Nesta segunda-feira, editorial da Folha de S. Paulo critica a Rede Record pelo uso de recursos públicos na produção da série Avassaladoras. Segundo o jornal, a emissora de TV aberta, que funciona a partir de concessão do governo, não poderia receber este tipo de dinheiro. Para consegui-lo, entretanto, teria usado uma manobra simples.
Hora de troca-troca nos canais televisivos. O colunista de TV Daniel Castro, da Folha, noticia a ida de repórter da Rede Globo para a Record. Já Keila Jimenez, do Estadão, fala da mudança no quadro de VJs da MTV.
Hora de reforma, literalmente, na Câmara dos Deputados. Matéria de Isabel Braga no Globo dá conta das obras na redação da TV Câmara, com direito a ar condicionado novo e mobiliário de última geração.
Leia abaixo os textos desta segunda-feira selecionados para a seção Entre Aspas.
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Folha de S. Paulo
Segunda-feira, 16 de janeiro de 2006
VERBA ILEGAL
Minissérie Pública
‘É um disparate que uma rede de TV aberta tenha obtido recursos públicos para a produção de uma minissérie. A emissora, como todas as redes de TV comerciais, opera mediante concessão pública e está impedida por lei de receber diretamente verbas do governo ou de programas de incentivo à cultura para a realização de seus programas.
Mesmo assim, uma manobra simples permitiu-lhe driblar esse obstáculo e obter o dinheiro por vias legais. Conforme reportagem publicada ontem nesta Folha, para realizar a minissérie, a rede associou-se a uma produtora independente e a um canal de TV estrangeiro. Assim, foi possível captar R$ 3,2 milhões por meio da Ancine (Agência Nacional de Cinema) e da Lei Rouanet.
Ainda que não sejam ilegais, essas operações têm legitimidade duvidosa. Há algo de errado quando uma TV privada, que tem todas as condições de obter recursos no mercado como qualquer outra empresa, recebe recursos governamentais. A estranheza é ainda maior quando se considera que o acesso ao dinheiro público não está condicionado, no caso, a nenhum tipo de contrapartida para a sociedade.
O episódio todo indica, sobretudo, que é preciso tornar mais rigorosas as normas e os critérios para captação desses recursos públicos. Mais que isso, ele chama a atenção para a necessidade de rediscutir o atual modelo de incentivo à cultura.
Seria desejável que fosse elaborada uma política mais restritiva, reservando o escasso dinheiro, que provém de uma renúncia fiscal, por exemplo, a projetos mais inovadores e de baixo apelo comercial.
Esse raciocínio parece válido especialmente para o setor de audiovisual, no qual boa parte dos trabalhos é realizada com financiamento público. Projetos desse gênero devem ser incentivados a angariar verbas no setor privado, evitando onerar os cofres públicos. No mínimo, é preciso pensar numa formula que vá diminuindo o subsídio a essa atividade ao longo do tempo.’
TROCA DE CASA
Repórter da Globo será âncora da Record
‘Repórter da Globo em Brasília, onde fazia entradas ao vivo no ‘Jornal Hoje’, Adriana Araújo, 33, assinou contrato com a Record e deverá ser âncora do novo ‘Jornal da Record’, que passará a ter edição mais ágil e reportagens mais curtas para tentar ficar parecido com o ‘Jornal Nacional’.
Adriana só depende de um teste de vídeo, amanhã, para ser confirmada ao lado de Celso Freitas na bancada do ‘Jornal da Record’. Ambos deverão substituir Boris Casoy, que rompeu com a Record no final de dezembro.
Se não for aproveitada no ‘Jornal da Record’, Adriana fará o ‘Edição de Notícias’, de final de noite. A Record começou a negociar com ela no último dia 1º. No dia 6, Adriana deixou a Globo.
Antes de trabalhar em Brasília, Adriana atuou na Globo de Belo Horizonte, onde entrou em 1995. Na cidade, foi hostilizada por fiéis da Igreja Universal (que controla a Record) quando fazia uma reportagem em um templo.
