Thursday, 21 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Gilberto de Mello Kujawski

‘Freqüentemente se ouvem críticas aos jornais por tomarem partido, por não guardarem eqüidistância entre pontos diversos ou contrários. Exige-se da imprensa a solene isenção e a total imparcialidade do magistrado no julgamento das causas. Trata-se de exigência injusta e sem sentido. O papel da imprensa jamais poderia ser comparado ao do magistrado, porquanto este tem o dever profissional e moral de situar-se acima e independente dos interesses das partes em conflito. Enquanto membro do Judiciário, o magistrado vincula-se indissoluvelmente ao Estado, e tem seu arbítrio pessoal limitado ferreamente pela lei.

Não é essa a condição dos jornais. Basta conhecer por alto a história da imprensa para saber que ela só tomou fôlego e se desenvolveu nas lutas memoráveis do liberalismo contra o absolutismo da realeza, a partir do século 18. A imprensa foi a bandeira e o principal órgão de combate dos intelectuais e políticos liberais, que sacrificavam até sua vida no ataque sem tréguas ao poder das monarquias absolutas. A imprensa já nasceu engajada e tomou corpo como parte interessada nos conflitos políticos e sociais de seu tempo, e só tem crescido historicamente na medida em que reafirma seu engajamento e apura suas armas na defesa das causas de interesse público anteriores ao Estado e até contra o Estado. Seu elemento natural é a sociedade, e não o Poder, e seu limite não é a lei positiva, e sim a opinião pública. A imprensa é uma via de duas mãos com a opinião pública, vive em interação com esta, veiculando suas tendências e divergindo delas quando necessário; absorvendo a opinião pública, ao mesmo tempo em que a reelabora.

Donde se segue que não passa de refinada hipocrisia, ou falta de reflexão e de conhecimento histórico, esperar isenção ou neutralidade de uma instituição como a imprensa, que nasceu, como nasce a faísca da pederneira, do atrito entre duas pressões contrapostas. A imprensa é parcial de nascença e só tomou vulto, só cresceu como parte nas lutas do que acredita ser o bom combate. A imprensa não pode nem deve ser neutra ‘a priori’ porque ela não está acima dos conflitos, como o magistrado, sim que ela é parte do conflito político, social, moral e cultural que leva avante a História dos povos.

Cabe indagar nesse ponto o que será feito da independência da imprensa. Como pode ser independente um órgão de comunicação que não esconde suas opções nas divergências políticas e nas questões de toda natureza, embora não participe da política partidária e não se filie a nenhum partido? Em primeiro lugar, cabe não esquecer que a independência não consiste, exclusivamente, na independência ‘de’ alguma coisa, e sim, também, na independência ‘para’ algo. Ao atingir a maioridade, o jovem não conquista somente a licença da tutela paterna, e sim a aptidão legal de tomar o caminho que achar o melhor. Da mesma forma, não basta ao jornal não dobrar-se às pressões externas de nenhum tipo, principalmente políticas e econômicas; cabe-lhe ter o arbítrio de afirmar-se na opção pelos valores e princípios com os quais se identifica e que constituem sua personalidade. A independência não pode ser só negativa (independência disso ou daquilo) sem ser, ao mesmo tempo, positiva (para isso ou aquilo).

A pergunta pode ser formulada de outra forma: como confiar na imprensa, se ela é, constitutivamente, parcial? Parece que nos defrontamos com uma contradição insolúvel. Que garantia podemos ter de que o jornal nos transmite a informação correta e a opinião confiável, se ele está comprometido com esta ou aquela causa, vinculado a certas idéias em prejuízo de outras? Falso dilema. Parcialidade não significa, necessariamente, suspeição. É possível ser parcial e insuspeito ao mesmo tempo. O comerciante de quem nós compramos é parcial, visa o lucro em primeiro lugar; mas dele não suspeitamos se temos motivo para confiar nele; e temos motivo para confiar se acreditamos nele, se nos oferece credibilidade. O mesmo ocorre com os profissionais iberais de nossa confiança, o médico, o dentista, o advogado. Sabemos que vivem do ganho profissional, mas confiamos neles porque são portadores de credibilidade.

De três maneiras o jornalou qualquer órgão de comunicação conquista a credibilidade do leitor, fazendo-se insuspeitos, sem prejuízo de sua manifesta parcialidade.

Primeiro, garantindo o noticiário fidedigno e rigoroso em matérias de fato.

Segundo, admitindo o pluralismo em matéria de opinião, da parte dos colaboradores. O exemplo mais convincente, no caso do Estado, é o de Frei Betto, líder prestigioso da esquerda católica, que durante anos a fio teve seu espaço garantido nesta mesma página, para expressar seus pontos de vista diametralmente opostos à linha editorial do jornal. E há também o caso do ex-deputado José Genoino, presidente nacional do PT, que escreve quinzenalmente, aos sábados, neste mesmo Espaço Aberto.

