‘A supereditora alemã Bertelsman, considerada a maior da Europa, dona do jornal ‘Der Spiegel’, da cadeia de livrarias Barnes&Noble, divulga nos próximos dias a compra de ações de importante grupo editorial brasileiro. O mercado anda agitado. Em junho foi anunciada a parceria da Objetiva com a espanhola Prisa Santillana.’
OCAS
AMEAÇADALivia Deodato
‘‘Ocas’ comemora 3 anos com risco de fechar’, copyright O Estado de S. Paulo, 15/7/05
‘A revista Ocas completa hoje três anos e, para comemorar, vai inaugurar uma exposição de todas as capas já publicadas, além de apresentar outras revistas de rua de outros países, no Centro Cultural São Paulo (R. Vergueiro, 1000 – até o dia 31). No evento, será lançada a edição especial de aniversário, que traz diversas colaborações especiais – como a do jornalista Xico Sá e dos próprios vendedores, na seção Cabeça sem Teto, que escreveram depoimentos, a partir das oficinas de criação da revista, inspirados em pessoas que vivem nas ruas. Se você nunca encontrou vendedores da Ocas no Espaço Unibanco ou na Fnac não pode perder a oportunidade de conhecer o trabalho realizado pela Organização Civil de Ação Social (Ocas), entidade sem fins lucrativos que luta pelo resgate social de pessoas em situações de rua e que corre o risco de fechar por falta de patrocínios.
‘Atualmente contamos com o apoio da Litokromia (parque gráfico), que imprime gratuitamente os 7.500 exemplares mensais e que, juntamente com os voluntários, garantem a sobrevivência da organização’, conta Guilherme Araújo, diretor da organização. A manutenção da estrutura da revista Ocas gira em torno de R$ 10 mil ao mês e está longe de ser a ideal, segundo Araújo. ‘Esse valor não nos permite novos passos, seja pela impossibilidade de profissionalização da equipe, investimentos em cursos, divulgação, qualidade da revista, etc.’, explica o diretor. A revista Ocas, ligada ao movimento mundial de publicações de rua INSP (sigla, em inglês, para Rede Internacional de Publicações de Rua), está aberta para receber investimentos de pessoas físicas e jurídicas, como também disposta a trabalhar através de permutas. ‘Ocasionalmente são negociados serviços em troca de espaço publicitário na publicação’, diz Araújo. Os interessados em ajudar podem enviar um e-mail para ocas@ocas.org.br.
A revista Ocas custa R$ 3, sendo que desse valor, R$ 2 são do vendedor e R$ 1 fica para a manutenção do projeto. O crescimento pessoal de muitos vendedores já se tornou aparente.
Marcos José Dias tornou-se morador de rua por causa de jogos de azar. O projeto tinha dois meses quando Dias o conheceu. ‘Através da Ocas, fiz tratamento por meio de psicodrama e consegui me reerguer.’ Ele parou de estudar na 6.ª série, mas planeja voltar. Quer ser fotógrafo.’
ORKUT
Paula Leite
‘Site de relacionamento supera e-mail no país’, copyright Folha de S. Paulo, 15/7/05
‘Os brasileiros que acessam a internet em casa passaram um quinto do tempo navegando em sites de comunidades, como o famoso Orkut, no primeiro trimestre de 2005, segundo o Web Brasil, estudo trimestral do Ibope/ NetRatings.
Os internautas gastaram 20,5% do tempo navegando em sites de redes virtuais de amigos. Essa foi a categoria mais acessada pelos brasileiros entre as 84 criadas pela pesquisa e ganhou até mesmo dos ‘básicos’ e-mail e portais de interesse geral.
O estudo comparou os resultados do Brasil com os dos Estados Unidos e da Espanha. Nos dois países, o e-mail foi a categoria na qual os internautas gastaram mais tempo; as comunidades aparecem em quinto lugar em tempo de uso para os espanhóis e nem entraram no ‘top five’ dos americanos.
A predileção dos brasileiros pelo Gazzag, Friendster, Orkut e similares pode ser explicada por dois fatores, segundo Marcelo Coutinho, diretor-executivo do Ibope Inteligência. ‘Os povos latinos são mais comunicativos, tanto que as comunidades aparecem entre as categorias mais acessadas na Espanha e na França’, diz Coutinho.