Ao todo, a Record pretende tirar 20 jornalistas da Globo e de suas afiliadas, mas até agora não conseguiu desfalcar a concorrente de nenhuma de suas ‘estrelas’.
Na semana passada, tirou da Globo os repórteres Silvestre Serrano (São Paulo), Emerson Ramos (Campinas), Gleisla Garcia (Goiânia) e Cristiana Gomes (Rio de Janeiro). Nesta semana, deve fechar com Lúcio Sturm (São Paulo), Abigail Costa (São Paulo) e Carla Fachini (Porto Alegre).
OUTRO CANAL
Cifra Segundo estimativa da Globo, o governo federal investirá cerca de R$ 1 bilhão em mídia neste ano. Quase tudo será gasto no primeiro semestre, por causa de restrições da legislação eleitoral.
Carona 1 Na esteira da minissérie ‘JK’, o canal pago GNT estréia no próximo dia 29 uma série de cinco episódios, de meia hora cada um, sobre os ‘Anos JK’ (1956-61). Produzida pela Giros, ‘JK.doc’ traz material de arquivo e depoimentos de quem viveu ou estudou o governo de Juscelino Kubitschek.
Carona 2 Os episódios de ‘JK.doc’ serão divididos em ‘Política’, ‘Moda’ (sobre mulheres que viraram símbolos de elegância), ‘Comportamento’ (a juventude transviada, as gangues de rua no Rio, os esportes de praia), ‘Cultura’ (a bossa nova, o cinema novo e a arquitetura de Oscar Niemeyer) e ‘Ciência, Tecnologia e Economia’.
Trilha Mesmo com a estréia de ‘Big Brother Brasil’, que a levou a ser exibida mais tarde, a minissérie ‘JK’ continua bem no Ibope. Até o capítulo de quinta-feira, tinha audiência acumulada (desde o primeiro dia) de 35 pontos na Grande São Paulo. Das minisséries exibidas desde 1999, só ‘JK’ e ‘Um Só Coração’ (2004) tinham essa audiência até o sétimo episódio.’
JACQUES FAIZANT
Cartunista do ‘Le Figaro’ morre aos 87 anos
‘O cartunista francês Jacques Faizant, que contribuiu para o ‘Le Figaro’ (um dos mais tradicionais jornais do país) por mais de 40 anos, morreu anteontem. Faizant, que produziu mais de 30 mil cartuns para o jornal, tinha 87 anos. Um personagem recorrente dos desenhos de Faizant é Marianne, uma mulher com uma boina vermelha, que, para os franceses, simboliza liberdade, igualdade e fraternidade.’
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O Globo
Segunda-feira, 16 de janeiro de 2006
TV CÂMARA
Reajuste de servidores faz Câmara reduzir seu cronograma de obras
‘BRASÍLIA. Obrigada a cortar R$ 170 milhões do orçamento para cobrir o rombo provocado pelo aumento de 15% concedido aos servidores, a Câmara dos Deputados abandonou uma prática comum em outros recessos parlamentares: aproveitar a temporada de férias dos deputados para fazer obras nos apartamentos funcionais.
O trato feito pela Câmara com o governo federal, depois que o Congresso derrubou o veto do presidente Lula ao aumento de 15%, foi de que o governo liberaria verba suplementar de R$ 150 milhões desde que a Casa se comprometesse a entrar com os R$ 170 milhões restantes. O custo anual do aumento, já que foi retroativo a janeiro de 2005, foi de R$ 320 milhões. Por isso foi suspenso o projeto de reforma dos blocos de apartamentos de deputados.
Mas ainda há três obras em andamento na Câmara. A mais barulhenta delas é a da construção da nova redação da TV Câmara. Há transtornos também na entrada inferior da Casa, para a instalação de um moderno sistema de ar-condicionado da redação da TV.
A modernização nas instalações da TV Câmara e toda a mídia da Casa se arrasta desde 2003. O estúdio e o auditório foram finalizados. Agora, está sendo feita a nova redação, que terá equipamentos e mobiliário de última geração. O custo desta etapa chega a R$ 2 milhões.
