Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Imprensa destaca o papel do
jornalista Marcelo Netto na crise


Leia abaixo os textos de quinta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Quinta-feira, 6 de abril de 2006


CRISE POLÍTICA
Marta Salomon e Andréa Michael


Ex-assessor se cala na PF e não é indiciado


‘Ex-assessor especial do ex-ministro Antonio Palocci, Marcelo Netto pediu tempo para responder à Polícia Federal se teve ou não acesso aos extratos bancários do caseiro Francenildo dos Santos Costa, mas seu advogado entende que, na condição de assessor de imprensa da Fazenda, Netto não tem ‘em tese’ responsabilidade de guardar o sigilo das informações. Ele não foi indiciado pela PF.


O criminalista Eduardo Toledo disse que seu cliente responderá às perguntas da Polícia Federal tão logo tenha acesso ao inquérito que apura a violação do sigilo bancário do caseiro. Netto é investigado pelo vazamento das informações sobre depósitos e saques na conta de Costa.


O ex-assessor de Palocci compareceu ontem de manhã à sede da Polícia Federal, mas optou por ficar em silêncio antes de reconhecer detalhes do inquérito. ‘Digo que o Marcelo é inocente, mas ele, só ele, vai poder dizer se viu ou não os extratos, não seria ético de minha parte responder por ele’, afirmou Toledo, que acreditava no indiciamento de seu cliente, o que não ocorreu ontem, ao contrário de Palocci e do ex-presidente da Caixa Econômica Federal Jorge Mattoso -ambos foram indiciados após depor.


Em entrevista após a passagem de Netto na Polícia Federal, Eduardo Toledo desenvolveu o raciocínio segundo o qual jornalistas que exercem funções públicas respondem também ao código de ética da profissão. ‘O Marcelo é um jornalista e jornalistas têm o dever de informar’, disse.


Ainda de acordo com o advogado criminalista, a suposta quebra de sigilo bancário do caseiro teria ocorrido antes da divulgação dos dados à imprensa. ‘O crime, se aconteceu, se configurou no momento em que houve acesso aos dados fora das hipóteses legais.’


Netto chegou ontem à sede da PF em Brasília às 7h50. Entrou pela porta da frente, ao contrário da maioria dos investigados que se apresentaram para prestar depoimento até agora. Em regra, eles têm entrado pela garagem.


O único comentário do jornalista que consta do depoimento é que ele estaria muito abalado com os últimos acontecimentos. Para a PF, ainda não há elementos no inquérito que permitam enquadrar o jornalista em prática de crime.


Toledo afirmou que seu cliente é ‘inocente’ e tratou como ‘natural’ o fato de Netto ter acompanhado reuniões na casa de Palocci em que foram tratados assuntos relacionados ao caseiro.


Os dois principais personagens indiciados pela quebra do sigilo bancário -Palocci e Mattoso- insistem em que suas participações no episódio se limitaram ao cumprimento de uma rotina de detecção de movimentações bancárias atípicas. Mattoso diz que entregou os extratos a Palocci, que sustenta ter destruído os documentos sem vazá-los.


Netto estava presente na residência do ex-ministro no momento em que os extratos foram entregues. O advogado explicou assim a presença do cliente na casa: ‘Ele fez o que fazia nos últimos dez meses, desde o início da crise no Ministério da Fazenda’, numa referência ao envolvimento de Palocci em denúncias de corrupção.


Toledo negou que Netto busque proteção do governo em troca de silêncio. ‘Não há pedido de blindagem. Há uma nuvem cinzenta que a cada dia envolve mais pessoas, mas a defesa não permitiria uma situação dessas, não há conluio entre os investigados.’’



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Sob Collor, jornalista presidiu Radiobrás


‘Antes de assumir a responsabilidade pela definição das estratégias de comunicação do Ministério da Fazenda, o jornalista Marcelo Netto trabalhou em importantes jornais, revistas e televisões do país. No governo de Fernando Collor (1990-92), chegou a presidir a Radiobrás, estatal de comunicação.


Trabalhou também como repórter da revista ‘Veja’, da Folha e ocupou cargos de direção no jornal ‘O Globo’ e na TV Globo. Durante a campanha do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2002, Netto trabalhou com o publicitário Duda Mendonça, que era responsável pelo marketing da campanha eleitoral do PT e cuidava pessoalmente da imagem de Lula.


Após a eleição, Netto integrou a equipe de transição do governo e passou a trabalhar diretamente com Antonio Palocci, coordenador da nova equipe. Ao ser nomeado ministro da Fazenda, Palocci convidou o jornalista para assessorá-lo.


