Monday, 23 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Jabor apresenta a sua
defesa contra Chinaglia


Leia abaixo os textos de terça-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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O Estado de S. Paulo


Terça-feira, 1° de maio de 2007


JABOR vs. CHINAGLIA
Arnaldo Jabor


Carta a um meritíssimo juiz


‘Sr. Juiz, ainda não sei se a Câmara dos Deputados vai me processar, como anunciou em plenário o presidente Arlindo Chinaglia. Mas, caso V. Exa. surja à minha frente de capa negra e cenho severo, quero que saiba exatamente do que me acusam, pois, nas palavras dos deputados e de seu presidente, eu teria insinuado que ‘os deputados são todos canalhas’. Portanto, peço a V. Exa. que leia a íntegra de meu comentário na CBN, do dia 24 de abril de 2007:


‘Amigos ouvintes,


Eu costumo colecionar absurdos nacionais que ouço, vejo ou leio nos jornais para fazer meus comentários aqui na CBN. Muito bem. Há dias em que não sei por onde começar. Há tantas vagabundagens neste país que só mesmo sorteando um assunto.


Eu sorteei um que saiu no jornal O Estado de S. Paulo e acho que foi um peixe grande.


O amigo ouvinte já deu a volta ao mundo? Não sei se sabe que são 44 mil quilômetros. Pois bem…


Todos sabemos que nossos queridos deputados têm o direito de receber de volta o dinheiro gasto em gasolina, seja indo para seus redutos eleitorais, ou para o motel com sua amante ou seu amante. Pois bem, a Câmara, ou melhor, você e eu, meu amigo, nós pagamos esse custo, desde que eles levem notas fiscais para comprovar o gasto de gasosa.


Muito bem, de novo. Vai prestando atenção.


Nos primeiros dois meses da atual legislatura, os deputados, em dois meses apenas, pediram o reembolso de 11 milhões e 200 mil reais, pagos com a verba da Câmara.


Os repórteres do Estadão Guilherme Scarance e Silvia Amorim fizeram as contas e concluíram que entre fevereiro e março, com dinheiro público, os deputados teriam gasto um milhão de litros de gasolina. Ou seja, essa quantidade de gasolina daria para dar a volta ao mundo 255 vezes.


São 255 vezes 44.000 quilômetros, que dá a distância de 11.200.000 quilômetros. E aí é que vem a resultante espantosa:


A distância da Terra à Lua é de 384 mil quilômetros, ou seja, senhores, senhoras ouvintes, daria para fazer a viagem de ida e volta à Lua 15 vezes.


Será que eu fiquei louco? Se algum matemático me ouve, verifique se estou errado. Mas acho que não. E o procurador-geral do Tribunal de Contas da União, sr. Lucas Furtado, denunciou-os dizendo que é uma ‘forma secreta de dar aumento de salários que eles não têm como justificar’… Será que o sr. Arlindo Chinaglia não vê isso ou só pensa no bem do PT?


E me digam, amigos, quando é que vão prender esses canalhas? Quando a PF vai encanar essa gente, com humilhação? Quando?


Ah… desculpe… eles têm imunidades e também foro privilegiado…


É isso aí… amigos, otários como eu…’


Esse foi o meu ‘crime’, Sr. Juiz. Irrefletidamente, escrevi ‘os deputados’, talvez parecendo uma generalização; mas é óbvio que me referia aos autores da falsificação de notas fiscais das viagens interplanetárias e não a todos os parlamentares, principalmente porque há alguns que respeito profundamente – talvez não mais que uns 17, já que ultimamente cresceu o número dos 300 picaretas referidos uma vez por nosso ‘grande timoneiro’.


Além disso, Sr. Juiz, quero deixar claro que considero o Legislativo a maior conquista que nos legou o Império, há mais de 150 anos, fundamental instituição nestes tempos lulistas, bolivarianos e equatorianos, para impedir que parlamentares sejam caçados nas ruas como ratazanas grávidas, como acontece na Venezuela e no Equador.


Sempre defendi o Legislativo, como aconteceu no episódio do petista Bruno Maranhão, milionário bolchevista que invadiu a Casa. Desafio meus denunciantes, Meritíssimo, a mostrar uma frase de meus comentários, em que expresse desejo de que o Legislativo seja enfraquecido. Em 1996, pediram minha cabeça ao saudoso Luis Eduardo Magalhães, quando falei que ‘deputados do Centrão estavam sendo comprados como num ‘shopping center’. Quiseram capar-me, Meritíssimo. Nove anos depois, vimos que eu não estava tão errado assim, com o advento épico do mensalão, das sanguessugas e dos ‘dossiês’, seguidos de esfuziantes absolvições de quase todos (os três últimos foram agora reeleitos e absolvidos pelo ‘povo’). Mas, em todos meus uivos e ganidos, sempre ansiei pela pureza do Legislativo, contra os políticos que nele entram ou para fugir da polícia ou para viver num país paralelo, cheios de privilégios, sem pensar um minuto em nós, que eles deveriam representar.


Em meus devaneios românticos, sonho com Joaquim Nabuco, Tavares Bastos, Zacharias de Góes, Ruy Barbosa e, mais modernamente, em gente como San Thiago Dantas, Milton Campos, homens que, quando assomavam à tribuna, o vulto de Montesquieu brilhava no teto e invadia as galerias.


Meritíssimo Juiz, nesses anos de comentarista nunca tive o sádico prazer de emporcalhar o nome do Congresso, nem mesmo por falta de assunto. Neste caso, quando denunciei, junto com o Estadão, essa fraude intergaláctica, esperava candidamente que as notas fiscais fossem conferidas e os ladrões punidos. Não imaginava que fossem processar o denunciante, como se fazia na antiguidade, matando-se o mensageiro de más notícias.


E mais, Meritíssimo, se um dia os nobres deputados apresentarem projetos de Lei para o bem dos brasileiros, condoídos com a miséria que nos rói, se um dia eu visse alegorias patrióticas, trêmulos oradores, polêmicas sagradas, gestos indignados pelo bem do Brasil, meus comentários virariam hinos de louvor, panegíricos à instituição.


Assim sendo, Meritíssimo, peço a V. Exa. que me absolva, com a mesma leniência concedida recentemente a grande brasileiros como Waldemar da Costa Neto, Paulo Rocha, José Janene, e tantos outros…


Agora, se V. Exa. se decidir por minha condenação, peço-lhe um único favor, humildemente: Condene-me a serviços comunitários, como faxineiro da Câmara dos Deputados , e garanto a V. Exa. que varrerei a sujeira dos tapetes verdes, lustrarei bronzes e mármores com o mesmo zelo e empenho que tenho tido, nos últimos 15 anos, usando apenas as vassouras da ironia e as farpas do escovão.


Atenciosamente,


Arnaldo Jabor.’


MEMÓRIA / OCTAVIO FRIAS DE OLIVEIRA
O Estado de S. Paulo


Frias de Oliveira é enterrado em SP


‘Autoridades se despediram do líder do Grupo Folha, que morreu anteontem


Com a presença de parentes, jornalistas e líderes políticos e econômicos, o corpo do empresário Octavio Frias de Oliveira foi enterrado por volta do meio-dia de ontem no Cemitério Getsêmani, no Morumbi, zona sul de São Paulo. O publisher do Grupo Folha morreu no domingo, aos 94 anos, em decorrência de uma insuficiência renal grave. Desde novembro, ele se recuperava de uma cirurgia para a retirada de um hematoma craniano após sofrer uma queda.


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o governador José Serra, o prefeito Gilberto Kassab, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, a ministra do Turismo, Marta Suplicy, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, e o ex-ministro Luiz Fernando Furlan foram algumas das autoridades que compareceram ao velório.


O presidente Lula ressaltou a cobertura feita pela Folha de S.Paulo das greves de metalúrgicos na região do ABC paulista na década de 70. O presidente também mencionou o papel de liderança do jornal na campanha das Diretas Já. ‘Ele conseguiu fazer da Folha de S.Paulo um jornal quase que obrigatório para aqueles que queriam ler uma imprensa isenta e crítica. Tivemos uma cobertura fantástica durante as greves do ABC. Foi um dos pilares da democratização no Brasil e todos nós aprendemos muito com ele’ , afirmou o presidente.


O presidente Lula decretou luto oficial no País por três dias, contados a partir de ontem. A decisão deve ser publicada hoje no Diário Oficial.


O governador José Serra relembrou o empresário afirmando que o tinha como conselheiro. ‘Pessoalmente, era um grande amigo, um dos meus melhores amigos. Conselheiro das horas difíceis e dos momentos que tinha de tomar decisões importantes’, disse. O empresário Antonio Ermírio de Moraes e o bibliógrafo José Mindlin também mencionaram a amizade que desenvolveram com o publisher.


‘Ele era meu amigo e um grande empreendedor. Transformou um jornal inexpressivo e decadente num dos melhores jornais do País’, afirmou Ruy Mesquita, diretor de Opinião do Grupo Estado. Também estiveram presentes, entre outros, os deputados e ex-ministros Delfim Netto e Antonio Palocci, o deputado e ex-governador Paulo Maluf, o presidente do Conselho de Administração do Bradesco, Lázaro de Mello Brandão, o presidente-executivo do Bradesco, Marcio Cypriano, o desenhista Maurício de Sousa, o ex-senador Jorge Bornhausen e o rabino Henry Sobel.


Representantes do Judiciário, empresários de todos os setores, líderes da área de educação, saúde e cultura, assim como dirigentes dos principais órgãos de comunicação do País, acompanharam a cerimônia, que terminou por volta das 13h30.


