Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Globo, Folha e Estadão destacam crise das charges

Os grandes jornais brasileiros destacam nesta terça-feira a crise que vem tomando grandes dimensões nos países muçulmanos e na Europa, deflagrada pela publicação de charges satirizando o profeta Maomé. A cobertura mais ampla é do jornal O Globo, mas a crise também é tema de editorial no Estadão e de reportagens da Folha.


Outros assuntos de destaque são a morte de Aldemir Martins, a disputa entre a Gazeta do Povo e o governador do Paraná, Roberto Requião, e a aceitação pela banda Roling Stones de censura para o show de encerramento do Super Bowl, nos Estados Unidos.


Leia abaixo os textos desta terça-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Terça-feira, 7 de fevereiro de 2006


CHARGES POLÊMICAS
Carlos Heitor Cony


Liberdade de expressão


‘Uma charge publicada em jornal da Dinamarca, reproduzida em outros jornais, está provocando protestos (alguns deles radicais) no mundo árabe e, de quebra, uma onda de defensores da liberdade de expressão, que estaria sendo violentada pela reação ‘do outro lado’ da corda.


Vamos com calma. A liberdade de expressão tem mão e contramão. Ela não é uma exclusividade divinatória dos jornalistas e profissionais da mídia. Qualquer ser humano tem a liberdade de expressar-se. É evidente que há limites legais e morais para esse tipo de manifestação, a menos que se assuma o risco de ser punido, como de fato o fui, várias vezes, não por delito de expressão, mas de opinião, o que é outra coisa.


Os manuais da Redação de quase todo o mundo proíbem ofensas a raças e religiões indistintamente, incluindo-se na proibição seus símbolos mais sagrados. Uma charge com a Menininha do Gantois praticando atos sexuais com a imagem de Ogum seria intolerável para o bom gosto e para os milhões de adeptos das seitas afro-brasileiras, haveria o diabo se alguma coisa parecida fosse publicada entre nós.


Uma charge glorificando a cruz suástica, por exemplo, varrendo os israelenses do Oriente Médio, ou mesmo um livro ou reportagem enaltecendo o nazismo, seriam recolhidos pela polícia e por grupos justamente indignados, e não apenas de judeus.


Muhammad, para os muçulmanos, é mais do que um profeta, é um pai. O cristianismo diferenciou-se do judaísmo por substituir Javé (ou Adonai) pelo Pai Nosso. Deus (que os ortodoxos judeus grafam D’us em sinal de respeito) foi substituído pela função e figura de um pai. A liberdade de expressão dá direito de ofender ou ridicularizar o pai ou a mãe de quem quer que seja?


A defesa histérica e incondicional da liberdade de expressão é, no fundo, a expressão de um corporativismo da mídia, que, em alguns casos, mascara a truculência e, em outros, a burrice.’


Folha de S. Paulo


Cinco morrem em protestos contra charges


‘A onda de protestos no mundo islâmico contra a publicação de charges do profeta Muhammad por um jornal dinamarquês ganhou cores mais violentas ontem, com a morte de cinco pessoas durante as manifestações.


Quatro foram mortas no Afeganistão, onde os confrontos de manifestantes com policiais e soldados deixaram ainda 19 feridos. Os principais focos foram a região de Cabul, onde cerca de 2.000 pessoas protestaram diante da base americana de Bagram, e a cidade de Mehtar Lam, no centro-leste do país, onde a polícia disparou contra os manifestantes depois de um homem abrir fogo.


A quinta morte aconteceu na Somália, onde um adolescente morreu pisoteado quando a polícia atirou para dispersar uma multidão de manifestantes em Bossaso, no norte do país. No fim de semana, uma pessoa já havia sido morta no Líbano, durante uma manifestação que culminou com a Embaixada da Dinamarca queimada -manifestantes também atearam fogo à representação do país em Damasco.


Ontem, foi a vez de a Embaixada da Dinamarca em Teerã ser alvo de protestos. Cerca de 400 manifestantes arremessaram pedras e bombas de petróleo contra o prédio, mas não houve maiores danos. Mais cedo, na capital iraniana, 200 pessoas haviam atacado a Embaixada da Áustria, que, atualmente, ocupa a Presidência da União Européia.


Na França, o jornal ‘France Soir’, que publicou as charges, foi esvaziado após receber uma ameaça de bomba. A polícia vasculhou o local e nada achou.


Os protestos, que começaram com a queima de bandeiras e evoluíram para manifestações violentas de Jacarta ao norte da África, foram detonados pela publicação de charges retratando o profeta Muhammad pelo jornal dinamarquês ‘Jyllands-Posten’ em setembro. O islã proíbe que o rosto do profeta seja retratado sob qualquer circunstância. Além disso, algumas charges ligavam Muhammad ao terrorismo, como uma que o apresentava com um turbante em forma de bomba.


Recentemente, os desenhos foram reproduzidos por outros veículos da Europa e de outras partes do mundo. Publicações em países islâmicos também veicularam as charges polêmicas. No Iêmen, um pequeno jornal que reproduziu os desenhos foi fechado, e seu editor, preso. Antes, um editor jordaniano, que publicara as charges a pretexto de ‘exibir a extensão da ofensa dinamarquesa’, também perdera o emprego.


Líderes moderados condenaram os ataques e pediram manifestações pacíficas, mesma evocação feita por líderes políticos. ‘Todos sairemos perdendo se não colocarmos fim imediatamente a essa situação, que só faz deixar um rastro de desconfiança entre os dois lados’, disseram Tayyip Erdogan e José Luis Rodriguez Zapatero, premiês da Turquia e da Espanha, em artigo conjunto.


O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, também pediu que os manifestantes se contenham, e a Casa Branca condenou os protestos violentos, ressalvando que ‘entende porque os muçulmanos acharam os desenhos ofensivos’.


Vaticano


O jornal do Vaticano, ‘L’Osservatore Romano’, usou as charges de Muhammad como parâmetro para criticar peças de teatro apresentadas na Espanha que, em sua avaliação, ridicularizam o papa e a Igreja Católica, chamando os dois episódios de ‘atos de intolerância religiosa’.


Em editorial que seria publicado na edição de hoje, o diário questiona o ‘progresso da liberdade e o retrocesso da civilização’. ‘O caso das caricaturas de Muhammad não é o único que existe’, diz o texto, citando o que chama de ‘desconcertantes manifestações de intolerância e ultrajes contra a religião e a Igreja Católica registradas hoje na Espanha’. Uma peça em cartaz em Madri, diz o texto, ‘caricatura o papa, faz piadas com seu predecessor’ e ‘incita à apostasia’.


Com agências internacionais’


João Batista Natali


Falta de proteção a embaixadas viola a Convenção de Viena


‘Governos de alguns países muçulmanos deixaram de cumprir suas obrigações internacionais ao não protegerem os edifícios que abrigam representações diplomáticas de países europeus, atacados durante os protestos contra charges que retratam o profeta Muhammad.


Essas obrigações foram codificadas na Convenção de Viena sobre Relações Diplomáticas, adotada em 18 de abril de 1961, em conferência das Nações Unidas ocorrida na capital austríaca.


As delegações, em sessões que duraram 42 dias, elaboraram um código em 53 artigos que prevê em todos os pormenores as imunidades que beneficiam diplomatas, embaixadas e consulados.


A convenção traz dois artigos sobre as ‘propriedades prediais ou territoriais das missões’. O artigo 22 afirma, em seu segundo parágrafo, que ‘o Estado anfitrião é obrigado a tomar todos as providências apropriadas para proteger a propriedade contra qualquer invasão ou dano e prevenir distúrbios que afetem a dignidade da missão’ diplomática.


Essa inviolabilidade é protegida mesmo em caso de ruptura das relações entre os dois países, diz o artigo 45. O país não mais representado tem a garantia de que seus prédios, bens e arquivos permanecerão protegidos ou poderão ser entregues a um terceiro país que passará a representá-lo.


A Convenção de Viena traz outros dispositivos, como a inviolabilidade da correspondência diplomática ou a impossibilidade de processar um diplomata estrangeiro. Os prédios das embaixadas e consulados não precisam tampouco pagar impostos locais.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Em recuperação


‘No enunciado do britânico ‘Financial Times’, ‘Lula recupera apoio popular. Do argentino ‘La Nación’, ‘Lula recupera sua popularidade’.


Da agência americana Associated Press, ‘Recuperação de Lula nas pesquisas’. Da francesa France Presse, ‘Lula recuperou a popularidade que tinha antes da crise política’.


E por aí foi o petista, em recuperação pelo mundo, às vésperas de nova viagem.


Mas é o Brasil que interessa -aqui onde as manchetes a partir do sábado, dos telejornais aos portais de internet, foram em linha semelhante, para a pesquisa do Datafolha.


E ontem elas chegaram afinal ao passo seguinte, por exemplo, no Globo Online, com o enunciado sobre a negociação do posto de candidato a vice de Lula com o PMDB.


Daí para os blogs, como no caso de Fernando Rodrigues no UOL -com o governador paranaense Roberto Requião em ataque aberto às pré-candidaturas peemedebistas.


Por fim, no blog de Josias de Souza na Folha Online, o acordo com o PTB. Aquele mesmo.


BUÉ DE BOCAS


Blogs petistas como o Bué de Bocas não se cansaram de cobrar nos últimos dias, do ‘andar de cima’ na mídia, a divulgação da lista de Furnas. Mas o fato é que os sites e blogs do ‘andar de cima’ já deram os links -e nem era necessário, na verdade: qualquer pesquisa no Google apresenta dezenas de endereços com a lista completa, aberta para quem quiser.