Inicialmente, Netto seria o porta-voz do ministro e um elo entre os demais técnicos do ministério e a imprensa. Com o tempo, sua importância interna cresceu e passou a responder pelos assuntos relacionados somente ao ministro. Ele acompanhava Palocci e sempre era consultado pelo então ministro em momentos de crise envolvendo outras áreas da equipe econômica, como o Banco Central.


Netto não gostava de ser identificado como assessor de imprensa do ministro, dizia ser ‘estrategista’ de Palocci. Na Fazenda, tinha salário de DAS 5, o segundo nível abaixo do ministro.


Militante do PC do B (Partido Comunista do Brasil) na juventude, Netto foi preso em Vitória (ES) no começo dos anos 70 e, na prisão, casou com Miriam Leitão, sua primeira mulher. O jornalista também foi casado com Ana Paula Padrão, apresentadora do ‘SBT Brasil’.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Um banho


‘Globo News e Band News entraram ao vivo, cortando a transmissão que faziam antes do vexame de João Paulo Cunha _e desta vez foi tudo muito rápido na CPI, poucos minutos.


No dizer do blog de Fernando Rodrigues, no UOL, ‘Delcídio Amaral foi implacável, não dando a palavra aos governistas que tentaram protelar’.


Mas não faltou drama, de Jorge Bittar ameaçando e até ofendendo o mesmo Delcídio a Onyx Lorenzoni festejando e abraçando Osmar Serraglio.


Nas palavras finais do petista presidente da comissão:


_ O relatório foi aprovado… Está encerrada a sessão e estão concluídos os trabalhos.


Daí para a repercussão eletrônica, de bate-pronto.


No Google Notícias e na Folha Online, o movimento foi quase idêntico. De início, as manchetes de ambos anunciavam:


_ CPI aprova relatório final em sessão tumultuada.


Meia hora depois, a mudança dos dois sites para o enunciado com teor semelhante:


_ Governo perde e oposição aprova relatório de CPI.


Nos telejornais, a Band foi na mesma linha, na manchete:


_ Em sessão tumultuada, governistas perdem queda-de-braço para a oposição e relatório oficial da CPI dos Correios é aprovado em Brasília.


Mas o ‘Jornal Nacional’ deu a manchete para a violenta rebelião na Febem. E só depois:


_ O valerioduto em julgamento. Aprovado o relatório final da CPI dos Correios. E os deputados decidem o destino do ex-presidente da Câmara, João Paulo Cunha, do PT.


Na blogosfera, Josias de Souza destacou de imediato na Folha Online que o ‘governo levou um banho na CPI dos Correios’.


Mas observou que foi ‘o temor de Lula e das alas mais responsáveis do petismo, de que a CPI terminasse sem relatório’, que levou o partido a desistir do relatório paralelo. Não que tivesse maior chance.


Diversos blogs, a começar do Noblog, sublinharam o jogo dos peemedebistas, a começar do relator _e depois a abstenção dos demais integrantes.


E no fim foi ao peemedebista Renan Calheiros, presidente do Senado, que os petistas mais desesperados recorreram, como relatou o blog do UOL.


Sem esperança, pelo que indicou nota postada logo depois pelo Blog Brasil:


_ O clã Sarney, aliado de Lula, já acena para Geraldo Alckmin. Disse que pode apoiar o candidato desde que o PSDB do Maranhão se alie à candidatura de Roseana, do PFL. A oferta foi feita a Tasso Jereissati.


É a debandada.


NO ESPAÇO


Lula e Pontes, para ninguém


O ‘Jornal Nacional’, depois de muitos dias de telenovela com o astronauta brasileiro, em conversas com William Bonner e Fátima Bernardes, sumiu com o mesmo de seus destaques _sumiu com Marcos Pontes e, também em debandada, com a conversa com Lula.


Ao vivo, no início da noite, só Record e Band News transmitiram, ainda assim parcialmente. A Cultura, depois de anunciar que transmitiria, desistiu. Os telejornais, quando muito, deram breves registros.


Não que tenha sido um espetáculo, até pelo contrário. Nem o presidente nem seu ex-ministro da Defesa, José Alencar, ambos de semblante carregado, conseguiam transparecer ânimo. Naquele instante, a CPI acabava de aprovar o relatório e o plenário da Câmara entregava a pizza de seu ex-presidente João Paulo Cunha.


Perdeu-se o que o jornal italiano ‘La Stampa’ chamou ontem de ‘campanha no espaço’. Segundo a reprodu ção da BBC Brasil, para o jornal ‘a conversa com Pontes era oportunidade politicamente muito apetitosa para que Lula deixasse escapar’. Escapou assim mesmo.


