Leia abaixo os textos de quinta-feira selecionados para a seção Entre Aspas. ************ O Globo
Quinta–feira, 1° de junho de 2006
TV DIGITAL
TV digital causa embaraço em encontro Brasil-UE
‘BRASÍLIA. Causou constrangimento ontem, no encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o líder da Comissão Européia (CE), José Manuel Durão Barroso, o vazamento, ocorrido terça-feira, da informação de que o governo brasileiro já está agendando a vinda de autoridades japonesas para a solenidade de anúncio da escolha do padrão de TV digital. O convite aos japoneses foi confirmado pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa.
Até então, os europeus disputavam com os japoneses a preferência do Brasil por seu padrão digital. Como o tema é delicado, o governo brasileiro havia decidido deixar qualquer anúncio para a próxima semana, devido à presença de Barroso no país esta semana. Uma antecipação poderia ser interpretada como descortesia à CE. Segundo uma fonte da área diplomática, foi uma ‘barbeiragem’ vazar para a imprensa, na véspera da visita de Barroso, a notícia de que o modelo japonês era favorito.
Para fontes da União Européia, o anúncio do governo brasileiro, mesmo que não tenha sido feito oficialmente, sobre a escolha do padrão japonês foi uma atitude inadequada. Os interlocutores consideraram uma ‘falta de habilidade’ diplomática. A notícia saiu justamente no período entre a visita dos presidentes da França, Jacques Chirac, e da CE.
Ainda assim, os europeus dizem que farão mais uma investida por meio do consórcio DVB Brasil, formado pelas fabricantes BenQ, Nokia, Philips, Rohde&Schwarz, ST Microeletronics, Siemens e Sagem. O DVB Brasil marcou, para a próxima terça-feira, o DVB LAC – Fórum para América Latina e Caribe, que acontecerá em Brasília para discutir a TV digital.’
TV PAGA
Globosat fecha acordo com Cade sobre canais
‘BRASÍLIA. A Globosat firmou ontem um acordo com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) pelo qual se compromete a abrir mão da exclusividade dos canais SporTV, SporTV 2 e Première Esportes até 2008. Com isso, operadoras de TV por assinatura que não fazem parte do sistema Net Brasil poderão negociar a oferta desses canais a seus assinantes. SporTV e SporTV 2 são negociados em um pacote que inclui os canais GNT, Multishow e Globonews. Portanto, as operadoras não afiliadas à Net Brasil interessadas na programação esportiva terão que adquirir o restante. Já o Première Esportes (parte do sistema pay-per-view ) não estará obrigatoriamente no pacote.
Pelo acordo, a partir de 2009 a Globosat terá de volta a exclusividade dos canais esportivos, mas terá de abrir mão da exclusividade nas transmissões de parte dos principais eventos de esporte do Brasil até 2011. Os principais eventos são: campeonatos brasileiro, carioca e paulista e as copas do Brasil e Libertadores da América. A Globosat pode ter exclusividade em dois eventos ou escolher três, desde que não incluam o Brasileirão e a Copa do Brasil.
– Acreditamos que as medidas são suficientes para melhorar as condições de concorrência – disse o conselheiro do Cade Paulo Furquim.
O acordo – conhecido como termo de compromisso de cessação de prática (TCC) – suspendeu o julgamento de um processo no qual a associação Neo TV acusava a Globosat de prejudicar a concorrência com a exclusividade dos canais esportivos. Furquim lembrou que o TCC entra em vigor imediatamente, enquanto as decisões de um julgamento levam tempo para serem implementadas. O diretor geral da Globosat, Alberto Pecegueiro, concordou:
– Aprendi desde criança que um mau acordo é melhor que um bom litígio. Acho que o Cade também entende que um litígio teria custos para ele e para a população. Apesar das concessões, ainda é um acordo que atinge os objetivos de incitar a concorrência e que a gente acredita, sem poder ter 100% de certeza, que vai ter um nível de negócios ainda satisfatório.
Em nota, a Globosat afirmou que a decisão reconheceu a inviabilidade jurídica do pedido da NeoTV de contratar os canais de esporte sem adquirir os demais produtos do pacote básico. A diretora-executiva da NeoTV, Neusa Risetti, disse que ainda vai estudar o acordo, mas que ficou comprovado não haver mais espaço para a exclusividade de programação na TV por assinatura.’
JUSTIÇA NA TV
Justiça libera transmissão pela TV do julgamento de Suzane von Richthofen
‘SÃO PAULO. O juiz Alberto Anderson Júnior, do 1 Tribunal do Júri, autorizou as emissoras de TV a transmitir imagens da sala do julgamento de Suzane Richthofen e dos irmãos Cravinhos, réus confessos dos pais da jovem. Mas a TV Justiça, que acompanharia todo o júri, não está mais interessada.
Segundo o Supremo Tribunal Federal, responsável pela TV Justiça, o canal não mudará a sua programação. Apesar da desistência, o Tribunal de Justiça ainda está negociando com a emissora. Também está em negociação, no caso de desistência definitiva da TV Justiça, a forma como as outras emissoras de televisão poderão transmitir o julgamento, uma vez que não há espaço para que todas as equipes trabalhem na sala do júri.
