Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Jamil Chade


‘Nunca foi tão perigoso ser jornalista no mundo como agora. Essa é a conclusão da entidade Repórteres Sem Fronteira, que lança um relatório para comemorar o Dia Internacional da Liberdade de Imprensa, celebrado hoje. Segundo a entidade, 53 jornalistas e 15 assistentes foram assassinados em 2004, 107 jornalistas foram presos e 1.146 ameaçados ou feridos. Além disso, 622 mídias foram censuradas. Já o Comitê para a Proteção de Jornalistas alerta que, desde o ano 2000, 190 profissionais foram mortos, 121 deles como retaliação direta a seu trabalho.


Segundo a entidade Repórteres Sem Fronteira, a liberdade de imprensa está longe de ser garantida no mundo. Em seus cálculos, 2004 registrou a pior situação para os profissionais de jornais, rádio e TV desde 1995, quando radicais islamitas da Argélia mataram 50 jornalistas em dois anos.


O Iraque é apontado como um dos responsáveis pelo número alto de assassinatos e o local mais perigoso para se trabalhar. Desde o início do conflito, 51 profissionais já morreram. No ano passado, 15 ainda foram seqüestrados. A revelação de atos de corrupção e do crime organizado foi fatal para jornalistas em Bangladesh, Filipinas e Sri Lanka.


Neste ano, prisões de jornalistas foram registradas na Etiópia, Nepal, Malavi e Sudão. Onze perderam a vida. Na Venezuela, 2005 foi marcado por uma nova lei criminal que estabelece a prisão de 6 a 30 meses para o jornalista que ‘insultar’ o presidente Hugo Chávez.


Outro tema que preocupa os ativistas são os jornalistas presos em vários lugares. Até janeiro, 107 encarcerados, sendo 26 apenas na China. Em Cuba, um dos poucos lugares onde há o total monopólio de Estado sobre a mídia, são 21 jornalistas presos em condições degradantes.


A manipulação de informações também é alvo de críticas. Para a entidade, mesmo nos países ricos e democráticos do Ocidente há violações e abusos. Nos Estados Unidos, por exemplo, jornalistas são levados à corte por se recusarem a revelar suas fontes de informações.


BRASIL


A Repórteres Sem Fronteira critica, em seu relatório, o comportamento do presidente Lula em relação à liberdade de imprensa. Segundo a organização, a idéia do presidente de expulsar o correspondente do New York Times, Larry Rohter, e a proposta de criação do Conselho Nacional de Jornalismo ‘colocam sérias questões sobre a visão de Lula sobre a liberdade da imprensa’. O País, com duas mortes de jornalistas em 2004, ainda é classificado entre as nações onde existem ‘problemas evidentes’ para a liberdade de imprensa.


Quanto às duas mortes, a entidade aponta que seriam provas de que o ‘jornalismo ainda é um negócio perigoso fora das principais cidades’. As duas vítimas foram os radialistas Samuel Román, no interior de Mato Grosso do Sul, e José Carlos Araújo, em Pernambuco.’



O Globo


‘Jornalismo, profissão arriscada na AL’, copyright O Globo, 4/05/05


‘A liberdade de imprensa é geralmente respeitada na América Latina, mas simplesmente não existe em Cuba, é freqüentemente violada na Colômbia e enfrenta leis restritivas na Venezuela, informa o relatório anual da organização Repórteres sem Fronteiras, divulgado ontem, Dia Internacional da Liberdade de Imprensa.


Além disso, o trabalho jornalístico se tornou mais perigoso em 2004, com a morte de 12 pessoas no exercício da profissão no continente, contra sete em 2003. Segundo a organização, os países mais perigosos para se trabalhar são Colômbia, México, Brasil e Peru. Em todo o mundo, foram 53 mortes, o número mais alto em dez anos.


Cuba, único na América Latina a prender jornalistas


Cuba é o único país do continente com jornalistas presos. Embora sete tenham sido libertados em 2004, ‘a situação continua desastrosa’, diz o relatório, com 22 profissionais atrás das grades. Isso coloca o país em segundo lugar no mundo em número de prisões, depois da China. Segundo o relatório, ‘toda crítica ao regime de Fidel é crime’ e apenas a mídia oficial é permitida.