O impeachment


Enquanto Lula falava ao espaço, avançava o debate sobre o impeachment. Foi manchete da Folha Online, de manhã:


_ Relatório da OAB quer impeachment de Lula. É o relatório preliminar da comissão da OAB que, ‘pronto no ano passado, não foi divulgado’, à espera de decisão maior.


Ouvido pelo UOL sobre ‘qual é a possibilidade de impeachment’, o presidente da OAB, Roberto Busato, disse que vai ‘aguardar as considerações finais’, pós-CPI, mas adiantou:


_ Eu, particularmente, não me convenci muito do relatório de Osmar Serraglio.


A recaída


De sua parte, sites próximos ao governo, como o novo Vermelho, e toda a blogosfera petista já estão em modo de combate ou, talvez melhor, de pânico.


Em editorial, o primeiro apontou ‘recaída golpista’ da oposição e argumentou que, ‘em desespero’ depois das pesquisas de fevereiro, ‘a direita volta a rosnar a ameaça de impeachment’. Os blogs petistas, caso do Bué de Bocas, vão além:


_ Se a OAB, o PSDB, o PFL, a Opus Dei continuarem articulando um golpe no Brasil, vamos virar uma Venezuela nas ruas.’


TV CULTURA EM CRISE
Daniel Castro


Ombudsman diz que TV Cultura o esconde


‘Em novo texto publicado anteontem no site da Cultura, o jornalista Osvaldo Martins reclama que é ‘o ombudsman mais independente do mundo e, com certeza, também o mais escondido’.


No texto, o ombudsman da TV Cultura festeja seus ‘15 minutos de fama’ após a Folha noticiar seu texto anterior, em que defende a extinção dos telejornais da emissora em prol de programas jornalísticos de melhor qualidade.


Martins diz que a Cultura o esconde porque, além de não ter lhe dado um programa e uma ouvidoria, como inicialmente combinado, tirou o link de seu site na página inicial da emissora.


Antes disso, até setembro passado, Martins recebia 40 e-mails por dia de telespectadores. Agora, só recebe dois (de estudantes). Antes, ele criticava toda a programação da TV. Agora, a pedido da direção, se restringe ao jornalismo.


À Folha, Martins disse que se considera um ‘meio ombudsman’, porque o que ‘caracteriza um ombudsman é a publicação de sua opinião no veículo’ em que trabalha _e ele só a publica na internet, e ainda ‘escondida’.


‘Não quero opinar sobre os desígnios da direção da Cultura. Mas que não foi cumprido o que foi combinado, isso não foi’, diz. Seu mandato termina em junho: ‘Não pretendo continuar’.


A TV Cultura, via assessoria de imprensa, disse apenas que o texto de Martins ‘não expressa nem reflete a opinião’ da emissora.


OUTRO CANAL


Ciumeira 1 O astronauta Marcos Cesar Pontes está sendo chamado nos bastidores das concorrentes da Globo de ‘Globonauta’, porque até agora já deu duas entrevistas exclusivas, diretamente da estação espacial internacional, ao ‘Jornal Nacional’. As outras redes só tiveram acesso a uma entrevista coletiva de Pontes.


Ciumeira 2 A Globo afirma que teve entrevistas exclusivas porque investiu ‘uma fortuna’ e se planejou. Há meses, fechou contrato com a agência Novosti, responsável pelas transmissões via satélite do programa espacial da Rússia, o que tornou as entrevistas viáveis.


Amarelou Fracassaram as negociações da Record pela aquisição dos direitos do livro ‘Gabriela, Cravo e Canela’, de Jorge Amado, para a produção de uma nova versão da novela ‘Gabriela’. Na Record, atribui-se a barreira à Globo.


Retorno A Globo andou recebendo sondagens de jornalistas que a trocaram, recentemente, pela Record. Os profissionais estariam descontentes na nova casa, que já mudou o horário do ‘novo’ ‘Jornal da Record’ duas vezes neste ano.


Busca A Band está tendo dificuldades para encontrar um novo diretor de teledramaturgia, na vaga deixada por há quase dois meses por Herval Rossano, que foi para o SBT. Negocia atualmente com Ignacio Coqueiro, ex-’Caldeirão do Huck’.’


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O Globo


Quinta-feira, 6 de abril de 2006


CRISE POLÍTICA
O Globo


Netto não fala sobre quebra de sigilo


‘BRASÍLIA. O jornalista Marcelo Netto, ex-assessor de imprensa do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, prestou ontem depoimento de mais de três horas na Polícia Federal sobre a quebra ilegal do sigilo bancário do caseiro Francenildo dos Santos Costa. Apontado como um dos suspeitos do vazamento à imprensa das informações bancárias do caseiro, Netto se recusou a responder as perguntas do delegado Rodrigo Carneiro Gomes sobre o assunto. Segundo a polícia, o jornalista não foi indiciado, mas permanece sendo investigado por suposto envolvimento na operação.