O que houve, por fim, foi que Fernando Henrique, em coluna e entrevistas, entrou em campo. Como sublinhou o blog do Josias, para começar, ‘não foi dirigida a FHC nenhuma pergunta acerca da ‘lista de Furnas’ durante a entrevista à ‘IstoÉ’. Ele provocou à vontade os petistas, que ontem o ameaçavam com processo -e assim a lista sumiu da cobertura, até mesmo do Bué de Bocas e seus blogs companheiros.


ENTRE A CRUZ E O CRESCENTE


Crescem as manifestações, amontoam-se os mortos -e avança o metajornalismo, por todo lado, na discussão sobre divulgar ou não as charges sobre o profeta Muhammad, que saíram num jornal da Dinamarca e iniciaram o confronto.


Até o dinamarquês ‘Jyllands-Postern’ já lamentou ter feito a primeira publicação. Na França, o ‘France Soir’ republicou e em seguida voltou atrás, de forma humilhante. Na Grã-Bretanha, os jornais evitam, em bloco -e ganham elogios do primeiro-ministro. Nos Estados Unidos, fora o ‘Philadelphia Enquirer’, os principais jornais vêm evitando e nem a agência Associated Press quer distribuir as imagens.


Em tal ambiente, o que mais se viu e ouviu, nos últimos dias, foi defesa da liberdade de expressão.


Até que ontem veio a novidade. Como anunciou um ofendido William Bonner no ‘Jornal Nacional’, um jornal iraniano lançou um concurso para charges que questionem o holocausto. E uma charge com Hitler na cama com Anne Frank já corre a internet.


Para piorar, o jornal dinamarquês ‘Politiken’, o norueguês ‘Dagbladet’ e por fim o britânico ‘Guardian’ noticiaram que o mesmo ‘Jyllands-Postern’, que publicou as charges sobre Muhammad, havia se negado a publicar outras, sobre Jesus Cristo. E na mensagem enviada para explicar a recusa ao chargista, o editor do ‘Jyllands-Postern’ argumentou:


– Não acho que nossos leitores vão gostar dos desenhos. De fato, acredito que eles provocariam um clamor. Portanto, não vou usá-los.’


STONES CENSURADOS
Leila Suwwan


Stones são censurados no Superbowl


‘Provocador, o roqueiro Mick Jagger, 62, rebolou no palco e sacudiu o estádio no show do intervalo do Superbowl (final do campeonato nacional de futebol americano) no último domingo, em Detroit, mas não escapou da censura e teve seu microfone silenciado por alguns segundos para evitar a transmissão ao vivo de duas palavras com conotação sexual nos hits ‘Start Me Up’ e ‘Rough Justice’.


Segundo a NFL (liga de futebol americano), os Rolling Stones haviam concordado previamente com a manobra, planejada para evitar constrangimentos depois do memorável incidente de 2004, quando a cantora Janet Jackson mostrou um seio e causou protestos nacionais.


Estima-se que o Superbowl seja assistido por mais de 90 milhões de telespectadores ao vivo nos EUA. Ou pelo menos quase ao vivo. O show do intervalo foi ao ar com cinco segundos de atraso, imposição da rede de TV ABC para prevenir ‘acidentes’.


O canal negou qualquer envolvimento com a censura dos Stones e afirmou que não cortou nenhuma parte do show.


Das três músicas tocadas, apenas ‘Satisfaction’, hit de 1965, escapou de silenciamento. A banda está em turnê e irá se apresentar no Rio de Janeiro em 18 de fevereiro, num show gratuito em Copacabana.


‘Os Rolling Stones estavam cientes de nosso plano, que foi simplesmente reduzir o volume do microfone nesse dois momentos específicos’, disse Brian McCarthy, porta-voz da NFL. ‘Eles sabiam do plano e não se importaram’, completou.


Na música ‘Start Me Up’, a frase ‘you make a dead man come’ (você faz um homem morto ejacular) foi encurtada. Em ‘Rough Me Up’, do álbum novo da banda, a palavra ‘cock’ (um dos nomes para a genitália masculina) foi apagada.


Antes do jogo, houve apresentações de Stevie Wonder, Joss Stone e Aretha Franklin, que cantou o hino americano.


A final foi ganha pelos Steelers de Pittsburgh, que derrotaram os Seahawks de Seattle por 21 a 10.’


MEMÓRIA / ALDEMIR MARTINS
Folha de S. Paulo


Aldemir Martins morre em São Paulo


‘O artista plástico Aldemir Martins morreu na noite de domingo, em São Paulo, aos 83 anos, após sofrer um infarto em sua casa, na zona sul.


Nascido em Ingazeiras, no Ceará, Martins participou da efervescência da arte moderna em SP, para onde se transferiu em 1946, já conhecido em seu Estado como ilustrador de jornais, revistas e livros, atividade que manteve na capital paulista.


Em 1949, fez um curso de história da arte com Pietro Maria Bardi e tornou-se monitor do Masp, onde também estudou gravura com Poty e conheceu sua segunda mulher, Cora Pabst.


Após uma viagem ao Ceará, em 1951, Martins decidiu retornar a São Paulo num caminhão pau-de-arara. Com essa experiência, iniciou uma série de desenhos de temática nordestina, que caracterizaria sua carreira.


Em nota sobre a morte do artista, divulgada ontem, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, afirma: ‘Este cearense levou ao mundo todo, com sua genialidade e apurada qualidade técnica, a marca da paisagem e da vida nordestinas’. O mesmo aspecto foi destacado pelo secretário de Estado da Cultura, João Batista de Andrade. ‘O seu traço de tons vibrantes registrou todos os ângulos e pessoas de seu Nordeste. Sua obra sempre esteve em sintonia com suas origens.’


Ao longo de décadas, o artista, que trambém ficou conhecido por retratar gatos, foi assíduo em individuais e coletivas no Brasil e no exterior, acumulando prêmios nacionais e internacionais, entre os quais um diploma da Bienal de Veneza (1956).


Martins também dedicou-se à ilustração de livros, à cenografia teatral e a desenhos para marcas comerciais. Além disso, é autor de painéis, como o do bar O Cangaceiro, no Rio de Janeiro.


Em 1966, passou a criar esculturas e jóias em ouro e prata. Viveu um período nos EUA e outro na Itália, em 1960, quando intensificou a presença no circuito de arte europeu.


O corpo de Martins foi velado na Assembléia Legislativa paulista. O enterro estava previsto para a tarde de ontem, no cemitério Campo Grande.’


TELEVISÃO
Daniel Castro


SBT terá programa de esporte aos domingos


‘O SBT deve estrear até o final deste mês um programa esportivo, gênero ausente na grade da emissora. A atração será comandada pelo jornalista Jorge Kajuru e será exibida aos domingos, após as 23h. Ocupará a vaga deixada pelo ‘talk-show’ ‘Dois a Um’.


A idéia inicial dos executivos do SBT era que o programa de Kajuru fosse de entrevistas. Cogitou-se até a volta do ‘talk-show’ ‘Fora do Ar’. Mas Silvio Santos optou pelo programa esportivo.


A atração, cujo nome pode ser ‘Jogo Duro’ (ou ‘SBT Futebol Clube’), deverá receber um ou dois entrevistados por edição _Pelé e Romário são as estrelas mais cotadas para a estréia.


Apesar de ser um programa esportivo, é possível que ‘Jogo Duro’ não tenha os gols da rodada. Só haverá gols se for ao vivo ou, na pior das hipóteses, gravado no domingo, a partir das 20h30.


Além disso, o SBT precisa se associar a um ‘pool’ de emissoras, já formado por Band, Rede TV! e Gazeta. Essas emissoras mandam equipes aos estádios e compartilham as imagens. Globo e Record têm os direitos dos principais torneios e são obrigadas a ceder imagens para as outras, mas não necessariamente no domingo.


Com o novo programa, o SBT quer atrair anunciantes que só investem em atrações esportivas e ocupar o vácuo que pode ser deixado pela Record, que estuda mudar o ‘Terceiro Tempo’ dos domingos para as quartas.


OUTRO CANAL


Inédito Maior audiência da Record, a novela ‘Prova de Amor’ terá seu intervalo comercial reajustado em 120% a partir de 1º de março. Um anúncio de 30 segundos em rede nacional custará, na tabela, R$ 167 mil, mesma quantia que a Globo cobra pelo intervalo de ‘Bang Bang’. É a primeira vez que uma emissora pede o mesmo que a Globo. Mas a Record costuma dar desconto; a Globo, não.


Globalização Silvio Santos adora um ‘gringo’. Depois do mexicano Eugenio Lopes (que atua como vice-presidente do SBT), contratou o argentino Victor Tobi, ex-agente de Xuxa, ex-diretor da FremantleMedia (produtora de ‘reality shows’ como ‘American Idol’). Tobi será consultor comercial. Prepara um ‘diagnóstico’ do departamento comercial, que está sem diretor desde dezembro.


Tensão O domingo foi tenso nos bastidores do SBT. Silvio Santos mandou cancelar a apresentação da banda mexicana RBD no ‘Domingo Legal’, após o tumulto em ‘minishow’ no último sábado, em que três pessoas morreram. Gugu Liberato não se conformava por perder seu maior trunfo na disputa pela audiência.


Furo A Record conseguiu ficar à frente do ‘Fantástico’ durante três minutos no domingo. Com reportagem sobre a estudante Suzane Richthofen (acusada de mandar matar os próprios pais), bateu a Globo por 17 a 16 pontos entre 20h30 e 20h32.’