Terceiro, reconhecendo os méritos da parte contrária em ações ou intenções de inegável interesse público. O Estado jamais apoiou o PT, em relação ao qual foi sempre severamente crítico, o que não inibiu os editoriais de prestigiarem certas medidas de Lula, por exemplo, no controle da macroeconomia. Além disso, este mesmo matutino reconhece até nos assentamentos do MST eventuais acertos, em matéria de produção agrícola, por exemplo (edição de 26/4). Por sua vez, o Jornal da Tarde, que segue a mesma orientação, elogia a iniciativa da Prefeitura paulistana na fiscalização dos motoboys e de seus empregadores (edição da mesma data).

Em suma, observados os requisitos acima, todo jornal pode dar-se ao luxo de ser alegremente parcial, e de boa consciência, sem dar satisfação a ninguém. Parcial, com muita honra, mas insuspeito, porque idôneo, porque dotado de um patrimônio que só se constrói com muitos anos de coerência, a credibilidade, que constitui a base da idoneidade.

(*) Escritor e jornalista’



Carlos Chaparro

‘Falar ao mundo pelo jornalismo’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 28/05/04

‘O XIS DA QUESTÃO – Nos preparativos (inclusive emocionais) de uma viagem que dentro de dias terei de fazer a Pernambuco, onde vivi alguns anos nos tempos bravos do regime militar, abri as gavetas da memória e isso me levou a um dos mais marcantes personagens da História recente do Brasil, o padre Helder Câmara, arcebispo do Recife naquela época de duros confrontos. E aqui o relembro, por acreditar que ainda é possível aprender com ele. Diante de platéias ou de multidões, Helder Câmara foi um comunicador fascinante. Mas só pela difusão do discurso jornalístico sua palavra alcançou o mundo e o perturbou.

1. A coerência da luta

Apesar de sempre ter sido um homem fisicamente frágil, dom Helder Câmara viveu noventa anos. Quando o conheci, na cidade do Recife, teria ele entre 55 e 60 anos, a fragilidade transparecia no corpo franzino. Magérrimo, sofria de artrites, ou algo parecido, e tomava cortisona para suportar as dores, das quais jamais se queixava. Por causa das dores, pouco dormia de noite.

As fadigas da insônia pareciam tolher-lhe o corpo. Até o olhar, que fulgurava quando falava às platéias, perdia viço, sob as pálpebras cansadas, no convívio rotineiro do dia-a-dia.

Quem o olhava na fragilidade do corpo não imaginava a força da sua palavra. Com essa força, desembarcou no Recife em meados de 1964, para assumir a arquidiocese de Olinda e Recife. E assim falou, no primeiro encontro com a multidão que o aguardava, em praça pública: ‘Aqui, neste santuário de sol, o Cristo se chama João, Francisco ou José’.

Entregou-se por inteiro às causas desse Cristo com rosto, vida e dores de povo. E os olhos claros, de tons azulados, sempre se reacendiam quando as conversas envolviam temas e cúmplices da luta guerreira pelo desenvolvimento com justiça social.

Entre os cúmplices que com ele melhor partilhavam idéias e projetos havia vários jornalistas, que sempre foram interlocutores privilegiados. E as conversas mais importantes não aconteciam em torno de mesas, mas em caminhadas, pelas estreitas alamedas do pomar do palácio episcopal, para onde dom Helder levava pelo braço os visitantes mais confiáveis, mais estimados ou mais importantes, por causa das informações e idéias que traziam ou podiam levar.

Nas salas do palácio, nas alamedas do pomar ou nos encontros estratégicos, de grupos fechados, na casa de alguém, estivesse o bispo de pálpebras caídas, abatido pela fadiga, ou com o olhar aceso que dava vigor às palavras, o que se falava com D. Helder sempre envolvia a luta pela libertação do povo, que na teologia do bispo vermelho dava rosto e identidade ao Cristo. Que povo? O Francisco, o João, o José, vítimas da injustiça, da opressão, do desemprego, do analfabetismo, da fome, das endemias. Ameaçados pela desesperança.

2. A razões da esperança

Nas convicções que sustentavam as ações e as falas de dom Helder Câmara, a esperança era uma espécie de eixo central. Porque sem esperança não haveria luta nem motivos para lutar. Por isso pensava e dizia: ‘Quando sonhamos sozinhos, é só um sonho; quando sonhamos juntos, é o início de uma nova realidade’.

Para partilhar sonhos, jamais faltou gente ao redor de dom Helder. Que sonhos não eram, mas ações de esperança. E a frase citada, guardada pela memória do relato jornalístico, faz a definição mais bela, mais precisa, do conceito esperança.