A Escola Paulista da Magistratura criou um blog para transmitir ao vivo as cenas do julgamento. Juízes especializados em Tribunal do Júri vão comentar todos os passos para os leigos poderem entender situações envolvendo réus, testemunhas, defesa e promotoria.
Vera Barni, mulher de Denivaldo Barni, advogado e tutor de Suzane von Richthofen, disse ontem não temer reações negativas contra sua família por abrigar a ex-estudante em seu apartamento na Vila Sônia, Zona Oeste de São Paulo. Às 20h30m de ontem dois rapazes picharam o muro do prédio com os dizeres ‘Suzane, assassina, volte para a cadeia’.
A permanência de Suzane no prédio vai durar até o julgamento, o que parece causar apreensão à ré, segundo Vera:
– Como você acha que uma pessoa fica quando espera por seu julgamento?
A Secretaria de Segurança não mandou policiais à porta do prédio onde está Suzane. Os moradores criticaram a falta de policiamento.’
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O Estado de S. Paulo
Quinta–feira, 1° de junho de 2006
TV DIGITAL
TV digital provoca deslize diplomático
‘O Itamaraty terá, nos próximos meses, uma dura tarefa a realizar: consertar a série de deslizes diplomáticos que culminaram, ontem, com a ausência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao almoço oficial que ofereceria em homenagem ao presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso. Na primeira visita ao Brasil de uma autoridade máxima da União Européia, o português Durão Barroso viu sua agenda em Brasília ser alterada na última hora e teve como anfitrião para o almoço o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
Pior desfeita, entretanto, se deu com o vazamento da decisão do governo de enviar uma carta a Tóquio com a confirmação da escolha do padrão japonês de TV digital nesta semana – apenas alguns dias depois da visita de Estado do presidente da França, Jacques Chirac, um dos maiores interessados na escolha do padrão europeu pelo Brasil, e a poucos dias da chegada de Durão Barroso, cuja visita teria também o objetivo de reforçar esse lobby.
Ao final de um encontro de pouco mais de uma hora de duração, nem Lula nem Durão Barroso fizeram qualquer menção ao processo de escolha do padrão de TV digital. Acentuaram as diversas áreas de cooperação entre Brasil e União Européia, principalmente nas áreas de energia e em ciência e tecnologia, mas esquivaram-se de tocar nesse negócio de US$ 100 bilhões. Em seu discurso escrito, o presidente brasileiro deixou clara a relevância do parceiro tratado com tão pouco caso pelo seu governo.
‘A União Européia é um dos mais importantes parceiros comerciais do Brasil’, afirmou, para mencionar em seguida que o bloco absorveu 22% das exportações brasileiras em 2005. ‘Contamos com um estoque de investimentos europeus no País da ordem de US$ 150 bilhões. O Brasil reúne hoje todas as condições para atrair uma nova leva de investimentos produtivos’, completou.
Para diplomatas europeus, os deslizes de ontem demonstraram ausência de habilidade de Brasília. A crítica foi compartilhada até mesmo no Itamaraty, ministério que pouca interferência tem na escolha do padrão de TV digital e que se viu à mercê das mudanças do Palácio do Planalto na forma de recepcionar Durão Barroso.
Até a noite de anteontem, Durão Barroso seria recebido em audiência por Lula no Itamaraty. Em seguida, haveria as declarações de ambos à imprensa e o almoço oficial. Na manhã de ontem, a imprensa foi informada de mudanças na agenda – o encontro se daria no Palácio do Planalto, e Lula não iria ao almoço por problemas em sua ‘agenda privada’.
Lula volta a cobrar países ricos
O presidente Lula alertou ontem que a reunião ampliada do grupo dos países mais desenvolvidos, o G-8, marcada para julho em São Petersburgo, será a ‘última chance’ para extrair dos líderes das economias mais influentes na Organização Mundial do Comércio (OMC) os compromissos necessários para a conclusão exitosa da Rodada Doha, de liberalização comercial, até o final deste ano.
Ao lado do presidente da Comissão Européia, José Manuel Durão Barroso, no Palácio do Planalto, Lula advertiu que o Brasil está ‘fazendo a sua parte’ nas negociações, mas que os ‘maiores gestos’ ainda precisam vir dos países ricos – uma clara indicação de que o Brasil e seus aliados aguardam uma nova proposta de liberalização do comércio agrícola pela União Européia.
A reunião de cúpula do G-8, para qual Lula e outros líderes de países em desenvolvimento foram convidados, se dará a apenas duas semanas do prazo final para que os 149 países da OMC coloquem suas propostas finais sobre a mesa de negociações, no dia 30 de julho.’
TV PAGA
Globo terá de oferecer canais de futebol para concorrentes
‘As empresas de TV por assinatura concorrentes da Net e da Sky – como a TVA, a MaisTV e a Vivax – já podem transmitir os jogos de futebol dos principais campeonatos do Brasil. Ontem, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) firmou acordo com a Globosat, controladora da Net e da Sky, em que a empresa fica obrigada, até o fim de 2008, a vender para as concorrentes o seu pacote básico de canais, nas mesmas condições e preços dos contratos com suas operadoras filiadas. A medida pode beneficiar cerca de 800 mil assinantes, de um total de 4 milhões de clientes da TV paga em todo o País.