Netto se nega a falar porque diz que é investigado


Netto estava junto com Palocci no dia 16 do mês passado, quando o ex-ministro recebeu do ex-presidente da Caixa Jorge Mattoso o extrato bancário de Francenildo. No dia seguinte, as informações foram divulgadas no site da revista ‘Época’.


Marcello Netto chegou à PF às 7h50m acompanhado do advogado Eduardo Vilhena Toledo. Os dois tiveram que esperar até a abertura do expediente, às 8h, antes de subir até o 7 andar, onde foi ouvido. Questionado sobre sua suposta participação na quebra do sigilo bancário de Francenildo, o jornalista alegou a condição de investigado para não responder as perguntas.


Pela legislação em vigor, pessoas investigadas não precisam fornecer à polícia informações que consideram prejudiciais a sua defesa num eventual processo criminal.


Segundo um policial que está acompanhando de perto as investigações, Marcelo Netto só respondeu a perguntas não vinculadas à quebra do sigilo de Francenildo. Num destes momentos, ele teria dito que estava abalado e estressado pelos difíceis momentos pelos quais tem passado desde o início do escândalo da quebra do sigilo do caseiro. O jornalista também negou que tivesse tentado fugir da intimação para depor. A PF vinha tentando intimar o jornalista desde sábado, mas ele só teria sido localizado ontem.


Polícia diz que ainda pode convocá-lo para depor


Eduardo Toledo negou que o cliente esteja envolvido na quebra do sigilo.


– Ele não tem nada a ver com isso – disse.


Depois do depoimento, Netto deixou o prédio da PF num Pajero preto, de vidros escuros, sem dar entrevistas. Ele saiu pelo portão da garagem da PF. Para a Polícia Federal, Netto ainda pode ser chamado para depor novamente.’


INTERNET
Fernando Duarte


Maior cadeia de eletrônicos do Reino Unido vai operar somente pela internet


‘A Dixons, maior cadeia de lojas de eletroeletrônicos do Reino Unido, anunciou ontem sua despedida do mundo real: a partir de maio vai operar exclusivamente na internet, com suas 190 lojas britânicas sendo absorvida pela Currys, outra rede do grupo DSG, que controla as empresas. A decisão foi justificada pelo executivos da Dixons não apenas pelo fato de que o hábito de comprar online está cada vez mais comum no país, sobretudo no ramo de eletroeletrônicos, mas pelo aumento de mais de 50% nas vendas virtuais da empresa nos últimos quatro anos.


No mundo real, a situação da Dixons não era das mais saudáveis. Em 2004, 106 lojas foram fechadas para cortar custos. A percepção geral era de que faltava fôlego para uma das mais tradicionais empresas britânicas, que começou como um simples estúdio fotográfico, em 1937, antes de se tornar presença obrigatória nas ruas comerciais do Reino Unido.


O plano da DSG é incentivar os consumidores a procurar a Dixons virtual para comprar aparelhos mais compactos, como DVD players e tocadores de MP3, com as lojas da Currys mantendo em estoque eletrodomésticos como geladeiras e televisões. A mudança para a internet, segundo a empresa, representará uma economia imediata de cerca de US$ 6 milhões por ano, permitindo ainda corte nos preços de produtos. Não haverá demissões – os empregados da Dixons passarão a trabalhar nas lojas da Currys.


Recente estudo do grupo de consultoria Verdict mostrou que os britânicos gastaram quase US$ 16 bilhões no varejo online em 2005, volume muito próximo dos US$ 18,5 bilhões do comércio tradicional. Hoje, um em cada quatro britânicos compra pela internet e a expansão das transações em 2005 foi de 30%, quase 20 vezes mais que o do comércio tradicional.’


TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
Bloomberg News


Software da Apple deixa Mac rodar Windows


‘SAN FRANCISCO. O namoro menos provável do mundo da informática acaba de acontecer. A Apple Computer lançou um software que permite que seus modelos mais novos de computador rodem o sistema operacional Windows XP, da arquiinimiga Microsoft Corp. O software, batizado de Boot Camp, funcionará em computadores pessoais equipados com chips da Intel Corp., disse a Apple, sediada em Cupertino, na Califórnia, em um comunicado.


Em janeiro passado, o diretor-executivo da Apple, Steve Jobs, iniciou a migração para os chips da Intel, a maior fabricante mundial de semicondutores, a serem instalados nos computadores de mesa iMac. Jobs está promovendo a melhoria do desempenho dos Macs para atrair clientes e capitalizar o interesse dos consumidores pelo music player digital iPod, da Apple. Ele pretende adotar chips da Intel em todos os Macs até o fim deste ano.


