Leia abaixo os textos de quinta-feira selecionados para a seção Entre Aspas. ************ Folha de S. Paulo
Quinta-feira, 30 de novembro de 2006
RADIOBRÁS EM DEBATE
Boa gestão na velha Radiobrás
‘Eugênio Bucci enxerga bem -e se refestela na terra de cegos em que se transformou o petismo neste pedaço de tempo perdido entre Lula 1 e 2. Não se acuse de oportunista o presidente da Radiobrás, que entregou o cargo, mas não sabe se vai deixar o posto.
Se ele prega aos quatro ventos contra os arroubos pela ‘democratização’ companheira da mídia, não o faz em nome da recolocação profissional -ou não apenas sob essa motivação. Quem for conferir o que Bucci fez, disse e escreveu ao longo desses quatro anos notará uma coerência admirável. Desde o início, pôs-se em cruzada contra o ‘chapa-branquismo’ e a partidarização da mídia estatal federal.
Na Radiobrás, implantou diversos protocolos de procedimento inspirados nas melhores práticas jornalísticas. Ajudou a arejar, enfim, um rincão embolorado da máquina de comunicação federal. Trata-se de um avanço importante (sujeito a retrocesso em Lula 2). A agenda, porém, é limitada demais.
É triste acompanhar um quadro do nível de Eugênio Bucci a gastar energias comemorando o novo enfoque ‘cidadão’ da ‘Voz do Brasil’ ou defendendo a flexibilização do horário de sua transmissão. São questiúnculas do século passado, quando o sistema público de TV ou definha -caso das TVEs- ou se expande na chatice corporativa -canais do Senado, da Câmara, do Executivo, do Judiciário etc.
Somem-se os recursos mobilizados no sistema Radiobrás e em publicidade estatal socialmente irrelevante e se conclui que patrimônio, profissionais e verbas que poderiam constituir no Brasil uma TV pública moderna, forte e autônoma em relação a governos e partidos estão sendo drenados pela lógica predatória de grupelhos.
Faltam lideranças para combater essa irracionalidade -óbvia para quem, como Bucci, vislumbra o todo e tem como parâmetro o interesse público difuso. Mas, a esgrimir pelo futuro, ele preferiu ser um bom presidente da velha Radiobrás.’
Eliane Cantanhêde
Narrativa própria e apropriada
‘‘A imprensa tem de discutir o governo, mas não o contrário.’ A frase é de uma clareza e de uma importância enormes num momento em que Lula, ministros, dirigentes petistas e afins metem o sarrafo na imprensa publicamente e, internamente, discutem sabe-se lá que barbaridades sobre como tratar ‘esse problema’.
Quem a pronunciou, em entrevista à Folha, não é político nem partidário. É jornalista, doutor em comunicação pela USP: o presidente da Radiobrás, Eugênio Bucci, que tenta resistir, corajosamente no conteúdo e suavemente na forma, a essa onda antiimprensa.
Entre outras coisas, ele nadou contra a maré e tentou ensinar aos colegas de governo que a Radiobrás é um veículo do Estado para prestar informação aos cidadãos. Não é, como muitos gostariam, inclusive outros professores de jornalismo, um órgão a serviço do governo, qualquer que seja o governo.
Segundo ele, não cabe à empresa ser porta-voz nem fazer propaganda desse governo -que, por ser do PT e se julgar melhor do que todos os demais do planeta, quer tudo e todos a seu próprio serviço, desde o Banco do Brasil, passando pela Petrobras e chegando à Radiobrás.
A fala de Bucci é um rasgo de bom senso republicano numa costura cada vez mais visível para calar ou driblar as críticas que a imprensa faz ao atual governo, como fazia aos anteriores. Pergunte a Sarney, a Collor, a Itamar, a FHC se eles gostavam. Não. Nem por isso discutiam como impedir ou como usar dinheiro público para financiar ‘órgãos independentes’ -aliás, outra ficção desmascarada por Bucci.
Ele mostrou que é possível ser simpatizante ou membro do PT, votar há 500 anos em Lula, ter cargo em Brasília e não ser cooptado por ímpetos autoritários, na base do ‘somos melhores do que todo mundo’ e ‘os fins justificam os meios’. Agora, é esperar.
Será que ele fica? Ou melhor: vão deixar que fique?’