Outra obra em andamento é a reforma dos três andares onde estão instalados a biblioteca e o centro de documentação da Câmara. O orçamento é de R$ 8,5 milhões, mas até agora foram gastos apenas 10%.
A terceira obra da Câmara é a reforma de um local que abrigará um refeitório de comida a quilo, no subsolo do anexo III. Além da reforma das instalações estão previstas a compra de uma câmara frigorífica e a instalação de ar-condicionado. O custo estimado é de R$ 1 milhão.’
BATINA NA TV
Padre Pinto agora quer ser apresentador de TV
‘SALVADOR. Afastado há uma semana da Igreja da Lapinha — uma das mais tradicionais da capital baiana e de onde é pároco há mais de 30 anos — sob acusação de ter cometido excessos nas celebrações, o padre José Pinto, de 58 anos, voltou à cena anunciando novidades: quer ser apresentador de TV.
O religioso está aproveitando as férias forçadas no interior da Bahia para elaborar o projeto de um programa religioso para a madrugada que vai oferecer às emissoras baianas.
Após ficar conhecido por suas performances nada convencionais nas missas, em que se apresenta maquiado, com fantasias de índio, baiana e Oxum, e misturando sons e coreografias extravagantes, o religioso revelou ao jornal ‘A Tarde’, de Salvador, que tem recebido convites para anúncios publicitários e para posar para revistas. As propostas, segundo ele, estão sendo analisadas criteriosamente:
— Com toda essa repercussão, a ficha ainda não caiu. Reconheço que abusei, mas não era minha intenção.
Os fatos, que fogem ao tradicional nas celebrações da Igreja Católica, fizeram a Arquidiocese de Salvador divulgar nota oficial dizendo que o padre precisa de ajuda terapêutica.’
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O Estado de S. Paulo
Segunda-feira, 16 de janeiro de 2006
INTERNET
Banners e pop-ups estão com os dias contados na internet
‘Os banners convencionais (aquelas bandeirolas de propaganda de produtos e serviços que aparecem ao lado das telas de internet) e os pop-ups (aquelas invasões nas telas) estão com os dias contados. O publicitário Sergio Magnaini, diretor de criação para internet da agência Almap/BBDO, conta que teve de gastar horas de trabalho para o lançamento do CrossFox, o modelo off-road da Volkswagen, para fugir desses modelos que se tornaram símbolos da publicidade online.
‘O brasileiro que navega na internet é exigente, está a par das novidades que acontecem na rede mundial de computadores e descarta idéias convencionais, como banners sem interatividade e os pop-ups, para os quais usa bloqueadores.’
O resultado do esforço foi a criação de um site, o www.legendofomaha.com.br, onde um apresentador, nos moldes de Vincent Price, com o nome de Dr. Maxwell Adams, falava de animais e de aventuras na selva. Só depois de vários filmes, jogos interativos e curiosidades é que ele apresentava o CrossFox.
Já Fernanda Romano, ex-diretora de criação de internet da DM9DDB, ajudou a agência a conquistar o Grand Prix de Internet do Festival Internacional de Publicidade de Cannes 2005 com ousadas campanhas, como a da cola Super Bonder, que levou leão de ouro. Mostrava dois rapazes tentando manter colado um monitor de computador na parede. Na tela do próprio computador, recebiam e-mails de incentivo, transmitidos por internautas a partir do próprio site criado pela empresa para difundir seu produto.
Magnaini explica que são essas soluções inusitadas as que mais conquistam o internauta, ‘porque ele não espera por isso e sente prazer em repassar o que está vendo para outros internautas, dando vida ao chamado marketing viral’. Nestes casos, cria-se um ambiente em que só depois a marca aparece, como uma pegadinha.
Para Pedro Cabral, presidente da Agência Click, uma das mais premiadas da internet mundial, a missão da propaganda é propagar idéias, e nas comunidades virtuais elas só ganham espaço quando o internauta as assume para si. ‘O internauta quer participar. Ele já descobriu que, na internet, sua opinião e suas fotos são mídia, e é este movimento que as empresas começam a perceber, pois ele pode exercer o papel de propagador de uma marca.’