No pacote básico estão os canais SporTV 1 e 2, que atualmente transmitem, com exclusividade, os jogos do Campeonato Brasileiro, da Copa do Brasil, da Libertadores da América e dos campeonatos paulista e carioca. Para terem o conteúdo esportivo, as outras operadoras também terão de comprar os demais canais do pacote, que incluem a Globo News, o GNT e o Multishow. Os assinantes dessas empresas poderão ter de pagar mais para obter os canais da Globosat.
As partidas de futebol no sistema ‘pay per view’, do canal Première Esportes, também poderão ser compradas, fora do pacote básico. O Cade estabeleceu, no entanto, que as operadoras que comprarem o Première Esportes terão de vendê-lo para pelo menos 11% de sua base de assinantes, até junho de 2008. Caso não alcancem essa meta, a Globosat poderá aumentar sua participação na receita da venda desses jogos.
O diretor-geral da Globosat, Alberto Pecegueiro, gostou do acordo: ‘A gente achou que atinge os objetivos do Cade, de incitar a concorrência, e a gente acredita que vai ter um nível de negócio satisfatório’. A discussão surgiu de um processo apresentado em 2001 pela Neo TV, associação que reúne 54 operadoras de TV por assinatura. A diretora-executiva da associação, Neusa Risetti, evitou fazer maiores comentários, mas disse que ‘ficou comprovado que não há mais espaço para exclusividade de programação’.
Já o presidente do Grupo Bandeirantes, Johnny Saad, criticou o acordo, que classificou como ‘banal’. Por escrito, Saad afirmou: ‘Nesse caso, o crime compen$ou’. Para ele, foi uma vitória da Globo. Esse processo dava uma multa de milhões.’ Procurada, a Globo preferiu não comentar as críticas de Saad.
O conselheiro do Cade Paulo Furquim, relator do processo, disse que o acordo tem uma grande vantagem, que é a sua aplicação imediata. Segundo ele, houve preocupação do Cade com os efeitos da decisão sobre o mercado de produção de conteúdo, para não inviabilizar o crescimento de outros canais concorrentes, como a BandNews e a BandSports.
O acordo prevê ainda que, de 2009 a 2011, a Globosat poderá ter exclusividade de apenas três eventos esportivos, desde que não tenha, ao mesmo tempo, a exclusividade do Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil. Para ter a exclusividade desses dois campeonatos, terá de abrir mão da exclusividade de um terceiro evento. COLABOROU RENATO CRUZ’
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Como ficam os jogos na televisão
‘Concorrência – Até 2008, a Globosat terá que vender seu pacote básico de canais para os concorrentes, nas mesmas condições que o oferece para as afiliadas.
SportTV – O pacote básico inclui os canais SporTV 1 e 2, que transmitem com exclusividade os principais campeonatos de futebol, mas também GNT, Globo News e Multishow, que não podem deixar de ser comprados com os canais de esporte.
Première – O canal Première Esportes, com jogos no sistema pay per view, é opcional. Quem comprar terá que vender o canal, em dois anos, para pelo menos 11% de sua base de assinantes.
Campeonato – Entre 2009 e 2011, a Globosat poderá ter exclusividade de apenas três eventos esportivos, desde que não tenha, ao mesmo tempo, o Campeonato Brasileiro e da Copa do Brasil. Para ter a exclusividade nos dois, terá de abrir mão do terceiro.
Processo – O acordo começa a valer imediatamente. Ele foi resultado de um processo apresentado em 2001 pela Neo TV.’
PUBLICIDADE
Brasil inscreve 2.537 peças no Festival de Cannes
‘A corrida para o 53º Festival Internacional de Publicidade de Cannes já começou. Ontem, o jornal O Estado de S. Paulo, representante oficial do maior festival da propaganda mundial no País, informou que as agências brasileiras inscreveram 2.537 trabalhos, que vão concorrer em nove categorias, com destaque para filmes e impressos. Esses trabalhos fazem parte da competição oficial que começa dia 18 e vai até o dia 25, embora a avaliação das peças e as reuniões de jurados comecem uma semana antes, em Cannes.
A Almap/BBDO lidera as inscrições brasileiras com 278 trabalhos, dos quais 18 filmes, 125 peças impressas, 90 outdoor e 35 na categoria cyber (internet). Em segundo lugar, aparece a F/Nazca com 240 peças, seguida de DM9DDB (177), JWT (160), Fischer America (147), Giovanni, FCB (126), Lew, Lara (120), DPZ (112), McCann-Erickson (104), Leo, Burnett (100), Dentsu Latin America (66), Publicis (66), Ogilvy (64), Agência Click (52) e Loducca (48).
O festival premia as categorias titanium, filme, impresso, outdoor, rádio, mídia, internet, marketing direto e promocional.’
TELEVISÃO
A&E e History na Net
‘Entram no ar hoje na Net, nos pacotes Master e Advanced para os assinantes de São Paulo, os canais History Channel e A&E Mundo. Na semana passada, a Net pegou alguns assinantes de surpresa ao colocar no ar por algumas horas no canal 37 – reservado ao menu da programação – atrações do A&E Mundo. Era uma degustação do que estava por vir. A operadora garante que os assinantes não terão nenhum custo adicional com a novidade.