Embora a morte de profissionais tenha caído para dois casos em 2004 – a média era de cinco por ano – a Colômbia continua sendo o país mais perigoso no continente para o exercício da profissão. Traficantes de drogas, grupos armados e políticos corruptos impõem à imprensa uma lei do silêncio. O relatório destaca que raramente os assassinos são presos.


A organização chama a atenção ainda para leis antimídia na região, observando que a Venezuela endureceu a legislação sobre o assunto após a vitória do presidente Hugo Chávez no referendo de agosto, que confirmou seu mandato. Vários jornais e canais de TV foram fechados por ordem do governo.


Em todo o mundo, em janeiro havia 107 jornalistas presos, (26 deles na China). Denunciar a corrupção em cargos públicos ou investigar grandes crimes foi fatal para jornalistas em Bangladesh, Filipinas e Sri Lanka. Mas o país mais perigoso continua sendo o Iraque: nele morreram 19 profissionais em 2004 e mais de 15 foram seqüestrados. No Brasil, dois jornalistas foram mortos: um na fronteira com o Paraguai e outro em Pernambuco.


RSF critica Lula por caso contra repórter do ‘NYT’


A organização criticou ainda o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por ordenar o cancelamento do visto de Larry Rother, do ‘New York Times’ – medida que depois foi revogada. Rother fez reportagem que tratava de uma suposta preocupação nacional com o consumo de bebida alcoólica pelo presidente.’



***


‘Jornalistas são ‘caçados e executados’’, copyright O Globo, 3/05/05


‘O assassinato é a principal causa de morte de jornalistas em serviço, de acordo com estudo divulgado ontem pelo Comitê de Proteção a Jornalistas (CPJ). Pior: a maioria não é vítima de fogo cruzado em áreas de conflitos. Segundo o relatório, a maior parte é caçada e executada.


O estudo, que analisou as mortes de membros da mídia desde 1 de janeiro de 2000, concluiu que as Filipinas são o país com o maior número de assassinatos (18), seguido de Iraque (13), Colômbia (11), Bangladesh (9) e Rússia (7). No Iraque, foi registrado o maior número de mortes, 41, mas a maioria foi vítima de fogo cruzado.


– Ao não investigarem os crimes e punirem os culpados, os governos desses países encorajam aqueles que buscam silenciar a imprensa pela violência – afirmou Ann Cooper, diretora-executiva do CPJ, num comunicado. – A violência se perpetua e o fluxo de informação é cortado.


Segundo o estudo, 121 dos 190 jornalistas mortos em serviço nos últimos cinco anos foram assassinados em retaliação a seu trabalho.


Referindo-se às 58 mortes registradas nos cinco países mais perigosos, o relatório diz que muitos assassinos foram presos, mas nenhuma acusação foi apresentada contra os mandantes dos crimes. Em todo o mundo, apenas 14% dos crimes foram solucionados.


– O problema é enorme, mas não insuperável – disse Ann. – Jornalistas não podem fazer seu trabalho num clima de violência e impunidade. Os governos, particularmente os dos cinco países mais perigosos, devem dedicar recursos e treinamentos para a resolução desses crimes.


O relatório sustenta ainda que a maioria dos crimes está relacionada a denúncias de corrupção, crimes, tráfico de drogas e atividades de grupos rebeldes e que muitos jornalistas foram ameaçados antes de serem assassinados.’



TODA MÍDIA


Nelson de Sá


‘Unilaterais’, copyright Folha de S. Paulo, 4/05/05


‘Aos poucos, durante o dia, a crise de Brasil e Argentina foi se apagando.


No fim da tarde, descendo várias telas no site do ‘Clarín’, restava o ‘subsecretário de Integração Econômica’, dizendo que ‘ninguém discute a importância de [o Brasil] desenhar uma política de projeção continental e mundial’.


Segundo o ‘Página 12’, ‘a Casa Rosada buscou desativar o conflito’.


A Casa Rosada de Néstor Kirchner, mas principalmente o Palácio do Planalto de Lula. Na manchete da Folha Online, ontem à noite:


– Brasil adota tom conciliador e minimiza crise.


O assessor Marco Aurélio Garcia telefonou ao chefe de gabinete de Kirchner para dizer que ‘a relação com a Argentina é fundamental’.


Jornal Nacional e Jornal da Record nem deram manchete.


Mas argentino não é de baixar a guarda retórica.