HISTÓRIA


Frias de Oliveira comprou a Folha de S.Paulo em 1962, após trabalhar como office-boy, vendedor de aparelhos de rádio, funcionário público, incorporador imobiliário e banqueiro. Foi sob sua administração que a empresa cresceu e se tornou um grupo que engloba hoje os jornais Folha de S. Paulo e Agora SP, o site Folha Online, o portal UOL, o Instituto Datafolha, a editora Publifolha, a gráfica Plural e o jornal Valor Econômico, em parceria com as Organizações Globo.


‘Tive algum êxito como empresário. Consegui dar minha modesta contribuição no grande trabalho coletivo de criar riquezas, gerar empregos, fortalecer empresas e lançar produtos. Atribuo esse êxito ao trabalho perseverante e a alguma sorte’, declarou num discurso em maio de 2006, ao receber o prêmio Personalidade da Comunicação.


O Observatório da Imprensa, transmitido pela TV Cultura, reprisa hoje, às 23h40, uma edição feita com o empresário.’


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Frases


‘Ives Gandra Martins – Jurista


‘Foi um avalista da democracia no Brasil e tinha serenidade para tratar correntes ideológicas. Tinha o bom senso dos sábios’


Maurício de Souza – Desenhista


‘Quando comecei, ele me ajudou, dando espaço para as tiras em quadrinhos e até mesmo financeiramente. Pelo que fez, merece o título de padrinho da Turma da Mônica’


Gilberto Kassab – Prefeito


‘Frias foi um grande cidadão, um grande brasileiro. Sempre se manifestou em defesa da democracia e do Brasil, que deve muito a ele, no que diz respeito à defesa das liberdades’


Joelmir Betting – Jornalista


‘Ele reinventou o jornalismo brasileiro. No meu caso pessoal, me inventou como jornalista econômico’


Fernando Gabeira – Deputado federal


‘Ele era um grande diretor de jornal. Tinha uma razão vital que era uma extraordinária capacidade de perceber o mundo a sua volta’’


TELEVISÃO
Bruna Fioreti


Cai liminar de plágio


‘Mais conhecida como ‘a TV do Boni’, a retransmissora da Globo no Vale do Paraíba, TV Vanguarda, foi acusada de plágio. Mas a história não rendeu: tão logo foi expedida uma liminar proibindo a exibição do Boteco Vanguarda, quadro do Madrugada Vanguarda, às sextas-feiras, a emissora conseguiu suspender a decisão pelo Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. E a atração voltou ao ar.


A acusação de plágio veio dos três criadores e apresentadores do programa Conversa de Botequim, da educativa TV Altiora, de Bragança Paulista. A justiça local entendeu haver ‘verossimilhança’ entre os programas – o de Bragança ambientado em bares, e o da Vanguarda, em estúdio, com um bar em croma key. Um dos criadores do Conversa de Botequim, Luiz Carlos da Silva Mello Jr. disse ter sido procurado por funcionário da Vanguarda em janeiro de 2006 para fornecer cópia do programa, para futura parceria.


A gerente de jornalismo da Vanguarda, Terezinha Almeida, nega: ‘A acusação é descabida, tanto que remetemos cópias do programa deles e do nosso quadro, para tirar qualquer dúvida.’ A decisão final deve vir da confrontação dessas fitas.’


Shaonny Takaiama


Afiliada do SBT negocia com Record


‘Após perder para a Record a TV Atalaia, de Sergipe, e a TV Pajuçara, do Alagoas, o SBT pode estar na iminência de perder também a TV Alterosa, sua tradicional retransmissora em Minas Gerais. A negociação da Record com os mineiros é mais um reflexo da insatisfação das afiliadas do SBT com os impulsos de Silvio Santos nas mudanças de programação. E, claro, do progresso de audiência da Record.


Nos dois estados nordestinos perdidos para a Record, o SBT é transmitido via cabo ou parabólica.


Revezamento


Novela de Carlos Lombardi é assim: até o último capítulo, todos eles terão beijado todas elas. Hoje é Murilo Benício quem beija Deborah Secco. Não interessa que a cena sirva só para desmascarar a personagem de Deborah: tudo é pretexto para o rodízio entre o elenco.


Entre-linhas


Saudade da Supernanny? Então saiba que a babá Jo Frost volta ao GNT no próximo sábado, às 19 horas, com episódios inéditos. No primeiro deles, a superbabá vai cuidar de quatro crianças, com idades entre 1 e 3 anos.


Susana Werner brinca de repórter hoje no programa Amaury Jr. A modelo fez uma matéria especial sobre Milão, enquanto Amaury produziu uma reportagem sobre o Salão Internacional de Móveis. De hoje a sábado, às 22 horas, na RedeTV!


O Animal Planet estréia Criadores e Criaturas, nesta quinta-feira, às 20 horas.’


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Folha de S. Paulo


Terça-feira, 1° de maio de 2007


MEMÓRIA / OCTAVIO FRIAS DE OLIVEIRA
Clóvis Rossi


A última aula


‘Faz alguns anos, Aloizio Mercadante (PT-SP) me sugeriu que escrevesse a biografia de Octavio Frias de Oliveira, a quem considerava (como eu, aliás) um extraordinário personagem. Disse-lhe que não poderia fazê-lo porque não tinha o menor distanciamento em relação a ‘seu’ Frias.


Eu não conseguiria fazer uma biografia apenas a favor, ainda mais que aprendi com o próprio ‘publisher’ deste jornal o valor incomensurável da independência. Assim como aprendi também com ele, embora mais com o filho, Otavio, o diretor de Redação, a introjetar no DNA o jornalismo crítico que marca a Folha.


Como o próprio Frias pai disse, ‘não há preço que pague a independência. Nós a cultivamos religiosamente, e essa é uma das razões do sucesso da Folha’.


Muito antes que essa frase saísse na sua biografia, ele já me havia ensinado a lição. Eu era correspondente do jornal em Buenos Aires, passei pelo Brasil de férias, em 1982, e fui visitá-lo. Reclamei de estar demasiadamente preso à Argentina, sem poder viajar pelos outros países latino-americanos, dados os custos envolvidos.


A resposta dele foi cortante: ‘A independência que você tem hoje para escrever depende da independência financeira da empresa, que depende de um orçamento bem controlado. O que você prefere, a independência ou o risco de um descontrole orçamentário?’.


Sei bem que muito petista hidrófobo, como antes muito tucano hidrófobo (e outros leitores), duvida da independência da Folha. O fato de tanto Lula como Fernando Henrique Cardoso comparecerem por fim ao mesmo evento, o velório de ‘seu’ Frias, diz tudo sobre a cultura que ele inspirou.


Prova, ademais, que as críticas a ambos, por duríssimas que tenham sido, ficaram no limite daquilo que deve fazer um jornal plural e crítico, mas republicano’


Painel do Leitor


Octavio Frias de Oliveira


‘‘Envio aos familiares e ao corpo jornalístico da Folha minhas condolências pelo falecimento do jornalista e empreendedor Octavio Frias de Oliveira, o mais atilado observador de nossa realidade política, que muito contribuiu para o crescimento do país e para a vigência da liberdade de imprensa.’


MIGUEL REALE JÚNIOR , professor titular da Faculdade de Direito da USP (São Paulo, SP)


‘Manifesto profundo pesar pelo falecimento do senhor Octavio Frias de Oliveira. Recordo que, como presidente do STF e, sobretudo, do Tribunal Superior Eleitoral, quando da implantação do voto eletrônico, dele recebi bons conselhos e apoio. A coragem e o espírito empreendedor foram as suas marcas.’


CARLOS VELLOSO , ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (Brasília, DF)


‘Em nome do Comando da Aeronáutica e dos mais de 70 mil homens e mulheres desta instituição, expresso o meu mais sincero sentimento de solidariedade à família Frias pela irreparável perda do senhor Octavio Frias de Oliveira, personalidade ilustre e marcante do cenário nacional e da história da imprensa brasileira.’


JUNITI SAITO , tenente-brigadeiro-do-ar, comandante da Aeronáutica (Brasília, DF)


‘Tenacidade, integridade e compromisso democrático foram as características de Octavio Frias de Oliveira. Foram elas que marcaram a atividade do homem que construiu uma empresa jornalística, que, pelo respeito que adquiriu, orgulha São Paulo e o Brasil.’


ALBERTO GOLDMAN , vice-governador de São Paulo (São Paulo, SP)


‘O Brasil perdeu um grande homem. O empresário Octavio Frias de Oliveira passou pela vida deixando uma história de responsabilidade e de ética.’


MARCELO MIRANDA , governador do Tocantins (Palmas, TO)


‘Com pesar e consternado, transmito à família Frias de Oliveira meus sinceros sentimentos, carregados de tristeza e solidariedade, pela morte do jornalista e empresário Octavio Frias de Oliveira.’


ALCIDES RODRIGUES FILHO , governador de Goiás (Goiânia, GO)


‘Externo aos familiares de Octavio Frias de Oliveira e aos funcionários do Grupo Folha o meu mais profundo pesar pelo falecimento daquele que foi, sem dúvida nenhuma, um dos maiores empreendedores da imprensa brasileira.’


DELCÍDIO DO AMARAL , senador -PT-MS (Brasília, DF)


‘À família Frias e ao Grupo Folha, envio sinceros sentimentos de pesar pelo falecimento deste grande brasileiro, que, certamente, já tem seu nome inscrito não apenas na história da imprensa mas da democracia no Brasil.’