TODA MÍDIA
Outra globalização
‘‘Financial Times’ e ‘Wall Street Journal’ traziam ontem textos sobre uma outra globalização. Abrindo o do ‘FT’, ‘a globalização está evoluindo’. A tese é que ‘nos anos 90 o debate era sobre abrir emergentes ao comércio externo e os desafios com a extensão das multinacionais dos países desenvolvidos’. Não mais, ‘agora está claro que a globalização não é um feudo’. Estão aí ‘empresas chinesas, indianas e brasileiras com ambição’ a comprar as mesmas multinacionais -com destaque para a disputa entre a indiana Tata e a brasileira CSN pela Corus, anglo-holandesa. A onda avança em tecnologia, com ‘banqueiros e executivos’ apontando o potencial de empresas como a indiana Mahindra, a chinesa Huawei e a brasileira Embraer.
O ‘WSJ’ sublinha a ‘reversão histórica’ no Brasil, com a compra da canadense Inco pela Vale tornando o país mais investidor do que alvo de investimento. Mas isso deve mudar, diz, diante da expectativa de melhoria do país nos rankings de agências, em 2007.
Em tempo, indianos como ‘Financial Express’ e ‘Economic Times’ vêm cobrindo dia a dia a disputa entre CSN e Tata. E surgem avaliações, como do canal de notícias indiano Zee News, de que o ‘Brasil busca sobrepujar a Índia no setor de aço’ ou, ainda, se levar, ‘entre os BRICs, vai deixar para trás Índia e Rússia’.
‘O FUTURO’
Sauer, da Petrobras, e Marta Suplicy na CNN
Na série da CNN, o diretor da Petrobras Ildo Sauer fez um debate pitoresco com Marta Suplicy e Gilberto Gil. E o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, surgiu em longa reportagem sobre o biodiesel. Entre carros e pés de mamona, o enviado Jim Clancy saiu dizendo que ‘muitos países zombaram do Brasil quando lançou o esforço pelo etanol e agora estão importando’ -e ‘hoje a esperança’ estaria no biodiesel.
Mas a notícia do dia era outra, no âmbito da Petrobras. ‘Brasil fica mais distante da auto-suficiência em gás’, no título da Folha Online para a suspensão dos arremates de áreas de exploração, após conflito entre estatal e agência.
Para o canal, ‘o futuro já está em movimento’ em São Paulo
LULA LÁ
A barafunda não tem fim, na Nigéria. Na Globo, ‘antes de viajar, o presidente Lula torceu o tornozelo’. Já na África, ele ‘chegou mancando e com expressão de dor’. Era a foto em destaque nos portais, Lula em cadeira de rodas. Nem foi ao jantar de abertura, segundo o site da BBC Brasil.
Deveria ter um encontro com o líbio Muamar Khadafi, mas este demorou, após um entrevero de seguranças no aeroporto, e ficou para hoje.
Com pouca atenção em agências e jornais dos EUA, estão cobrindo a chinesa Xinhua, a cubana Prensa Latina, a France Presse etc.
ETANOL NA ÁFRICA
A britânica Reuters deu que a África do Sul, presente na cúpula nigeriana, vai recorrer aos biocombustíveis visando ‘dar nova vida à agricultura’. O objetivo é ‘emular o êxito de gigantes como o Brasil’.
ETANOL NO JAPÃO
O japonês ‘Asahi Shimbun’ destacou ontem, de sua parte, que o primeiro-ministro Shinzo Abe vem promovendo ‘o bioetanol num esforço para seduzir eleitores rurais’. A conversa é a mesma da África do Sul aos EUA, tornar o biocombustível ‘prioridade’.
Oficialmente, é para se contrapor aos altos preços do petróleo, ‘mas há mais, ao que parece, atrás do entusiasmo: votos’. O Japão tem eleição parcial para o parlamento em meados do ano que vem.
O ‘Asahi Shimbun’ registra que no Brasil ‘o etanol de cana-de-açúcar é substituto atrativo para a gasolina’, o que estaria se espalhando ‘rapidamente pelo mundo’.
MOVIDO A CANA
E a rede de rádio pública dos EUA, NPR, transmitiu um programa sobre o Pró-Álcool, com a chamada ‘O futuro do Brasil é movido a cana’.’