Em fevereiro passado, a Apple começou a comercializar seu primeiro notebook equipado com chips Intel, o MacBook Pro, e também passou a adotar os chips da empresa em seu computador de mesa mais barato, o Mac mini, que custa US$ 599. Antes, esses computadores eram equipados com processadores fabricados pela IBM.


A Apple vendeu 1,25 milhão de Macs em seu primeiro trimestre fiscal, que foi o quinto período consecutivo no qual as remessas da empresa superaram a marca de um milhão de unidades. Os Macs responderam por 30% das vendas da Apple.’


TELEVISÃO
Paulo Ricardo Moreira


Regina Casé mostra que a periferia é legal


‘Zé Brown é líder da banda de hip hop Faces do Subúrbio. Sua música faz denúncia social. Dedesso, vocalista da Vício Louco, canta tecnobrega. Suas letras falam de diversão. O que eles têm em comum? São desconhecidos do público e ignorados pela TV, mas na periferia de Recife fazem o maior sucesso. Os dois são alguns dos novos talentos descobertos por Regina Casé no programa ‘Central da periferia’, uma criação da apresentadora e do antropólogo Hermano Vianna, com direção de núcleo de Guel Arraes, que estréia neste sábado às 16h50m, após o ‘Globo notícia’, na Rede Globo.


Especialista em retratar anônimos, Regina Casé acha graça quando é perguntada como consegue encontrar tanta gente interessante. Na verdade, não é bem assim.


– Zé Brown e Dedesso são famosíssimos. Não tem a menor descoberta. Eles existem, estão lá. As pessoas é que não vão aonde eles estão. Este é um programa de inclusão cultural – diz a apresentadora, que explora os lugares por onde passa em suas viagens.


Próximos especiais serão em São Paulo, Rio e Belém


Série de quatro especiais – o primeiro deles gravado no Morro da Conceição, em Recife – ‘Central da periferia’ irá ao ar mensalmente. Trata-se de um derivado do projeto ‘Brasil total’ (de Regina, Hermano e Guel), mostrando os ‘brasis’ que o povo não conhece e revelando talentos regionais. Para quem assistiu ao ‘Mercadão de sucessos’, quadro do ‘Fantástico’ que mostrava os artistas e os diferentes gêneros musicais surgidos na periferia das grandes cidades, o programa é uma evolução daquela idéia: converge tudo o que Regina e Hermano já fizeram juntos desde 1991, em atrações como ‘Programa legal’ e depois ‘Brasil legal’.


– Aqui há uma reflexão. Não é só diversão – esclarece Hermano. – Vamos à periferia encontrar pessoas diferentes e interessantes, que têm projetos sociais e de cidadania.


Se antes os dois buscavam personagens e coisas ‘legais’ que estavam escondidos no país, a novidade é a procura por ações ‘legais’, voltando o foco para a arte e a cultura produzidas pelo povo que mora na periferia e para o engajamento social. A constatação de Hermano Vianna é que essas populações hoje estão bem mais organizadas:


– Isso é resultado de 20 anos de democracia no país.


A música conduz o primeiro programa. No Morro da Conceição, periferia de Recife, foi montado um palco de cerca de 400 metros quadrados. Mais de 1.500 pessoas assistiram ao show de ídolos locais, como Zé Brown, Dedesso e Michelle Melo, a Madonna do Nordeste, entre outros. Além da música, Regina Casé acompanha as histórias de cada um e mostra que eles exercem outras atividades criativas ou se empenham em projetos sociais.


A idéia não é realizar nos próximos especiais um musical, como o ‘Mercadão’.


– A gente tinha vontade de fazer um programa de auditório, mas ao ar livre. Um palco que circulasse por todo o país – conta Hermano.


O segundo especial já está sendo feito em São Paulo. Os próximos serão gravados no Rio de Janeiro e em Belém.’


Amelia Gonzalez


Uma vez por mês? É pouco. Quatro edições? É pouco


‘É absolutamente genial o ‘Central da periferia’. Pena que o programa não seja transmitido em horário nobre e que não tenha uma periodicidade menor. Uma vez por mês é pouco. Quatro edições? É pouco.


Porque ‘Central da periferia’ está entre as poucas atrações com um olhar realmente diferenciado na televisão. É parecido com o ‘Programa legal’ ou com ‘Brasil legal’? Até pode ser. Mas desta vez o trio Hermano Vianna/Guel Arraes/Regina Casé espraiou.


No início, ‘Central da periferia’ parece um programa feito para mostrar as boas músicas que o pessoal do ‘eixo’ não conhece. Aos poucos, o telespectador vai sendo levado para a casa dos cantores e fazendo contato com os bastidores de um show de auditório cujo palco foi montado na entrada de um morro de Recife.