INTERNET
Jeff Leeds


‘Velharia’ domina venda on-line de música


‘‘NEW YORK TIMES’ – Mais de 20 anos após a banda Survivor fazer sucesso com a canção ‘Eye of the Tiger’, ela está de volta às paradas, registrando vendas consideráveis em forma de single para download on-line. Desde que a canção foi colocada à disposição em serviços como o iTunes (programa de computador que conta com uma loja de música), cerca de um ano e meio atrás, foram vendidas em torno de de 275 mil cópias.


E não se trata da única a desfrutar dessa posição. Embora os sucessos atuais do rádio também estejam nas paradas da música digital, clássicos como ‘Sweet Home Alabama’, do Lynyrd Skynyrd, ‘We Will Rock You’, do Queen, e ‘Hotel California’, do Eagles, continuam presentes na lista das 200 canções mais vendidas na internet, um sinal de sua persistência mesmo em meio à cultura acelerada da música pop moderna.


Canções que foram sucessos passageiros em décadas passadas, como ‘Ice Ice Baby’, de Vanilla Ice, também vêm registrando vendas consideráveis.


Coleção completa


A popularidade desses títulos indica que os fãs estão acorrendo aos serviços de download de música para reforçar suas coleções de velhos clássicos -para não mencionar eventuais incursões pela música alternativa dos anos 90 (‘Wonderwall’, do Oasis, vendeu mais de 251 mil cópias, até agora), ou aos sucessos das casas de strip-tease na década de 80, como ‘Pour Some Sugar on Me’, do Def Leppard, cujas vendas já superam a marca das 216 mil cópias.


Aa popularidade de canções como essas levanta uma questão problemática para a indústria fonográfica, que depende em larga medida dos lucros gerados por coletâneas de sucessos clássicos, cujas vendas ainda se mantêm firmes e do reaproveitamento de material antigo. A questão é: e se os fãs que comprariam um álbum inteiro com ‘o melhor de’ uma banda conhecida decidirem agora pagar substancialmente menos e comprar apenas aquela canção que se tornou um grande sucesso?


Relançamentos


À medida que os formatos de gravação evoluíam, o setor começou a registrar lucros com a comercialização de material anteriormente lançado quando os ouvintes decidiram substituir suas coleções de discos em vinil por discos compactos dos mesmos álbuns. Já que os clássicos mais antigos têm reprodução e comercialização comparativamente barata, eles oferecem às gravadoras margens de lucros mais elevadas do que os lançamentos. Mas a migração da música dos discos de plástico para os serviços on-line perturbou o ciclo de substituição da indústria fonográfica, e as gravadoras só agora começam a perceber os efeitos desse problema.


De acordo com as interpretações mais otimistas dessa mudança, a gama de canções disponíveis on-line e a facilidade de adquiri-las convencerão número cada vez maior de consumidores a comprar música.


Com ‘capacidade de estoque’ ilimitada, as gravadoras poderão comercializar tudo de que dispõem em seus arquivos, incorrendo em custos muito baixos, o que propiciaria novo fôlego a material obscuro ou fora de catálogo e geraria novos lucros.


Mas os críticos alertam que o setor talvez tenha de se acomodar a uma longa espera e a dificuldades financeiras consideráveis causadas pela queda da venda de CDs, antes que se torne possível realizar esse sonho. As vendas de álbuns caíram e, embora as vendas de singles digitais estejam florescendo, elas ainda não bastam para compensar a queda.


As gravadoras venderam mais de 350 milhões de singles em 2005, alta de 150% em relação ao total de 2004. As vendas de álbuns completos em formato digital cresceram ainda mais, para 16,2 milhões de unidades, ou 190%.


As vendas dos títulos mais antigos respondem por parcela considerável dos negócios que as gravadoras começam a desenvolver na internet. Os executivos das grandes empresas do setor afirmam que material de catálogo responde por entre metade e dois terços dos singles digitais vendidos. A questão é determinar se o boom de canções antigas on-line constitui um novo mercado ou será compensado por queda nas vendas de CDs desse tipo.


Álbuns desmontados


A maior parte dos executivos de gravadoras acredita que a resposta ficará entre os dois extremos e diz que é cedo para avaliar o efeito dessa transição sobre seus resultados financeiros. O que já se tornou claro é que o ‘desmonte’ de álbuns, permitindo que cada canção seja vendida individualmente, dá aos fãs a capacidade de determinar que sucessos farão parte de seus ‘maiores sucessos’ e torna possível resumir o repertório do mais representativo dos artistas em poucas canções.


A incerteza quanto às compras de faixas isoladas é um dos motivos para que alguns artistas cujos álbuns clássicos desfrutam de vendas firmes tenham até agora vetado a venda on-line de seus repertórios ou tenham permitido apenas a venda de música em forma de álbuns completos.’


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O Globo


Terça-feira, 7 de fevereiro de 2006


CHARGES POLÊMICAS
Luiz Garcia


Burrice


‘Faz alguns anos, um bispo da Igreja Universal chutou uma imagem da Virgem Maria num programa de televisão. Quase literalmente, caiu-lhe o céu na cabeça. Com boa razão: o insulto à fé religiosa de outros obviamente não tem abrigo na liberdade de expressão.


Esse princípio tem ainda mais peso quando se trata especificamente da liberdade de imprensa. Aos meios de comunicação de massa é permitido – melhor dizendo, exigido – que se metam na vida alheia. Com uma condição, solitária mas fundamental: a de que assim esteja sendo prestado um serviço legítimo à sociedade.


Obviamente não existem restrições (exceto as do bom gosto) quando os alvos da curiosidade pública espontaneamente abrem janelas em sua privacidade. Mas isso, claro, não está em questão no caso das caricaturas de Maomé.


De qualquer forma, está seriamente equivocado quem (como foi o caso de um porta-voz da respeitável organização Repórteres sem Fronteiras) acha que a publicação de charges na imprensa européia usando a figura de Maomé tem a proteção do conceito de liberdade de imprensa. ‘Temos o direito de chocar’, disse ele. Tolice: a ninguém é dado esse direito (exceto às galinhas, naturalmente).


As charges ofenderam todos os muçulmanos, e não apenas os que apóiam o terrorismo. Nem para a imprensa nem para ninguém existe a liberdade de ofender crenças religiosas de pessoas pacíficas que não usam sua fé como pretexto para matar pessoas a granel, como fazem os radicais muçulmanos.


E é asneira imaginar direitos absolutos, sem limitação alguma: as relações sociais são complexas e delicadas demais para permiti-lo. E limitações à liberdade de expressão existem em todos os sistemas democráticos do mundo. No Brasil, proíbe-se a publicação do ‘Mein Kampf’; outros países não permitem a alegação de que não houve o genocídio dos judeus. Ninguém considera que a liberdade de expressão esteja enfraquecida por isso.


As charges sobre Maomé em jornais dinamarqueses eram uma bomba esperando para explodir desde sua publicação, em setembro. Só agora líderes islâmicos chamaram a atenção para elas, e as reações se tornaram inevitáveis. Os incêndios e as depredações podem ser apenas o começo de mais uma escalada de violência que ninguém sabe como pode terminar.


Direito algum justifica provocar essa reação. Será que alguém com um mínimo de sensatez esperava que a reação dos radicais árabes fosse, esportivamente, publicar caricaturas do rei da Dinamarca de baby-doll ou coisa parecida?


A liberdade de imprensa tem sua sobrevivência diretamente associada ao uso que se faz dela. O ato gratuito dos jornais que publicaram as charges não representou apenas uma agressão à fé de milhões de muçulmanos não-radicais e pacíficos em todo o mundo: também foi um argumento oferecido de graça aos adversários da liberdade de imprensa, que não são poucos. Repita-se: um notável ato de burrice gratuita.’


O Globo


Irã rompe negócios com Dinamarca


‘Protestos de muçulmanos contra países europeus cujos jornais publicaram charges de Maomé se tornaram mais violentos ontem, com novos ataques a embaixadas européias em países islâmicos. Sete pessoas já morreram durante protestos, seis delas ontem em Afeganistão e Somália. A crise aumentou também no front diplomático: o Irã cortou relações comerciais com a Dinamarca e a Noruega entrou com uma representação na ONU contra a Síria, acusando o país de ter permitido que sua embaixada fosse incendiada.


Cinco mortes ocorreram no Afeganistão, três delas na província de Laghman. Após queimarem bandeiras da Dinamarca, manifestantes tentaram invadir uma delegacia e foram recebidos a tiros. Outros dois radicais foram mortos por policiais afegãos ao entrarem na base americana de Bagram.


A sexta morte do dia ocorreu na Somália. Durante um choque entre manifestantes e policiais, um rapaz de 14 anos foi morto a tiros. No domingo, um radical que invadira a embaixada da Dinamarca no Líbano morreu no incêndio provocado pelo grupo. Ontem, Beirute pediu desculpas a Copenhague pela destruição da embaixada.


Atitude diferente foi tomada pelo governo iraniano.


– Todas as relações comerciais com a Dinamarca foram cortadas – anunciou o ministro do Comércio iraniano, Massoud Mirkazemi.


Ele disse que a partir de hoje todos os produtos dinamarqueses serão impedidos de entrar no país, que tem a quarta maior reserva conhecida de petróleo do mundo. O Irã importa US$ 280 milhões da Dinamarca por ano.