TELES vs. TV
Costa ameniza críticas à Telefônica sobre TV
‘O ministro Hélio Costa (Comunicações) recuou no tom das críticas à entrada da Telefônica no mercado de TV por assinatura. ‘Não temos intenção de prejudicar ninguém, não vamos atrapalhar o negócio de ninguém. Não vamos atrapalhar certamente aqueles que estão já estão iniciando operações com os novos produtos’, disse o ministro. A mudança de tom aconteceu após reunião na Casa Civil, terça-feira.
Na semana passada, o ministro havia dito que, caso a Telefônica insistisse em levar adiante o plano de TV por assinatura via satélite (sistema DTH, Direct to Home), em parceira com a empresa DTHi Interactive, poderia ser forçada até a suspender as transmissões. A Telefônica lançou o serviço na quinta da semana passada, em Ribeirão Preto (SP).
A concessionária de telefonia fixa de São Paulo aguarda ainda decisão da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) para obter sua própria autorização para prestar serviço de televisão por assinatura via satélite. No serviço lançado na semana passada, quem tem autorização é a parceira da Telefônica, a DTHi Interactive.
A participação das teles no mercado de TV por assinatura contraria o interesse de empresas de radiodifusão. O ministro, que foi repórter da Globo e sócio de emissora de rádio em Minas Gerais, tem assumido publicamente, desde que assumiu o ministério, defesa aberta dos interesses dos radiodifusores.
Costa havia dito que o Ministério das Comunicações publicaria uma portaria no ‘Diário Oficial’ da União criando um grupo de trabalho para tratar da questão da regulamentação da TV por assinatura via satélite. Enquanto o grupo estivesse trabalhando, não seriam emitidas novas autorizações. Ontem, a informação era que seria publicado um decreto presidencial na semana que vem, instituindo o grupo de trabalho.
O ministro, no entanto, já manifestou sua posição a respeito da regulamentação do serviço: não quer grupos estrangeiros no comando das empresas de TV por assinatura. Hoje, a regulamentação não prevê esse tipo de restrição para satélite (DTH) e microondas (MMDS), apenas para cabo. Daí porque a Telefônica, empresa de capital espanhol, pediu autorização para DTH na Anatel.
Na avaliação de Costa, hoje há falta de regulamentação, que deveria ter sido feita na Lei Geral de Comunicação de Massa (que nem foi enviada ao Congresso). ‘Ficou na dependência [da lei], enquanto ela não existe, nós vamos ter que fazer alguma coisa, respeitando os direitos dos empresários, respeitando os direitos dos concessionários, mas também respeitando a posição do governo’, disse. ‘Especialmente do Ministério das Comunicações, que tem a responsabilidade pela política de comunicação.’
Ainda de acordo com Costa, o governo irá analisar tanto a situação da Telefônica quanto a da Net (ambas têm capital estrangeiro e oferecem serviços de telefonia e TV por assinatura). ‘Tanto a questão da Net quanto a da Telefônica têm que ser analisadas à luz dessa situação criada com a falta de uma legislação.’’
Fernanda Crancianinov
Vivo estuda compartilhar uso de antenas
‘A Vivo, maior operadora de telefonia celular do país, anunciou ontem que pretende compartilhar suas antenas de sinal móvel com operadoras concorrentes. A iniciativa seria um esforço para melhorar a cobertura e minimizar os custos das operações. ‘Em 1994, cada operadora de cartão tinha a sua própria rede nos estabelecimentos. Hoje, [as redes] estão unificadas’, exemplificou o presidente da empresa, Roberto Oliveira de Lima, citando as empresas de cartão de crédito.
Para Lima, no Brasil os investimentos poderiam ser diluídos com o compartilhamento de infra-estrutura entre operadoras. ‘Imagine uma série de antenas, uma ao lado da outra. Em grandes centros, é vantajoso, mas não se justifica em pequenos municípios. As empresas têm se mostrado dispostas à discussão, ainda que não oficialmente’, disse.
A Vivo apresentou ontem estudo sobre a telefonia celular apontando que 45% dos municípios brasileiros não têm cobertura, o equivalente a 15% da população. Segundo Lima, a Vivo quer desembolsar R$ 700 milhões em 2007 para chegar aos Estados em que não atua -Minas e seis Estados do Nordeste.