O presidente da Giovanni, FCB, Paulo Giovanni, também está convencido da importância dos internautas para as marcas. Tanto que sugeriu à Fiat a criação de um site, nos moldes de um fotolog (álbum de fotos virtual), onde os usuários dos serviços autorizados da Fiat apareciam em diferentes poses como o mascote da montadora, o Dino.
Dados da PricewaterhouseCoopers mostram que a publicidade e o comércio online estão crescendo (ver tabela). Projetos como o do Google, que visam dar suporte à criação e manutenção de novos sites, por meio do direcionamento de publicidade online, após identificação do público, estimulam esta mídia.
No Brasil, apesar do pequeno número de internautas em relação à população – 30 milhões, dos quais 12,5 milhões residenciais – , as horas de navegação superam a de grandes países, como EUA, França e Japão. O coordenador de pesquisas do Ibope/NetRatings, Alexandre Magalhães, diz que é isso que torna esse público exigente, estimulando a criação das agências de publicidade. Em troca, elas abatem vários leões no Festival de Cannes.’
SEMANAIS
O texto e o estilo das revistas semanais
‘Uma análise das principais revistas nacionais, como Veja, Isto É, Época e Carta Capital, está em O Estilo Magazine (136 págs., R$ 25,10), da Summus Editorial. O autor, Sergio Vilas Boas, compara as especificidades do estilo revista com o texto do jornalismo diário. ‘Um texto quase sempre apressado e tenso’, segundo ele. O livro é uma viagem pelas teorias, técnicas e práticas da chamada reportagem interpretativa.’
O FUTURO DOS JORNAIS
Viva Gutenberg. E longa vida ao papel
‘Certa vez perguntaram a John McEnroe por que ele ficava tão irritado. Ele odiava seus adversários? Por Deus, não, disse o grande homem. Ele os amava. O que ele odiava eram as bolas de tênis. Sinto o mesmo sobre computadores. Eles continuam batendo na rede ou quicando fora da quadra. Eles atribuem as próprias falhas a meus ‘erros humanos’. E, acrescentando insulto à injúria, seus vendedores me dizem, ano após ano, que eles visam a reduzir meu amado jornal a embrulho de peixe.
Daí minha satisfação com a notícia da última semana de Las Vegas dizendo que a Google estava estudando o lançamento de um computador de US$ 200, posteriormente desmentida. Imagino que ela percebeu que a computação pessoal está no ponto em que estava a indústria automobilística antes de Henry Ford. Os fabricantes põem seus consumidores guiando Lagondas e Hispano-Suizas. Eles projetam máquinas cada vez mais fantásticas e caras, e depois manipulam o mercado para impedir que alguém venda mais barato. Eles honram a noção de Marx de que o capitalismo é uma conspiração não pelo livre mercado, mas contra ele.
Meu primeiro processador de texto era mais rápido no uso e tinha uma vida útil de bateria maior do que qualquer outra coisa produzida até então. Nessas características essenciais, cada novo computador tem sido menos eficiente do que o último. (Contaram-me recentemente que minha nova máquina não pode operar meu excelente software de dez anos atrás, mas exige o mais lento, mais confuso e mais vulnerável Word.) Em compensação, posso baixar a Biblioteca do Congresso e desviar um foguete lunar para a superfície de Marte – mas não consigo escrever uma frase mais rápido nem escrever cinco horas seguidas. Quero uma máquina de escrever eletrônica que possa exibir palavras em comprimento de página, editá-las e transmiti-las. Desejo simplesmente uma versão de PC tipo Modelo T da Ford.
Se for verdade que os monopolistas conspiraram para impedir o computador de US$ 200, rezo para que algum gênio venha em minha ajuda. Em algum lugar nos becos de Bangalore ou Xangai deve haver um outro John Walter, cujas prensas metálicas em 1785 colocaram a tecnologia a serviço da maior força democratizante da história, o jornal.