A força multiplicadora dessa esperança iluminava em dom Helder o sorriso quase permanente que contagiava os interlocutores. Da energia fantástica dessa esperança vinha o fogo que lhe incendiava a oratória, nos púlpitos do mundo – e então, para acrescentar sentidos às palavras e aos gestos, brilhavam os olhos claros, translúcidos, que as pálpebras cansadas inutilmente teimavam em esconder.

Quando dom Helder Câmara agia no mundo como mestre e lutador da palavra, aquele corpo magro, pequeno e doente, alongava-se pelo gestual ao mesmo tempo imponente e natural. E impunha-se às platéias, tornava-se ferramenta vigorosa a serviço do discurso magicamente interativo.

Ouvi dom Helder Câmara diversas vezes, em homilias, nos altares de pequenas igrejas das periferias pobres do Recife, e em conferências, nos salões e anfiteatros do mundo econômico, político, cultural ou acadêmico do Brasil. Vivi até uma experiência inesquecível, quando, com mais dois colegas, o entrevistei num programa de televisão no qual se discutiam as contradições do Nordeste brasileiro. Ele tomou conta do programa, usou genialmente a câmera como janela aberta para o mundo. E nos incluiu na platéia.

Também o conheci na intimidade de reuniões onde se decidiam ações estratégicas em prol do povo nordestino e até em encontros mais abertos, informais, de amigos reunidos em torno de mesas recheadas de petiscos. No convívio informal, ele se parecia com a gente, nas dúvidas como nas inquietações. E se integrava facilmente aos ambientes onde dialogava, se fosse o caso apreciando bons vinhos e bons queijos em rodas intelectuais, ou partilhando sabores fortes em confraternizações operárias.

3. O poder da palavra

O dom Helder que conheci, admirei e estimei era um homem manso, que precisava dos amigos. Mas foi, também, um ser humano extraordinariamente poderoso, capaz de aglutinar legiões para as tarefas da justiça social, da solidariedade, da liberdade, da dignidade humana.

Poderoso, sim. Tinha o poder da simplicidade, da pobreza assumida como valor – simplicidade e pobreza simbolizadas na cruz episcopal que usava, de madeira, quase tosca, que algum artesão de mãos calejadas deve ter feito a canivete.

Mas esse poder, o da simplicidade e da pobreza, servia apenas para o testemunho. O poder que fazia questão de exercer, para intervir no mundo, e com o qual assombrava as elites dominantes, era o poder da palavra, o que significa dizer, o poder das idéias bem proclamadas e difundidas.

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Diante de platéias ou de multidões, Helder Câmara foi um comunicador fascinante. Mas só pela difusão do discurso jornalístico sua palavra alcançou o mundo e o perturbou.’



MÍDIA & PRIVACIDADE
Tânia Bernucci

‘O preço da internação da pessoa pública quando a imprensa está na porta’, copyright Gazeta Mercantil, 28/05/04

‘Muito se tem dito sobre a fronteira que separa o público e o privado. A mídia nos mostra diariamente quem são as personalidades do mundo político, artístico, empresarial ou esportivo e como se portam, com maior ou menor discrição. Os limites da exposição pública – também muito debatidos – ficam, entretanto, abalados quando a pessoa se torna paciente de um hospital. O ‘preço’ de uma internação, aquele que está além da saúde, pode ser muito caro à imagem da pessoa e pode ainda agregar valor a ela, como ser humano.

Na última década, vi artistas e políticos entrarem e saírem do Hospital Sírio-Libanês sem que a opinião pública ficasse sabendo que foram internados, porque foram e a que tipo de procedimento ou terapia se submeteram. A postura ética e discreta adotada pela instituição, ao longo dos anos, de não fazer daquela internação um fato sensacional, só reforça o desejo de privacidade do paciente. Lá, ele não é o astro da novela, o jogador da seleção, nem o vice-presidente da República. Ele é a pessoa fragilizada pela doença, que necessita de cuidados médicos e suporte emocional. O paciente deseja obter a cura, mas deseja também permanecer incógnito no momento da dor. Mas nem sempre é possível passar desapercebido e não dar respostas ao público, quer sejam os fãs, os munícipes que nele votaram e até os adversários políticos.

O vazamento ou a informação de que tal pessoa está internada ocorre em diferentes situações: algum acompanhante de outro paciente ou do próprio paciente viu a pessoa no hospital; a imprensa está bem informada ou acompanha os passos do paciente ou, ainda, quando o médico vaidoso é o informante.