Os canais já faziam parte do pacote da Net Digital. O History entrará no pacote analógico no canal 30, que era ocupado pela TV5, deslocada para o canal 12 temporariamente, segundo da Net. Ao tudo que indica, não será temporária a mudança. O A& E entra no 68, canal vago.
Em março de 2005, a Net anunciou a inclusão, em seu line up, dos canais do grupo HBO, grife que era um dos últimos diferenciais da concorrente TVA em relação à Net.
Há quem aposte que em breve outros canais que também fazem parte do pacote digital da Net, como E! Entertainment, VH1 Soul e MTV Hits, também migrem para o pacote analógico da operadora.’
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Amazônia homenageará Chico Mendes
‘Começam em outubro as gravações de Amazônia, minissérie de Glória Perez que estréia em janeiro no Globo. Três personalidades que marcaram a região devem ser lembradas na trama: o boliviano Luiz Galvez Rodrigues de Arias, que ajudou a proclamar a independência do Acre, o gaúcho José Plácido de Castro, que liderou um movimento armado contra a Bolívia, e o líder seringueiro e defensor do meio ambiente assassinado Chico Mendes. No elenco, nomes como Giovanna Antonelli, Vera Fischer, Cristiane Torloni e José Wilker.’
ESTADÃO
PREMIADOO Estado de S. Paulo
Diretor do ‘Estado’ recebe prêmio
‘Principal centro de pesquisas de políticas públicas dos EUA, Wilson Center realiza solenidade hoje em SP
O Woodrow Wilson International Center for Scholars entregará hoje, em jantar no Hotel Gran Meliá WTC, em São Paulo, o Prêmio Woodrow Wilson de Serviço Público ao diretor do Estado, Ruy Mesquita. O presidente da Embraer, Maurício Botelho, receberá, na mesma ocasião, o Prêmio Woodrow Wilson de Cidadania Corporativa. É a primeira vez que o mais importante centro oficial de pesquisas e debate de políticas públicas dos Estados Unidos, instituído em 1968 pelo Congresso americano, promove a entrega desse prêmio em um país da América do Sul.
A premiação costuma homenagear políticos americanos de expressão e raramente é concedida a estrangeiros. Entre os que a receberam, figuram três ex-secretários de Estado americanos – George Shultz, James Baker e Colin Powell – e o ex-primeiro-ministro do Canadá Brian Mulroney. ‘O prêmio é dado a pessoas que demonstraram um compromisso especial com a promoção de opiniões bem fundamentadas’, justificou o presidente do Wilson Center, Lee Hamilton, ao fazer o anúncio, em março. ‘Tentamos identificar pessoas nos setores público e privado que pensem o futuro e sejam visionários. O Prêmio Woodrow Wilson busca elevar pessoas excepcionais como o sr. Mesquita e o sr. Botelho.’
A cerimônia de hoje à noite terá como patronos os ex-presidentes da República José Sarney e Fernando Henrique Cardoso. Entre as mais de 400 pessoas que já confirmaram presença no jantar, está o embaixador do Brasil nos Estados Unidos Roberto Abdenur e o ex-embaixador americano no Brasil Anthony Harrington, que trabalhou pela nomeação de Mesquita e Botelho para receber a mais importante homenagem prestada pelo Wilson Center.
TRIBUTO
O Wilson Center é um tributo ao único entre os 43 presidentes americanos que obteve o título de doutorado antes de chegar à Casa Branca. Integrante do Partido Democrata, Woodrow Wilson, que exerceu dois mandatos, entre 1913 e 1921, foi o inspirador da Liga das Nações – que não vingou, mas foi o embrião da Organização das Nações Unidas (ONU), criada no fim da Segunda Guerra Mundial. Wilson acreditava no diálogo entre os políticos e formuladores e executores de políticas públicas, de um lado, e os especialistas do mundo acadêmico, de outro. Localizado no centro de Washington, o Wilson Center recebe anualmente 150 estudiosos de várias áreas das ciências sociais, políticas e econômicas e ex-ocupantes de altos cargos públicos , 40% dos quais são estrangeiros.
Os recursos arrecadados com o jantar de hoje ajudarão a financiar o Instituto Brasil, cuja criação será anunciada amanhã. Trata-se do quarto e último instituto do gênero que o Wilson Center vai abrir para estudar um país específico e suas relações com os Estados Unidos. Os outros três são voltados para Rússia, Canadá e México. A idéia de abrir o Instituto Brasil começou há cinco anos, por sugestão do então embaixador do Brasil nos Estados Unidos, Rubens Barbosa.’
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Folha de S. Paulo
Quinta–feira, 1° de junho de 2006
ELEIÇÕES 2006
Grupo da CUT vai distribuir 360 mil revistas pró-Lula
‘Um grupo de sindicatos ligados à CUT começa a distribuir amanhã 360 mil exemplares da ‘Revista do Brasil’ que traz como destaque da sua primeira edição o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a sua resistência à crise do mensalão.
A manchete da publicação, ‘O Segredo de Lula’, compõe a foto de Lula todo sorridente. ‘Um ano de bombardeios, na mídia e no Congresso, não abalou a liderança do presidente. De onde vem essa resistência?’
