Leia abaixo os textos desta segunda-feira selecionados para a seção Entre Aspas *************** Folha de S. Paulo SADDAM EXECUTADO
Folha de S. Paulo
Vídeo na web traz execução do ditador
‘‘O tirano caiu’, grita uma testemunha ao ver Saddam Hussein cair do cadafalso, seu pescoço quebrado instantaneamente pela corda pouco depois de trocar insultos com testemunhas.
Um vídeo de má qualidade, aparentemente gravado por um telefone celular, começou a circular ontem na internet e está disponível no site Youtube.com, link www.youtube.com/ watch?v=xP1-jJUrRas.
O vídeo mostra que, enquanto os verdugos preparavam o momento final de Saddam, alguns dos convidados para a execução começaram a provocar o ditador, enforcado anteontem.
Um homem grita ‘Moqtada, Moqtada, Moqtada’, em referência ao clérigo radical xiita Moqtada al Sadr, líder de uma milícia xiita acusada de manter esquadrões da morte contra a minoria sunita, de Saddam.
O ditador, já com a corda no pescoço, aparentemente sorri e responde: ‘É isso o que vocês chamam de hombridade?’.
Outra testemunha, apesar de pedidos para manter a compostura, grita: ‘Vá para o inferno!’, e Saddam, aparentemente acusando o país que já liderou, responde: ‘O inferno do Iraque?’.
O som está abafado e em alguns momentos é inaudível, abrindo a dúvida de que pode ter sofrido alterações.
Ao todo, o vídeo tem cerca de dois minutos e meio e mostra Saddam cair do cadafalso enquanto ainda entoava a profissão de fé muçulmana. Ele é abruptamente interrompido no segundo verso: ‘Sou testemunha de que Maomé…’.
No final, o corpo de Saddam aparece balançando, enquanto vários flashes fotográficos espocam. Seus olhos estão parcialmente abertos e o seu pescoço fica praticamente na horizontal.
Com agências internacionais’
TELEVISÃO
Cultura abre o ano com Itamar Assumpção
‘Quando um artista morre, sua obra se torna maior do que ele próprio. O seu legado, porque agora estático, se torna objeto de culto de maneira mais intensa, e o único revés é o fato de não se poder ver mais o artista em questão a não ser em registros históricos.
No caso do cantor e compositor Itamar Assumpção, falecido em 2003, sempre cult por excelência, o problema se torna ainda maior: sua performance nos palcos sempre foi grande parte de sua música. Assim, o especial que a TV Cultura exibe na madrugada de hoje já vem com interesse especial: é uma apresentação ao vivo de Itamar e sua banda Isca de Polícia no auge de sua criatividade, em 1983.
Com seu canto falado, sua estranheza pop e sua espontaneidade, Itamar canta suas canções desconstruídas de gosto reggae, tiradas de seus dois primeiros álbuns. Acompanhado de guitarra (Rondó), baixo (Paulo Lepetit), bateria (Gigante Brasil) e duas vozes femininas (Suzana Salles e Virgínia Rosa), Itamar cria sua quase new wave urbana e particular.
Tudo é teatral, experimental, performático, divertido e intelectual. Itamar, de óculos escuros. A Isca de Polícia, com roupas espalhafatosas. Pode-se ou não gostar, mas não se pode deixar de notar a importância de tudo que acontece no palco.
REPERTÓRIO POPULAR – ITAMAR ASSUMPÇÃO
Quando: à 1h15 (de hoje para amanhã)
Onde: TV Cultura’
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O Estado de S. Paulo
SADDAM EXECUTADO
A execução de Saddam Hussein
‘Saddam Hussein foi um ditador brutal e sanguinário. Assumiu o poder no Iraque na esteira de um golpe militar e lá se manteve graças a uma combinação de corrupção e violência. No Iraque, dizia-se, não havia oposição: os críticos do regime estavam mortos ou exilados e o ditador não perdoava nem mesmo pessoas de sua própria família. Em 1980, invadiu o Irã, iniciando uma guerra que duraria oito anos e custaria aos dois países mais de 1,5 milhão de mortos. Dez anos depois, invadiu o Kuwait, com o objetivo de anexar aquele país. Expulso do Kuwait pelas forças de uma coalizão liderada pelos EUA e composta por todos os países muçulmanos da região, Saddam Hussein partiu para um acerto de contas contra as populações curdas do norte e os xiitas do sul, que haviam se rebelado contra seu regime. A repressão foi feroz e resultou em milhares de mortos.
Apeado do poder por uma coalizão novamente liderada pelos EUA, Saddam Hussein foi preso em condições humilhantes em dezembro de 2003. Mas Saddam não foi julgado e condenado por um tribunal especial pelos crimes mais graves e espetaculosos que cometeu, como os ataques com armas químicas contra os curdos, que resultaram em 100 mil mortos. As autoridades iraquianas julgaram-no pelo assassinato de 148 adultos e crianças em represália a um atentado praticado contra Saddam em 1982.