Essas idéias me vêm à mente com a publicação, no início do mês, do sétimo volume da história do jornal de Walter, o Times, desde a compra por Rupert Murdoch em 1981 até os dias de hoje. Isso era aguardado pelos agentes funerários de sempre, espanando seus chapéus pretos e ensaiando seus ofícios fúnebres para o setor. O mundo dos jornais está de novo nas últimas, suas palavras indo para telas e sua publicidade para meios online. Só temos 24 horas de tempo de olhar [EYE TIME]num dia de 24 horas, não suficiente para desperdiçar com coisas impressas. Presumivelmente, o sétimo volume sobre o Times deve ser o último.
No meu primeiro dia como trainee no Times muitos anos atrás, fui advertido por um colega veterano de que estava cometendo um erro terrível. Daqui a cinco anos, disse ele, terão sobrado apenas três jornais diários na Grã-Bretanha, como em Paris e Nova York. O mercado estaria esgotado. O verdadeiro jornalismo iria para a televisão. Não havia futuro em estragar tinta preta com árvores mortas e usar trabalho infantil para entregá-lo nas manhãs frias. Dê o fora enquanto é tempo, Jenkins, me disseram.
Meu informante era uma vítima daqueles clássicos pessimismo, aflição e deslumbramento com a tecnologia da mídia. Hoje é impossível participar de um seminário de jornalismo sem ouvir que os jornais estão acabados. No futuro, eles terão de disputar seu espaço online. Os colunistas terão de ‘fazer blog ou morrer’. Por que ler um artigo de algum pregador pomposo quando você pode divulgar suas idéias para o mundo e conseguir que este as responda? Boa parte desses vaticínios funestos emana dos EUA, onde a circulação de jornais vem de fato caindo há décadas. A visão popular é de que isso é conseqüência da competição com a TV e a internet. Hoje há menos pessoas usando o transporte público. As informações são fornecidas de maneira mais ágil pela mídia eletrônica. O resultado é que não passa um ano sem que outro título nobre afunde como um navio de guerra em Pearl Harbor, seus jornalistas reencenando A Primeira Página para as alegres câmeras de TV.
Os jornais mais sérios dos EUA estão decaindo porque são chatos, respeitáveis e pouco competitivos. A história do Times de Graham Stewart menciona que em 1981 o panorama para os jornais britânicos era de fato sombrio. Não porque estivessem perdendo dinheiro – a maioria já vinha dependendo de apoio externo havia anos –, mas porque seus métodos editoriais e de produção eram rígidos e desencorajavam a competição. Mesmo assim, a circulação diária mudou pouco em relação aos 20 anos anteriores, beirando os 14 milhões, um milhão a mais ou a menos.
A partir de meados dos anos 80, duas coisas aconteceram. A primeira foi graficamente ilustrada pela mudança para o Wapping, no leste de Londres. A estrutura de custos do setor havia se transformado. Os donos pararam de ceder às reivindicações diárias de seus trabalhadores gráficos, esperando com isso forçar rivais mais fracos a fecharem e dissuadir o surgimento de novos concorrentes, como estava ocorrendo na Europa e EUA.
O mais importante foi o impacto do Wapping na inovação editorial em todo o setor. Os jornais poderiam competir em tamanho, visual e conteúdo sem incorrer em multas extravagantes de sindicatos. Como o Times mostrou em 1966 e de novo em 1993, reduções de preços poderiam elevar as vendas e aumentar o mercado em geral, ainda que a um custo pesado. A rivalidade conduziu a um experimento editorial: o Independent foi fundado. As vendas cresceram quando este, e depois o Times, viraram tablóides. O mesmo crescimento premiou o bem-sucedido relançamento do Berliner pelo Guardian no ano passado.
As vendas de jornais populares britânicos continuaram caindo, de 13 milhões no total em 1965 para menos de 9 milhões hoje. Mas eles são um mercado publicitário à parte. Os jornais tradicionais mostram uma tendência inversa. Sua circulação diária vem desafiando todos os sabichões, tendo crescido um terço desde 1965, de 2 milhões para quase 3 milhões. A cifra para os títulos sérios de domingo é a mesma hoje que a de então, 2,7 milhões. Acrescente-se The Economist, que se denomina um jornal semanal, e o número aumentaria em 1 milhão. Esse crescimento das vendas de jornais sérios é único. A Grã-Bretanha tem uma variedade de títulos nacionais maior do que nunca – nessa ponta do mercado – e do que qualquer outro país ocidental.