O anúncio foi feito no dia em que mil manifestantes atiraram bombas incendiárias na embaixada da Dinamarca em Teerã. A polícia impediu uma invasão lançando bombas de gás lacrimogêneo para dispersar o grupo.


Horas antes, 200 manifestantes atiraram pedras na embaixada da Áustria, país que ocupa a presidência rotativa da União Européia.


Kofi Annan pede calma e diálogo


Ontem, 200 deputados iranianos divulgaram uma declaração em que advertiram os países europeus de que poderia ser feita uma fatwa (decreto islâmico) contra os responsáveis pela publicação das charges. O aiatolá Khomeini lançou mão deste artifício para condenar o escritor britânico Salman Rushdie à morte em 1989.


A Dinamarca tem sido o principal foco do ódio dos radicais islâmicos. Em setembro, um jornal publicou numa reportagem sobre liberdade de expressão charges com a imagem de Maomé. Com a repercussão, jornais de todo o mundo, principalmente na Europa, republicaram os desenhos.


Ontem a Liga Árabe-Européia colocou em seu site uma charge em que Adolf Hitler está na cama com Anne Frank, alegando estar fazendo o mesmo que os jornais europeus. Mas charges ofensivas ao Ocidente e, principalmente, aos judeus têm sido lugar comum na imprensa de países islâmicos.


O premier da Noruega, Jens Stoltenberg, denunciou a Síria à ONU, condenando a destruição de sua embaixada em Damasco. O país exigiu uma indenização. O chanceler Jonas Store disse ter ficado surpreso pelo fato de o ataque do fim de semana não ter sido repelido, insinuando que isso teria sido feito caso o governo sírio desejasse.


No Reino Unido, a Scotland Yard anunciou que prenderá quem incitar a violência. Isto é uma resposta a passeatas em que muçulmanos ameaçavam fazer ‘outro 11 de Setembro’ no país. O secretário-geral da ONU, Kofi Annan, pediu calma ontem:


– Exorto todos aqueles que têm autoridade ou influência a retomar o diálogo e construir uma aliança de civilizações, baseada no respeito mútuo – disse ele, em Dubai.’


Ziauddin Sardar


Marcados como alvo do próximo Holocausto


‘‘Fogo’, grita um homem no meio do teatro. ‘O que você está fazendo?’, pergunta, incrédulo, seu companheiro. ‘Abusando da liberdade de expressão para provar que ela existe’. O público dá gargalhadas. A ironia do dramaturgo Tom Stoppard na peça ‘Rosencrantz e Guildenstern estão mortos’ (gritar ‘fogo’ num ambiente fechado é proibido pela lei britânica) traz à tona o furor provocado pelas charges do profeta Maomé.


Mas as charges tomam vida não como caprichos filosóficos, mas como linhas de batalha. De um lado, liberais extremistas defendendo a ‘liberdade de expressão’ como um território sagrado. O direito à ofensa é colocado como uma liberdade essencial de uma sociedade secular. De outro lado, homens mascarados protestam contra o ultraje na linguagem do fanatismo. Cartazes dizendo ‘Cortem as cabeças deles’ são vis e ofensivos. O modo como a liberdade de expressão é exercitada é tão importante quanto o modo como o ultraje contra uma ofensa é demonstrado. Ambos são lançados com a linguagem do extremismo e da violência.


Esta não é uma questão de liberdade de expressão, mas de poder e demonização. A ofensa não é só a representação de Maomé. Retratos do profeta foram pintados e são comuns em certas correntes muçulmanas. O ultraje é que o profeta é representado como um terrorista apontando claramente que ele prega uma crença violenta e que todos os seus seguidores são violentos. Nenhuma cultura ou povo pode aceitar tal representação.


Uma charge é um artifício satírico. A sátira segura um espelho para mostrar verdades para o poder. Mas os muçulmanos europeus dificilmente poderiam ser descritos como poderosos. Os muçulmanos de Dinamarca, França, Alemanha e Holanda estão entre as comunidades mais marginalizadas e sem voz. Quando os fracos são ridicularizados desta forma, a ‘liberdade de expressão’ se torna um instrumento de opressão.


Já vimos isso. É a mesma escolha que a Europa deu aos judeus nas décadas de 1920 e 1930. Os muçulmanos estão agora sendo projetados como o Outro, com valores estrangeiros. Estão sendo demonizados. O extremismo de direita está crescendo. A ‘liberdade de expressão’ se tornou agora o precursor da banalidade do mal. Em outras palavras, os muçulmanos estão sendo marcados como alvo do próximo Holocausto.


Já é tempo para os defensores da ‘liberdade de expressão’ perceberem que o tipo de liberdade absoluta que buscam pertence à selva. Numa sociedade civilizada, a liberdade vem acompanhada de responsabilidade. Em muitos países europeus a liberdade de expressão não se estende à negativa do Holocausto. Não somos livres sequer para dirigir carros como queremos.


Mais ainda, o argumento de que os absolutos e o território sagrado do secularismo são superiores às idéias sagradas de outras culturas é eurocêntrico e arrogante. Tal excesso de confiança é uma receita para o conflito. Isso alimenta o extremismo dos dois lados. Liberdade de expressão não é fazer tudo o que se quer porque se pode. É criar um mercado de idéias onde todos, incluindo os marginalizados, podem tomar parte como iguais.


ZIAUDDIN SARDAR escreveu este artigo para o ‘Independent’’


O Globo


Um país surpreso diante de sua imagem negativa


‘COPENHAGUE. Antes um exemplo da tranqüilidade escandinava, a Dinamarca é hoje o epicentro de um choque de civilizações. Quatro meses depois de o ‘Jyllands-Posten’ publicar 12 charges do profeta Maomé, uma nação que costumava ser acolhida calorosamente no mundo se choca ao ver sua bandeira sendo queimada por muçulmanos, seus diplomatas sendo ameaçados e seus produtos sendo boicotados, com um prejuízo diário de milhões de dólares a suas empresas.


O país, durante anos um dos mais generosos em ajuda ao mundo islâmico, é hoje visto por muçulmanos como maligno. Diante das imagens na TV de embaixadas dinamarquesas sendo incendiadas por manifestantes furiosos, a estudante Lea Steen, de 28 anos, admite:


– Estou com medo. O que víamos antes acontecer com as bandeiras americana e israelense de repente se tornou algo mais perto da nossa rotina.


Durante décadas a Dinamarca recebeu muitos imigrantes e mobilizou seu Exército para missões de paz no mundo. Hoje, vê-se forçada a rever suas atitudes. Mas muitos dos quase 200 mil muçulmanos na Dinamarca vêem o país de outra maneira: queixam-se de discriminação. Cerca de 15 mil seriam leais ao grupo de imãs de Copenhague que denunciou as charges no Oriente Médio.


Os muçulmanos teriam se sentido mais oprimidos quando as leis de imigração se tornaram mais rígidas, em 2002, impondo restrições a que cônjuges nascidos no exterior fossem trazidos para o país. Analistas suspeitam que o tratamento dado a imigrantes pode ser o motivo por trás do movimento muçulmano iniciado no país.


– A percepção geral no mundo árabe sobre os países escandinavos como tolerantes e generosos sofreu um grande golpe – diz Ole Woehlers Olsen, do Instituto Dinamarquês para Estudos Internacionais.’


Bruce Anderson


Deixar a subserviência e defender nossos valores


‘O jornal dinamarquês fez um valioso serviço público. Pode ter causado confusão em vários países (é este o primeira distúrbio globalizado?). Mas as charges não criaram a tensão. Apenas a destacaram. Elas forçaram a Europa a encarar um problema que a maioria das elites políticas de outro modo ignoraria, ainda que ele seja uma das maiores questões das próximas décadas: como conseguiremos uma coexistência pacífica com o Islã? Muitos liberais acham que se ninguém falar no assunto ele desaparecerá. Nas relações entre cristãos e muçulmanos isso pode ser fatal.


Os problemas vão além da religião. Não é preciso ser um marxista vulgar para acreditar que muitos muçulmanos têm razões econômicas e políticas para odiar o Ocidente. Mas a religião é crucial, e cristãos têm dificuldades em lidar com isso, ao menos na Europa, onde a maioria se esqueceu de como levar a religião a sério. Há um desdobramento relacionado a isso. Os cristãos deixaram de acreditar na superioridade de sua fé.


Os cristãos são obrigados a crer que sua fé é baseada numa verdade única e transcendente: Cristo, sua divindade, seu sacrifício. Um cristão que possua tal crença não deve ser egoísta. É seu dever não guardar isso para si, mas compartilhar com a Humanidade. Não tem permissão para se sentir superior por ser cristão. Mas deve crer na superioridade de sua fé em relação às doutrinas menores professadas por outros.


Mas a maioria dos cristãos europeus acharia esta idéia indecente, quase merecedora de uma lei proibindo o ódio religioso. É preciso viver e deixar viver. Tais cristãos perderam contato com a Cristandade histórica e com a História. Como resultado, não apenas deixaram de entender sua própria religião. Eles não podem entender outras fés, especialmente o Islã.


No Islã não há um conceito de secularismo e de divisão de autoridade entre igreja e Estado. Há comparações com disputas jurisdicionais entre reis e papas na Idade Média. Há muitos muçulmanos – incluindo súditos britânicos – que considerariam Hildebrando (Papa Gregório VII), o mais intransigente dos imperialistas papais, como moderado. Se mantê-los tranqüilos requer a supressão de poucas charges, isso pode parecer um preço baixo. Mas há dois problemas. A primeira é covardia. A segunda, que a covardia não venceria. As charges não seriam a única concessão. Uma vez que se começa a recorrer ao cardápio da covardia, você perde o controle da conta. Os extremistas muçulmanos seriam convencidos que, cambaleando entre a covardia e subserviência cultural, o Ocidente capitularia.


