Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Jornais americanos têm
margem de lucro de 30%

Sexta-feira de poucas reportagens sobre imprensa e mídia nos maiores jornais brasileiros. Na Folha de S. Paulo, vale a pena ler a seqüência da série de matérias que Luís Nassif vem publicando sobre a TV Digital brasileiro, fruto de um estudo do jornalista sobre a questão. No Estado de S. Paulo, há interessante reportagem, provavelmente traduzida, mas sem informação da fonte, informando que a margem de lucro dos jornais norte-americanos variam entre 20% e 30%, segundo avaliação de Thomas Kostigen, especialista em mídia do site MarketWatch. Tais números são ‘um pouco inferiores aos da Microsoft e da Dell, mas mais altos do que os da indústria farmacêutica’, diz a matéria.


No Globo, destaque para entrevista com o ministro da Cultura Gilberto Gil, talvez a primeira em que a ‘polêmica’ envolvendo Ferreira Gullar e Caetano Veloso NÃO tenha sido tratada.


Leia abaixo os textos desta sexta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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Folha de S. Paulo


Sexta-feira, 13 de janeiro de 2006


CRÔNICA
Carlos Heitor Cony


A tecnologia e o grito de eureca


‘Bons tempos os que vivemos, em que tudo tem prazo de validade e tudo pode ser descartável. Meu pai herdara uma máquina fotográfica do meu avô, foi com ela que registrou os primeiros passos de seus filhos, o batizado, a primeira comunhão, chegou mesmo a fotografar o casamento do irmão mais velho com o mesmo equipamento, que era chamado de ‘caixote’. Ainda tenho fotos tiradas por aquela ancestral das atuais câmaras digitais, que duram o espaço daquelas rosas de Malherbe.


Apesar de tanto e tamanho progresso tecnológico, muita coisa ainda precisa ser inventada e fatalmente o será; já disseram por aí que tudo o que homem pensa, mais cedo ou mais tarde pode ser realizado materialmente. A viagem à Lua, o submarino, aquele termômetro dentro do peito do peru para apitar na hora em que estiver pronto -são muitas as invenções do engenho humano, desde a roda dos sumérios ao ‘Jingle Bells’ tocado nos celulares durante as festas do Natal.


Evidente que faltam muitas coisas, como um bom detector de mentiras para garantir a verdade em suas múltiplas variedades, desde a desculpa da sogra doente para não irmos àquela missa de 7º dia até os depoimentos prestados nas CPIs do Congresso. Há um embrião científico para captar mentiras, mas é rudimentar, difícil de operar e de interpretar, o sujeito fica amarrado por fios e eletrodos que registram batimentos cardíacos, pressão sangüínea, dilatação das pupilas, sei lá, são meio furados, de credibilidade duvidosa.


Brevemente, ao nascer um novo humano, será instalado em algum lugar de seu corpo um chip de duração ilimitada que registrará imagem e som de tudo o que ele fizer na vida ou que os outros fizerem com ele. O assassinado terá registrado o seu assassino, o ladrão gravará forçadamente o seu roubo, não haverá espaço para a mentira, o falso testemunho, o perjúrio. A esposa infiel não poderá negar o adultério -bons tempos virão, mas espero que não venham já.


De minha parte, já confessei que fiquei pasmo com uma das invenções do admirável mundo novo que muito me beneficiaram. Em criança, obrigavam-me a engraxar os sapatos, era quase uma exigência da higiene corporal andar de sapatos engraxados. E as latas de graxa eram insidiosas, custavam a ser abertas, batia-se com elas em algum lugar duro, ficavam amassadas e aí mesmo é que se recusavam a abrir.


Até que um gênio, maior do que Leonardo, maior do que Edison, inventou uma pequena alavanca lateral na parte de cima da lata. Se Arquimedes garantiu que levantaria a Terra se tivesse um ponto de apoio no espaço onde pudesse colocar uma alavanca, eu me senti um Arquimedes do Lins de Vasconcelos quando abri a primeira lata de graxa com a alavanquinha de metal ordinário que me abriu, mais do que uma lata de graxa, o território mágico da tecnologia moderna.