Outro fator, segundo ele, é que a maioria dos que acessam a internet em casa no Brasil é da classe A e B e vive em grandes cidades, onde há muita violência. Isso pode estimular o aparecimento de comunidades virtuais em vez das reais, diz Coutinho.
O segundo lugar entre os sites nos quais os brasileiros passam mais tempo ficou com o e-mail (11,3%), seguido pelos portais de interesse geral (10,5%).
As páginas de instituições financeiras ficaram em quarto lugar, com 6,2% do tempo dos internautas, seguidas pelas ferramentas de busca, como o Google e o Yahoo (4,7%).
Os sites de bancos também não aparecem entre as cinco categorias preferidas dos americanos e espanhóis. Para Coutinho, o brasileiro usa muito as páginas de bancos porque as instituições brasileiras são conhecidas por serem tecnologicamente avançadas e porque os bancos ‘empurram’ agressivamente este serviço aos clientes, já que isso gera redução de custos para eles.
‘O Bradesco, por exemplo, foi uma das primeiras instituições financeiras do mundo e a primeira do Brasil a oferecer acesso gratuito aos serviços via internet’, lembra o diretor-executivo do Ibope Inteligência.
Concentração
O estudo mostra também uma concentração do tempo gasto pelo internauta brasileiro em poucas categorias de sites, o que acontece em menor escala nos EUA e Espanha.
Mais da metade (53,2%) do tempo do internauta brasileiro em casa é gasto nas cinco primeiras categorias. Nos Estados Unidos e na Espanha as cinco categorias preferidas respondem por 30,4% e 39,8% do tempo dos internautas, respectivamente.
Coutinho acredita que isso se explique pela maior variedade de sites de diversas categorias existentes nos outros países.
As cinco categorias mais acessadas pelos americanos em casa são e-mail (7,7% do tempo), jogos on-line (7,2%), portais de interesse geral (6,6%), classificados e leilões (5%) e ferramentas de busca (3,9%). Já entre os espanhóis, as categorias ‘top five’ são e-mail (10,9%), fabricantes de software (8,5%), ferramentas de busca (8,4%), portais de interesse geral (6,9%) e comunidades (5,1%).’
TV DIGITAL
Celso Ming
‘Jabuticaba digital’, copyright O Estado de S. Paulo, 15/7/05
‘Em seus discursos de posse, os novos ministros adoram anunciar planos maravilhosos e grandes realizações à frente, coisa para fazer história. Muito ao contrário, o novo ministro das Comunicações, Hélio Costa, está anunciando uma desistência.
O Brasil finalmente está desistindo do sistema próprio de TV Digital, um sonho fora de propósito acalentado até agora pelo governo Lula, que na prática traria de volta a reserva de mercado, velha de guerra.
É bom tomar como ponto de partida o fato de que essa TV que você tem em casa está para ser aposentada. Dentro de mais alguns anos estará ao lado do gramofone, da máquina de escrever ou do ferro a carvão, nas prateleiras dos antiquários.
O futuro é da TV Digital não só por modismo ou porque o consumidor está mais exigente quanto a qualidade de som e imagem. A troca de aparelhos não se fará como a anterior, quando a TV em cores substituiu a TV em branco-e-preto. O futuro é da TV Digital porque garante interatividade (respostas online do telespectador) e, ao mesmo tempo, servirá de canal de telefonia e de internet, serviços que a tecnologia analógica não consegue prestar adequadamente.
O mundo inteiro está embarcando na TV Digital e não será o Brasil que vai renunciar a esse movimento inexorável.
A principal característica de nosso sistema de TV é que a rede a cabo ou de captação via satélite não alcança mais do que 6% das residências. Isso significa que a captação de imagem dependerá de antenas externas, que são esses pés-de-galinha (ou seus sucessores) espetados nos telhados das casas, que nem sempre garantem qualidade e podem entortar com a ventania.
No início do governo Lula, o então ministro das Comunicações Miro Teixeira pretendia produzir a jabuticaba televisiva, uma solução brasileira que, na prática, não seria possível fora do Brasil.
Ele brandia o argumento que não passava de repeteco do que diziam os nacionalistas dos anos 50: que é melhor produzir com talento nacional o que os outros querem vender para nós.
A proposta ignorava que, só no desenvolvimento tecnológico de cada um dos três padrões de TV Digital hoje disponíveis (o ISDB-T japonês; o ATSC americano e o DVB-T europeu), foram gastos perto de US$ 3 bilhões, quantia que o Brasil também teria de despender se quisesse atingir um mínimo de condições de competitividade.