HERÁCLITO FORTES , senador -PFL-PI (Brasília, DF)


‘Lamento profundamente a perda de Octavio Frias de Oliveira, que, ao erguer um dos mais influentes grupos de comunicação do país, contribuiu decisivamente para o desenvolvimento da imprensa, para a evolução da cultura do pluralismo, para a liberdade de opinião e para a consolidação da nossa democracia.’


ALDO RABELO , deputado federal -PC do B-SP (Brasília, DF)


‘Não bastou a Octavio Frias de Oliveira transformar a Folha num dos mais importantes jornais do Brasil para já fazer parte da história. Ele foi um defensor intransigente da democracia, um empreendedor visionário e dinâmico.’


PAULO RENATO SOUZA , deputado federal -PSDB-SP (Brasília, DF)


‘Octavio Frias de Oliveira é exemplo maior de empreendedor dedicado à causa da liberdade e do aperfeiçoamento da democracia. A obra que deixa para toda a sociedade brasileira é notável.’


JOSÉ ANÍBAL PERES DE PONTES , deputado federal -PSDB-SP (Brasília, DF)


‘Com o passamento de Octavio Frias de Oliveira, perdem o jornalismo, os leitores da Folha e a democracia brasileira. O seu legado continuará inspirando os que lutam por um Brasil melhor.’


PAUL SINGER , secretário nacional de Economia Solidária do Ministério do Trabalho e Emprego (Brasília, DF)


‘A morte de Octavio Frias de Oliveira dá-me a certeza da perda de um brasileiro da maior importância para seu tempo, irreparável não só para o jornalismo e a cultura mas, especialmente, pelo exemplo de seriedade e dedicação à defesa dos valores nacionais, da ética profissional e do espírito empreendedor.’


JOÃO HAVELANGE , presidente de honra da Fifa (Rio de Janeiro, RJ)


‘Octavio Frias de Oliveira foi um homem que dedicou toda sua vida ao trabalho, construindo com eficiência e credibilidade um grupo de comunicação que hoje tem o respeito de todo o Brasil.’


JOÃO CARLOS SAAD , presidente do Grupo Bandeirantes de Comunicação (São Paulo, SP)


‘Em nome de toda a equipe da Embraer, expresso nossos sentimentos à família do senhor Octavio Frias de Oliveira e nosso reconhecimento às importantes contribuições que prestou à sociedade brasileira e à história de nosso país.’


FREDERICO FLEURY CURADO , diretor-presidente da Embraer (São José dos Campos, SP)


‘Perdemos um dos homens mais importantes e inteligentes do jornalismo brasileiro. Octavio Frias de Oliveira dedicou sua vida às causas que mais enobrecem o trabalho da imprensa.’


PEDRO PIVA , presidente do Conselho de Administração da Klabin (São Paulo, SP)


‘O Brasil perdeu um dos maiores defensores da liberdade de imprensa, que, ao longo dos anos, soube manter a simplicidade, dispensando a todos cordial atenção. Estamos certos de que seu amplo legado será perpetuado pelas novas gerações à frente do Grupo Folha.’


CANDIDO BRACHER , presidente do banco Itaú BBA (São Paulo, SP)


A Unesco lamenta com pesar a morte de Octavio Frias de Oliveira, que, durante mais de quatro décadas, dedicou-se à modernização do jornalismo brasileiro, defendendo fortemente a liberdade de expressão e a independência de opinião.’


VINCENT DEFOURNY , representante da Unesco no Brasil (Brasília, DF)


‘A importante atuação de Octavio Frias de Oliveira na modernização e renovação dos jornais brasileiros fica como sua marca perene na imprensa brasileira.’


MARIO ERNESTO HUMBERG , presidente do Instituto PNBE de Desenvolvimento Social (São Paulo, SP)


‘À família enlutada e a todos do Grupo Folha que tiveram o privilégio de trabalhar com o pranteado Octavio Frias de Oliveira, transmito meus sentimentos.’


WÁLTER FANGANIELLO MAIEROVITCH , presidente do Instituto Brasileiro Giovanni Falcone, ex-secretário Nacional Antidrogas da Presidência da República (São Paulo, SP)’


Folha de S. Paulo


Pluralismo marca enterro de Octavio Frias de Oliveira


‘O velório e o enterro do corpo do empresário Octavio Frias de Oliveira, realizados ontem no cemitério Gethsêmani (Morumbi, zona oeste de São Paulo) foram expressão do amplo pluralismo e da independência em relação a governos e grupos econômicos, que pautaram a atuação do publisher da Folha, nos 45 anos que passou à frente do jornal.


Em uma sala no cemitério, onde o corpo foi colocado em câmara ardente a partir das 9h30 de ontem, encontraram-se adversários políticos irmanados na última homenagem ao ‘seu Frias’, que é como o comandante da Folha era mais conhecido.


Estiveram lado a lado o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente José Alencar (PRB), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), os ex-governadores Paulo Maluf (PP), Orestes Quércia (PMDB) e Claudio Lembo (DEM), além do prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), de ministros de Estado, deputados estaduais e federais, representantes do Judiciário, empresários de todos os setores da economia, intelectuais, artistas, líderes das áreas de educação, saúde e cultura, e dirigentes dos principais órgãos de comunicação do país.


Cerca de 600 pessoas, entre elas representantes de várias gerações de profissionais do conglomerado que abrange a Folha, o UOL, o jornal ‘Agora’, o Instituto Datafolha, a editora Publifolha, a gráfica Plural e o diário econômico ‘Valor’ (este em parceria com as Organizações Globo) também foram ao cemitério levar sua solidariedade aos familiares de Frias -ele deixa a viúva Dagmar Frias de Oliveira, e os filhos Maria Helena, Otavio, Luís e Maria Cristina.


Frias morreu na tarde de domingo, 29 de abril, em São Paulo. Contava 94 anos. Entusiasta da modernização da mídia brasileira, levada a cabo a partir da segunda metade do século 20, Frias pertenceu a uma geração de empreendedores pioneiros, dos quais era um dos últimos remanescentes e o único a se manter em atividade profissional até o ano passado.


Sob seu comando, a Folha abriu suas páginas ao debate democrático e ao movimento que acabaria impondo a realização de eleições livres e diretas no Brasil e o fim do regime militar (1964-1985). Durante esse processo, o jornal se tornou um dos mais influentes do país e conquistou a liderança em circulação, situação que permanece inalterada.


Em novembro último, em conseqüência de uma queda doméstica, Frias foi submetido a cirurgia para remoção de hematoma craniano. Teve alta hospitalar na passagem do ano e desde então vinha se recuperando na casa da filha Maria Cristina. Suas condições clínicas pioraram nas últimas semanas, levando à instalação de um quadro de falência dos rins, a causa mortis.


Segundo o presidente Lula, ‘todos nós ganhamos quando aprendemos as lições de democracia que foram deixadas pelo doutor Frias.’


De seu lado, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso lembrou quando, atingido pelo Ato Institucional nº 5, durante o regime militar, Frias lhe disse: ‘Você continua escrevendo’ [na Folha, onde FHC era colaborador]. ‘E eu continuei, apesar de que isso não era bem visto naquela ocasião.’


Foi um enterro tão discreto quanto o publisher da Folha em vida. A garoa que caiu logo cedo deu o tom das homenagens -pronunciadas a meia voz, em rodinhas pequenas de pessoas que com ele conviveram em algum momento.


Não se ouviram discursos. Não houve aplausos. O caixão desceu silenciosamente à sepultura às 12h20. Nessa hora, o sol aparecia.’


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Lula diz que Diretas-Já não teriam existido sem Frias


‘‘Sem o Frias, não teria havido aquela campanha’, disse o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, referindo-se ao empresário Octavio Frias de Oliveira e ao engajamento da Folha no movimento por Diretas-Já no Brasil, entre 1983 e 1984.


Depois de qualificar a morte de ‘seu’ Frias como ‘uma perda irreparável para a imprensa brasileira’, o presidente Lula disse que foi ele um dos ‘pilares do sucesso da campanha’ por diretas que ganhou as ruas.


‘Ele conseguiu fazer da Folha de S.Paulo um jornal quase obrigatório para aqueles que queriam ler uma imprensa isenta, um imprensa crítica. A atitude da Folha era exatamente essa: ela sempre se pautava por não ser chapa-branca, mas também não deixava de reconhecer as coisas que o governo fazia’, disse Lula, após chamar de ‘extraordinária’ a cobertura da Folha durante o movimento pelas diretas e elogiar também a atuação do jornal durante as greves no ABC paulista no final dos anos 70.


‘Espero que tenhamos aprendido um pouco com os gestos simbólicos de democracia apresentados pelo dr. Frias na Folha’, disse o presidente.


Antecessor de Lula, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) também evocou suas memórias para ilustrar a ‘coragem’ e ‘a perseverança’ de Frias no esforço pela redemocratização. No governo Geisel (1974-79), lembrou, Frias resistiu a pressões dos militares, mantendo FHC, entre outros, na equipe de colaboradores do jornal.


‘Frias tinha realmente o espírito independente, ele sempre foi assim, um homem sarcástico, irônico, com a inteligência muito viva’, disse.


FHC lembrou dos almoços na Folha. ‘Muito freqüentemente a gente fazia aqueles almoços com convidados. Geralmente, as perguntas mais embaraçosas, mais percucientes, que iam direto ao ponto, eram de Frias. Frias foi realmente uma pessoa notável’, afirmou.


O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), que cancelou compromissos nos Estados Unidos para voltar ao Brasil a tempo do velório de Frias, lamentou a perda.