Mesmo assim, desconfio que falta muita coisa a ser inventada. Tenho um amigo que garante a facilidade com que poderemos viajar sem avião, trem, carro ou a pé. Aproveitando a rotação do nosso planeta, uma almanjarra qualquer que ainda será criada nos elevará a uma certa altura, lá de cima esperaremos que a Terra gire até ao ponto onde queremos saltar. Posso sair daqui da Lagoa ao meio-dia e meia e almoçar na Groenlândia a uma da tarde, sem esforço, sem apertões e por baixo custo. O problema é que -Deus é testemunha- não tenho nenhum interesse em almoçar ou jantar na Groenlândia.


Tive um amigo, professor e crítico de arte que, depois dos 50 anos, escreveu um tratado propondo a revogação da lei da gravidade para os maiores de sua idade. Seria uma revogação proporcional ao número de anos acumulados: aos 50, a gravidade seria reduzida para 50%. Aos 60, a redução seria 10% maior. E assim, se o cara insistisse mesmo em viver, aos 100 anos teria gravidade zero, como os astronautas e os corpos que flutuam no espaço.


Ele conversou comigo, mas não me convenceu. Achei um bocado difícil abolir a gravidade assim, sem mais nem menos, embora apreciasse o benefício resultante. O Paulo Francis, por exemplo, que andava pelos 60 e tantos anos, reclamava que, ao tomar banho, o sabonete sempre escorregava de suas mãos e era difícil resgatá-lo no ladrilho molhado, escorregadio como uma lesma oval e ensaboada. O bom Francis amaldiçoava a lei da gravidade com a mesma indignação do professor de arte acima citado.


Daí que estou pensando numa solução de meio termo, acredito que mais viável do que a pura e simples abolição da gravidade. Seria o sabonete magnético. Uma luva na mão esquerda com um elemento metálico e, dentro de cada sabonete, outro elemento metálico. Poderíamos esfregar nosso corpo de alto a baixo, suas saliências e profundezas, sem necessidade de cairmos de cócoras e ficarmos catando o sabonete como certos goleiros catam seus frangos.


A posteridade ainda me fará justiça por ter tido esta idéia que me veio durante o banho de ontem. O citado Arquimedes ali de cima também teve idéias enquanto tomava banho e saiu nu pelas ruas de Atenas, gritando ‘Eureca! Eureca!’. Prometo não fazer isso.’


TV DIGITAL
Luís Nassif


A TV aberta e a TV digital


‘Na discussão sobre TV digital, os maiores interessados obviamente são as emissoras abertas, os chamados broadcasters. Há dez anos, o tema vem sendo estudado pela Sociedade de Engenharia de Televisão. De cinco anos para cá, passou-se para a etapa de testes e avaliações. Diretor técnico da Rede Globo, Fernando Bittencourt considera que a decisão sobre a TV digital poderá representar a diferença entre a vida e a morte para as TVs abertas.


Sua visão é simples. No começo, havia apenas os broadbanders, gerando conteúdo distribuído pela TV aberta. Depois, surgiu o cabo, com conteúdo dos broadcasters e outros mais, tendo o diferencial da interatividade. Junto, veio o satélite, com as mesmas qualidades. Mais recentemente, as empresas de telefonia, que eram apenas voz, tornaram-se digitais, abrindo espaço para a banda larga e para a internet. Dentro de muito pouco tempo, a qualidade técnica da banda larga será igual ou melhor do que a TV em casa, assim como a qualidade dos celulares. De todas as mídias, a única que não é digital é a TV aberta. E é a única gratuita, que vive apenas de publicidade.


Com a implantação da TV digital, as emissoras atuais não prevêem um crescimento do bolo publicitário. Por isso, trata-se muito mais de uma estratégia defensiva, para não perder publicidade para os concorrentes que já se digitalizaram.