Os cinco principais jornais dos EUA perderam mais de 7% de sua circulação bruta só na última década. Há uma razão para isso. Em outras partes da Europa e nos EUA, os donos têm as mãos amarradas por sindicatos arcaicos num mercado quase monopolista que não estimula a concorrência. Tente começar um jornal novo numa cidade americana e encontrará uma muralha de comportamento monopolista da parte de sindicatos, de anunciantes e, geralmente, de algum título dominante já existente. Os EUA têm ignorado a experiência britânica, mas as pessoas continuam comprando jornais, desde que eles continuem modernizando seu conteúdo e sua apresentação. Já aqui, a competição é frenética e custa uma fortuna à maioria dos donos em subsídio cruzado. Este ano, dentre os títulos sérios, só o Daily Telegraph apresentou lucro. Mas o subsídio cruzado é uma característica antiga em jornais. O mercado é saudável.
Os jornais, como os livros, são condenados por futurólogos porque seu meio, a impressão em papel, é antigo. Na verdade, eles mostraram que podem se apropriar de qualquer nova tecnologia, incluindo a de computadores, e dobrá-la a seus interesses. O que Gutenberg inventou ninguém conseguiu melhorar. As árvores mortas vivem. Continue lendo. TRADUÇÃO DE CELSO M. PACIORNIK
*Simon Jenkins é colunista do ‘Guardian’’
GLOBO AMEAÇADA
Prova de Amor incomoda até JN
‘Que o ibope de Prova de Amor já passou o da programação do SBT no horário já é fato. A novidade é que a novela da Record começou a incomodar também o Jornal Nacional, da Globo. Na quinta-feira passada, a trama registrou média de 19 pontos no horário – uma das maiores de sua história –, segundo medição na Grande São Paulo. Em algumas cenas chegou a registrar 23 pontos de audiência, enquanto o noticiário da Globo registrava 26 pontos. Tamanho crescimento rendeu a Thiago Santiago, autor da trama, status de estrela na Record e posto garantido até 2007 para a produção de mais uma novela.’
CARA NOVA
MTV renova cast de VJs
‘Tempo de dança de cadeiras na MTV. A emissora resolveu reorganizar seu quadro de VJs e pode ganhar novas caras este ano.
Na turma que já deixou a casa estão Sarah, que estréia em abril no Vídeo Show da Globo, e Fernanda Tavares. A top, que apresentou Missão MTV por um ano e meio na emissora, não renovou seu contrato, que terminou em dezembro. Dois novos VJs devem ser contratados este ano, mas não há ainda nenhum nome nos planos da rede.
Entre os VJs que mantêm lugar garantido estão Marcos Mion, Marina Person e Cazé, que estão com os contratos em dia. Mion, por sinal, acabou de renovar o seu contrato com o canal.
João Gordo também não deve deixar a emissora, uma vez que sua atração, o Gordo Freak Show, já tem gravações marcadas para fevereiro. Didi Wagner é outra certeza na MTV este ano. Sua imagem é uma das que mais trazem anunciantes para a emissora.
Sem destino certo na programação de 2006 da MTV estão Gabriel Moojen, do Mochilão, e Thaíde, que devem deixar o canal. Léo Madeira e Rafa também não acertaram seu rumo na casa. Penélope deve continuar no comando do Ponto P e Daniella Cicarelli… Ah, esta é um caso à parte.
Apesar de já ter pelo menos duas atrações acertadas na grade de programação de 2006, a bela ainda não renovou seu contrato com a emissora, que vence em fevereiro.
‘É claro que eu quero ficar, adoro a MTV, já estamos até gravando pilotos do novo Beija Sapo, mas não acertamos nada ainda’, desconversa Daniella. Corre nos bastidores que propostas de outras emissoras é que não faltam na vida da moça, que deve decidir seu destino profissional até o fim do mês.’
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