‘Perco um de meus melhores amigos, uma pessoa com quem trabalhei durante vários anos, e dele aprendi bastante. Chegou a ser conselheiro em momentos difíceis, ou complicados, ou de decisões importantes. Sempre tive a amizade, a sensatez, a disposição dele, das suas opiniões, de maneira bastante franca, afetuosa’, disse Serra, que voltaria ontem à noite para os EUA.


Para a ministra do Turismo, a ex-prefeita paulistana Marta Suplicy (PT), a perda também foi pessoal. ‘Era uma pessoa que eu admirava. Um grande empreendedor. Tinha visão, dinâmico, construiu muita coisa. É uma perda grande. Para mim, pessoalmente também. Eu gostava dele’, disse a ministra.


O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM, ex-PFL), ressaltou o papel da Folha na redemocratização do país. ‘Devemos a ele [Frias] a democracia em que vivemos, a liberdade dos meios de comunicação.’


Curiosidade


A curiosidade de Frias foi destacada ainda por outras pessoas que prestaram homenagem ao empresário. ‘Não esqueço a firmeza e a sagacidade das perguntas’, afirmou o ministro das Comunicações, Hélio Costa (PMDB), também referindo-se aos almoços na sede do jornal.


‘Ele foi o maior perguntador que já conheci: 90% do tempo estava fazendo perguntas. Era um homem muito interessado’, disse Luiz Furlan, ex-ministro do Desenvolvimento do governo Lula.


‘Ele estimulava as opiniões divergentes para tomar as suas decisões. Isso era sábio’, afirmou o deputado federal Fernando Gabeira (PV-RJ), colunista da Folha.


‘Frias era muito gentil. Até eu, que era um simples sindicalista, ele tinha tempo de receber e falar’, disse o deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho da Força.’


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Presidente decreta luto oficial de três dias


‘O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decretou luto oficial de três dias, a partir de ontem, pela morte do empresário e publisher da Folha Octavio Frias de Oliveira.


Em todo o país, nesse período, a bandeira brasileira terá de ficar a meio-mastro em repartições públicas, estabelecimentos de ensino e sindicatos.


O decreto de luto oficial é uma prerrogativa do presidente da República ‘em face de notáveis e relevantes serviços prestados ao país’ pela personalidade morta.


As sessões do Senado e da Câmara ontem foram dominadas por discursos em homenagem ao empresário.


O senador Cícero Lucena (PSDB-PB) e o deputado Mauro Benevides (PMDB-CE) fizeram requerimentos de voto de pesar pelo falecimento. Lucena destacou ‘o papel pioneiro e visionário’ de Frias na modernização da mídia brasileira e o ‘apoio incondicional’ à redemocratização do país.


Para o senador Cristovam Buarque (PDT-DF), Frias foi uma das figuras públicas que mais contribuíram para o Brasil no século 20. ‘Trata-se de um jornal que trouxe para o cenário nacional a denúncia do quadro social. A Folha de S. Paulo não se acomodou depois que chegou a democracia.’


Na abertura do Fórum de Desenvolvimento Sustentável 2007, ontem, em Nova York, o senador José Sarney (PMDB-AP) pediu aos cerca de 150 participantes do evento que fizessem um minuto de silêncio em homenagem ao empresário.’


***


Homenagem a empresário atrai 4 gerações de jornalistas


‘Quatro gerações de jornalistas e alguns dos principais empresários de mídia do país compareceram ao enterro de Octavio Frias de Oliveira. Passaram pelo cemitério Gethsêmani, entre outros, João Roberto Marinho, vice-presidente das Organizações Globo, Ruy Mesquita, membro do Conselho de Administração e diretor de Opinião do Grupo Estado, Elio Gaspari, Boris Casoy, Joelmir Beting, Lilian Wite Fibe, Luis Nassif e Alberto Dines.


Também estiveram no enterro três ex-ombudsman da Folha (Caio Túlio Costa, Mario Vitor Santos e Marcelo Beraba) e Carlos Eduardo Lins da Silva, ex-diretor-adjunto do jornal.


João Roberto ressaltou o que considera ser a principal contribuição de Frias de Oliveira para a história do jornalismo brasileiro: ‘Ele foi um grande reformista na imprensa e deixou lições para todos nós’, disse, especificando que as lições tratam de ética e jornalismo.


Para ele, Frias de Oliveira tinha muitas afinidades com seu pai, o jornalista Roberto Marinho (1904-2003), o criador das Organizações Globo: ‘Meu pai foi um jornalista com alma de empresário e o sr. Frias, um empresário com alma de jornalista. O curioso é que meu pai não gostava de ser chamado de empresário e sim de jornalista, e o sr. Frias não gostava de ser chamado de jornalista e sim de empresário. Os dois se davam muito bem’.


O empreendedor


Ruy Mesquita destacou a visão empresarial de Frias de Oliveira: ‘Um grande empreendedor que transformou um jornal inexpressivo e decadente num dos maiores jornais do país’.


Na véspera do enterro, Nelson Sirotsky, presidente da ANJ (Associação Nacional de Jornais) e diretor-presidente do grupo RBS, havia dito: ‘Temos que reverenciar a grande contribuição que deu para a democracia do país. Ele sempre foi muito próximo de todas as causas voltadas à liberdade’.


Dois jornalistas hoje famosos, Lilian Wite Fibe e Joelmir Beting, e o quadrinista Mauricio de Souza lembraram da importância de Frias de Oliveira no início de suas carreiras.


‘Ele me inventou como jornalista econômico. Juntos nós criamos a editoria de Dinheiro da Folha. Ele é meu pai profissional em todos os sentidos’, contou Beting.


Wite Fibe disse que foi Frias de Oliveira quem lhe deu o primeiro emprego, nos anos 70: ‘Eu estava pensando como ele foi importante para a minha carreira, eu não sei o que teria sido da minha carreira se não fosse ele’.


Boris Casoy, editor-chefe da Folha entre 1977 e 1984, contou um episódio para ressaltar a generosidade e o humor de Frias de Oliveira: ‘Uma noite, depois de um dia de trabalho muito extenuante, pegamos o elevador no nono andar, onde ficava o escritório dele, e o elevador parou no terceiro. Surgiu uma figura enorme, gorda, extenuada, suando. O seu Frias estava com um safári amarelo e o sujeito disse: ‘Térreo’. Eu pensei assim: lá vem esporro, mas o seu Frias disse ‘pois não’ e apertou o térreo. Depois que chegamos eu perguntei por que ele deixou que o sujeito falasse assim com ele e ele falou: ‘Deixa ele ser feliz por um instante’.


Crença no mercado


Nassif, ex-colunista da Folha, disse ter admiração pela forma pela qual Frias de Oliveira encarava o mercado: ‘A Folha virou o paladino das Diretas nos anos 80 e ele virou um paradigma da imprensa brasileira atuando de acordo com a lógica capitalista, não era por ideologia. Ele percebia que a imprensa tinha de repercutir o que a opinião pública sentia e percebia que você tinha de ter diversidade no jornal’.


Alberto Dines, que chefiou a Sucursal do Rio da Folha nos anos 70 e foi colunista do jornal, afirma que a maior contribuição de Frias de Oliveira foi a guinada jornalística que promoveu no regime militar: ‘Ele fez uma revolução de conteúdo. Criou uma página de opinião durante a autocensura e em seguida criou a página 3, que virou um paradigma: não há hoje nenhum grande jornal brasileiro que não tenha duas páginas de opinião, a própria e a de convidados’.


Mauricio de Souza, cujos personagens foram publicados pela Folha pela primeira vez, afirmou que a ajuda de Frias de Oliveira e do sócio Carlos Caldeira Filho foi decisiva para o sucesso da Turma da Mônica. ‘Começar dentro de um jornal fez a diferença. Eles me apoiaram inclusive financeiramente. Eu não tinha recurso, e eles permitiram que eu ficasse num prédio vizinho que era deles, pagando uma coisa simbólica.’


Roberto Dualibi, sócio-diretor da DPZ, afirmou que Frias de Oliveira sempre prestigiou os publicitários e as agências de publicidade: ‘Ele levava a sério a recomendação de Henry Luce, o fundador da Time: ‘Se você fizer um veículo de comunicação pensando no anunciante, perderá os leitores e os anunciantes. Se fizer o jornal pensando no leitor, ganhará leitores e anunciantes’.’


***


Repercussão


‘DOM PAULO EVARISTO ARNS, 85, arcebispo emérito de SP:


‘Octavio Frias, o amigo de minha primeira hora como arcebispo, em 1970. Foi sempre, até o final de seus dias, o animador dos que lutaram pela democracia, o direito e a liberdade em SP. Seu jornal era também a nossa Folha.’


LÁZARO BRANDÃO , 80, presidente do Conselho de Administração do Bradesco:


‘Aprendemos a respeitá-lo, pela determinação, pela maneira como conduzia os negócios. E deixou uma lição inquestionável de vida, demonstrou tenacidade enorme no sentido de altruísmo.’


LYGIA FAGUNDES TELLES , 84, escritora


‘Um homem digno e tão profundo nas suas convicções. Tenho dele uma lembrança muito generosa. Era um batalhador, com tanta vocação, convicto nas suas idéias num país onde a palavra escrita foi para o brejo.’


DOM CLÁUDIO HUMMES, 72, ex-arcebispo de SP e atual ‘ministro’ do papa na Congregação para o Clero, em Roma:


‘Octavio Frias foi um homem que abriu seu jornal para as mais variadas tendências da democracia. Guardo a imagem de um homem que buscava a excelência em tudo o que fazia.’


ANTÔNIO ERMÍRIO DE MORAES, 78, empresário:


‘Frias era muito curioso e sempre fazia muitas perguntas, mas sempre com boa intenção. Sinto muito essa perda. Peço a Deus, e creio que serei atendido, que os herdeiros mantenham o jornal como sempre foi: correto e independente.’