Na versão impressa do ‘Clarín’, o chanceler Rafael Bielsa já havia reafirmado as críticas à diplomacia brasileira.


E à noite foi a vez do secretário da Indústria, que surgiu nos sites advertindo que, se em alguns setores não houver ‘acordo entre privados’, vêm aí ‘medidas unilaterais’.


Foi mais um golpe pela mídia, para angústia brasileira.


Garcia já havia dito ao ‘Clarín’ que as diferenças ‘não se resolvem na Bombonera’, referência à cobertura do próprio ‘Clarín’, usado por Bielsa no primeiro ataque.


E ontem o chanceler Celso Amorim se somou aos reclamos, na Globo:


– Eu tenho ouvido [as críticas argentinas], para falar a verdade, mais pela imprensa que pessoalmente.


Talvez para marcar distância, o editor do ‘Clarín’ escreveu, ainda ontem:


– É certo a Argentina cobrar equilíbrio. É errado se convertemos os reclamos em bandeira eleitoral, tentação inevitável neste governo ultradependente da opinião pública.


Na escalada retórica, Bielsa afirmou dias atrás, sempre no ‘Clarín’, que ‘a Alca não morreu’, ao contrário do que apregoa o Brasil. Era um sinal aos EUA, que a agência Dow Jones logo despachou.


Ontem, em mais um esforço de marcar distância, o mesmo ‘Clarín’ questionou a alternativa de trocar o Brasil pelos EUA, como parceiro, e ‘em dois anos ter que rever a troca’.


De todo modo, antes de ser puxado para a crise, o embaixador americano no Brasil, John Danilovich, declarou ontem, como destacaram a Folha Online e o argentino Ambitoweb, que ‘a liderança do Brasil é um fato, uma realidade na região e no mundo’.


OPORTUNIDADES


Para o ‘La Nación’, ‘a presença de Kirchner na cúpula América do Sul-Liga Árabe vai medir se existe vontade política para superar as diferenças’.


Sob ameaça argentina e agora peruana, onde mais um presidente pode cair, a cúpula segue com os negócios. O site do ‘Wall Street Journal’ noticiou um acordo prévio entre Petrobras e o Iraque, que ‘permitirá voltar ao país para pesquisa e outras oportunidades de negócios’. Deu deu como fonte um dos vários sites árabe-brasileiros que há meses se dedicam aos negócios do encontro. Já existe até Agência de Notícias Árabe-Brasil, que nos últimos dias noticiou a venda de jatos da Embraer aos sauditas, de móveis de Minas para o Qatar etc.


A REAÇÃO DO FALCÃO


Num discurso nos EUA, despachado pela agência AP para todo lado, o secretário Donald Rumsfeld denunciou presença de ‘terroristas’ na América do Sul.


O ataque coincide com a cúpula árabe/sul-americana, mas sobretudo com os relatos, do ‘New York Times’ e ‘Financial Times’, de que a derrota dos EUA na OEA foi, antes de mais nada, uma derrota do secretário-assistente Roger Noriega ‘e dos cubano-americanos ligados a ele’. Os ‘falcões’ queriam um candidato mais alinhado, mas a secretária Condoleezza Rice e o subsecretário Robert Zoellick teriam aceito, afinal, o socialista chileno.’



***


‘Outra vez ‘, copyright Folha de S. Paulo, 3/05/05


‘Começou no sábado, com o ‘Página 12’ destacando um encontro do chanceler Rafael Bielsa com outros diplomatas argentinos, sobre os conflitos com o Brasil.


A longa reportagem já trazia a tirada do presidente Néstor Kirchner, ontem reproduzida por todo lado, de que o Brasil ‘quis fazer até o papa’.


Mas o ‘Página 12’ não ecoou e ontem o ‘Clarín’, diário mais próximo de Kirchner, deu em manchete que ‘está tensa outra vez a relação’ e que ‘o governo estuda endurecer’.


A reação de bate-pronto no Brasil, nos canais de notícias, beirou a patriotada.


A Globo News saiu dizendo que ‘o irascível Kirchner está melindrado’ e o ‘Clarín’ não passa de ‘porta-voz extra-oficial do governo atual’. Para a Band News, Kirchner ‘quer assumir a liderança’ da região.