Viu-se, também, que, se tudo desse certo, o Brasil não teria mercado externo para esses equipamentos: os países ricos já dispõem de solução própria e os países periféricos têm tudo para se decidir por um dos padrões dos países ricos, que teriam maior poder de barganha para impor sua solução. Isso, por si só, impediria que o Brasil alcançasse economia de escala nessa empreitada.
Como tanta coisa no governo Lula, comissões e equipes de trabalho gastaram horas em discussões para, dois anos e meio depois, concluírem o que já se sabia: que euforia e delírio só podem ser consumidos no momento adequado e na dose certa.
A desistência do padrão verde-amarelo de TV Digital define que os próximos passos implicarão a escolha de uma das três soluções disponíveis.
Este é um negócio de pelo menos US$ 50 bilhões. O Brasil terá de preparar-se para um mercado de 65 milhões de receptores, que substituirão os atuais à proporção de 4 a 5 milhões de unidades por ano. A nova tecnologia terá de alcançar também os sistemas de produção e pós-produção de imagem e som, estações de transmissão e retransmissão e tudo o mais. O poder de barganha do Brasil está nesses números e não no patriotismo de nossos técnicos.’
TV POR ASSINATURA
Geralda Doca
‘TV por assinatura terá metas de qualidade’, copyright O Globo, 15/7/05
‘BRASÍLIA. As operadoras de TV por assinatura terão, a partir de julho de 2006, que cumprir metas de qualidade no atendimento, na prestação do serviço e na emissão de contas, a exemplo do que já ocorre com as telefonias fixa e celular. O Conselho Diretor da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aprovou ontem o Plano Geral de Metas do setor, que deverá ser publicado no Diário Oficial da União (DOU) de segunda-feira. São 3,8 milhões de assinantes no país.
— O setor está crescendo e a nossa preocupação é sempre o usuário. Mesmo que o número de assinantes ainda seja menor do que o da telefonia, a Anatel vai exigir a qualidade do serviço — disse o superintende de Serviços de Comunicação de Massa da agência, Ara Aptkar Minassian.
Os objetivos fixados pelo órgão valem para os quatro serviços do segmento: TV a Cabo, de Distribuição de Sinais Multiponto Multicanal (MMDS), de Distribuição de Sinais de Televisão e de Áudio por Assinatura Via Satélite (DTH) e do Serviço Especial de TV por Assinatura (TVA), que explora os mesmos canais de TV aberta.
De acordo com o novo regulamento, as empresas terão 12 meses, a contar da publicação das regras no DOU, para se adaptarem às novas exigências. Depois desse prazo, elas terão, por exemplo, que atender em 24 horas 90% dos pedidos de suspensão do serviço, bem como deixar de cobrar por ele. No segundo ano, o índice sobe para 95% e em nenhum dos casos o usuário poderá esperar por mais de 48 horas.
Atendimento tem que ser em até 20 segundos
Para evitar esperas ao telefone, no primeiro ano de funcionamento do plano a empresa terá que atender o usuário em até 20 segundos em 90% das chamadas. No segundo ano, a exigência sobe para 95%, sendo que ninguém pode esperar por mais de um minuto para ser atendido. Também foram criadas regras para reduzir o índice de erros em contas, que serão restritos a cinco a cada grupo de mil documentos, em um ano, e a dois erros, em 24 meses.
O acompanhamento das metas do plano geral será feito por intermédio de dez indicadores de qualidade. Os dados deverão ser enviados à Anatel até o 15 dia do mês subseqüente à coleta. Para os indicadores que apresentarem resultados abaixo das metas, a empresa terá explicar o que ocorreu, além das ações desenvolvidas para o alcance dos objetivos. Em caso de descumprimento, os casos serão analisados individualmente e a operadora poderá ser punida com advertência e multa.
A Anatel aprovou ainda quatro consultas públicas para elevar a fiscalização nos setores de radiodifusão de sons e imagens, exploração industrial de linha dedicada e dos contratos de telefonia fixa e na certificação e homologação de produtos pela agência. Outra resolução, que afeta o usuário de telefonia, é a fixação de critérios para o cálculo do fator que define o desconto anual no índice de reajuste do serviço, devido a ganhos de produtividade.’