LAUDO NATEL , 86, ex-governador de São Paulo:


‘Fui muito amigo do Frias e acompanhei a vida profissional dele desde o tempo em que adquiriu a Folha. É uma perda muito grande, não só para a imprensa mas também para o nosso país.’


GUIDO MANTEGA, 58, ministro da Fazenda:


‘A vida de Octavio Frias se confunde com a luta pela democracia e pelas liberdades do país, e o seu principal legado foi o de ter construído o maior jornal do país.’


DELFIM NETTO, 79, ex-ministro da Fazenda:


‘A maior qualidade de Frias era sua independência. Como empresário, ele revolucionou a imprensa brasileira. É uma grande perda.’


RUBENS RICUPERO, 70, ex-ministro da Fazenda


‘Venho para acompanhar à última morada um amigo querido, generoso, de grande humor. Minha homenagem é, sobretudo, ao ser humano, e também ao grande jornalista, ao grande brasileiro.’


JOSÉ MINDLIN , 92, bibliófilo, ex-empresário:


‘Octavio Frias de Oliveira era uma pessoa extremamente agradável e competente. A gente tinha confiança nele, sabia que a publicação sempre seria cuidadosa. Frias vai ficar na história.’


MARTA SUPLICY, 62, ministra do Turismo:


‘Tinha uma relação pessoal muito boa com ele. Era uma pessoa que eu admirava. Sinto que foi um grande empreendedor. Era uma pessoa que tinha visão, dinâmico, construiu muita coisa. Acho que é uma perda grande. Para mim, pessoalmente também. Eu gostava dele.’


OLAVO SETUBAL, 84, presidente do Conselho de Administração do Banco Itaú:


‘Octavio Frias de Oliveira serviu e continuará servindo de exemplo a todos. Foi protagonista ímpar da modernização da mídia brasileira. Perdi um bom amigo e, com seu falecimento, perdem o Brasil e a imprensa. Mas fica a certeza de que os frutos de seu trabalho continuarão sendo semeados.’


ANTONIO CARLOS VALENTE, 54, presidente do Grupo Telefônica:


‘Comandada por ‘seu’ Frias, a Folha de S.Paulo não só produziu uma marcante inovação no jornalismo brasileiro como também constituiu-se em agente de fundamental importância na redemocratização do Brasil. Todos aqueles que prezam os valores democráticos sentem, junto com sua família e seus amigos, a perda desse grande brasileiro.’


EDEVALDO ALVES DA SILVA, 72, fundador da FMU:


‘O Brasil acabou de perder uma de suas maiores personalidades. Um homem excepcional, extraordinário, que realmente levou uma mensagem de simplicidade, de amor e de esperança. Este jornal, que conta as verdades das verdades, é o pensamento extraordinário do nosso grande Frias’


RONALDO MARZAGÃO, 58, secretário da Segurança Pública de SP:


‘Todo cidadão brasileiro é dele devedor.’


MARCO MACIEL (DEM-PE, ex-PFL), 66, senador e ex-vice-presidente da República:


‘A morte de Frias priva o Brasil do fulgor de sua inteligência e de sua fecunda contribuição ao país. Ele transformou a Folha em diversificado território de debate de todas as questões nacionais, pois era dotado de forte sentimento de brasilidade.’


JORGE PAULO LEMANN, 68, um dos principais acionistas da InBev:


‘Foi um sujeito excepcional. O que eu mais gostava nele, além de ter sido grande empreendedor, era a sua curiosidade e o seu entusiasmo em fazer coisas. O jornal que ele conseguiu montar, abrindo espaço para todas as correntes, é uma marca do grande empreendedor que foi.’


ORESTES QUÉRCIA, 68, ex-governador de SP


‘Frias cumpriu a responsabilidade com a família, com o trabalho e com o país. Fez um grande jornal.’


CARLOS ALBERTO CERQUEIRA LEMOS, 81, arquiteto, professor da FAU da USP:


‘Frias foi o homem mais inteligente que eu conheci. Dono de uma sensibilidade e uma rapidez incríveis.’


MANUEL ALCEU AFFONSO FERREIRA, 63, advogado:


‘Era uma grande alma e uma grande figura’


HENRY SOBEL, 63, rabino da Congregação Israelita Paulista:


‘Frias engrandeceu e enriqueceu a democracia no Brasil’’


LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA , 72, ex-ministro da Fazenda:


‘Um homem extraordinário, grande empresário e grande jornalista. Queria transformar a Folha num jornal independente e que refletisse a sociedade. Era uma abordagem de empresário, mercadológica, mas política. Como se o jornal fosse da sociedade, não dele.’


D. GERALDO MAJELLA, 73, presidente da CNBB:


‘É um expoente da imprensa do Brasil e marcou, com sua vida, com sua pena, um momento de tanta importância para o país. No Brasil que experimentou dias difíceis no governo de exceção e depois a volta à democracia, foi alguém que ajudou o país a se refazer.’


FABIO BARBOSA, presidente do ABN Amro Real e da Febraban (Federação Brasileira dos Bancos):


‘Octavio Frias foi sempre um batalhador e um astuto observador da evolução dos acontecimentos. Uma grande perda, mas seu senso crítico está perpetuado na postura dos jornais que criou.’


IVES GANDRA DA SILVA MARTINS, advogado, membro da Academia Paulista de Letras:


‘Houve um momento em que ele foi avalista da democracia no Brasil. Foi na época da invasão da Folha. O governo Collor estava num crescendo ditatorial e ele decidiu enfrentar. A Folha resistiu e então o Collor começou a recuar.’


CLAUDIO LEMBO, 72, ex-governador de São Paulo:


‘Conheci o seu Frias por volta de 1970 através do Claudio Abramo. Ele me chamava às vezes para trocar idéias. Ele sempre saía perdendo, mas eu aprendia muito. Era um homem extraordinário e um grande democrata. O Brasil perde muito.’


PAULO MALUF, deputado federal PP-SP:


‘Ele deixa a marca da ética, da eficiência, do amor ao seu país e da verdade. Inovou no jornalismo. Nunca houve uma notícia sobre alguém sem que esse alguém não tivesse sido ouvido e a gente tivesse o outro lado.’


ABRAM SZAJMAN, presidente da Fecomercio:


‘Fui amigo de Frias. Ele conseguiu por meio de seu jornal ser um autêntico democrata, abrindo seu jornal para que as oposições se manifestassem. A democracia deve um tributo a Octavio Frias.’


LUIZ SALES, publicitário:


‘Ele era empresário e jornalista, gostava de ser chamado de empresário, mas na realidade ele foi um grande empresário que conseguiu fazer um grande jornal, moderno, atuante, independente. Acho que o país deve muito à história do seu Frias.’


CELSO LAFER, ex-chanceler:


‘Seu Frias era clara expressão de uma razão vital, tinha extraordinária vivacidade e capacidade, não só empreendedora, mas de perceber aquilo que estava acontecendo em sua volta. Foi, sem dúvida, um renovador da imprensa brasileira.’


ROBERTO DUAILIBI, sócio-diretor da DPZ:


‘Frias sempre prestigiou os agentes de publicidade e os publicitários. Ele levava a sério a recomendação de Henry Luce, o fundador da Time: ‘Se você fizer um veículo de comunicação pensando no anunciante, perderá os leitores e os anunciantes. Se fizer o jornal pensando no leitor, ganhará leitores e anunciantes’.’


MARCOS VILAÇA, 66, presidente da ABL:


‘Com a morte de Octavio Frias, o Brasil perde a figura exemplar de um notável empreendedor, e a Academia Brasileira de Letras, um grande amigo.’


JORGE BORNHAUSEN, ex-senador do DEM-SC:


‘Era um extraordinário e fascinante cidadão, tinha um grande espírito público, era empreendedor e, sobretudo, amava a verdade e defendia de todos os modos a democracia. Perdemos todos.’


ARMANDO MONTEIRO NETO, presidente da Confederação Nacional das Indústrias:


‘O sr. Frias foi uma referência como empresário e empreendedor extraordinário e por sua contribuição para que o Brasil pudesse ter uma imprensa moderna e de qualidade.’


JOSÉ CARLOS DIAS, 68, advogado criminalista, ex-secretário da Justiça de SP ex-ministro da Justiça:


‘Acabo de receber a notícia. Estou ausente de São Paulo. Fiquei profundamente chocado porque o Brasil perde um grande homem de imprensa e eu perco um grande amigo.’


ALOIZIO MERCADANTE, 52, senador do PT: ‘Seu Frias era a notícia. Tudo nele expressava um profundo interesse pela notícia, pelos rumos do país e pela evolução da humanidade. É uma grande perda para a cultura brasileira. Conversar com ele era sempre um aprendizado, um inesquecível aprendizado. Fará falta, muita falta à democracia brasileira.’


HÉLIO COSTA, ministro das Comunicações:


‘Dr Octavio era uma referência para o jornalismo e, evidentemente, para os empreendimentos editorais no país e no hemisfério. Nós todos, que acompanhamos a carreira do dr. Octavio e a obra que ele deixa, ficamos extremamente preocupados, sobretudo porque ele sempre foi uma pessoa que teve o equilíbrio que nós gostamos de ver’


JULIO NEVES, 74, diretor-presidente do Masp:


‘Octavio Frias de Oliveira foi conselheiro vitalício do Masp [Museu de Arte de São Paulo] e sempre nos apoiou muito em tudo o que fizemos. Era um entusiasta da cultura. O Brasil perde um benfeitor.’