O material será distribuído, segundo os sindicatos, em pelo menos quatro Estados (São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul) e mais o Distrito Federal, que representam juntos 49,5% do eleitorado do país.
O público alvo da revista serão, em princípio, os trabalhadores sindicalizados, que receberão o material em casa gratuitamente. A previsão dos sindicatos é, entretanto, ‘a curto prazo’, ampliar a publicação de mensal para semanal e passar a vendê-la em banca. O preço de capa será de R$ 4,50.
CUT
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) informou que as publicações feitas por sindicatos não podem conter mensagens com viés eleitoral, como ocorreu com o jornal da CUT (Central Única dos Trabalhadores), mas cada material precisa ser analisado isoladamente.
O exemplo dado pelo tribunal ocorreu em abril deste ano quando o ministro Marcelo Ribeiro determinou o recolhimento do 1,5 milhão de exemplares do jornal que trazia um balanço do governo de Geraldo Alckmin (PSDB) em São Paulo e comparações dos governos Lula e Fernando Henrique Cardoso. A medida foi, porém, ineficaz porque a distribuição já havia ocorrido.
A CUT faz parte do grupo de entidades que já manifestou publicamente apoio à reeleição de Lula. Ontem, representantes da central e de outros movimentos sociais participaram de uma manifestação em frente ao Palácio dos Bandeirantes reclamando de falta de investimentos nas áreas sociais.
Os grupos também anunciaram para este mês um grande movimento pró-Lula.
No governo petista, a central recebeu repasses de cerca de R$ 30 milhões. Na comemoração do Primeiro de Maio deste ano, ela recebeu em patrocínios da Petrobras e da Caixa Econômica Federal R$ 800 mil.
Apolítica
Os sindicatos dos Metalúrgicos do ABC e dos Bancários de São Paulo, que fazem parte do grupo responsável pela publicação, informaram que todos os detalhes da revista -como seu custo de produção- serão fornecidos à imprensa somente no próximo dia 12, quando ocorrerá o lançamento oficial.
Os sindicatos refutaram, porém, qualquer viés político.
A revista é colocada com uma opção às publicações ‘da grande imprensa’. A explicação do surgimento da revista é uma pesquisa da BBC de Londres. ‘Pesquisa recente revelou que parcela significativa da opinião pública sente-se insatisfeita com o que encontra nos meios de comunicação’, diz trecho de nota dos bancários.
Outra justificativa é que boa parte da população não tem acesso à mídia impressa.
Colaborou CONRADO CORSALETTE, do ‘Painel’’
Daniel Castro
Candidatos falarão 75% a mais em debate
‘Os candidatos a presidente da República, a vice-presidente e a governadores dos Estados terão 75% a mais de tempo nos debates que a Band promoverá neste ano, a partir de agosto.
Em 2004, o candidato que fazia uma pergunta para um adversário tinha apenas 30 segundos para elaborá-la. Agora, terá o dobro. O outro candidato tinha um minuto e 30 segundos para responder. Neste ano, terá dois minutos e meio. Até as considerações finais (antes de 30 segundos) serão maiores: dois minutos e 30 segundos.
O objetivo da Band (que incorporou sugestão de Ricardo Berzoini, presidente do PT) não é apenas reduzir os ‘estouros’ de tempo, que acarretam em irritantes cortes de som e advertências. ‘Queremos dar maior utilidade aos debates, ampliando a exposição dos candidatos e a discussão dos problemas e soluções. Vamos fazer debate para o eleitor menos emocional, que não está disposto a ouvir frase de efeito’, afirma Fernando Mitre, diretor de jornalismo da Band.
Os debates da Band no primeiro turno serão em 7 (presidenciáveis) e 14 de agosto (governadores) e em 11 de setembro (vices). Nas duas últimas segundas-feiras de julho, haverá um ‘torneio início’ – programas que apresentarão os candidatos e suas propostas.
As demais segundas trarão um ‘Canal Livre Ano Eleitoral’, que aprofundará a discussão dos programas partidários.
TIRO NO PÉ 1
O juiz Marcos Emanuel Canhete, do Tribunal Regional do Trabalho de São Paulo, cassou anteontem liminar que ele mesmo concedeu e que revogava mandado de prisão contra os donos da Rede TV!, Amílcare Dallevo Jr. e Marcelo de Carvalho, por descumprimento de sentença judicial trabalhista.
TIRO NO PÉ 2
O curioso é que o recurso que causou a cassação da liminar, e que expôs os donos da Rede TV! ao risco de prisão, foi impetrado pelos advogados contratados pela própria emissora.
TIRO NO PÉ 3
No recurso, os advogados da Rede TV! pediam liberdade para os donos da emissora viajarem ao exterior e questionavam a competência do juiz Canhete em apreciar a matéria.
FALANDO NAQUILO
O SBT está produzindo a toque de caixa sua versão nacional do ‘Falando de Sexo com Sue Johanson’, exibido pelo GNT. Apresentado pela sexóloga Carla Cecarello, ‘Aprendendo sobre Sexo’, estréia segunda, às 21h45. Com 15 minutos, responderá dúvidas sexuais de telespectadores.