O executivo afirma que, desde 1998, o setor cresce sem incentivos fiscais ou subsídios do governo. ‘As próprias operadoras têm subsidiado o setor, com a venda de aparelhos a preços inferiores aos de compra. Cumprimos um papel social [de inclusão telefônica] e temos direito ao retorno.’
Na opinião de Lima, a Anatel não se mostraria contra à iniciativa. ‘Seria um acordo entre empresas privadas, que não demandaria grandes mudanças.’ Segundo o estudo da Vivo, o mercado brasileiro de telefonia móvel deve superar a marca de 100 milhões de consumidores este ano.’
SP SEM PUBLICIDADE
Kassab adia lei contra poluição visual
‘O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (PFL), recuou e decidiu dar mais 90 dias para que todos os imóveis se ajustem à lei que proíbe a publicidade externa na cidade a partir de 1º de janeiro. O decisão ocorre justamente no projeto que se tornou a principal bandeira da gestão Kassab: o combate à poluição visual.
A lei, aprovada no final de setembro, veta toda a propaganda nas ruas de São Paulo a partir de 1º de janeiro. Isso inclui outdoors, luminosos, faixas, fachadas das empresas, publicidade em muros, carros e paredes externas de edifícios. O recuo, no entanto, diz respeito às fachadas dos imóveis. Outdoors, luminosos e faixas não terão prazo prorrogado.
O próprio texto da lei tem uma brecha ao permitir que os imóveis que não se adaptarem apresentem um requerimento à prefeitura com o pedido de prorrogação de até 90 dias no prazo para a retirada da propaganda do local.
Mas o decreto com a regulamentação da lei, que deve ser publicado até o início da próxima semana, já prorrogará em 90 dias o prazo para todos os imóveis da cidade tirarem a propaganda de suas fachadas, sem a exigência de apresentar requerimento. O prazo de 1º de janeiro será mantido para outdoors, luminosos e faixas.
Kassab confirmou ontem a mudança. ‘Esperamos em alguns dias estar concluída a nossa decisão para anunciar essa prorrogação’, disse. De acordo com ele, um grupo de trabalho está estudando o assunto.
O recuo de Kassab tem relação com a pressão da Associação Comercial de São Paulo, da qual é vice-presidente.
A entidade é contra a medida e vai à Justiça para tentar derrubar a lei. A principal preocupação da associação é o fato de que, pelos prazos previstos na lei, o comércio precisaria começar a retirar toda a sua propaganda em dezembro, justamente o período de maior movimento pelas vendas natalinas. Com as lojas em obras para a mudança nas fachadas, as vendas poderiam ser prejudicadas, prevêem comerciantes.
‘O prazo da lei é muito curto e pega o período de Natal’, disse Marcel Domingos Solimel, economista-chefe da Associação Comercial.
Ele disse que a entidade conversou com o prefeito sobre o assunto e que Kassab já havia acenado com a possibilidade de prorrogar o prazo para não prejudicar tanto o comércio.
Justiça
Além da Associação Comercial, o Sepex (Sindicato das Empresas de Publicidade Exterior) e a Central de Outdoor também estão recorrendo à Justiça para tentar derrubar a lei.
Já houve uma decisão provisória de primeira instância que deu razão à prefeitura, mas o Sepex apresentou recurso ao Tribunal de Justiça.
A lei permite que imóveis com até 10 metros de fachada tenham anúncios de, no máximo, 1,5 m2. Fachadas com 10 m a 100 m poderão ter anúncios de até 4 m2. Fachadas de mais de 100 m poderão ter até dois anúncios com área total de até 10 m2 cada um.
A lei foi aprovada na Câmara com apenas um voto contrário -do vereador Dalton Silvano (PSDB), ligado a empresas da área de publicidade.
Recuo
A pressão da Associação Comercial e de outras entidades já havia feito Kassab recuar, na semana passada, do aumento do IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) para 2007. O prefeito também aceitou escalonar em quatro vezes o aumento do ISS (Imposto Sobre Serviços).
Kassab nega ter recuado e diz estar aberto à discussão com a sociedade civil.’