Para competir nesse ambiente, a TV aberta necessitará das seguintes características:


1) Programação com qualidade similar ao satélite, cabo e telecom.


2) Condições de ser recebida em aparelhos móveis, também sendo gratuita e sem necessitar da intermediação da telefonia celular.


3) Integração com demais mídias. Será possível, por exemplo, assistir ao jogo pela TV aberta e encomendar o replay pelo cabo ou pela rede de telecom.


O sistema que melhor supre essas necessidades é o japonês, segundo Bittencourt. Há uma questão relevante em jogo. Cada canal possui 6 Mhz no espectro. Há duas alternativas para o uso do espectro: ou colocar a alta definição (o que comprometerá o espectro todo) ou fazer quatro transmissões diferentes, simultâneas, mas sem a alta definição.


Como modelo de negócio, Bittencourt considera que a divisão em várias programações é suicida. De um lado, não será suficiente para a TV aberta competir com as centenas de canais da TV a cabo. De outro, haverá uma pulverização da audiência e, conseqüentemente, da publicidade.


O grande problema é que, se quiser lançar a alta definição, o governo terá que disponibilizar um outro canal para cada emissora poder, durante oito a dez anos, transmitir simultaneamente a programação analógica e a digital -até que se complete a renovação dos aparelhos para a nova tecnologia.


Para o consumidor, a transição do analógico para o digital seria feita por meio dos setop-box. De início, será uma caixinha que receberá sinal digital e jogará em um aparelho analógico, com algum ganho de qualidade. Depois, o sinal poderá ser colocado diretamente em uma tela plana.


No endereço eletrônico www. projetobr.com.br, há um conjunto grande de artigos e trabalhos dos diversos atores envolvidos no processo.’


TV SENADO
Daniel Castro


TV das CPIs vai virar rede nacional aberta


‘A TV Senado, canal que chegou a liderar a audiência na TV paga no ano passado, transmitindo ao vivo sessões das CPIs que investigam corrupção no governo federal, vai virar rede nacional aberta.


O canal público, que completa dez anos em fevereiro, já tinha recebido do Ministério das Comunicações, em 2005, quatro canais retransmissores abertos: em Salvador, Recife, Fortaleza e Manaus.


Ontem, o ministério publicou no ‘Diário Oficial’ portarias que autorizam a TV Senado a instalar mais seis retransmissoras abertas: Rio de Janeiro (canal 49), Belém (44), Natal (52), Maceió (35), Cuiabá (55) e Boa Vista (13).


Contando com Brasília, onde já opera em sinal aberto, a TV Senado já se vislumbra em 11 capitais. Espera a liberação de mais 12 canais. Em São Paulo, onde não há mais espaço para canais abertos analógicos, negocia sua inclusão no plano de canais digitais.


Segundo James Gama, diretor da TV Senado, já está em processo licitatório a compra de transmissores para Salvador, Recife, Fortaleza e Manaus. ‘A idéia é que até março ou abril a gente comece a funcionar nessas cidades’, diz. Ele afirma que um ato da Mesa Diretora do Senado, em 2000, já previa a criação da Rede Senado de Televisão (nome oficial).


As retransmissoras abertas da TV Senado transmitirão a mesma programação, gerada em Brasília, do canal que é visto na TV paga. Não haverá programação local.


OUTRO CANAL


Cinema A Globo confirma a transmissão, pelo segundo ano consecutivo, do Oscar, em 5 de março. Renato Machado será o âncora e José Wilker, provavelmente, o comentarista.


Telinha 1 Pela segunda vez, o diretor Luiz Fernando Carvalho desistiu de transpor para o cinema a microssérie ‘Hoje É Dia de Maria’. Em junho passado, ele já tinha desistido de resumir as quase sete horas da primeira temporada (exibida na TV em janeiro). Mas voltou atrás e aceitou transformá-la em dois longas.