‘CRISTAL’ LIVRE
O ‘Diário Oficial da União’ deve publicar hoje despacho liberando a exibição da novela ‘Cristal’ em qualquer horário _o SBT vai apresentá-la, a partir de segunda, às 19h.
‘BICHO’ PRESO
Já ‘Bicho do Mato’, que a Record estréia em julho no lugar de ‘Prova de Amor’, foi ontem classificada para as 20h, por conter violência. A Record vai recorrer para exibi-la às 19h30.’
TODA MÍDIA
Perto da eleição
‘O ‘Valor Econômico’, três semanas atrás, trazia a manchete ‘PIB cresce de 5% a 6% perto da eleição, apontam previsões’. Era o oráculo dos analistas para daqui a quatro, cinco meses, ‘perto da eleição’.
Ontem, na manchete da Folha Online até o início da tarde, a aparente confirmação, não dos percentuais, mas da tendência da economia, ‘PIB cresce 1,4% no primeiro trimestre, a maior alta em um ano e meio’.
No enunciado da manchete do ‘Jornal Nacional’, é ‘o maior crescimento dos últimos 18 meses na economia’.
De um economista ouvido à tarde pela emissora:
– É excelente notícia para todos. Quando o país cresce, todo o mundo se beneficia.
Para o blog de Fernando Rodrigues, quem se beneficia mesmo é Lula, que tem ‘mais motivo para comemorar’.
De volta ao jornal ‘Valor’, ‘a maioria dos especialistas concorda que a economia vai se acelerar no segundo e no terceiro trimestres’.
Para conter o ‘já ganhou’ lulista, à noite surgiu na home page da Folha Online:
– BC reduz o ritmo e corta o juro em meio ponto.
Mesmo assim, segundo a reportagem no Globo Online, trata-se da ‘taxa mais baixa da série histórica, desde 96’.
ESPECULAÇÃO
Que economia, que nada. O dia foi voltado ao corte de Edmílson. A ESPN Brasil mostrou ao vivo -e passou a abordar a ‘especulação’ de que se devia aos conflitos com Adriano. Foi a manchete nos maiores sites noticiosos e portais brasileiros, do UOL à Globo.com, este último com a história de que a contusão era ‘anterior’ aos treinos, o que abriu especulação sobre Edmílson ter se apresentado contundido etc. etc. A conversa avançou pela noite, nos canais, rádios e sites voltados sem parar à Copa.
GRÁTIS
O ‘NYT’ abriu blog da Copa, com destaque na home page, e já enviou os internautas ao fenômeno You Tube para assistir ‘Zizou vs. Ronnie’, mas desta vez ‘deliciosamente não editados para vender qualquer coisa’
SEM EXCLUSIVIDADE
Em tempo de Copa, era a segunda notícia nos ‘+ lidos’ da Folha Online, ontem no início da noite, ‘Globo perde exclusividade dos jogos na TV paga’. No site Pay-TV, ‘Cai a exclusividade dos canais de esporte da Globosat’.
Pelo ‘acordo’ fechado entre as Globos e o Cade, ou seja, o governo, SporTV e Première ‘poderão ser vendidos a operadoras não-associadas ao grupo Globo (Net e Sky)’. Favorece a NeoTV, de operadoras independentes, ou seja, desvinculadas do grupo. Vale apenas até 2008, mas tanto o representante das Globos como o da NeoTV avaliaram que acabou a era da ‘exclusividade’ na TV paga.
ILUSTRES AUSENTES
Foi destaque na internet, em enunciados como ‘PSDB e PFL oficializam chapa para disputar Presidência e atacam governo Lula’. Na televisão, porém, só o ‘JN’ deu em sua escalada de manchetes. Na Record, Band, SBT, nada.
E o que mais chamou a atenção foram mesmo os ‘ilustres ausentes’. No dizer de Kennedy Alencar, na Folha Online, ‘simplesmente não apareceu a parte expressiva da cúpula’. Nem FHC nem José Serra nem Aécio Neves.
Mas estava lá ACM, que aproveitou para atacar outra vez, por todo lado, o também pefelista Cláudio Lembo.
PROPAROXÍTONA
O também pefelista Cesar Maia, de sua parte, abriu o dia com novo ataque à campanha de Geraldo Alckmin, em seu ‘ex-blog’. Disse que o tucano não se deixou fotografar com o vice José Jorge, ao viajar a Pernambuco. Mas fez pior, ontem, o prefeito do Rio:
– Que alívio! Este ex-blog dormiu mal com a notícia de que iam adotar Geraldo como nome de campanha. Ufa!
Ao que parece, ele é contra, mas foi ao extremo da ironia ao tratar por ‘fundamental’ a outra hipótese -a de ‘trocar a proparoxítona pela oxítona’. Ao que parece, querem trocar Alckmin por ‘Alckmín’.’
TV DIGITAL
Clóvis Rossi
Lula dá sobrevida à União Européia sobre escolha do padrão de TV digital
‘O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu sobrevida à tímida expectativa da União Européia de conseguir que o Brasil adote o padrão europeu de TV digital, em vez do japonês.
Foi durante a reunião de Lula com o presidente da Comissão Européia, o português José Manuel Durão Barroso, que foi logo ao ponto: perguntou se era verdade o que lera nos jornais, ou seja, que o governo brasileiro anunciaria muito em breve que adotaria o modelo japonês.