Nos telejornais, o Jornal da Band prosseguiu:


– O presidente da Argentina está enciumado com as ações do Brasil na América Latina.


Desde sábado, no entanto, o ‘Página 12’ já dizia que ‘o nome de Rafael Bielsa, paralelamente, está sendo pesquisado para se candidatar na capital’.


É ano eleitoral por lá -e ele deve encabeçar a campanha dos peronistas de Kirchner para a Câmara, ao lado da mulher do presidente, Cristina, que sairia candidata ao Senado.


O próprio ‘Clarín’ observou que a crítica feita pelo governo à Comunidade Sul-Americana, apoiada por Lula, ‘dá à questão, por razões óbvias, dimensão de política interna’.


As ‘razões óbvias’ são que o maior defensor da Comunidade na Argentina é o ex-presidente Eduardo Duhalde, que disputa o peronismo com Kirchner. E sua mulher, ‘Chiche’ Duhalde, vai enfrentar Cristina Kirchner pela vaga para o Senado.


De todo modo, não demorou para, dos dois lados, começar o esforço diplomático de ‘baixar o tom’, na expressão do maior site argentino -a chancelaria, noticiou o Infobae, ‘rechaçou que vá endurecer’.


No Brasil, a Folha Online deu que o governo Lula ‘considera excelentes as relações’.


Mais um pouco e o chanceler argentino, nos sites do ‘Clarín’ e outros, dizia que o problema é avançar antes no Mercosul e só depois na Comunidade.


Mais um pouco e apareceu o secretário de Comércio Exterior do Brasil, na Globo News e nos sites, para anunciar o encontro bilateral daqui a duas semanas em Buenos Aires, para revisar e equilibrar o Mercosul.


Por fim, na manchete de Boris Casoy, na Record:


– Celso Amorim nega crise entre Brasil e Argentina.


É, pode ser, mas o ano eleitoral está apenas começando, ao sul, no vizinho preferido.


OS MUÇULMANOS


O chanceler Celso Amorim se declarou surpreso, segundo a Band, com as críticas argentinas ao Brasil. Afinal, o presidente Néstor Kirchner ‘confirmou presença na reunião com países árabes’. A própria cobertura na Argentina estranhava ontem que, ‘em meio às tensões, Kirchner vai ao encontro de cúpula entre árabes e sul-americanos’.


Sob ataque argentino, com negociação nuclear nos EUA e comercial na Europa, ainda assim a diplomacia brasileira não tem outra prioridade, só a cúpula no fim de semana. A Globo iniciou esforço de cobertura:


– Chefes de Estado em Brasília não são novidade. Mas [vem aí] uma delegação com hábitos bem diferentes: são governantes e empresários muçulmanos.


Entre outras coisas, a cidade já aprende que ‘mulheres não devem estender as mãos’ para cumprimentar.


Escalada global


O ‘Wall Street Journal’ deu longa reportagem -e a mídia brasileira ecoou, inclusive JN- com o título ‘Brasil rejeita as condições e recusa fundos dos EUA contra a Aids’.


Segundo o ‘WSJ’, ‘a decisão inicia a escalada da luta global contra amarras morais que o presidente George W. Bush e os aliados conservadores impõem à ajuda externa’.


Guerra sangrenta


E ontem foi a vez de o ‘Miami Herald’ dar longa reportagem de demolição da imagem do Rio, por conta da violência -em especial da chacina mais recente. O jornal descreve uma ‘guerra sangrenta’ ao tráfico, da parte da polícia, que é acusada de ‘corrupção e tendência a ser rápida no gatilho’:


– Não pense que o fardo dos policiais tem maior simpatia.


O MEDO DE LULA


Severino Cavalcanti, diante de Paulo Maluf, disse que ‘estupro é acidente horrendo’ e foi para as manchetes da Folha Online ao Globo Online. Mas o JN não acha mais graça e puxou, da sabatina, a provocação severina de que ‘Lula não fez a reforma ministerial que deveria porque teve medo de enfrentar os partidos’.’



VALOR, 5 ANOS


O Globo


Jornal ‘Valor’ comemora cinco anos‘, copyright O Globo, 3/05/05


‘A festa de cinco anos do jornal ‘Valor Econômico’ reuniu ontem o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, os ministros José Dirceu (Casa Civil), Antonio Palocci (Fazenda), Dilma Rousseff (Minas e Energia), Roberto Rodrigues (Agricultura), Márcio Thomaz Bastos (Justiça) e Eunício Gomes (Comunicações), o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), além de parlamentares e empresários na Fiesp.