É tempo de deixarmos de subserviência e defendermos nossos valores. Aparentemente decidimos que há um direito básico à liberdade de expressão. Tirando as leis sobre calúnia e difamação e a proibição (no Reino Unido) de se gritar ‘fogo’ num teatro, praticamente não há restrições.


Apesar de sempre nos contermos pelas normas da cortesia, devemos ser livres para dizer o que quisermos sobre assuntos públicos. Aqueles que consideram isso intolerável e insistem em viver numa teocracia devem encontrar o caminho para o aeroporto mais próximo.


BRUCE ANDERSON escreveu este artigo para o ‘Independent’’


Deborah Berlinck


Corpo-a-Corpo: BARAH MIKAIL


‘Governos árabes incitaram os protestos?


BARAH MIKAIL: Houve quatro meses entre a primeira publicação das charges, por um jornal dinamarquês, e as manifestações. Houve primeiro a reação política de alguns governos, seguida de manifestações. A exceção foi o protesto na Dinamarca há quatro meses, quando cerca de 15 mil muçulmanos foram às ruas. O que ocorre agora parece ter partido de uma reação da Arábia Saudita que, de repente, decidiu boicotar produtos da Dinamarca. Depois, virou uma bola de neve.


As caricaturas foram, então, um bom pretexto para governos e grupos políticos capitalizarem?


MIKAIL: Vários governos do Oriente Médio têm interesse em se aproveitar do caso para se reconciliarem com a população. Muitos no Oriente Médio acusam seus governos de serem muito pró-americanos ou pró-Ocidente. Para governos como o da Arábia Saudita, por exemplo, protestar contra as caricaturas é uma maneira de assegurar seu lugar junto à população.


Qual o remédio para se evitar uma nova crise semelhante?


MIKAIL: Os ocidentais são mal acolhidos pelos muçulmanos e árabes em geral. Há uma incompreensão que é preciso superar. Em vez de impor soluções ao Oriente, os ocidentais têm que buscar compor com os orientais, para permitir a discussão.


Os ocidentais, então, também são responsáveis ?


MIKAIL: Sim, no sentido de que ainda nos mantivemos no esquema dominador-dominado, e isso é muito mal percebido pela população (do Oriente Médio), que tem que lidar com as decisões que vêm do exterior. Não estamos na direção da consolidação da vontade destes povos, não estamos no caminho democrático. É uma contradição com o que dizem americanos e europeus, no sentido de que é preciso deixar estes povos se expressarem.’


PUBLICIDADE
Mirelle de França


Craques do marketing


‘Uma megacampanha publicitária, orçada em US$ 100 milhões, conseguiu o que parecia impossível: reunir as maiores estrelas da seleção brasileira de futebol fora dos campos. A campanha do banco Santander Banespa, na mídia desde o fim de janeiro exclusivamente no Brasil, juntou em novembro Ronaldo Fenômeno, Ronaldinho Gaúcho, Robinho, Kaká, Roberto Carlos e Cafu. O encontro, apenas um mês depois do último jogo das eliminatórias da Copa do Mundo, só vai se repetir em março, em Moscou, no amistoso contra a Rússia.


Os valores astronômicos (hoje equivalentes a cerca de R$ 220 milhões, incluídos aí os cachês dos jogadores) causaram espanto em profissionais do mercado de propaganda. A campanha envolveu também uma verdadeira ginástica para conciliar as agendas dos craques. A negociação foi marcada, até mesmo, por uma disputa nos bastidores.


– O Cafu, quando soube, pediu para participar da campanha, que, a princípio, envolveria apenas os outros cinco – revela uma fonte ligada à campanha. E, no meio de toda a negociação, o Bradesco tentou seduzir os jogadores para fazer uma campanha semelhante.


O Bradesco afirmou que desconhece a informação. Mas o fato é que a campanha realmente mexeu com o mercado publicitário:


– Não lembro, nos últimos 20 anos, de ter visto uma campanha desse tamanho, com esses valores – afirmou Sergio Amado, presidente da agência Ogilvy Brasil.


Já outro executivo graduado do mercado estranhou a soma – e desconfiou dela. Em sua opinião, se a campanha custasse US$ 20 milhões já seria um investimento altíssimo:


– Se for isso mesmo (US$ 100 milhões), teremos aí o novo maior anunciante do Brasil – ironizou.


Para efeito de comparação: pelos cálculos desse executivo, as Casas Bahia, o maior anunciante do país, têm um investimento em mídia (não contam outras ações de marketing) que beira R$ 1 bilhão, mas se forem considerados os descontos sobre as tabelas dados à rede, esse valor ficaria em torno de R$ 200 milhões. E a AmBev, uma empresa de produtos de alto consumo com uma gama enorme de marcas – entre elas Skol, Brahma e Antarctica – investiu em marketing no ano passado R$ 400 milhões. Mas esse número inclui até convenções de vendas e pinturas de caminhões.


O executivo ainda brinca: com US$ 100 milhões, o Santander estaria apostando alto para tomar de uma vez o primeiro lugar do Bradesco, maior banco privado do país. Mas o caminho é longo. O Santander Banespa – a nova marca vai reunir as operações de Santander e Banespa – é o quarto maior banco privado.


O vice-presidente de Marketing do Santander Banespa, Armando Pompeu, comemora resultados. Segundo o executivo, pesquisas encomendadas pelo banco mostram que 85% do público alvo já foi atingido pela campanha:


– Nosso objetivo é transformar nossa marca numa marca desejada e mais conhecida. E também conseguir chegar ao terceiro lugar, depois ao segundo e, é claro, ao primeiro. Queremos ser o melhor banco do país.


Segundo Carlos Coelho, diretor de criação da Mccann-Erickson, agência responsável pela campanha, os filmes e as fotos publicitárias foram feitas em dois dias, numa arena de touros de Madri que foi transformada em um estádio de futebol. No primeiro dia participaram apenas os jogadores do Real Madri (Ronaldo, Robinho e Roberto Carlos). No dia seguinte, chegaram Kaká, Cafu (ambos do italiano Milan) e Ronaldinho Gaúcho (que joga no Barcelona):


– Foi um verdadeiro milagre reuni-los. Nevava muito, o jatinho do Kaká e do Cafu quase não chegou devido à nevasca. Já os meninos do Real Madri estavam no meio da crise que se instalou com a saída do técnico Wanderley Luxemburgo.


No ar, o que se vê é descontração. Em um dos filmes, os jogadores brincam com a dificuldade de pronunciar o nome da instituição. Eles ensinam que é ‘Santandér’.


A campanha, que se chama ‘Inovando para crescer’, vai durar até o fim da Copa do Mundo e, apesar do apelo dos jogadores na Europa e na América Latina, será exibida apenas no Brasil. Além dos filmes para TV, também foram preparados spots para rádio e anúncios para jornais e revistas. Segundo Pompeu, dentro de algumas semanas serão gravados filmes individuais com alguns jogadores, que serão usados na segunda fase da campanha:


– Num primeiro momento, a campanha é mais institucional, para apresentar o banco. Mais para a frente, apresentaremos produtos.


COLABOROU: Maria Fernanda Delmas’


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Jogo duro fora de campo


‘Patrocínios a estrelas da seleção brasileira já renderam milhões e muita polêmica em outros mundiais. Em 1990, a equipe era patrocinada pela Pepsi, mas como os jogadores e a comissão técnica não recebiam pelo contrato, taparam o logotipo do patrocinador com a mão na hora de tirar a foto oficial do time.


Na Copa seguinte, a Coca-Cola patrocinava o time, mas a Brahma tinha jogadores contratados como garotos-propaganda – nos moldes do que o Santander está fazendo agora. Naquele caso, eram Romário, Bebeto, Raí e Zinho. Quando o Brasil ganhou a final contra a Itália, jogadores comemoraram fazendo com o dedo o número um, símbolo da marca de cerveja. Em 1998, na Copa da França, a Coca-Cola ainda patrocinava a seleção, e dessa vez a Brahma contratou Ronaldo.


Em 2002, nova troca de caneladas entre a Coca-Cola e a AmBev, que fizera uma oferta à CBF e passara a ser a patrocinadora oficial da seleção brasileira. Durante o mundial, a AmBev colocou no ar um anúncio do guaraná Antarctica, estrelado por Ronaldo, em que ironizava o fato de a Coca-Cola ser uma multinacional que patrocinava rivais como a Argentina.’


STONES CENSURADO
O Globo


Super Bowl censura letras dos Stones


‘NOVA YORK. Os Rolling Stones concordaram em ser censurados no último domingo durante sua apresentação no intervalo do Super Bowl, a partida final da Liga Nacional de Futebol Americano – ou NFL, como é popularmente conhecida nos Estados Unidos – de acordo com informações da própria NFL.


O Super Bowl é, anualmente, o evento de maior audiência da televisão americana, mas tem sido motivo de controvérsia desde 2004, quando Janet Jackson (a atração do intervalo naquele ano) deixou um de seus seios à mostra por alguns segundos, no que ficou conhecido como um caso de ‘guarda-roupa desajustado’.


No show de domingo, quando Mick Jagger cantava a popular ‘Start me up’, o verso ‘ you make a dead man come ‘ (você faz um morto gozar) foi cortado e uma referência a coks (pênis), na nova canção ‘Rouh justice’, também desapareceu.