TELEVISÃO
Musical do Olodum vira seriado na Globo
‘‘Ópaió’, peça musical do grupo baiano Olodum que gerou um filme homônimo, ainda inédito, vai virar seriado na Globo em 2007. A série segue o modelo de ‘Antônia’, que está no ar: será feita por uma produtora independente (a Natasha, de Paula Lavigne) e exibida na TV antes do lançamento nos cinemas do filme que a inspirou.
O musical está previsto para ir ao ar no segundo semestre de 2007. O número de episódios ainda não está definido.
O programa será comandado por Guel Arraes, diretor da Globo, e pela cineasta Monique Gardenberg, diretora do longa ‘Ópaió’, rodado neste ano.
As gravações serão todas na Bahia. O elenco repetirá o do filme: Lázaro Ramos (que também canta), Wagner Moura e Dira Paes, entre outros.
Definido pela Globo como um ‘Jorge Amado moderno’, ‘Ópaió’ se passa durante um Carnaval na Bahia e tem um cortiço no Pelourinho, em Salvador, como principal locação.
A Globo está renovando contrato com a produtora paulista O2, de Fernando Meirelles, por cinco anos. O acordo será nos moldes do atual: a O2, que já fez ‘Cidade dos Homens’, produz uma série por ano.
A Globo confirma o interesse de exibir, no segundo semestre de 2007, uma segunda temporada da até agora muito bem-sucedida ‘Antônia’, mas ainda não fechou com a O2.
DIA DO FICODaniella Cicarelli assinou ontem novo contrato com a MTV. Ela ficará na emissora até o final de 2007 e terá dois programas: o ‘Beija Sapo’ e mais um, provavelmente sobre o universo da moda.
CONJUNTO VAZIOPrincipal telejornal do SBT, o ‘SBT Brasil’ não sofrerá mais a ingerência do diretor de jornalismo da emissora, Luiz Gonzaga Mineiro. O jornalístico, que será apresentado a partir de segunda por Carlos Nascimento e uma mulher dentro de redação (copiando a fórmula do ‘JN’), terá um diretor exclusivo.
ANIMAÇÃOA Cultura anunciou ontem parceria entre quatro produtoras brasileiras e quatro canadenses para a produção de quatro séries de desenhos.
PÓS-MORTE 1O Ministério da Justiça reclassificou para as 20h (imprópria para menores de 12 anos) a novela ‘Cobras & Lagartos’, da Globo, que acabou no dia 10.
PÓS-MORTE 2O despacho da reclassificação é datado da última segunda e foi publicado ontem. Seu único efeito será impedir a reprise da novela em horário livre. Poderá também influir em ação judicial que tramita no Rio.
PÓS-MORTE 3O ministério reclassificou ‘Cobras’ porque a Globo, nos últimos capítulos, descumpriu acordo feito em agosto e exibiu cenas violentas. O órgão listou 16 impropriedades na novela _de assassinato a ‘consumo de drogas lícitas (cigarro)’. A Globo disse desconhecer formalmente a informação.’
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O Estado de S. Paulo
Quinta-feira, 30 de novembro de 2006
RADIOBRÁS EM DEBATE
A razão de ser da Radiobrás
‘Desde que se noticiou, há duas semanas, que o presidente da Radiobrás, Eugênio Bucci, havia colocado o cargo à disposição do presidente da República por pressão de setores do PT interessados em tornar a mídia estatal dócil aos interesses do governo – o que ele nega, convincentemente -, o jornalista e estudioso do ofício não perde oportunidade de se manifestar sobre o que entende serem os objetivos e limites dos órgãos de comunicação vinculados ao Estado. Suas idéias não poderiam ser mais bem-vindas neste país em que os governantes de turno, com raras exceções, costumam achar que a mídia oficial existe para estar a seu serviço – e não da sociedade, que em última análise a sustenta.
Exemplo dessa preocupação foi a fala de Bucci na abertura do I Fórum Nacional de TVs Públicas, promovido pelo Ministério da Cultura. Ele tornou a expor a sua antiga convicção, decerto fortalecida por sua experiência no Planalto, de que ‘o sistema estatal de comunicação não precisa ser governista – e não deve ser’. Contrariando a noção convencional que separa a mídia em estatal, pública e privada, permitindo deduzir que a primeira deve mesmo funcionar como correia de transmissão das verdades do oficialismo, Bucci insiste em que também o aparato de mídia ancorado no Estado precisa ficar ‘livre das contingências partidárias que naturalmente têm ensejo no núcleo de um governo’.