Lula conclamou a platéia a comparar as edições do ‘Valor’ de 2000 com as atuais. Segundo ele, o jornal é um espelho das mudanças provocadas por seu governo na economia.


Segundo o vice-presidente das Organizações Globo, João Roberto Marinho, o jornal se consolidou no mercado editorial:


– O ‘Valor’ é reconhecido como o principal jornal de economia do país e o mais influente entre os empresários.


O jornal é uma parceria entre as Organizações Globo e o Grupo Folha.


– O ‘Valor’ é fruto da convivência exemplar entre parceiros que apostam no Brasil, apesar das dificuldades e vicissitudes que os empresários bem conhecem – afirmou o diretor-presidente do Grupo Folha, Luís Frias.’



INCENTIVO À CULTURA


Ana Flor


‘MinC estuda proposta que altera a Lei Rouanet e reduz isenção fiscal’, copyright Folha de S. Paulo, 3/05/05


‘A proposta do Ministério da Cultura para mudar a Lei Rouanet, instrumento de isenção fiscal que estimula investimentos no setor, deve chegar à Casa Civil ainda nesta semana. As mudanças serão divididas em duas partes -um decreto a ser assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que passará a valer nas próximas semanas, e um projeto de lei que tramitará no Congresso Nacional.


O texto, em análise na secretaria-executiva do ministério, propõe mudanças importantes, como a alteração das regras para abate de custos dos institutos culturais de empresas patrocinadoras. Hoje, até 90% dos gastos de manutenção com os institutos são deduzidos do imposto de renda com base na lei. A idéia é diminuir o percentual. Da forma como deixou a Secretaria de Fomento à Cultura, o texto limitaria o abate em 15% -índice que pode sofrer alterações no ministério ou na Casa Civil.


A escala de dedução de impostos -que hoje é de apenas duas faixas, 30% ou 100%- deve ser flexibilizada. Mantendo os mesmo valores como base e teto, serão permitidas deduções intermediárias. O barateamento de ingressos é outro objetivo da nova legislação. Para isso, produtores de teatro poderão criar projetos em que serão os responsáveis pela bilheteria do espetáculo. O mesmo mecanismo deverá permitir isenção a empresas que comprarem parte da bilheteria.


Outra modificação prevista é a distribuição de recursos. O tópico é bastante polêmico e já foi alvo de protesto. Segundo o MinC, as distorções da lei permitiram, em anos anteriores, que apenas a região Sudeste recebesse 80% dos recursos. A proposta é aprofundar os mecanismos de avaliação de projetos dos artistas que buscam financiamento, com critérios que privilegiem iniciativas com nomes pouco conhecidos e voltados para segmentos pobres.


As mudanças deverão ainda ampliar os recursos para regiões como Norte e Centro-Oeste, que recebem poucos recursos. É estudada a criação de um teto para cada região -com percentuais diferentes, que respeite áreas com maior iniciativa cultural.


Além disso, há um esforço para fazer com que a nova lei ajude projetos que estão fora das grandes capitais a atrair parceiros. A nova roupagem da lei de incentivo cultural chega ao Planalto mais de um ano após a data inicialmente pretendida pelo MinC. O atraso se deu porque as propostas passaram por consulta pública.’



INTERNET


Robson Pereira


‘Sabe com quem está falando? ‘, copyright O Estado de S. Paulo, 4/05/05


‘Elisabete é professora e demonstra interesse pela reforma universitária, mas reclama de uma suposta prioridade dada pelo governo às escolas federais em detrimento das estaduais. Andréa é estudante, sonha ser vereadora, mas tem dúvidas sobre o que precisa fazer para atingir tal objetivo. Ronildo, médico, acha que todos sairiam ganhando se os honorários recebidos através do SUS ficassem isentos do IR.


Fábio, um representante comercial, gaúcho de carteirinha, está feliz com a política econômica que impulsionou suas vendas, mas aproveita para reivindicar os mesmos benefícios fiscais concedidos a taxistas e deficientes físicos. Emerson não revela o que faz, mas escreve para elogiar o desempenho da balança comercial, enquanto o estudante Guilherme aplaude enfaticamente a firme decisão do governo em não renovar o acordo com o FMI.