Em outras circunstâncias, a execução de um ditador como Saddam Hussein teria um efeito político decisivo sobre o Iraque. Mas o país está profundamente dividido entre facções sunitas e xiitas que lutam entre si e contra os ocupantes estrangeiros do país. Assim, a execução de Saddam não é um acontecimento que aplaque os ódios clânicos e religiosos ou que aumente a violência contra a população. No dia em que foi anunciado o enforcamento do ditador, houve no Iraque quatro atentados a bomba, com 72 mortes. Mas engana-se quem acha que esse número representa uma escalada de violência em resposta à execução. Lá, a média diária é de cem mortes por atos terroristas e ações de esquadrões da morte.
Há uma guerra civil em curso no Iraque e Saddam Hussein já não era protagonista deste episódio, embora tenha sido ele o principal responsável pela criação das condições que levaram o Iraque ao desastre. A sua execução, portanto, não implicará necessariamente reconciliação das facções ou agravamento do conflito.
Pode abrir, no entanto, uma janela por onde entre ao menos um sopro de racionalidade e bom senso num conflito marcado pela selvageria. O primeiro-ministro xiita Nuri al-Malik, por exemplo, pediu à minoria sunita que reconsiderem seus métodos e se unam ao processo político. E o partido Baath, de Saddam, por sua vez, conclamou os iraquianos a ‘atacar sem piedade’ os ocupantes americanos e o Irã, mas sem afundar o país numa guerra civil.
Algumas pessoas – entre elas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva – estão na dúvida sobre se a execução de Saddam Hussein foi um ato de justiça ou se foi um ato de vingança. Para as famílias das vítimas de Saddam, houve justiça e vingança. Para as pessoas que acreditam que o mundo não pode ser governado pela lei da selva, que as populações têm direito à vida e a liberdades básicas, e que abominam os crimes contra a humanidade, a execução foi um ato de justiça, sem dúvida alguma. Desfecho diferente equivaleria a coonestar ou mesmo a recompensar um abominável regime totalitário.
Mas não é isso o que pensa o governo brasileiro, pela nota oficial emitida pelo Itamaraty e pelas declarações do presidente Lula. Depois de afirmar que a execução de Saddam não resolverá o problema do Iraque, o presidente Lula fez uma clara alusão aos EUA: ‘Eu penso que os que estão ocupando o Iraque têm de ter consciência de que o Iraque só irá encontrar a paz quando as divergências internas forem resolvidas por eles mesmos.’ Ora, as forças de ocupação são, hoje, o menor problema do Iraque, onde funciona um governo eleito livremente. Há uma guerra civil e de religião lá, estimulada por outros agentes externos: a Al-Qaeda, o Irã e a Síria – mas sobre isso o presidente não se pronuncia.’
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Vídeo da morte inunda a internet
‘BAGDÁ – Um dia depois da execução de Saddam Hussein, um vídeo amador de aproximadamente dois minutos e meio que relata os últimos momentos do ex-ditador, incluindo o instante exato do enforcamento, foi divulgado por TVs árabes e diversos sites na internet, entre eles o Youtube. A TV CNN veiculou – e colocou em seu site – dois minutos das imagens. A rede americana cortou o vídeo, provavelmente captado por um telefone celular, segundos antes de o alçapão do cadafalso ser aberto.
A gravação mostra que Saddam aparentava estar conformado, mas se manteve desafiante até o fim. A CNN traduziu parte do diálogo travado entre o ex-presidente iraquiano e as pessoas que assistiam ao ritual de execução. O som do vídeo é abafado e por vezes se torna incompreensível. Fica claro que Saddam fez afirmações que não puderam ser traduzidas por causa da má qualidade do áudio.
‘Orações ao profeta Maomé e sua família. Louvado seja seu heroísmo e amaldiçoados sejam seus inimigos’, disse Saddam. Em resposta ao ex-ditador, algumas testemunhas, provavelmente xiitas, gritaram três vezes ‘Muqtada’, em referência ao clérigo xiita Muqtada al-Sadr, inimigo de Saddam e dos sunitas.
Saddam os ironizou: ‘Muqtada? É assim que vocês mostram sua bravura como homens?’ Um dos carrascos manda Saddam ir ‘direto para o inferno’. O ex-ditador retruca: ‘Essa é a bravura dos árabes?’ Outra voz exalta Mohamed Baqir Sadr, tio de Muqtada: ‘Longa vida a Mohamed Baqir Sadr!’ E emenda: ‘Vá para o inferno.’
Um representante da Justiça iraquiana que estava no local o repreende: ‘Eu lhe imploro que não faça isso. O homem está sendo executado.’
Saddam voltou a exaltar Maomé: ‘Digo a vocês que só há um Deus e Maomé é Seu profeta.’ Ele repetiu novamente parte da profissão islâmica. Nesse momento, a CNN congela as imagens. No vídeo completo, o que acontece a partir desse instante é muito confuso. Só é possível ver Saddam caindo. O ruído da queda é forte.
Segundo descrição da agência Reuters, assim que o alçapão se abriu, uma das testemunhas gritou, com a voz aparentemente embargada: ‘O tirano caiu.’ Outras vozes são ouvidas, mas, como são sobrepostas, não é possível entender o que dizem.