E aí, bem… e aí o público é apresentado ao homem que confecciona as botas de uma das cantoras mais populares da região, doida por botas e roupas muito, muito provocantes. Ele é um sapateiro comum, franzino e quase humilde. Ela é uma espécie de Britney Spears da periferia de Recife (Você achou demais a comparação? Espere até assistir ao programa.).


O show continua, Casé apresenta Dedesso, cantor de música brega que não dá a mínima para esse negócio de pirataria porque quer mais é que todo o mundo ouça as músicas dele. Logo depois, está-se na casa de Dedesso, um barraco de alvenaria, e a apresentadora faz aquilo que mais sabe fazer: senta-se no sofá da sala e bate papo com os familiares.


E quando se pensa, enfim, que o programa vai além de ser um musical porque apresenta também a vida dos cantores, Regina Casé chama ao palco mulheres vítimas de violência doméstica. E emociona o público com as histórias de cada uma, além de mostrar o jeito que elas arranjaram para se livrar da crueldade dos maridos: botam um apito na boca e fazem muito barulho. A torcida é para que ‘Central da periferia’ também faça muito barulho na audiência.’


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O Estado de S. Paulo


Quinta-feira, 6 de abril de 2006


CRISE POLÍTICA
O Estado de S. Paulo


Jornalista levantou suspeita sobre conta do caseiro


‘Três semanas após a violação do sigilo bancário de Francenildo dos Santos Costa, um episódio permanece obscuro: a informação de que Nildo teria na conta bancária um valor incompatível com o salário de caseiro. Em seu depoimento à Polícia Federal, o ex-ministro Antonio Palocci começou a esclarecer esse ponto – disse ter tomado conhecimento de que Nildo teria uma quantidade de dinheiro possivelmente suspeita a partir de informação da jornalista Helena Chagas, diretora da sucursal do jornal O Globo, em Brasília.


A declaração de Palocci e outra do senador Eduardo Suplicy (PT-SP), feita durante a sessão da CPI dos Bingos em que Nildo foi ouvido, pode explicar a origem da suspeita sobre o caseiro, que culminou com a devassa fiscal e bancária.


A jornalista mora numa casa vizinha à que ficou conhecida como a mansão da república de Ribeirão, alugada por ex-assessores de Palocci no Lago Sul, bairro nobre de Brasília. O jardineiro de Helena, conhecido de Nildo, teria comentado com os patrões sobre o interesse do caseiro em comprar um lote. Já teria, ainda, recebido parte do dinheiro para fechar o negócio – algo em torno de R$ 15 mil.


Na tentativa de apurar melhor o fato, Helena teria comentado o episódio com o senador Tião Viana (PT-AC), líder do governo no Senado, que repassou a informação a Palocci. Este, então, procurou a jornalista para tentar saber mais detalhes.


Mesmo sem obter qualquer informação a mais, conforme nota formal do jornal O Globo, Palocci deflagrou o processo de violação da conta de Nildo, em operação que ele nega, mas da qual a Polícia Federal tem certeza de que foi o mandante.


A esperança do ex-ministro de que o saldo de Nildo provasse que ele recebera para fazer as denúncias que foram publicadas pelo Estado, no dia 14, fez com que acionasse várias instâncias da burocracia do Estado. Foi uma seqüência de operações até que o extrato de Nildo fosse parar na redação da revista Época, que divulgou as informações sigilosas.


A revista é a única que detém a identidade do mensageiro de Palocci. Como tem a prerrogativa legal de preservar o sigilo da fonte – e a exercerá, segundo seu diretor, Hélio Gurowitz -, resta tentar a confirmação desses fatos tomando os depoimentos da jornalista, de seu jardineiro e aguardar o pedido de quebra de sigilo dos envolvidos. Para chegar a uma conclusão, a PF vai investigar Palocci, o ex-presidente da Caixa Jorge Matoso e Marcelo Netto – assessor de imprensa do ex-ministro.


Helena está em férias e, segundo a nota do jornal, ela ‘foi realmente procurada pelo ministro Palocci, que buscava obter informações sobre uma possível movimentação financeira estranha do caseiro’.


Informa ainda O Globo: ‘A jornalista disse ao ministro que o jornal tomou conhecimento dessa versão, que circulava em Brasília, mas que não ela não foi confirmada. Por isso, o jornal nada publicou a respeito.’ Helena e o jardineiro serão convocados para depôr.’


CADERNO 2, 20 ANOS
O Estado de S. Paulo


Duas décadas do lado das artes


‘Artistas opinam sobre o papel do Caderno 2 do Estado, que surgiu no dia 6 de abril de 1986


Há exatamente 20 anos, no dia 6 de abril de 1986, nascia o Caderno 2. Nesta página, representantes do meio artístico nacional opinam sobre o papel do caderno na divulgação da cultura nas últimas duas décadas.