– Os Rolling Stones sabiam do nosso plano de baixar o volume do microfone nestes dois momentos específicos – disse o porta-voz da NFL, Brian McCarthy. – Nós fizemos um acordo no início da semana. Os Stones estavam avisados e concordaram.


A rede de televisão ABC, que transmitiu o Super Bowl, informou que houve um delay – atraso entre o que acontecia no estádio e a transmissão pela TV – de cinco segundos, mas que isso não foi usado para censurar nada durante a transmissão.


– Se houve alguma alteração nas letras, isso foi feito pela NFL – disse Mark Mendel da ABC Sports.


Em 1967, quando os Stones se apresentaram no ‘The Ed Sullivan Show’(o programa de maior sucesso da época), eles cantaram ‘Let’s spend the night together’ (vamos passar a noite juntos), mas trocaram a letra, a pedido do apresentador, para ‘ lets spend some time together ‘ (Vamos passar algum tempo juntos).’


TIME WARNER
O Globo


Autores da editora Time Warner mudam de casa


‘A Time Warner anunciou ontem que está vendendo sua divisão de livros para o grupo editorial e de defesa francês Lagardère SCA, por US$ 537,5 milhões. O Time Warner Book Group é o quinto maior grupo editorial dos Estados Unidos, com autores populares como Nelson DeMille e James Patterson em seu portfólio. O grupo também publica livros infantis e religiosos. A editora da Time Warner está presente em outros mercados de língua inglesa, como Reino Unido, Nova Zelândia e Austrália.


Quando a venda for concluída, a editora Lagardère será a terceira maior do mundo. A empresa informou que o negócio faz parte de sua estratégia de construir um portfólio de títulos em francês, espanhol e inglês. Além dos livros, o grupo publica revistas, entre as quais ‘Elle’, ‘Premier’ e ‘Car & Driver’.


A Time Warner, maior conglomerado de mídia do mundo, vem se desfazendo de alguns ativos nos últimos anos, como a gravadora Warner Music Group. A empresa enfrenta pressões do acionista Carl Icahn, que deseja uma reestruturação do grupo para elevar os preços das ações. Entre os ativos da Time Warner, estão canais de TV como HBO e CNN, estúdios de cinema como o Warner Bros, revistas como a ‘Time’ e direitos de personagens extremamente populares, como Pernalonga e Batman.’


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O Estado de S. Paulo


Terça-feira, 7 de fevereiro de 2006


CHARGES POLÊMICAS
Editorial


Jornalismo irresponsável


‘A fúria desencadeada no mundo árabe-muçulmano pela charge publicada originalmente em setembro em um obscuro jornal dinamarquês e republicada na Noruega, em janeiro, é a resposta que se poderia esperar à monumental irresponsabilidade de quem autorizou a sua publicação. O desenho mostra um iracundo profeta Maomé com um turbante em forma de bomba, a que não falta nem o pavio. Para as multidões que tomaram as ruas no Oriente Médio, queimando embaixadas dinamarquesas e norueguesas, a charge é uma das piores agressões que se poderiam cometer contra a sua religião, que veda taxativamente a representação da efígie de Maomé. O tabu nasceu da sua condenação à idolatria.


Mas, ao acrescentar à caricatura do profeta o símbolo universal da violência indistinta, o desenhista e o seu jornal não se limitaram a escarnecer de um credo. A sua estereotipada mensagem é inequívoca: islamismo e terrorismo são uma coisa só, todo muçulmano é terrorista. A isso se chama islamofobia, uma expressão de hostilidade racial que, como todas as demais, deveria merecer o vivo repúdio do mundo civilizado. É verdade que, em razão do conflito israelense-palestino, a cultura popular nos países muçulmanos vem se encharcando de anti-semitismo. Isso, no entanto, não atenua a ofensa praticada por um órgão de imprensa de um país tido como um dos mais iluminados do mundo.


Pior foi a espantosa decisão de órgãos da imprensa do porte do alemão Die Welt e dos franceses Le Monde e France-Soir de republicar a charge inflamatória para se solidarizar com o Morgenavisen Jyllands-Posten (que por sinal se desculpou pela desfeita) e para afirmar o princípio da liberdade de imprensa – uma raridade nos países muçulmanos. O Ocidente não seria o que é, efetivamente, sem o direito à livre circulação de idéias, opiniões, informações e expressões artísticas. Mesmo esse pilar das sociedades democráticas, porém, não existe no vácuo. Nas palavras do jornal londrino The Guardian, ‘há limites e fronteiras – de gosto, leis, convenções, princípios ou juízos. Nada disso pode ser automaticamente desconsiderado invocando-se o valor maior. O direito de publicar não obriga a fazê-lo’.


Os islâmicos podem ser criticados, como foram por um de seus mais importantes pensadores na Europa, Tariq Ramadan, em entrevista ao Global Viewpoint (transcrita no Estado), por ‘reagir com exageros a provocações’. A onda de violência, estimulada ou aceita por mais de um governo, choca por seu primitivismo. Mas Ramadan também tem razão ao dizer: ‘Será que eu ando por aí insultando as pessoas porque tenho liberdade para isso? Não. Isso se chama responsabilidade cívica.’ O problema contém ainda uma dimensão mais profunda, relacionada com as características menos louváveis da cultura ocidental nos dias atuais, associada ao vale-tudo a que se entregaram a mass media e a indústria do entretenimento, degradando a liberdade em libertinagem e licenciosidade.


Curiosamente, veio do Brasil talvez a melhor síntese da crise da charge, tendo como pano de fundo a disseminação da baixaria, sob todas as formas, na chamada ‘civilização do espetáculo’. Falando ao Estado, o xeque Jihad Hassan Hammadeh, radicado em São Paulo, tocou no nervo da questão. ‘O Ocidente perdeu o valor do sagrado’, constatou. ‘Se os ocidentais não respeitam os seus valores, imagine os dos outros.’ De fato, a permissividade midiática e a aversão do jornalismo de tablóide a educar o público se entrelaçam para embotar a capacidade do homem comum ocidental de entender as diferenças culturais que se manifestam especialmente em relação ao ‘valor do sagrado’ em outros ambientes.


Na sexta-feira, o dinamarquês Posten afirma que ‘subestimou o sentimento de muitos muçulmanos sobre seu profeta’ e que, se soubesse das conseqüências, não teria publicado a charge revoltante. O argumento é pobre. Ela não deveria ter sido publicada, mesmo que não fosse previsível a reação que provocou. Primeiro, porque não cabe a um jornal criticar – muito menos escarnecer de – valores culturais com os quais não comunga. Segundo, porque a publicação embutiu a intenção de ofender toda uma parcela da humanidade que se identifica, acima das etnias que a compõem, com um credo religioso. À deliberada profanação de um valor alheio somou-se a estigmatização da cultura que o abriga – quando a islamofobia cresce a olhos vistos na Europa.’


O Estado de S. Paulo


Protestos já deixaram 7 mortos


‘Pelo menos seis pessoas morreram ontem no Afeganistão e na Somália durante violentas manifestações de protesto contra a republicação na semana passada por jornais europeus de caricaturas do profeta Maomé, divulgadas pela primeira vez em setembro por um diário dinamarquês. Com a confirmação da morte de um libanês em Beirute, no domingo, eleva-se a sete o total de mortos na onda de protestos que se alastrou pelo mundo muçulmano e preocupa seriamente a Liga Árabe e a União Européia. As duas instituições preparam uma ação conjunta para reverter o processo.


Além de Afeganistão e Somália, Paquistão, Índia, Egito, Irã, Iraque, Indonésia, Tailândia, Bósnia e Gaza foram palco de ruidosas manifestações. ‘Morte à Dinamarca’ e ‘Morte à França’ eram os gritos mais ouvidos nas marchas e concentrações de islâmicos irados. ‘Eles querem testar nossos sentimentos’, disse o afegão Hamraz Slanikuzai, referindo-se ao argumento apresentado pelos diários, incluindo o parisiense France Soir, para reproduzir os polêmicos desenhos: preservar a liberdade de imprensa. ‘Depois nos acusam de terroristas’, acrescentou. Slanikuzai participou das manifestações diante da base militar americana de Bagram, perto de Cabul. Pacífico no início, o protesto acabou em violência e morte de duas pessoas. Outras três morreram durante uma marcha de protesto na cidade de Mihtariam, leste do país.


Na Somália, a polícia disparou numa concentração de islâmicos na cidade nortista de Bosaso, matando um.


Em meio a esse quadro, a chancelaria dinamarquesa aconselhou os dinamarqueses a só viajaram para países islâmicos em caso de extrema necessidade.


Por sua vez, o governo do Irã decidiu suspender as relações comerciais do país com a Dinamarca. Simultaneamente, um jornal de Teerã, o Hamshahri, anunciava a realização de um concurso de caricaturas sobre o Holocausto. ‘É nossa resposta à imprensa européia’, justificou o diretor do diário, Farid Mortazavi.


MEDO


O editor de cultura do jornal dinamarquês Jyllands-Posten, Flemming Rose, disse ontem por e-mail ao Estado que não dorme direito há uma semana e se desculpou por não querer dar uma entrevista completa ao jornal: ‘Já disse tudo que tinha a dizer sobre o assunto.’


O assunto são as 12 charges do profeta Maomé publicadas pelo jornal em 30 de setembro, que, quatro meses depois, desataram e continuam provocando protestos de muçulmanos em todo o mundo. Respondendo a um último e-mail, Flemming reiterou que o jornal não se arrepende da publicação das charges: ‘Nos desculpamos se alguém se ofendeu, mas é nossa liberdade publicar o que acharmos necessário.’