Flashes parecem ser disparados de câmeras fotográficas. A pessoa que segura o celular o abaixa. Por alguns instantes, só se vê o chão. Quando a imagem volta, o dono do celular está bem próximo do corpo de Saddam. Este aparece pendurado, com a cabeça pendendo para o lado direito. Os olhos estão semi-abertos, mas o ex-ditador não emite som algum.
CELULARES
O vídeo dos momentos finais de Saddam Hussein se espalhou não só pela internet, como também pelos celulares. No centro de Bagdá, era fácil encontrar ontem pessoas exibindo para amigos as imagens da execução em seus telefones.
TROCA DE INSULTOS
Saddam Hussein – ‘Orações ao profeta Maomé e sua família.
Louvado seja seu heroísmo e amaldiçoados sejam seus inimigos’
Testemunha, provavelmente um xiita – ‘Muqtada!’ (Em referência ao líder xiita Muqtada al-Sadr, inimigo do ex-ditador iraquiano, que era sunita)
Saddam Hussein – ‘Muqtada? É assim que vocês mostram sua bravura como homens?’
Carrasco – ‘Vá diretamente para o inferno!’
Saddam Hussein – ‘Essa é a bravura dos árabes?’
Testemunha não-identificada – ‘Longa vida a Mohamed Baqir Sadr (tio de Muqtada). Vá para o inferno!’
Representante da Justiça – ‘Eu lhe imploro para que não faça isso. O homem está sendo executado.’
Saddam Hussein – ‘Digo a vocês que só há um Deus e Maomé é Seu profeta.’
Testemunha não-identificada – ‘O tirano caiu!
EFE, FRANCE PRESSE, ASSOCIATED PRESS E REUTERS’
INTERNET
Como será sua vida digital em 2017?
‘Você acorda e o computador já avisa que você não dormiu o suficiente. Mal-humorado, você levanta da cama e projeta na parede as manchetes do dia enquanto sua cafeteira já prepara o café.
Em 2017, você estará conectado à internet de altíssima velocidade o tempo todo, comandada por voz num aparelho do tamanho de um relógio de pulso. Você vai se preocupar por que o seu filho está viciado em videogames hiperrealistas, mas pelo menos não terá de limpar a casa. E, quando quiser, todas as músicas e programas de TV do mundo estarão ao seu alcance em segundos.
Essas são algumas previsões de como será sua vida digital daqui a 10 anos, elaboradas pela equipe do Link. Nossos repórteres ouviram especialistas em tendências, reviraram a internet atrás de pesquisas de novas tecnologias, e, claro, usaram um pouco da imaginação para mostrar como vão ser os produtos dos sonhos em 2017.
Se você não quer ir tão longe, nesta edição, o Link também apresenta as novidades de 2007 relacionadas acelulares, internet, computadores, toca-MP3, games, fotografia, TV e eletrodomésticos.
Casa Wi-Fi 100% conectada
Neste ano, infelizmente ainda é pouco provável que você tenha uma espécie de ‘Google’ para procurar chaves, óculos, sapatos e roupas perdidos dentro de casa. Mas a verdade é que as tecnologias para criar um lar inteiramente conectado já existem e só dependem de uma coisa: a aceitação dos consumidores.
O fim dos fios é uma realidade cada vez mais próxima. Aparelhos dotados de tecnologias como o Bluetooth vão ser cada vez mais comuns. Em 2007, home-theaters sem fio serão cada vez mais acessíveis. O mesmo se aplica a aparelhos de som, que conversando via Wi-Fi com o PC, vão tocar toda a sua coleção de MP3.
Redes Wi-Fi ficarão ainda mais baratas, permitindo que se navegue pela internet por toda a casa. Como os preços dos notebooks cairão ainda mais, a maioria das famílias adotará os micros portáteis como segundo PC da casa, usando-o para consultar receitas na web e puxar filmes do PC para exibir na TV da sala.
Eletrodomésticos capazes de conectar-se via Wi-Fi serão mais mais comuns. E, para conectarem-se, esses aparelhos precisam ser inteligentes.
E é essa a outra sacada de 2007: a inteligência embarcada no dia-a-dia.
Cada vez mais, aparelhos que antes eram ‘burros’ vão vir de fábrica com recursos até pouco tempo dignos da ficção científica. Já existem lavadoras que ‘sentem’ a quantidade de sujeira das roupas e, com essa informação, definem sozinhas o ciclo de lavagem mais adequado.
Fornos e microondas que ‘entendem’ pelo cheiro quando o alimento está pronto chegarão nas lojas até o final do ano.
O conservadorismo ambiental também vem com força total. Aparelhos que reúnem várias funções, como lavadoras-secadoras, vão ficar mais baratos e duráveis, usando água e eletricidade de maneira mais racional.
Nanopartículas de prata, incorporadas aos aparatos, vão limpar o ar de forma natural, conservar os alimentos e manter as roupas esterilizadas sem produtos químicos.’
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