MARISA MONTE, cantora: ‘Trabalhar com informação, com relações humanas, falar com as pessoas é uma responsabilidade muito grande. Acho que o Caderno 2 tem sempre renovado a oportunidade de dar visibilidade a manifestações culturais de todas as áreas.’


GILBERTO GIL, ministro da Cultura: ‘O Caderno 2 completa 20 anos como um dos espaços mais qualificados na cobertura cultural do País. Consegue reunir repórteres de alto nível, consistência, serviço e reflexão com um tratamento digno dos temas que muito dignifica o jornal na história da imprensa brasileira.’


ZÉ CELSO, diretor do Oficina: ‘Está ficando cada vez melhor, com mais conteúdo, mais bonito. As fotos não só do Caderno 2, mas do Estadão são maravilhosas. Você tem pessoas maravilhosas no caderno. Na minha área, é uma maravilha. Tem os críticos de cinema, o Loyola (meu conterrâneo), o Quiroga. Adoro o Caderno 2 e quero que ele cresça muito.’


SILVIO DE ABREU, autor de novelas: ‘O caderno se destaca pela eficiência, transparência e cuidado com que faz suas matérias em todos os campos da cultura. Em televisão, isso fica evidente porque não trata o veículo com preconceito, reservando a nós, que trabalhamos nele, o mesmo espaço e prestígio que dedica ao cinema, teatro e à literatura.’


FRANCIS HIME, compositor: ‘O Caderno 2 é fundamental para a cultura brasileira – é quase impossível imaginar o seu desenvolvimento sem a contribuição trazida por este órgão tão atuante.’


TOM ZÉ, cantor e compositor: ‘No Caderno 2, a expressão ‘cultura de massa’ tem os dois termos contemplados. O que se vem fazendo com a massa, por meio do desprestígio cultural, é criminoso, mas aqui o leitor dispõe de temas importantes cuja relevância o jornal recoloca. Quando viajo, os Cadernos 2 são guardados e leio ao voltar. São toques imprescindíveis que o Caderno 2 se preocupa em dar, e despertar o leitor é função educativa e humana.’


NANDO REIS, cantor e compositor: ‘Acho que tem uma linguagem diferenciada dos outros cadernos culturais. Disponibiliza espaço e, conseqüentemente, oferece textos consistentes. Isso é uma característica muito própria, tradicional.’


TOMIE OHTAKE, artista plástica: ‘Artigos longos que possibilitam o aprofundamento dos temas. Maior cobertura de cultura, não da indústria cultural, dando ênfase ao original. Resistência a tendências passageiras, o que demonstra um olhar crítico permanente. Estilo contido no texto e na diagramação, sem ser conservador.’


LEDA CATUNDA, artista plástica: ‘É democrático e dá espaço para as mais variadas manifestações, com as reportagens e críticas dos competentes jornalistas na área de artes plásticas fica difícil perder uma boa exposição. A gente acompanha a manifestação dos coleginhas e de quebra vem cinema, teatro, música, literatura, Cesar Giobbi e os imperdíveis cronistas da última página.’


LYA LUFT, escritora: ‘Em primeiro lugar, o caderno sempre noticiou coisas boas. É um jornal muito isento, um veículo muito respeitado, com base fortíssima. Sempre soube escolher boas coisas para divulgar, coisas que fazem parte da história da cultura brasileira. Tem críticos e resenhistas com fundamentação.’


CHICO CÉSAR, cantor e compositor: ‘A existência de um caderno cultural, que consegue tratar arte e cultura com autonomia em relação ao mercado, é muito importante para a classe artística e a sociedade. O Caderno 2 , sem ignorar o mercado, tem enxergado além dele e levado informações preciosas a seus leitores.’


BEATRIZ SEGALL, atriz: ‘O Caderno 2 é o melhor suplemento cultural entre os que conheço no País. O único que ainda reserva algum espaço para a divulgação do teatro. Espaço que nos falta muito, sobretudo após a estréia dos espetáculos. Quanto ao diálogo crítico, foi importante anos atrás. Já recebi uma crítica de dramaturga: ‘Leio o Caderno 2 pela qualidade dos seus colunistas, críticos e cronistas e pelo espaço que abre para todas as modalidades de arte, inclusive a dança e a música erudita, em geral pouco contempladas. Leio pelo seu respeito aos artistas e profissionais que produzem cultura, pela seriedade das críticas não contaminadas de atitudes blasés ou apriorísticas. Leio para saber o que é importante e o que será.’