Várias personalidades passaram por hospitais nos últimos anos. Dois casos, entretanto, chamaram muito a atenção e provocaram enorme comoção pública: o da apresentadora Ana Maria Braga, internada no Hospital Sírio-Libanês e do Governador Mario Covas, internado no INCOR. O primeiro, que conheci de perto, felizmente teve melhor destino que o do Governador, que veio a falecer. Os dois guerreiros lutaram bravamente contra a doença e, ao contrário da maioria das pessoas, quiseram tornar públicas as doenças e envolveram a população, que se solidarizou e sofreu junto com eles. A apresentadora transformou a sua doença numa campanha de utilidade pública, prestando esclarecimentos em que esmiuçava todos os detalhes da doença e do tratamento e incitava as mulheres a prevenir o câncer. Ana Maria fez de sua internação e exposição uma campanha em prol da saúde da mulher, mas esta foi uma atitude rara e particular.

O hospital, um ambiente hostil onde ninguém gosta de estar – a não os que o freqüentam por razões profissionais, vez ou outra é povoado por jornalistas, fotógrafos e cinegrafistas, que,a exemplo dos médico também dão seus plantões, na tentativa de buscar material para a confecção de notícias sobre o ingresso ou internação de pacientes considerados de interesse público. Qual, então o papel da assessoria de imprensa de um hospital? É preservar a privacidade do paciente e respeitar o direito à dor ou apreensão que sempre emergem quando alguém precisa ser hospitalizado. Ironicamente, cabe também à assessoria de comunicação o papel de informar os jornalistas que carecem de informações sobre o estado de saúde de um político ou artista.

Contaminada pelo ambiente, a assessoria prescreve e divulga o Boletim Médico como forma de sanar as necessidades ou ‘doença’ crônica da imprensa, que é a notícia. O bom senso recomenda que ele seja sintético, não contenha termos técnicos e esclareça, para evitar a tão propagada distorção jornalística. Se ele fosse escrito só pelo médico, seria mais ou menos assim: ‘O paciente apresenta uma neoplasia de baixa malignidade. Depois da cirurgia, ele já deambula pelo nosocômio’. A ‘tradução’ do boletim também é uma das funções do assessor de imprensa. Já aplacar as dúvidas e suspeitas que pairam no ar quando a doença real está presente, não é tarefa fácil. Políticos e artistas, por razões óbvias – nunca devem parecer abatidos ou doentes. Há pouco tempo, a internação de um deputado, que acabava de chegar da China com suspeita de pneumonia aviária, quase criou um incidente diplomático com a Embaixada daquele país. Se o diagnóstico se confirmasse, vôos e negócios seriam cancelados. Não só os jornais estavam interessados no caso. Era premente que o boletim fosse emitido. Além disso, não bastava só a informação de que o paciente estava realizando exames e vinha se recuperando bem. O conteúdo tinha que apaziguar os ânimos. Não foi diferente quando um governador se afastou de seu estado para uma cirurgia em São Paulo. O tumor encontrado era maior do que o esperado e o órgão todo teve que ser extirpado. Junto com o rim, as chances dele voltar a governar num curto prazo de tempo também sofreram um corte cirúrgico.

Como então, a assessoria de um hospital deve se portar quando o político abusou da bebida, bateu o carro, e deu entrada politraumatizado? Ou ainda, quando uma atriz, numa crise depressiva, tentou o suicídio e chega ao Pronto Atendimento acompanhada da polícia? Outras inúmeras possibilidades, como um câncer que acomete um grande líder ou um ídolo da televisão, podem ser elencadas. Ao hospital ou instituição de saúde, cabe apenas informar o estado clínico do paciente. Os motivos que o fizeram chegar até a instituição ou que o levaram a desenvolver esta ou aquela doença devem ser considerados de foro íntimo e são domínios do assessor pessoal ou da família da pessoa internada, quando ela os tem. Vencer a febre que acomete um paciente no momento da alta e o devolve ao leito, só é possível com a eficiência do corpo clínico e a boa saúde do paciente. Já explicar os pormenores que levaram aquele paciente à febre, mesmo com toda a eficácia e sinceridade (para não dizer comprometimento com a verdade) que competem a uma assessoria de comunicação e à própria imprensa, nem sempre é possível. Em se tratando de hospitais e doenças, alguns fatos só dizem respeito à relação médico/paciente.

Façamos um exercício, um pouco desconfortável, mas fundamental, aquele que nos coloca no lugar constrangedor do doente, vestido com o camisolão branco de algodão, cuja abertura traseira facilita o trabalho da enfermagem e dos médicos, mas quase sempre o deixa seminu. Depois disso, fica fácil entender o desejo de anonimato da pessoa pública.

Tânia Bernucci é jornalista e assessora de comunicação. Sua empresa presta assessoria ao Hospital Sírio-Libanês há 12 anos e este foi um dos temas de debate no VII Congresso Brasileiro de Jornalismo Empresarial, Assessoria de Imprensa e Relações Públicas, promovido pela Mega Brasil.’