Celito, advogado empregado em Foz do Iguaçu, está preocupado com a taxa de desemprego que, segundo ele, sinaliza um crescimento econômico ainda vulnerável aos fatores externos.


Daniel, recém-formado em Ciências Econômicas, com especialização em planejamento e política tributária, tem a mesma preocupação e aproveita para pedir um emprego. Júnior e Léa não querem nada, a não ser expressarem o orgulho de estarem em tão ilustre companhia. Parece incrível, mas os dez personagens acima, pinçados entre dezenas de outros, imaginavam que estavam falando com o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, quando abriram os seus corações no Orkut.


Foram vítimas de um bogus, como são chamadas as milhares de páginas fraudulentas de um endereço que nasceu embalado por grandes expectativas, mas que definitivamente naufragou diante do seu próprio gigantismo. É duro admitir, mas o Orkut caminha a passos rápidos para um imenso vazio.


Famosos ou não famosos, os bogus do Orkut não poupam ninguém. São milhares de páginas falsas, nem todas divertidas ou caricatas como a do falso Palocci. A estudante B., por exemplo, não tem motivo algum para achar graça. Alguém, provavelmente uma ‘coleguinha’ de escola, encarregou-se de criar uma página para ela repleta de ofensas pessoais, capaz de fazer corar até mesmo aqueles que sequer a conhecem.


Por mais que tente, B. não consegue bloquear a página criminosa, um problema que aflige a muita gente difamada e caluniada na maior rede de relacionamentos da internet. Quem apela para os administradores do serviço consegue no máximo fazer com que os criminosos passem um tempo na ‘cadeia virtual do Orkut’, impedidos de criarem novas páginas ou recrutarem seguidores – uma ‘punição’ facilmente contornada com a abertura de uma nova conta.


C., 13 anos, passou pelo mesmo drama de B. De repente, dezenas de páginas começaram a apontar para o endereço do adolescente, escolhido como vítima de uma campanha racista e difamatória. Os pais do garoto recorreram ao Ministério Público que até agora tenta conseguir do Orkut dados que possam levar à punição (real e não apenas virtual) dos criminosos.


VENDA DE CONTEÚDO


Você pagaria R$ 5 para baixar pela internet um episódio de Os Normais ou o VT completo da vitória do seu time sobre um adversário histórico? O Canal 5, da Inglaterra, acredita que sim e começou a oferecer parte de sua programação para downloads legais, não só como forma de abrir um novo mercado, mas também para combater a distribuição não autorizada de seus conteúdos, uma prática relativamente comum entre os usuários britânicos de banda larga.


É a primeira iniciativa desse tipo em todo mundo. O piloto da experiência é o programa 5.ª Marcha, voltado para o mercado automobilístico classe AA, com reportagens especiais sobre máquinas caríssimas. Os executivos da emissora não têm maiores pretensões financeiras com a iniciativa, mas a consideram importante para que as emissoras de TV co- mecem a aprender a ganhar dinheiro com a internet.


A BBC também colocou à disposição dos usuários vários programas exibidos originalmente na TV, mas sem cobrar nada por isso. A experiência, batizada como Interactive Media Player (iMP), dá aos usuários a possibilidade de baixar gratuitamente vários programas a partir do oitavo dia de sua exibição pela TV. Já a BBC Radio lançou na semana passada um pacote com 20 programas para downloads gratuitos.


O objetivo, nesse caso, é ampliar a audiência junto a felizes proprietários de I-Pod e de outros equipamentos portáteis de reprodução de áudio e vídeo digital, uma febre nos Estados Unidos e na Europa.


RECORDE INÚTIL


Um finlandês bateu na semana passada o recorde de velocidade na transmissão de mensagens pelo celular.


Após algumas tentativas, Arttu Harkki gastou 2m22s09 para digitar e enviar um texto com 320 caracteres num minúsculo teclado de celular.


O feito foi testemunhado pelo pessoal do Guinness Book e deve entrar na próxima edição do livro dos recordes.


O recorde anterior pertencia a James Trusler, um engenheiro britânico de 30 anos, que digitou um texto com 160 caracteres escolhido aleatoriamente em pouco mais de um minuto.’