RODRIGO CÉSAR REBELLO PINHO, 50, procurador-geral de Justiça do Estado de São Paulo:


‘Octavio Frias de Oliveira construiu um dos jornais mais importantes do país e teve uma participação direta na redemocratização do Brasil. Basta lembrar seu apoio à campanha Diretas-Já.’


MILÚ VILELA, presidente do Faça Parte – Instituto Brasil Voluntário, além de presidente do MAM (Museu de Arte Moderna) e do Instituto Itaú Cultural:


‘Seu Frias era uma pessoa incrível. Acho que ele marcou esse país, primeiro ajudando na redemocratização; segundo, sendo um grande jornalista, que marcou todos os acontecimentos importantes do nosso país, cobrindo de uma maneira correta e exata e com grande patriotismo. Vai deixar muita saudade’


JOSÉ ARISTODEMO PINOTTI, 72, secretário de Ensino Superior de São Paulo:


‘Era um grande amigo. Suas marcas registradas eram a simplicidade, a ética e a generosidade. Deixou um legado espantoso, não só o tangível, mas também o da independência.’’


***


Multimídia


‘New York Times (EUA)


Octavio Frias, líder do setor de midia do Brasil, morre


Segundo o jornal, Octavio Frias liderou abertura da imprensa durante a ditadura militar, permitindo que críticas ao regime aparecessem na Folha.


El Tiempo (Colômbia)


Morreu o empresário Octavio Frias de Oliveira, dono do grupo midiático Folha


O diário retrata que o empresário foi protagonista da modernização da imprensa brasileira na segunda metade do século e pertenceu a uma geração de pioneiros dos quais era um dos últimos remanescentes.


El Mercurio (Chile)


Aos 94 anos, morre dono do diário brasileiro Folha


Segundo o jornal, depois de remodelar o funcionamento da Folha e convertê-lo no principal diário do país, o empresário foi reconhecido nacional e internacionalmente por sua inovação aplicada aos meios impressos.


Milenio (México)


Morre Octavio Frias de Oliveira, editor da Folha


Reportagem aponta que sua trajetória foi marcada pela inovação e pela persistência em manter a independência da Folha em relação a governo e aos interesses econômicos.’


José Serra


‘Seu’ Frias


‘Naquela época, 1979, ainda não havia fax nem e-mails. Era uma véspera de feriado e recebi em casa telefonema do ‘seu’ Frias: era necessário fazer um editorial sobre determinado assunto. Estava saindo do jornal e não podia me esperar. Analisamos o tema e ele não teve dúvida: ‘Você está em casa? Não é tão fora de mão, vou passar aí. Até eu chegar você escreve.’


O proprietário da Folha, que supervisionava ele próprio a equipe de editorialistas do jornal, tinha esse lado prático, que dispensava maiores liturgias. Mas havia outros lados na sua personalidade e no seu estilo, um verdadeiro poliedro, que me encantavam, e que descobri logo nos primeiros meses de uma convivência de quase três décadas.


Ele era extremamente pragmático sem ser oportunista. Tinha a inteligência emocional dos que não sentem inveja e uma curiosidade intelectual e prática de quem tem prazer de aprender. Junto à isso, a austeridade, a discrição, a falta de vaidade, a capacidade de evitar ressentimentos e a valorização da competência dos outros.


Possuía convicções democráticas consolidadas e era moderno antes dessa palavra tornar-se um acessório em geral sem significado.


Tais convicções se projetavam no seu ambiente de trabalho. Nos quatro anos em que escrevi editoriais na Folha, jamais vi alguém sofrer qualquer imposição de idéias, nem muito menos doutrinas. Não raramente seu Frias era ‘derrotado’ na discussão de algum texto ou tema. Quando ‘ganhava’ a discussão, era na base de lógica, argumentos e fatos, jamais de interesses disfarçados ou imposições hierárquicas.


Fui apresentado a ele por Cláudio Abramo, no início de 1979. Eu era professor da Unicamp e pesquisador do Cebrap. Havia regressado ao Brasil no ano anterior, depois de 14 anos de exílio. Escrevi então alguns artigos para a pág. 3 da Folha e, em seguida, fui convidado a integrar a equipe de editorialistas, sem largar os outros empregos.


Cláudio e Frias haviam decidido contratar intelectuais para a área, aprofundando um entrelaçamento entre o mundo acadêmico e a Folha, iniciado com a seção ‘Tendência/Debates’. Na primeira conversa, chamei-o de dr. Frias, e ouvi: ‘Deixe pra lá, não sou doutor de nada’.


A docência e a pesquisa correspondiam à minha vocação e minha profissão. Mas escrever três ou quatro artigos por semana, como opinião de um grande jornal, foram para mim na época uma novidade excitante, e, acima, de tudo, uma excepcional fonte de aprendizado, indissociável da presença do Octavio Frias.


Olhando em perspectiva, essa experiência foi decisiva para minha reintrodução ao Brasil, depois passar, de forma compulsória, três quartos da vida adulta no exterior.


O trabalho de escrever, e seguir tudo o que de mais relevante acontecia no país na fase final do regime militar, era acompanhado de duas atividades prazerosas: Os almoços, onde via e ouvia políticos e personalidades da época, e as conversas com ‘seu’ Frias, depois de terminados os trabalhos do dia, para mim fontes de infinito aprendizado sobre o país e a vida.


Nelas, ouvi várias das histórias que fizeram parte do livro a seu respeito, do Engel Paschoal. Aliás, um bom livro. Eu aprendia com ele também sobre imprensa -via como supervisionava o jornal, como trabalhava com as pessoas e com as notícias. Ele era o melhor repórter da Folha, sempre atento à novidade e ao essencial dos fatos e as idéias novas, como a do Datafolha. Só deixei o trabalho quando fui para o governo Montoro, em 1983. Aliás, o Frias e o Montoro, pessoas tão diferentes, tinham uma coisa em comum: não perdiam seu tempo falando mal de alguém.


Deixei o jornal mas permaneceram a convivência e a amizade com ‘seu’ Frias, que resistiu à complexa e sensível relação entre um jornal como a Folha e um político, já que eu me tornara um deles, e por isso objeto de notícias, críticas e avaliações.


Desde 1983, sempre que não exerci funções no Executivo, fui colunista semanal na página dois da Folha. A cada mês ouvia seus elogios e suas críticas; exigente, sempre querendo mais e melhor. Nunca senti qualquer insinuação de desagrado, pelo contrário, até estimulava quando eu escrevia para outros jornais, concorrentes de peso. Sempre o ouvi antes de tomar qualquer decisão importante sobre meu futuro político, embora nem sempre seguisse sua opinião.


Além da sinceridade e do afeto que demonstrava, ele sabia ir ao essencial do assunto, e, acima de tudo, falar com franqueza. Também sabia separar as coisas e respeitar o leitor do seu jornal.


Octavio Frias era o último dos mortais que gostava de contar vantagem. Mas havia uma exceção: quando falava da independência do seu jornal, que abria suas janelas para opiniões diferentes e até contraditórias, sem preconceito e também sem medo.


Que, no noticiário, não tinha amigos nem inimigos. Aliás, aqui se define uma assimetria entre ele e o seu jornal. Octavio Frias tinha amigos, muitos. Inimigos não. Seria pouco prático. Vamos sentir muita falta dele.


JOSÉ SERRA , 65, economista, é o governador do Estado de São Paulo. Foi senador pelo PSDB-SP (1995-2002), ministro do Planejamento e da Saúde (governo FHC) e prefeito da cidade de São Paulo (2005-2006)’


Oscar Niemeyer


Um amigo que desaparece


‘Com a morte de Octavio Frias é mais um amigo que desaparece para sempre. Uma triste perda que, com a idade, a vida multiplica e impõe.


Não guardo apenas deste querido companheiro os momentos de satisfação, que, com as obras já realizadas -dentre elas o Copan-, juntos desfrutamos, mas a alegria natural que, ao nos encontrarmos, sentíamos, jovens e otimistas diante da vida, para nós ainda cheia de promessas.


Mas o tempo correu e, mais realista, lembro, consternado, aqueles velhos tempos, os encontros em São Paulo, os restaurantes que freqüentávamos, as despedidas inevitáveis -ele a me acenar de longe, risonho, com sua farta cabeleira branca, sem sabermos que tais encontros nunca mais iriam acontecer.


OSCAR NIEMEYER , 99, arquiteto, é um dos criadores de Brasília (DF)’


José Sarney


Ousado e solidário


‘Jamais esperei que, chegando a Nova York, me aguardasse, sem possibilidade de voltar, a notícia da morte de Octavio Frias, um dos maiores amigos de minha vida, com quem desfrutei, sem limites, durante meio século, o gosto da convivência, do querer-bem, da intimidade da conversa, do encontro sem censuras, da alegria pura da palavra amigo.


Com o longo caminhar de nossas vidas, pelo fenômeno tão atual da compressão do tempo, sua geração foi aproximando-se da minha e, ao fim, nos sentimos quase contemporâneos de juventude, de infância, de velhice. Os fatos, as pessoas, a história do Brasil, os episódios que testemunhamos, as elevadas expectativas nos tempos bons e as decepcionantes frustrações dos momentos ruins que o país viveu, desfilavam em nossas existências com a força da experiência que acrescenta sabedoria à vida. O nosso ponto de observação ficou um só, e a nossa visão de tudo ficou igual. Até eu mesmo me esquecia de mim e, nas nossas análises e comentários, sentia-me na terceira pessoa.


Octavio Frias foi o último dos grandes construtores da imprensa moderna brasileira. Com ele morre uma geração que teve a oportunidade excepcional de assistir a uma revolução tecnológica da comunicação. De impactar-se com ela e nela integrar-se.