Flemming também informou que os 12 cartunistas não aceitam conceder entrevistas. ‘Alguns estão com medo, outros não, mas todos disseram que não querem que o jornal se desculpe.’


COLABOROU LEDA BALBINO’


***


Caricatura de Jesus foi rejeitada por jornal


‘O jornal dinamarquês ‘Jyllands-Posten’, o primeiro a publicar as caricaturas do profeta Maomé que estão causando uma onda de protesto em todo o mundo muçulmano e já deixou sete mortos (ler ao lado), vetou a publicação de desenhos de Jesus. A direção do diário considerou as charges, além de ofensivas, sem nenhuma graça. Isso ocorreu há três anos, em abril de 2003, quando o caricaturista Christoffer Zieler submeteu uma série de desenhos sobre a ressurreição de Cristo à direção do ‘Jyllands-Posten’. Na época, Zieler recebeu um e-mail do editor da edição dominical, Jens Kaiser, no qual ele dizia: ‘Não acho que os leitores do ‘Jyllands’ vão apreciar isso. Na realidade, penso que essas figuras só irão provocar clamor e indignação. Assim, não usarei essas caricaturas.’ Em entrevista ao jornal norueguês ‘Dagbladet’, Ziegler disse que Kaiser não usou os mesmos sentimentos em relação aos muçulmanos.’


Reali Júnior


Jornal francês recupera notoriedade após charges


‘Por causa da reprodução das caricaturas do profeta Maomé, o jornal France Soir ganhou a visibilidade dos velhos tempos, quando foi um dos grandes jornais franceses do pós-guerra, cuja circulação chegou a ser superior a 1 milhão de exemplares diários.


Jacques Lefranc, o diretor de redação demitido do France Soir, não quer explicar as razões que levaram a direção a publicar as caricaturas. Há suspeitas de que a meta inicial tenha sido um golpe publicitário para tentar tirar o jornal de sua inércia que pode levá-lo à falência. O France Soir está em concordata desde outubro. Sua credibilidade também não é a mesma e suas vendas, que não passavam de 25 mil exemplares, quadruplicaram nos últimos dias após a publicação das caricaturas.


Segundo um redator presente às reuniões de pauta que antecederam a publicação, já pela manhã o diretor de redação adjunto decidiu dedicar uma página a essa história, mas sem publicar as caricaturas divulgadas pelo jornal dinamarquês Jyllands-Posten. Isso causou um amplo debate entre os editores. Como tratar do assunto sem ilustrar a matéria com as charges? Na reunião da tarde, a direção de redação decidiu publicá-las e aumentar o espaço para duas páginas. A editora política do jornal, Corinne Laurent, advertiu os demais redatores para agirem com prudência, diante de um tema tão explosivo.


Ela era favorável à publicação, mas recomendava cuidado para evitar qualquer utilização política. Diante disso, a direção da redação decidiu que o jornalista deveria assinar o artigo com um pseudônimo. Serge Faubert, diretor de redação resolveu, no fim da tarde, abrir também a primeira página com as caricaturas de Maomé, em nome da liberdade da expressão e com o objetivo de ‘denunciar a censura’. No dia seguinte, Lefranc, responsável pela publicação, pagou o preço mais elevado e foi demitido pelo proprietário franco-egípcio Raymond Lakah, mais preocupado com seus interesses financeiros junto ao mundo árabe.’


Gilles Lapouge


Agitação política infiltra-se no protesto religioso


‘Os desenhistas dinamarqueses que publicaram suas charges de Maomé no jornal Jyllands-Posten devem estar divididos entre dois sentimentos: de um lado, o orgulho de falarem deles; de outro, um pouco de vertigem quando se compara a insignificância do pretexto com a enormidade das conseqüências. A história está familiarizada com essas extravagâncias trágicas. Mas raramente um detonador tão minúsculo terá produzido uma explosão tão estrondosa.


As manifestações que espoucaram de Jacarta a Damasco e até em Paris certamente foram concebidas, organizadas e instrumentalizadas por líderes extremistas ou fundamentalistas. Mas para que as palavras de ordem desses líderes fossem ouvidas com tanta presteza e inflamassem com tanta facilidade as multidões histéricas, era preciso que o ódio das populações estivesse à beira da explosão. Se uma faísca põe fogo numa pradaria é porque o capim está tão seco que quase se incendeia sozinho.


No entanto, à medida que o incêndio se propagou, seus combustíveis se modificaram. No começo, o protesto era religioso. Violou-se uma lei: representar o profeta, o que é proibido, não pelo Alcorão, mas por seus comentadores.


Pior: o profeta foi desenhado como um terrorista, um matador. O pecado do jornal dinamarquês (e, solidariamente, de todo o Ocidente, segundo os muçulmanos) tinha, pois, um nome: a blasfêmia (um pecado capital no Islã enquanto no código francês, por exemplo, a blasfêmia nem mesmo entra no domínio da lei).


Acreditava-se então estar diante de uma questão de intolerância religiosa – a mesma intolerância que outrora nutriu as Cruzadas ou a Inquisição católica e hoje invade, com uma rigor sem precedente, o mundo muçulmano.


Mas ao longo dos dias, as cores do drama mudaram. Suas nuances religiosas, sem desaparecer, se esfumaram, e assomam, por sua vez, no fundo do quadro, cores novas e nitidamente políticas. O regime sírio, que foi o incendiário dos tumultos inqualificáveis de Damasco e Beirute, não costuma ser visto como obcecado por problemas religiosos. Suas intenções são políticas.


Mais significativo ainda é a Palestina. Ali, os agitadores que incitavam as multidões não eram gente do Hamas (a organização religiosa que acaba de vencer as eleições), mas chefes da Fatah, o partido recentemente vencido nas eleições, que sempre se declarou mais político que religioso. No conjunto, as charges dinamarquesas, que eram descritas há oito dias como blasfemas, hoje são designadas como ‘racistas’ e ‘antiislâmicas.’ Assim, se num primeiro momento a ira da rua foi religiosa, agora uma outra força pegou o bastão: a política. Nas duas hipóteses, a gravidade da situação é mesma.


A presente crise se desdobra no âmbito de uma situação já explosiva: a tomada de poder pelo Hamas na Palestina , o furor nuclear do Irã xiita, o abominável conflito iraquiano. E uma conseqüência é a seguinte: por toda a Europa, governos tendem a endurecer sua posição sobre o Islã (na França, Dinamarca, Inglaterra, Alemanha). As loucuras dos oito últimos dias são um aviso: o mundo atravessa uma zona de extremo perigo.


*Gilles Lapouge é correspondente do Estado em Paris’


GAZETA DO POVO vs. REQUIÃO


O Estado de S. Paulo


Em outdoor, PMDB diz que jornal mente


‘O PMDB do Paraná mandou colocar cerca de 30 outdoors no Estado acusando o jornal Gazeta do Povo de ser mentiroso. ‘PMDB adverte: Gazeta do Povo mente’, afirma o cartaz. O partido reproduz assim crítica do governador Roberto Requião, seu filiado, que discordou de reportagem informando que o investimento do Estado em saneamento teria sido insuficiente. O diretor de redação Nelson Souza, da Gazeta, disse que o jornal se baseou em dados do Instituto Ambiental do Paraná e cogita processar os responsáveis pelos anúncios.’


MERCADO EDITORIAL
Doreen Carvajal


Jornais gratuitos em alta na Europa


‘INTERNATIONAL HERALD TRIBUNE, PARIS – Quando o 20 Minutos atingiu os píncaros, podendo reivindicar o troféu do jornal de maior circulação geral da Espanha, comemorou a notícia com uma foto gigantesca do King Kong, com uma expressão desafiadora, na primeira página.


‘Somos o número 1, somos o número 1’, disse José Antonio Martínez Soler, rindo. Ele começou o jornal, que é gratuito, no porão da sua casa, há seis anos, e viu o número de leitores crescer para 2,3 milhões, enquanto os rivais reagiam primeiro com indiferença e hostilidade, depois, com imitação, e agora, com sedução.


‘No princípio, éramos apenas beneficência ou lixo para eles’, disse Soler, observando que uma série de visitantes importantes já fez a procissão ao seu escritório em Madri desde dezembro, quando o 20 Minutos superou o El País em circulação. ‘Estamos sendo muito cortejados. Os jornais pagos decidiram que não podem nos destruir nem nos copiar, e agora querem nos comprar ou casar conosco.’


Os pretendentes talvez não estejam necessariamente enamorados. Os diários de distribuição gratuita vivenciaram uma ascensão abrupta em distribuição na Europa, com sua circulação subindo para 23 milhões no ano passado, o que representa uma alta de mais de 33% em relação ao ano anterior, segundo Piet Bakker, professor-assistente de Comunicação da Universidade de Amsterdã.


Mais da metade da circulação de jornais gratuitos na Europa está agora nas mãos de editoras tradicionais. Estas antigas empresas também estão investindo em pioneiros como o 20 Minutos, que no ano passado vendeu uma participação acionária de 20% para o conglomerado de mídia espanhol Zeta Group.


Os últimos seis meses representaram uma espécie de temporada de reprodução na Europa. Foram lançados novos títulos na Espanha, Dinamarca, Islândia e Portugal, para competir com os pioneiros Metro, primeiramente distribuído na Suécia e agora encontrado em quase 20 países pelo mundo, e 20 Minutos. Na Letônia e Lituânia, o título dos novos jornais sugerem uma leitura ainda mais rápida: 15 Minutes e 5 Minutes.