Seria o ideal se essa fosse a característica da Radiobrás, criada pelo presidente Geisel em 1975 para operar as emissoras de rádio e TV do governo federal e que, em 1988, na administração Sarney, absorveu a Agência Nacional do getulismo. Conglomerado com duas agências noticiosas, cinco estações de rádio e duas de televisão, que se define como ‘empresa pública de comunicação’, responde à Secretaria de Comunicação do Governo, cujo titular tem status de ministro e trabalha no Palácio do Planalto. Na gestão Bucci, a Radiobrás ressaltou que a sua razão de ser é veicular ‘com objetividade informações sobre Estado, governo e vida nacional’.
A linha que distingue essas três categorias é tênue por definição. E tanto mais tênue será quanto menos nitidamente demarcada estiver a distinção entre as esferas pública e particular na cultura de um país – como ainda é, em larga medida, o caso brasileiro. Desse ângulo, a concepção defendida por Bucci representa um avanço mensurável pelas resistências que desperta. A julgar pelos comunicólogos do PT, para compensar a presumível hostilidade da ‘imprensa burguesa’ ao governo Lula, a Radiobrás deveria divulgar os atos da administração, os (inesgotáveis) discursos de seu chefe e os fatos de interesse geral de forma a gerar, ampliar e consolidar o apoio popular ao esquema petista de poder. Ou seja, para todos os efeitos práticos, descarte-se a objetividade em favor do proselitismo.
Na presidência da Radiobrás, Bucci tentou percorrer, nem sempre com êxito, como admite, o caminho oposto, para ao menos atenuar o seu caráter de ‘mídia chapa-branca’. Em 2003, por exemplo, um protesto de 20 mil servidores contra a reforma da Previdência, em Brasília, acabou ignorado pela agência de notícias da estatal e convertido, na Voz do Brasil, em mera entrega de uma proposta ao governo para o setor. Foi o que o levou a iniciar uma reforma radical no programa. Aliás, ele considera um anacronismo injustificável numa democracia a existência de ‘uma cadeia nacional de uma hora todos os dias nesse formato, com transmissão obrigatória por força de lei’, como reiterou semana passada em entrevista ao Observatório da Imprensa na TV.
Na mesma ocasião, cometeu a heresia de dizer que ‘a Radiobrás não tem atribuição legal de fazer serviço de porta-voz, de assessoria de imprensa, de propaganda de governo (porque) essas atribuições pertencem aos organismos da administração direta’. Isso significa que o jornalismo praticado na estatal deve obedecer aos mesmos padrões de separação entre publicidade e noticiário, e entre informação e opinião, metas constitutivas da imprensa livre. Incidentalmente, Bucci é partidário da tese de que ‘só há um jeito de corrigir problemas da liberdade de imprensa: é com mais liberdade de imprensa’. Permaneça ele ou não na Radiobrás, esse é o espírito que precisa deitar raízes na empresa – e no governo.’
MERCADO EDITORIAL / EUA
Oferta de compra pelo ‘New York Times’
‘O ex-presidente da seguradora AIG, Maurice Greenberg, tem interesse em fazer uma oferta hostil para comprar o The New York Times. A informação foi veiculada pelo canal de televisão CNBC, citando fontes que não quiseram se identificar. A notícia veio em seguida a uma reportagem do New York Post informando que Greenberg vem comprando ações da companhia para tentar quebrar o controle da família Sulzberger sobre o grupo de mídia.’
INTERNET
O Google não é o bicho-papão da internet
‘Existem mais de um bilhão de pessoas online – todas conectadas à internet, criando, comunicando e buscando informação. É o maior mercado do mundo que conhecemos, que engendrou a mais determinada e mensurável forma de publicidade vista até hoje.
As redes digitais reescreveram as regras da produção e da distribuição de conteúdo. Pela primeira vez é possível um intercâmbio maciço de texto, áudio e vídeo através do tempo e da geografia; qualquer pessoa pode divulgar seus comentários por meio de um ‘blog’, gravar melodias para uma comunidade online de fãs ou partilhar vídeos com usuários do mundo todo – e tudo isso a um custo mínimo e praticamente sem ajuda externa.