Ninguém mais do que ele teve a sensibilidade para assimilá-la e aderir à modernidade. Aí foi o grande inovador, o pioneiro que renovou o jornalismo na feição gráfica, no estilo, na linguagem, fazendo da Folha um jornal de opinião, aberto a todos os pluralismos e a modificações de linguagem e experiências gráficas, no exercício permanente da transformação.


Sem sua liderança, sua coragem, sua determinação, seu despojamento de vaidade, sua simplicidade, sua argúcia, por mais geniais que fossem seus colaboradores, este processo não se tornaria viável.


Ele não transigia e, com serena coragem, sustentava a estratégia. Frias tinha como ninguém a crença de que o jornalismo tem a sagrada missão de ser a voz crítica do povo, que, por ser o barro da sociedade , não participa nem opina nas decisões. Foi assim que Jefferson criou a liberdade de imprensa.


Foi assim que Octavio Frias foi jornalista. Nunca colocou um milímetro de seu poder a serviço da vaidade pessoal. Era simples e despojado.


Gostava dele com devoção, com querer-bem. Lágrima, para mim, nesta hora, não é retórica nem metáfora. Ele fazia parte do nosso universo sentimental. Há cinqüenta anos começou essa empatia documentada na lembrança dos nossos primeiros contatos, quando eu era um jovem governador do Maranhão e ele ficou interessado pelo projeto de educação João de Barro, o passarinho que faz sua casa, que eu executava com a comunidade nas paupérrimas zonas rurais do Maranhão.


Com a morte de Octavio Frias, o Brasil perde um grande valor de sua paisagem humana. Ele exercia com dignidade a regência moral desse jornal de opinião que leva a marca de sua obstinada e austera vida.


Octavio Frias escolheu o fim de um domingo para morrer: quando a Redação fica vazia, as páginas fecham cedo, as pessoas estão ausentes. Era o seu jeito de viver, foi o dia de morrer. Simples, humilde, desejoso de não ser a manchete principal do dia de sua maior circulação.


Há alguns dias quis visitá-lo. Ele já estava perto de sua viagem eterna. Manteve até o fim o seu jeito de ser. Vigiava com uma técnica especial tudo que acontecia no jornal, até mesmo os colaboradores. Não eram raras suas mensagens de incentivo em temas bem tratados, o que importava em sentir o seu silêncio. Era um tipo de controle.


Em 1990, saí da Presidência cercado de um grande patrulhamento. Nessa época, recebo uma chamada do Frias, convidando-me a ser colunista do jornal, como já fora nos princípios dos anos 80. Era um gesto ousado e de solidariedade. Contou-me ele que a Redação, quando soube, quase entra em greve. Passados os anos, as pesquisas de leitores foram generosas comigo. Frias contou-me então que os críticos diziam: ‘o velho é que tinha razão’.


A Folha passa a ter sempre uma sala vazia, sem o Frias a enfrentar o interlocutor, com seu método de instigantes e agudas perguntas, do repórter do bem-comum, sempre preocupado com o presente e o futuro. À tristeza de uma noite de domingo em uma grande cidade, agreguei uma tristeza maior da perda de um brasileiro que fará falta ao Brasil.’


Vinicius Torres Freire


Sr. Frias, história e temperamento


‘OCTAVIO FRIAS de Oliveira adquiriu esta Folha alguns dias depois de fazer 50 anos.


Era então um empresário experiente, que conhecera fracasso e sucessos, que empreendera em áreas tão diversas como finanças ou serviços. Mas dizia pouco saber do negócio jornalístico na época.


De resto, para o sr. Frias, como o chamamos nesta casa, o jornal seria uma empresa como tantas outras que fundara ou desenvolvera. Seria? Melhor dizer que, sim, o jornal acabou por ser uma empresa como qualquer empresa capitalista, embora de longe a de maior sucesso entre suas iniciativas.


Mas afirmar que o papel do sr. Frias na renovação do jornalismo brasileiro foi desenvolver um empreendimento jornalístico capaz de perpetuar-se de modo independente do favor político significa ignorar várias dimensões da atuação do empresário. Porém a intransigência na defesa da autonomia financeira, política e editorial da empresa, além de não ser norma na história dos jornais até os anos 60, criou a infra-estrutura que permitiu o experimento editorial da Folha a partir dos anos 70.


Mais, tal intransigência refletia muito do temperamento e, em parte, da formação de Octavio Frias de Oliveira. Para quem o conheceu, é difícil desembaraçar traços fortes da personalidade do sr. Frias daquelas que seriam algumas bases do projeto editorial da nova Folha.


Parece evidente que a modernização dos jornais acompanhou a modernização econômica e social do país, para o bem e para o mal, derivada do ciclo de desenvolvimento do final dos anos 60 e 70. A multiplicação de centros de poder tornou o país mais complexo e isso teve seu peso na diversificação de interesses políticos, mesmo entre a elite econômica.


O ‘aggiornamento’ econômico, tecnológico e administrativo e a nova complexidade política e social engolfariam ou influenciariam decerto a atitude empresarial; também da empresa jornalística.


Mas, mesmo dadas as condições, é preciso que alguém trate de conduzir as mudanças na prática.


No caso da história do jornal brasileiro, sr. Frias foi o catalisador da mudança. Era um empresário ‘self made’, avesso ou indiferente aos preconceitos tradicionais da elite que veio a pertencer por mérito individual, e não por recursos ou ‘capital social’ herdados. Cético e muito pragmático, era, por assim dizer, psicológica e congenitamente liberal. Sr. Frias tinha um interesse genuíno pela opinião alheia e por fatos e inovação; tinha aversão a dogmatismos e a teorias gerais do universo. ‘Ouvir o outro lado’, bordão de qualquer jornalismo profissional mas que se difundiu nestas terras com o Projeto Folha, era do seu temperamento.


Tal disposição de espírito, o gênio de depreender as conseqüências políticas, culturais e jornalísticas da nova configuração do país e a percepção de que a inovação editorial criaria uma nova marca no jornalismo (e, ressalte-se, a independência econômica da empresa) levaram o sr. Frias a reformular a Folha antes do projeto que seria formalizado, explicitado e acelerado nos anos 80 por seus filhos.


A Folha passou a publicar intelectuais e jornalistas banidos. Tornou-se um centro do debate político, mas adotaria a atitude até então quase excêntrica de ser um jornal apartidário, pluralista e crítico por meio da investigação jornalística.


A empresa e seu projeto editorial resultam desse encontro de vicissitudes históricas com a têmpera e o talento de um grande empresário inventivo e cidadão liberal de fato.’


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


O show armado


‘Enquanto CUT e Força fazem seus shows abraçadas ao governo, a Venezuela e a Bolívia pegam em armas. Segundo o ‘Financial Times’, Hugo Chávez vai enviar ‘soldados e talvez um ou dois de seus jatos russos para os campos de petróleo do Orinoco’. Mas, ‘retórica bombástica à parte’, será ação de ‘pouco significado real’, pois as estatizações foram acertadas com as multinacionais. É ‘posse simbólica’, para ‘relançar o nacionalismo petroleiro’, confirma o ‘Le Monde’.


Evo Morales dá sinais mais vagos. A negociação com a Petrobras parecia seguir bem até ontem, quando a estatal brasileira soltou nota, ecoando no argentino Infobae e outros sites financeiros, em que ‘descarta investir’ mais na Bolívia, dizendo que ‘instrumentos legais afetam diretamente o ambiente de negócios’. De outro lado, noticia o ‘FT’, Morales ‘deve celebrar o 1º de Maio apertando o controle estatal’ de outro setor, as telecomunicações, no caso, a Telecom Italia. O jornal já prevê nova ‘ação legal internacional’.


LULA, O PRUDENTE


O italiano ‘La Reppublica’ derramou-se em elogios à ‘revolução prudente’ de Lula, que ‘está fazendo nascer uma potência’, seu título. Na tradução do monitoramento da BBC para o texto, ‘aquele líder barbudo que por anos foi o espantalho do grande capital acabou virando o presidente que agrada ao mundo das finanças e da indústria’. Agora ‘as empresas crescem, o mercado interno se desenvolve e também os capitalistas’. Entre os exemplos, Gol e Vale.


Mas ‘o país mantém as contradições de sempre’, a começar da desigualdade social.


BRASIL, O RECORDE


O espanhol ‘El País’ vai em outra direção e, desde Buenos Aires, noticia que ‘42% dos homicídios no mundo ocorrem ao sul do Rio Grande’.


‘Brasil, o recorde’ é um título menor do texto, que tem como alvo ‘a concentração de armas em mãos da população civil’, dada como o motivo da liderança da América Latina.


CANA VS. LARANJA


A desculpa em favor do álcool de cana, que não afetaria a produção de alimentos, foi colocada sob suspeita no japonês ‘Yomiuri Shimbun’. Em sua versão em inglês, o jornal diz que o preço do suco de laranja vai subir no país ‘devido sobretudo à elevação do preço no mercado externo, provocada pela troca da produção de laranja por cana’.


É o que diz a Associação de Sucos de Frutas do Japão, citando o Brasil, que detém ‘60% da produção mundial’.


A BOLHA


E são tão ‘rápidos’ os investimentos em ‘energia alternativa’, inclusive biocombustíveis, que ‘os sinais de perigo de bolha já aparecem’, avisa o ‘New York Times’. O investimento saltou de US$ 2 bi em 2005 para quase US$ 6 bi no ano passado. É um ‘terreno escorregadio’ até para empresas que privilegiam tecnologias estabelecidas, como o etanol de milho, cuja margem de lucro estaria caindo.