MILTON HATOUM, escritor: ‘De que forma ajuda na divulgação da cultura? Com boas reportagens, artigos, entrevistas e comentários críticos sobre a cultura no Brasil e no mundo. O caderno tem acompanhado de perto a produção das artes e da literatura, dando voz e destaque não apenas aos eventos que acontecem em São Paulo, mas também em outras cidades e regiões brasileiras.’


MARÍLIA PÊRA, atriz: ‘Acompanho com prazer, alegria e surpresa as informações culturais de entretenimento contidas no Caderno 2. Se há um local onde você pode se enriquecer de maneira leve e sólida, é nesse Caderno 20 anos.


UGO GIORGETTI, cineasta: ‘A diversidade surpreende: além do noticiário esperado, surge sempre alguma matéria que faz a diferença.’’


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NÚMERO 1 TINHA GIL, CHICO, CAETANO, HENFIL, LAERTE…


‘HÁ 20 ANOS…: O Caderno 2 estreou nas páginas do Estadão em um domingo, no dia 6 de abril de 1986. A capa trazia estampados dois importantes ícones da música brasileira: Chico Buarque e Caetano Veloso. Na época, os dois se preparavam para estrear um programa na Globo, só no dia 25 daquele mês. Mas a jornalista Regina Echeverria conseguiu antecipar a conversa com a dupla, com exclusividade. Na ocasião, foi considerado um feito da emissora reunir músicos de tamanho prestígio. Na entrevista, os dois falaram livremente sobre aquela nova empreitada, sobre televisão, sobre o então ministro da Cultura, Celso Furtado, sobre censura.


No rol dos colaboradores, Nirlando Beirão cunhou um artigo em que lançou seu olhar sobre a lenda Al Capone, aproveitando como mote a então descoberta de um cofre blindado do gângster. Já Marco Antonio de Menezes, de Nova York, falava da presença brasileira em Manhattan.


No cinema, Marcas do Destino, de Peter Bogdanovich e estrelado por Cher, acabava de entrar no circuito paulistano. Entre Dois Amores, que recebeu 7 Oscars, também era destaque da programação. Para abastecer ainda mais o leitor, nas últimas páginas do caderno foi montado um caleidoscópio de reproduções de cartazes de filmes como O Beijo da Mulher Aranha, A Honra do Poderoso Prizzi e Eu Sei Que Vou Te Amar.


Já o lançamento do 10.º LP de Alceu Valença, Estação da Luz, encabeçava o roteiro dos principais shows de São Paulo. Gilberto Gil, que àquela altura nem sonhava com o ministério da Cultura, também faria uma apresentação naquele dia. E além das tradicionais tirinhas, na época, assinadas por nomes como Laerte, o Caderno 2 n.º 1 contou com a genialidade dos personagens de Henfil.’


TELEVISÃO
Keila Jimenez


Multishow aposta em ibope teen


‘O Multishow aposta no público teen. O canal pago, que tem como seu alvo declarado no mercado adultos com idades entre 18 e 34 anos, foi pego de surpresa por uma audiência bem mais jovem: um público forte com idade entre 11 e 17 anos.


Segundo dados fornecidos pelo canal, o Multishow viu sua audiência subir cerca de 10% em 2005 em relação à média do ano anterior. Boa parte desse crescimento tem a ver com o sucesso do TVZ, atração de videoclipes legendados que obteve aumento em 2005 de 47% de seu ibope em relação a 2004.


‘É justamente o TVZ que chama a atenção desse público bem jovem. Eles adoram o programa’, fala o diretor-geral do Multishow, Wilson Cunha. ‘Confesso que fiquei perplexo com essa audiência tão novinha, mas agora já começamos a trabalhar pensando nela.’


Tanto é que depois de Danielle Suzuki, musa teen de Malhação, o Multishow contratou outro egresso da novelinha global, Jorge de Sá. Ele fica com a atração de Danielle, o Mandou Bem, e ela assume o Tribos, que volta à programação do canal nas segundas-feiras, às 21h15.


SAIA JUSTA


Atenta a esse nicho, a nova programação do canal ganha uma espécie de Saia Justa teen. Quarto Mundo, que estréia no dia 3 de maio, traz cinco jovens pensantes e de universos diferentes que se reúnem em um quarto para debater temas ligados a música, esportes, política, cinema, sexo, drogas, internet e notícias do dia-a-dia. Na trupe, quase toda iniciante em TV, está a neta do arquiteto Sérgio Bernardes, Mana Bernardes, o filho do poeta Wally Salomão, Omar Salomão e o ex-Malhação e Cidade dos Homens Omar Docena.


Lívia Lemos, Pedro Neschling e Didi Wagner também estão entre as novidades do cast do canal.’


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