Além disso, as pessoas que utilizam esses serviços não se consideram beneficiários passivos de conteúdo, mas participantes ativos de um processo criativo. Tentar controlar as preferências do usuário ou restringir suas opções está fadado ao fracasso.
Este é um período incrivelmente instigante e inspirador. Mas para alguns é também uma época preocupante. Um artigo recente publicado no jornal The New York Times, por exemplo, questionou se o Google se tornou ‘parceiro ou ameaça’ no mercado de mídia atual. Como o portal continua a crescer (recentemente fechamos nossa aquisição do YouTube Inc., por US$1,65 bilhão), alguns estão preocupados de que nos tornaremos uma ameaça para as empresas de mídia – basicamente nos transformando numa companhia de mídia.
Isso não poderia estar mais longe da verdade. Não somos proprietários nem criadores de conteúdo (que consideramos um ponto fundamental para ser uma empresa de mídia), nem pretendemos chegar a isso. Ajudamos as pessoas a buscarem, organizarem e partilharem conteúdo – a qualquer tempo, em qualquer lugar e usando qualquer mecanismo.
Acreditamos que os provedores de conteúdo, grandes e pequenos, podem se beneficiar da onda crescente da internet. O fato é que, nesse ambiente, as vantagens são numerosas e não estão limitadas aos usuários. São também novas e valiosas oportunidades para participantes do mercado já bem estabelecidos, que há décadas mantêm empresas de conteúdo bem sucedidas.
ITUNES
O exemplo clássico, e hoje bem conhecido, é o setor fonográfico. A loja virtual iTunes, da Apple Computer, nem mesmo existia há quatro anos.
Pode-se argumentar que cada uma das músicas encontradas nessa loja virtual poderia ser adquirida ilegalmente por meio de redes que compartilham arquivos. Mas o iTunes oferece uma compra legítima, fácil e irrefutável para os usuários. A loja já vendeu mais de um bilhão de melodias online.
Esse é apenas um exemplo. Outro é o da banda Killers – que adotou a mídia online, disponibilizando na internet um filme mostrando os bastidores da gravação do vídeo da música When you were young (quando você era jovem) bem antes de o álbum do grupo começar a ser comercializado. Quando lançado, esse álbum imediatamente chegou ao segundo lugar entre os 200 mais vendidas nos Estados Unidos, e ainda agora ocupa o 40º lugar.
A internet permitiu aos detentores de conteúdo se comunicarem com os usuários, aproveitando seus talentos, ingenuidade e entusiasmo em formas que há dez anos seriam inimagináveis. A grande ironia é que importantes selos musicais, cujos modelos de empresa sofreram grandes transtornos com a internet, hoje estão entre os mais criativos no uso da internet. Ao invés de impedir a atividade dos usuários, essas companhias de mídia estão entusiasmadas explorando novas formas para despertar o interesse dos usuários em seu beneficio, e ao mesmo tempo mantendo os legítimos direitos autorais sobre o seu material.
Por exemplo, a Sony BMG Music Entertainment permitiu que os usuários criassem sátiras do vídeo da cantora Shakira da música These lips don’t lie (Estes lábios não mentem). A sátira vencedora ficou mais popular no Google Video do que o vídeo original. Mas, ao invés de limitar o alcance de Shakira junto ao público, o conteúdo gerado pelo usuário ajudou a tornar a sua atraente canção ainda mais famosa.
Os selos de música não são os únicos a valorizar o poder desse novo meio. Outros também estão pesquisando formas de ampliar seu conteúdo profissional usando conteúdo gerado pelo usuário. Por exemplo, no meio do ano, a NBC transmitiu uma competição online em que os fãs fizeram suas próprias propagandas para o programa de sucesso The Office, que é exibido junto com ‘websódios’ produzidos especificamente para consumo na internet. E, como parte de uma estratégia pioneira para saber a respeito e criar uma empresa de vídeo online estável, a CBS continua oferecendo uma coleção de episódios e videoclipes com inúmeros parceiros online e nos seus próprios sites de destino.
COLABORAÇÃO
Este é o tipo de colaboração que tem tudo a ver com a internet. O sucesso de uma companhia não tem de acontecer às custas de outra. No caso do Google, temos centenas de milhares de parceiros editores online (desde grandes e conhecidos, como o MySpace, até pequenos, menos famosos, como o seatguru.com) cujas receitas se originam em parte da publicidade que colocamos em seus websites.