Mas o local no topo ocupado pelo 20 Minutos nas estatísticas de circulação na Espanha é precário. Este mês, o Planeta Group deve lançar o quarto jornal de distribuição gratuita do país, o Pagina Cero, com uma previsão de circulação de 1 milhão de exemplares.


Hoje em dia, quase metade dos jornais espanhóis é de distribuição gratuita. Na Islândia, esta parcela é de 71%. Na Suécia, o Metro foi apontado como o maior jornal diário no mês passado, segundo o levantamento feito pela Research International. Seu número de leitores – 1,4 milhão – teve um aumento de 20%.


O surgimento de novos jornais gratuitos talvez tenha mais a ver com as dificuldades econômicas dos consumidores do que com a popularidade do formato. E a Copa do Mundo a ser realizada na Alemanha é um período tentador para lançar títulos com uma cobertura esportiva aprimorada. Não por acaso, tanto o Metro como o 20 Minutos planejam ampliar sua seção de esportes em junho.’


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Lagardère se torna terceira maior editora do mundo


‘O grupo francês Lagardère, dos setores de mídia, defesa e alta tecnologia, concluiu um acordo para a compra da editora americana Time Warner Book Group por US$ 537,5 milhões. Com isso, ele se torna o terceiro maior do ramo no mundo, conforme um comunicado divulgado ontem pelas duas empresas.


‘Isto representa um desenvolvimento que visa a um posicionamento equilibrado sobre os três idiomas fundamentais, que são o francês, o inglês e o espanhol’, destacou a Lagardère no comunicado.


A Time Warner Book Group é a quinta maior editora de livros nos Estados Unidos. A empresa edita livros ilustrados, obras religiosas e literatura juvenil, assim como produtos da Disney e Microsoft.


Com esta aquisição, o departamento de livros da Lagardère ‘vai se tornar líder’ no Reino Unido, na Austrália e na Nova Zelândia, diz o comunicado.


Segundo Arnaud Lagardère, gerente da Lagardère SCA, a aquisição da Time Warner Book Group é um movimento estratégico ambicioso para a atividade da empresa de edição de livros, que vem sendo o motor de crescimento e provedor de rentabilidade da empresa. ‘Isto é prova da minha vontade de crescer e chegar aos EUA, o coração da indústria de mídias’, afirma o executivo.


A Lagardère, além de livros, também é dona da Hachette Filipacchi, editora que publica revistas como Elle.’


NEWS CORP.
O Estado de S. Paulo


Murdoch planeja canal de notícias financeiras


‘ASSOCIATED PRESS, NOVA YORK – O magnata da mídia Rupert Murdoch, da News Corporation, afirmou que planeja concorrer com o canal a cabo CNBC lançando um canal de notícias financeiras rival até o fim do ano. ‘Conduzimos discussões bastante intensas com as maiores companhias de cabo e estamos fazendo progresso considerável’, disse o presidente da News Corp. à revista Newsweek, que publicará a entrevista na edição do dia 13.


Depois de gastar mais de US$ 1,5 bilhão em empreendimentos na internet no ano passado, Murdoch diz estar prestes a anunciar planos de oferecer banda larga por meio de seu serviço de televisão via satélite DirecTV. Este projeto, ao lado das atuais propriedades da News Corp. na internet, vai levantar ‘conservadores US$ 1 bilhão’ em receitas até 2010, previu o empresário.


Murdoch também respondeu a temores de que jovens membros do MySpace.com, uma de suas recentes aquisições, estão virando alvo de predadores sexuais. Um terço do pessoal da companhia monitora o site para mantê-lo limpo, afirmou ele.


‘Estamos sendo bastante prevenidos’, disse Murdoch. ‘Planejamos nos comunicar com diretores de escolas, igrejas e organizações comunitárias para informá-los sobre as medidas de segurança que desenvolvemos.’ Em breve, o site permitirá que os visitantes troquem e publiquem vídeos, acrescentou.


Murdoch proclamou ‘a mudança para a mídia digital’, mas rejeitou algumas inovações recentes, entre elas a venda de programas de TV para download em aparelhos como os iPods.


O esforço para dividir conglomerados de mídia em companhias menores também é insensato, argumentou ele, ao ser indagado sobre a recente divisão da Viacom e as iniciativas do investidor Carl Icahn para dividir de modo similar a Time Warner, que o magnata qualificou de ‘muito bem administrada’. ‘Icahn contrariou o senso comum. Mesmo se conseguir dividi-la – o que seria muito triste -, não creio que ele ganhará dinheiro com isso’, afirmou.


Murdoch controla a News Corporation, um dos maiores grupos de mídia do mundo, dono dos jornais The Sun e Times, na Grã Bretanha, e The New York Post, nos Estados Unidos. Em televisão, a News Corp. adquiriu a Fox, fez incursões em TV a cabo pela Europa com a BSkyB e Sky. Está presente ainda na Ásia, com sua filial Stargroup. É dona também da editora HarperCollins e do estúdio de cinema Twentieth Century Fox.’


TV DIGITAL
Gerusa Marques


Câmara é novo palco na escolha da TV digital


‘A pressão para definir a escolha do padrão de TV digital do País entra na sua reta final. Os técnicos dão continuidade a uma série de reuniões para discutir as promessas de vantagens comerciais de cada um dos padrões – japonês, europeu e americano -, mas o ponto alto será a reunião, no plenário da Câmara, com os presidentes das empresas de telefonia celular, empresários do setor eletroeletrônico e da área de comunicações e representantes da sociedade civil.


Os parlamentares marcam sua participação nas discussões que serão resumidas em um documento a ser entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que possa tomar a decisão e fazer ‘o gol de placa’, prometido pelo ministro das Comunicações, Hélio Costa. Lula deve divulgar a decisão na próxima semana, quando retorna de uma viagem a países africanos.


Os dirigentes das empresas de telefonia deixarão o plenário da Câmara e seguirão em direção à Casa Civil, onde serão recebidos pela ministra Dilma Rousseff. A disputa pelo modelo de TV digital é de interesse das empresas de telefonia porque, dependendo da escolha, não poderão interferir na transmissão de programas de T V por celulares. O ministro das Comunicações, Hélio Costa, trabalha com a expectativa de que até sexta-feira os estudos e consultas estarão concluídos para serem submetidos a Lula.


Os parlamentares gostariam que a definição do modelo de TV digital ocorresse somente em junho, mas Hélio Costa insiste na necessidade de fazer a escolha ainda este mês. O ministro pondera que, por causa das adaptações de tecnologia, as emissoras necessitarão de alguns meses para implantar o projeto e assegurar a primeira transmissão em 7 de setembro, data que Lula quer comemorar com o lançamento da TV digital no País.


A semana passada foi caracterizada pela exposição dos modelos. A preferência deve recair em japoneses ou europeus. A opção pelo modelo americano foi praticamente descartada por Hélio Costa, pois exige um maior nível de investimento. Hoje, seus representantes vão explicar o modelo adotado nos Estados Unidos e tentar superar as vantagens oferecidas por japoneses e europeus.


A discussão do modelo passa, também, pelas contrapartidas oferecidas. A expectativa e interesse na decisão do Brasil é significativa, pois o modelo brasileiro deve orientar as decisões de outros países latino-americanos.


Os japoneses já ofereceram vantagens econômicas, como financiamento e troca de tecnologia, e enfrentaram a reação dos europeus, que praticamente ‘cobriram’ a proposta japonesa. Segundo Costa, a tecnologia americana não atende a duas das principais exigências do governo brasileiro: a portabilidade e a mobilidade, que permitem a recepção de imagens em aparelhos portáteis, como o celular, e em movimento, como em um veículo. Além disso, é necessário que haja alta definição de imagens e interatividade, para que a televisão possa ser usada em funções próprias da internet, como acessar um e-mail.


Os europeus, assim com os japoneses, atendem a essas exigências, mas, segundo Costa, precisariam de mais um canal, além dos 6 megahertz permitidos pelo governo. Os europeus dizem que já operam em 6 megahertz, em Taiwan. Mesmo assim, será necessário, segundo Costa, que eles façam novos testes para provar que o modelo europeu é competitivo.’


 


TELEVISÃO
Cristina Padiglione


Caso choca SBT


‘Não que a morte de três pessoas pisoteadas já não seja motivo suficiente para chocar alguém. O caso é que nem dentro do SBT se atribuía toda essa importância à tal novelinha Rebelde, alvo da comoção que levou tanta gente ao Shopping Fiesta, em Interlagos, sábado passado.


Como produto absolutamente enlatado – ao contrário de Chiquititas, co-produzida pelo mesmo SBT, e da atual Floribella, co-produzida pela Band – Rebelde tem lá um bom patamar de audiência, mas nada que mereça maior atenção da direção da emissora. A novelinha oscila entre 12 e 14 pontos no Ibope em São Paulo.


O SBT informa que nada teve a ver com a organização do show, iniciativa da gravadora EMI. Mas, já que os ‘rebeldes’ cá são conhecidos pela tela da emissora, a tragédia, de alguma forma, esbarra na porta de casa. Sendo assim, Gugu Liberato, que tão bem soube explorar outras desgraças ocorridas em pleno domingo, foi de um respeito exemplar na edição de seu Domingo Legal.


A banda, que deveria ir ao programa do loirinho anteontem, apenas gravou depoimento lamentando o episódio. E nada de entrevistar parentes das vítimas.’


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