ANTIPIRATARIA


O blog Chá Quente destaca o lançamento da Associação Anti-Pirataria de Cinema e Música, dirigida por um delegado licenciado da PF. Avisa que ‘o foco é o esquema de chineses (ou coreanos)’ e não ‘quem baixa para consumo próprio’.


‘ESFORÇOS VIGOROSOS’


Da agência AP ao site do ‘Wall Street Journal’, ecoou ontem a nova lista antipirataria dos EUA, que traz China, Rússia e mais dez como alvos principais. Uma novidade é que o Brasil saiu da primeira para a segunda lista, ‘depois de anos’, em reconhecimento pelos ‘esforços vigorosos’ do país no combate à pirataria de propriedade intelectual, Hollywood à frente, como destacou título da BBC Brasil.


FALTA APROVAR


De um lado, o site do ‘WSJ’ noticia que nem tudo é certo na compra da Telecom Italia (TIM) pela Telefónica, pois ‘os reguladores podem não permitir’ tamanho controle do ‘quinto maior mercado de celulares do mundo’, o Brasil.


QUINTAL DE SLIM


De outro, a agência Reuters, em texto do México, avalia que a união Telefónica-TIM ‘desafia o bilionário magnata mexicano das telecomunicações, Carlos Slim, em seu próprio quintal’, a saber, o Brasil, ‘o país-chave sul-americano’.’


INTERNET
Folha de S. Paulo


Yahoo compra empresa de publicidade por US$ 680 mi


‘Em mais um capítulo de sua disputa com o Google, o Yahoo anunciou ontem a compra de 80% da Right Media, empresa de software de publicidade, por US$ 680 milhões. A empresa já possuía os demais 20%, adquiridos em outubro do ano passado por US$ 40 milhões.


A Right Media atua em áreas semelhantes as do DoubleClick, que foi comprado pelo Google por US$ 3,1 bilhões no mês passado, em uma disputa que também envolveu Yahoo e Microsoft.


O Yahoo disse que espera que a companhia recém-adquirida gere uma receita de US$ 70 milhões neste ano, o dobro da do ano passado. De acordo com a empresa, a Right Media, fundada em 2003, ainda não é lucrativa. Fundada na década passada, o DoubleClick tem um faturamento anual de US$ 350 milhões.


Esses investimentos acontecem no momento em que as gigantes da informática apostam cada vez na área de publicidade para continuar crescendo. Nos primeiros três meses deste ano, o Google faturou US$ 3,6 bilhões com venda de publicidade pela internet, e o Yahoo, US$ 1,5 bilhão.’


SP SEM PROPAGANDA
Evandro Spinelli


Lei Cidade Limpa ainda não tem ‘juiz’


‘A lei que restringe a publicidade nas ruas de São Paulo já tem sete meses e a comissão que atuará como ‘juiz’ em dúvidas relacionadas à aplicação da lei ainda não foi nomeada pelo prefeito Gilberto Kassab (DEM, ex-PFL).


A CPPU (Comissão de Proteção à Paisagem Urbana) já existe no papel, mas para que ela comece a funcionar seus integrantes precisam ser nomeados por um decreto do prefeito.


Uma disputa interna, no entanto, está emperrando a definição. A Emurb (Empresa Municipal de Urbanização) criou o projeto de combate à poluição visual e quer continuar a definir os critérios. A Secretaria Municipal da Habitação, no entanto, quer ter o controle da comissão. O secretário de Governo, Clóvis Carvalho, trabalha para resolver a questão.


Essa disputa de poder no governo causa insegurança e indefinição no comércio. Há questões que, como estabelece a própria lei -batizada por Kassab de Lei Cidade Limpa-, dependem da CPPU.


Um exemplo é a situação dos teatros, museus, cinemas e casas de shows.


A lei estabelece regras para teatros e museus, que podem ocupar até 10% da área de sua fachada para anunciar seus eventos. Nos casos de cinemas e casas de shows, a lei é omissa. Ao pé da letra, o cinema não poderia colocar o cartaz do filme na porta do estabelecimento.


Porém, mesmo para teatros e museus há confusão. No anúncio do evento pode ser incluído o nome do patrocinador e apoiadores, por exemplo? A CPPU decidirá essa questão, mas, na prática, a comissão ainda não existe .


Outro exemplo: o que pode ser exibido na fachada dos shoppings? Podem ser incluídos os nomes das lojas que estão lá dentro ou apenas o logotipo do próprio shopping? Qual o tamanho máximo permitido?


A Folha fez uma lista de dúvidas desse tipo e encaminhou à Secretaria das Subprefeituras, responsável pela fiscalização da lei. Em muitos casos, até mesmo a área técnica da pasta tem dúvidas sobre o que deve ser feito.


‘Na dúvida, aguarda, não multa. É isso que eu falo do bom senso dos fiscais. E eles têm tido bom senso’, disse o secretário das Subprefeituras, Andrea Matarazzo.


Regina Monteiro, diretora de Meio Ambiente e Paisagem Urbana da Emurb, no entanto, tem menos dúvidas. Para ela, a CPPU é importante, mas a maioria dos casos já está previsto na lei e no decreto de regulamentação da lei.


Sobre os shoppings, por exemplo, a diretora não tem dúvida: só pode ser usada a logomarca do shopping, mas as empresas que têm fachada para o lado de fora também podem ter propaganda.


Sobre os shoppings, a Secretaria das Subprefeituras tem dúvidas. Em resposta à Folha, a pasta disse que apenas a CPPU poderá responder definitivamente a questão, pois há dúvida se o nome do shopping é considerado anúncio indicativo. Isso porque a lei não considera anúncio os nomes de edifícios e condomínios, e o shopping é um condomínio.


Além disso, as lojas com licença de funcionamento têm direito de anunciar suas atividades, mas não haveria espaço suficiente na fachada para tantas lojas.


Para Matarazzo, as dúvidas existentes em relação à lei são poucas e pontuais, mas ele disse que a instalação da CPPU deve ser definida até a próxima semana.


Regina Monteiro não tem pressa. ‘Não vai fazer diferença nenhuma, porque ninguém vai pôr muito esforço nisso agora. Nós [a Emurb] estamos tirando muitas dúvidas e resolvendo muitas questões mesmo sem a CPPU instalada.’


NA INTERNET – Veja lista de respostas da Secretaria das Subprefeituras em www.folha.com.br/071201


TELEVISÃO
Daniel Castro


Globo abre núcleo de novela em São Paulo


‘A Globo vai manter um núcleo de produção de teledramaturgia em São Paulo enquanto durar a gravação da novela ‘Sete Pecados’, que estréia em 18 de junho com a missão de recuperar a audiência da faixa das 19h, hoje abaixo dos 30 pontos.


É a segunda vez que a Globo faz isso _a primeira foi com ‘Belíssima’. O esforço para mostrar as ruas e avenidas da cidade não ocorre por acaso: a emissora está preocupada com resultado de recente pesquisa com telespectadores paulistanos, que declararam insatisfação com a repetição da zona sul do Rio de Janeiro nas novelas das oito. Além disso, é em São Paulo, principal mercado do país, que o Ibope mede a audiência da TV em tempo real.


Desde o início de abril, 80 profissionais gravam em São Paulo cenas da primeira novela contemporânea de Walcyr Carrasco. A partir de hoje, esse número será reduzido a pouco mais de dez. As gravações na cidade agora ocorrerão a cada 15 dias. No Rio, serão construídos em cidade cenográfica uma fictícia rua dos Jardins, onde ficará o ponto de táxi do protagonista Reynaldo Gianecchini, e uma vila de classe média baixa.


Já foram feitas tomadas de Gianecchini e seu táxi na Penha, Jardins e Liberdade, nas avenidas Paulista e Morumbi e na Radial Leste e marginal Pinheiros. Max Fercondini (outro taxista) e Duda Nagle (motoqueiro) também gravaram nas ruas de São Paulo.


BALANÇO SOCIAL 1 Depois de considerar como merchandising social em 2005 até cenas em que uma mulher mais velha (Vera Holtz) tirava proveito de um garoto de programa (Cauã Reymond), em ‘Belíssima’, a Globo foi mais rigorosa em 2006. Resultado: o número de cenas de conteúdo socioeducativo em suas novelas caiu 40%, de 1.551 para 925.


BALANÇO SOCIAL 2A campeã desse tipo de ação em 2006 foi ‘Páginas da Vida’, com 374 cenas socioeducativas. A novela de Manoel Carlos abordou temas como a síndrome de Down, o alcoolismo e a bulimia. ‘Malhação’ ficou em segundo lugar, com 314 cenas (preconceito contra deficientes, trabalho infantil, excesso de cuidados com o corpo), seguida por ‘Cobras e Lagartos’ (85). Os dados são da Globo.


DOMINGÃO DO SILVIO 1O SBT fechou abril sem perder em um único domingo para Record na média diária (das 7h à 0h). Assim, Silvio Santos mantém a vice-liderança nesse dia que já foi sua marca na TV. A Record, graças à audiência que obtém no horário nobre, vence o SBT na média diária nos demais dias da semana.


DOMINGÃO DO SILVIO 2Anteontem, o SBT chegou a ser líder entre 10h15 e 10h45. À tarde, os programas de Silvio Santos superaram a Record em várias ocasiões.


DESFALQUEO grupo Antônia, criado para o filme e seriado homônimos, canta neste final de semana no Skol Beats, em São Paulo. Mas sem Negra Li, que prefere carreira solo _e não quer se ‘queimar’ com esse caça-níquel.’


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