De fato, neste último trimestre pagamos em torno de US$ 780 milhões a esses websites parceiros. Nós estamos concentrados em ajudar as empresas tradicionais a evoluírem na internet. Essas companhias necessitam ser auxiliadas na proteção de seu conteúdo. Para impedir a distribuição de vídeos que infringem direitos autorais, por exemplo, o Google dá às companhias poder para retirarem seus próprio conteúdo rápida e facilmente.
Estamos também investindo em tecnologias inovativas que darão aos proprietários de direito autoral a possibilidade de se beneficiarem dos uploads (a transferência de um arquivo do seu computador para um computador remoto) feitos pelo usuário, de modo que suas relações com o usuário se fortaleçam, ao invés de reprimirem o comportamento de seus fãs.
Nesse caso, estão incluídas ferramentas que ajudem na identificação, no momento em que um upload é feito e que ofereçam aos proprietários de conteúdo links promocionais e oportunidades para lucrarem com o uso do seu material. Equilibrando cuidadosamente os direitos autorais e a experiência do usuário, os uploads podem se tornar oportunidades de lucro e marketing para os detentores de conteúdo.
O grande paradoxo do mundo digital está no fato de que, à medida que mais e mais informação útil chega online (hoje se estima que menos de 15% dos dados mundiais estão digitalizados), ficará sempre mais difícil para as pessoas encontrarem o que desejam.
Conteúdo online e motores de busca na internet existem – na verdade, só podem existir – como parceiros simbióticos, e ambos lucram à medida que a tecnologia venha permitir que mais usuários encontrem a informação que desejam. Esta é uma proposta em que todos ganham, e até agora não vi igual.
* David Eun, vice-presidente de parcerias de conteúdo do Google, escreveu para o Los Angeles Times’
TELEVISÂO
Dupla jornada no ar
‘A partir de segunda-feira, Carlos Nascimento estréia no comando do SBT Brasil e retoma seu expediente no Jornal do SBT, ao fim da noite. ‘Foi um pedido do Silvio Santos. Como é que eu vou recusar um pedido dele?’, conta o jornalista ao Estado. Assim, valerá a dupla jornada na Anhangüera.
Nada leve para quem comemora a chegada do quinto (!) filho. Rosi, sua mulher, está grávida do primeiro filho do casal.
A chegada de Nascimento ao SBT Brasil se dará em novo cenário. Nada daquela estrutura hi-tech produzida há pouco mais de um ano para Ana Paula Padrão será aproveitada. O jornal passará a ser feito de dentro da redação, com divisórias de vidro que permitirão imagens da redação em torno da bancada.
Ah, a bancada agora passa a ter um casal. Nascimento contará com uma parceira em cena, o que é de sua preferência, conta-nos, até para ter com quem comentar uma notícia. Mas a solução pode ser doméstica: Juliana Alvin e Alessandra de Castro, ambas repórteres do SBT em Brasília, já fizeram teste para ocupar a vaga. Enquanto isso, apresentadoras de outros canais bem que se animam com um possível convite.’
Keila Jimenez
Cicarelli renova com a MTV
‘Depois de uma quase ida para a Record e o assédio de outras emissoras, eis que Daniella Cicarelli renovou contrato (que vence em dezembro) com a MTV. O acordo, assinado ontem de manhã, garante a permanência da VJ na emissora por mais um ano, com direito a dois programas: o Beija Sapo, atração que permanece no ar em 2007, e um novo formato. A novidade, guardada a sete chaves pela MTV, é uma espécie de reality show com candidatas a top model. Daniella já gravou um piloto da atração.
entre-linhas
Sucesso em Páginas da Vida, Marjorie Estiano é outra que renovou seu contrato por longa data com a Globo. A atriz/cantora é exclusiva da casa até 2009.
E por falar em Páginas, uma ironia do destino colocará os irmãos Clara e Francisco para estudarem na mesma escola no folhetim.
Além de Natália Lage, Evandro Mesquita ganha espaço fixo na Grande Família em 2007. Ocupante de vaga no top 5 das maiores audiências da Globo, a série tem sua permanência no ar garantida até 2008.’
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