de impor uma mudança verdadeira nos costumes eleitorais. ‘E o caminho é este: vigilância. É preciso estar atento, denunciar irregularidades, não compactuar com fraudes.’ kicker: Busato afirma que atitudes de conformismo favorecem apenas os vilões desse processo.’



O Globo

‘Filhinhos de papai’, copyright O Globo, 24/09/04

‘O Natal chegou mais cedo e o trenó aí em cima tem divulgado Jefferson Reis (PMDB). Conhece o candidato? Nem eu. Sua campanha, na rua e na TV, tem a identidade de seu papai… Noel de Quintino, Albano Reis. Já Cristiane Brasil (ao lado) mostra rosto, corpo e contracena com velhinhos. E a gente só intui por que ela tem tanto tempo no programa do PTB quando aparece o papai, Roberto Jefferson, cacique do partido. É, a eleição virou negócio de família…

Dúvida no ar

Edson Maurício (PP) aparece na TV com óculos escuros e um estilo segurança-truculento-que-bate-em-mauricinho. Mas como a gente vai votar em alguém que não mostra o rosto?

Figuraça da semana

Depois da abelhinha de Ó Clemente, foi a vez de uma zebra ajudar Jânio Carlos (PRTB) a divulgar seu número. O candidato só não pode reclamar se der zebra para ele nas urnas, né?

PARÁ NO AR: O leitor Beto Santos descobriu duas cidades paraenses em que o nome das coligações dispensa comentários. Em Curralinho, a Curralinho Para Todos disputa com a Curralinho de Todos. Em Pau d´Arco, a Amor por Pau d´Arco concorre com a Mudar para Crescer Pau d´Arco. Uau, será que este furor vem das famosas garrafadas afrodisíacas do Mercado Ver o Peso?

MACABRO NO AR: Meu amigo paulista agora até gastou interurbano para contar que Mogi das Cruzes tem um candidato chamado Defunto. O slogan? ‘Político bom é político morto, vote no Defunto’. Sem você, mino, eu ia morrer sem saber dessa! Beijoca.’



Folha de S. Paulo

‘Folha publicou dados errados de publicidade’, copyright Folha de S. Paulo, 21/09/04

‘A Folha publicou ontem, em cerca de 42 mil exemplares de sua edição nacional, reportagem incorreta sobre o volume de propagandas do governo federal e do governo do Estado de São Paulo.

A reportagem afirmou erroneamente que o governo Geraldo Alckmin (PSDB) dobrou a quantidade de inserções de propaganda oficial na Rede Globo do início do horário eleitoral gratuito, em 17 de agosto, até 7 de setembro, tomando como base de comparação o número de exibições entre 1º de julho a 16 de agosto.

Fez também a afirmação errada de que a publicidade do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aumentou em 50%, comparando-se os mesmos períodos em duas emissoras: na Rede Globo e também no SBT. Os números veiculados pelo jornal não estão corretos.

A Folha usou como fonte um relatório da empresa Controle da Concorrência, especializada no monitoramento da publicidade em televisão em São Paulo. O levantamento foi feito pela empresa a pedido do jornal. Os dados do período anterior à campanha na TV (de 1º de julho a 16 de agosto) usados na reportagem estavam subdimensionados, o que só foi detectado após o fechamento da edição nacional.

A empresa diz que está revisando seus procedimentos internos para identificar a origem do problema e afirma que emitirá um comunicado oficial em breve.

Segundo um dos sócios da Controle da Concorrência, Marcos Fiore, uma das hipóteses para o erro é uma diferença nos critérios de filtro utilizados para a pesquisa no banco de dados da empresa que gerou os relatórios enviados ao jornal.’

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‘Checagem’, copyright Folha de S. Paulo, 21/09/04

‘Na sexta-feira, quando a reportagem ouviu o governo Geraldo Alckmin sobre os números, a assessoria da Secretaria de Comunicação do Estado de São Paulo os questionou: disse que estavam ‘errados para mais’ e que não havia diferença de volume de publicidade entre os períodos. A Folha voltou a procurar a empresa, que, no sábado, reafirmou a correção dos números que havia fornecido anteriormente ao jornal.

Ao notar que o relatório da Controle da Concorrência omitia de sua relação uma publicidade do governo federal (sobre a campanha da amamentação), a reportagem solicitou também à empresa, ainda no sábado, que fizesse novamente o seu levantamento (incluindo as inserções publicitárias dos ministérios).

Revisados pela empresa, os números da publicidade com dados dos ministérios foram reeenviados ao jornal e incluídos na reportagem, tal como foi publicada em cerca de 15% dos exemplares da edição de ontem.

Uma terceira e última checagem geral dos números, feita pela empresa a pedido do jornal no início da noite de domingo, detectou pela primeira vez divergências grandes entre os números enviados antes ao jornal e aqueles a que a Folha teve acesso por volta das 21h. A edição nacional já estava sendo impressa com os dados originais. A Folha optou, então, pela retirada imediata da reportagem da sua edição.’