Lula negou e disse que ainda havia algumas etapas a cumprir. ‘O presidente me disse que o assunto ainda não estava resolvido e eu não tenho nenhuma razão para duvidar dele, como é óbvio’, diria depois à Folha o chefe do braço executivo do conglomerado de 25 países europeus.
Na verdade, a União Européia confia mais em uma divergência visível entre ministros para manter alguma expectativa a respeito de ainda poder conseguir a adoção pelo Brasil de seu padrão, já que todos os sinais apontam para a escolha do japonês, conforme, aliás, a Folha já antecipou há tempos.
Ministros
De um lado, está o ministro das Comunicações, Hélio Costa, plenamente embarcado no padrão japonês, o preferido das emissoras de televisão. De outro, o ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), que tem dúvidas sobre a melhor escolha.
Mesmo assim, a comitiva européia desembarcou em Brasília com a sensação de que o jogo já estava decidido em favor dos japoneses.
Foi a negativa de Lula que embalou Durão Barroso e levou-o a fazer a defesa do seu modelo, mas não pelo lado comercial.
Enfatizou, ao contrário, as razões de ordem política e principalmente cultural que tornam, segundo ele, o padrão mais adequado para o Brasil.
Mencionou também o fato de que 50 países adotam o padrão europeu sem problemas ao passo que o japonês está limitado ao Japão.
Flutuou também no ar, durante a conversa, o fato de que o padrão europeu abre espaço para atingir 500 milhões de consumidores, o maior mercado consumidor do planeta.
Mas Durão Barroso comprometeu-se com Lula a não transformar a questão da TV digital no eixo da visita ao Brasil, a primeira oficial (já veio em férias e, antes, como primeiro-ministro português).
O tema, aliás, nem figurou no caudaloso comunicado de 19 itens emitido após a reunião entre os dois líderes.
A explicação é simples: TV digital é uma questão acima de tudo de negócios, de interesse principalmente do setor privado. Não fica bem para o presidente da Comissão Européia funcionar como uma espécie de vendedor de um dado sistema de TV, assim como não fica bem para um presidente da República aparecer como comprador do que quer que seja.
Por isso, toda a ênfase foi deslocada para a importância e o bom nível do relacionamento entre o Brasil e a União Européia, em termos políticos e institucionais.’
TV PAGA
Globosat perde exclusividade em jogos
‘A Globosat passará a oferecer a todas as operadoras de TV por assinatura do país os canais SporTV, SporTV 2 e Premiere Esportes (sistema ‘pay-per-view’). Um acordo assinado ontem entre a empresa e o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) acabou com a exclusividade, até 2008, na oferta dos canais esportivos a operadoras filiadas ao grupo Globo -Net e Sky.
Com o acerto, as demais operadoras também terão direito de comprar os canais Multishow, GNT e Globonews, já que eles fazem parte, com os canais esportivos, do pacote que hoje é oferecido pela Globosat às operadoras filiadas. ‘A oferta dos canais deverá ocorrer em bases não-discriminatórias para as empresas não-filiadas. É preciso haver o mesmo padrão’, explicou o relator do caso, conselheiro Paulo Furquim.
No caso do sistema ‘pay-per-view’, o acordo -tecnicamente chamado de Termo de Compromisso de Cessação de Prática- estabelece que a comercialização será feita com base em dois modelos a serem escolhidos pelas operadoras.
O primeiro modelo prevê que as não-filiadas pagarão o mesmo valor que as filiadas na compra dos canais. Para isso, as não-filiadas deverão garantir que 11% da sua base de assinantes utilize o sistema ‘pay-per-view’. Tal taxa de penetração será progressiva e deve ser atingida no prazo de dois anos.
As operadoras que não quiserem adotar essa modalidade poderão pagar mais pelos canais Premiere Esportes. Ou seja, a receita obtida com a venda de eventos esportivos para os assinantes será partilhada entre a operadora e a Globosat, mas esta última terá direito a uma participação maior -10% a mais que a operadora.
O termo assinado ontem estabelece que, a partir de 2009, a Globosat poderá voltar a exercer exclusividade na venda dos canais esportivos. O acordo, no entanto, prevê outras restrições. De 2009 a 2011, a empresa do grupo Globo perderá a exclusividade total na exibição de cinco eventos esportivos: Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil, Taça Libertadores, Campeonato Carioca e Campeonato Paulista.
Duas possibilidades
Haverá duas possibilidades. Na primeira, a Globosat pode ter exclusividade em dois desses eventos, enquanto os três restantes podem ser comprados por uma única operadora ou partilhado entre várias, incluindo as filiadas da Globosat. Na segunda, o grupo Globo pode ter exclusividade em três eventos, mas não pode acumular o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil.
‘Acreditamos que essas medidas serão suficientes para melhorar as condições de concorrência no mercado de operadoras e no de produção de conteúdo. De imediato para as operadoras e, no longo prazo, no de conteúdo. O calcanhar-de-aquiles desse caso é o fato de uma empresa deter os direitos de todos os campeonatos relevantes’, afirmou Furquim ao explicar os prazos estabelecidos no acordo.
O acordo assinado entre a Globosat e o Cade suspendeu um processo administrativo que estava prestes a ser julgado pelo conselho. O processo foi instaurado a partir de denúncias da Associação NeoTV, que acusava a Globosat de fechamento de mercado, o que estaria prejudicando a concorrência no mercado de TV por assinatura.
O diretor-geral da Globosat, Alberto Pecegueiro, afirmou ontem que ‘um mau acordo é melhor do que um bom litígio’. Ele destacou que, apesar das concessões feitas pela empresa, o acordo encerra um ciclo no mercado de TV paga, que tinha um forte ingrediente de exclusividade. Já a diretora-executiva da NeoTV, Neusa Risetti, afirmou que ficou comprovado que ‘não há mais espaço para a exclusividade de informação’.’
Elvira Lobato
Emissora diz que abriu mão de princípios tidos como fundamentais
‘Ao assinar o acordo com o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), a Globo diz que abriu mão, temporariamente, de dois princípios que considera fundamentais: seu direito, como produtora de conteúdos, de decidir quem pode e quem não pode exibir sua programação, e o dos clubes de futebol de buscar o maior retorno financeiro na venda dos direitos de imagem.
‘Abrimos mão desses princípios para chegar a uma solução negociada’, afirmou o diretor de Gestão Corporativa das Organizações Globo, Jorge Nóbrega, ao comentar o fim do processo administrativo aberto, há cinco anos, pela Associação NeoTV (cooperativa de 54 operadoras de televisão).
Segundo ele, a mudança não deve afetar a rentabilidade da Globo com a distribuição dos canais.
A NeoTV, em processo iniciado há cinco anos, contestou a política de exclusividade de distribuição dos campeonatos de futebol, e reivindicou o acesso de todas as operadoras aos canais SporTV 1 e 2 e ao ‘pay per view’, da Globosat, nas mesmas condições comerciais que ela oferece às operadoras do sistema Net, do qual a Globo é sócia.
A alegação da NeoTV foi de que a programação esportiva é fator essencial para igualdade de competição entre as TVs por assinatura.
Para a diretora geral da entidade, Neusa Risette, o Cade tomou duas decisões, nos últimos dias, que comprovaram a tese da NeoTV.
A primeira foi no julgamento da fusão da Sky com a DirecTV, na semana passada, quando ele proibiu a News (controladora da Sky) de ter exclusividade de transmissão no Brasil dos jogos de futebol dos campeonatos Brasileiro, Copa do Brasil, Libertadores da América e os estaduais do Rio e de São Paulo. A segunda foi ontem, quando a proibição foi estendida à Globo.
O acordo negociado entre a Globo e o Cade muda, pelo menos transitoriamente, o cenário do mercado de TV por assinatura. Até dezembro de 2008, as Organizações Globo estão obrigadas a fornecer o pacote de canais da Globosat aos concorrentes do sistema Net, nas mesmas condições.
Para o diretor-geral da Globosat, Alberto Pecegueiro, a medida abre espaço para o crescimento dos concorrentes. A partir de janeiro de 2009, cessa a obrigação da venda dos canais Globosat para os concorrentes da Net, mas ela poderá ter exclusividade sobre no máximo três dos cinco campeonatos de futebol mais importantes.
Pecegueiro avalia que o Cade foi favorável à Globo em pontos importantes da discussão. ‘Ele não considerou a exclusividade de distribuição de conteúdo como anticoncorrencial.’’
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O que está no acordo
‘REGRAS ATÉ 2008
CONDIÇÕES
Desde ontem, a Globosat tem de oferecer os canais SporTV 1, SporTV2, Multishow, Globonews e GNT às operadoras que não sejam afiliada ao grupo Globo. O pacote tem de ser negociado nas mesmas condições oferecidas aos filiados
PAY-PER-VIEW
Os canais Premiere Esporte (pay-per-view) deverão ser comercializados em dois modelos a serem escolhidos pelas operadoras:
1
Para pagar o mesmo valor das operadoras filiadas à Globosat, os interessados deverão garantir uma penetração, no prazo de dois anos, de 11% de sua base de assinantes
2
Não é necessário atingir a taxa de penetração, mas a Globosat passa a ter 10% mais da receita obtida com a venda pay-per-view no momento da distribuição dos recursos com a operadora
REGRAS QUE VALERÃO ENTRE 2009 E 2011
CINCO CANAIS
A Globosat pode voltar a ter exclusividade na comercialização do pacote de cinco canais
ESPORTE
A Globosat passará a ter restrições de exclusividade na transmissão de cinco eventos esportivos: Campeonato Brasileiro, Copa do Brasil, Libertadores, Campeonato Carioca e Campeonato Paulista. Tais restrições obedecem dois modelos:
A
A Globosat não pode ter exclusividade em mais de dois eventos. Os três restantes podem ter a exclusividade comprada por outra operadora ou várias operadoras podem transmiti-los, inclusive as filiadas da Globo
B
A Globosat pode ter exclusividade em até três eventos, mas não pode acumular o Campeonato Brasileiro e a Copa do Brasil
REGRAS DEPOIS DE 2011
EXCLUSIVIDADE
A Globosat poderá ter exclusividade na venda de pacotes e na transmissão de eventos esportivos’
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