Telinha 2 Com a segunda jornada (exibida em outubro), ‘Maria’ seria uma trilogia nos cinemas. ‘Criei ‘Hoje É Dia de Maria’ para a TV e, sinceramente, não gostaria de criar um Frankenstein para o cinema. Então, sigo com as duas [temporadas] diretamente para o DVD, que está ficando lindo!’, afirma Carvalho, por e-mail.


Sacanagem Quem digita www.bbb6.com.br pensando no site de ‘Big Brother Brasil’ acaba acessando um site de sexo, daqueles que empesteiam o computador de pop-ups. O endereço do ‘reality show’ da Globo é www.globo.com/bbb.


Centro Autor de ‘Belíssima’, Silvio de Abreu terá uma reunião, semana que vem, com Andrea Matarazzo. O subprefeito da Sé quer que a novela da Globo estimule a revitalização do centro de São Paulo.’


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O Globo


Sexta-feira, 13 de janeiro de 2006


POLÍTICA CULTURAL
Alessandra Duarte


Gilberto Gil anuncia novas linhas de trabalho no Ministério da Cultura


‘A abertura do Teatro de Icó, no Centro-Sul do Ceará, e do I Festival de Música de Câmara da região, anteontem, foi também o lançamento de novas linhas de trabalho do Ministério da Cultura (MinC) para 2006. O ministro Gilberto Gil anunciou a mudança na direção do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), que passará a ser comandado por Luiz Fernando de Almeida, coordenador do programa Monumenta. Gil também adiantou que, até o fim do mês, o novo secretário de Fomento à Cultura, que trata da política de leis de incentivo, será Marco Acco, assessor da Secretaria Executiva do MinC, em substituição a Sérgio Xavier.


Almeida passará a cuidar tanto do Monumenta como do Iphan, integrando dois órgãos antes separados oficialmente mas ligados por funções semelhantes: apesar de cuidar do patrimônio (em áreas urbanas), o Monumenta não fazia parte do Iphan, o que dificultava sua execução orçamentária, segundo Almeida.


– Em quatro anos, o Monumenta teve 7% executados – diz ele. – A integração vai agilizar seu funcionamento. Aqui em Icó, por exemplo, vamos retomar este ano o restauro do Sobrado de Canela Preta e da Casa de Câmara e Cadeia.


A mudança reforça a nova política que o MinC quer adotar para o Iphan, centrando-a em patrimônio, e tirando dele a responsabilidade pelos museus, que ganharão um órgão só para eles, o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram).


Tombado como patrimônio histórico pelo seu casario, Icó viveu, com a inauguração de seu teatro, o fim de uma lenda da cidade: a de que o teatro, construído em 1860, nunca tinha sido inaugurado. Apesar do evento, faltam melhorias no espaço, que ainda não conta com tratamento acústico. Por isso, a apresentação de abertura do Festival de Música de Câmara, com a Orquestra de Câmara Eleazar de Carvalho, foi transferida de lá para a praça em frente.


Cultura em Movimento cadastra artistas do Ceará


Anteontem, Gil – que após seu discurso deu uma canja – também visitou em Icó os projetos Tenda de Circo, uma lona que percorre o estado oferecendo um palco para atrações locais, e Cultura em Movimento, um ônibus – inspirado pela caravana de artistas em que Humberto Mauro andou pelo Ceará nos anos 70 – que está passando por todo o estado para cadastrar artistas (no fim do projeto, em julho, será lançado um catálogo dos artistas cearenses). No evento de quarta, Gil prestigiou o projeto fazendo um cadastro simbólico.’


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‘A Funarte precisa trabalhar com planejamento mais antecipado’


‘Em entrevista ao GLOBO – dada sob a condição de que não fosse abordada a polêmica envolvendo Ferreira Gullar e Caetano Veloso – Gil falou de suas prioridades e das mudanças que programa para 2006.


Além da troca no Iphan, a Secretaria de Fomento à Cultura também terá novidades, não é?


GILBERTO GIL: Isso, o Sérgio Xavier sai, por motivos pessoais. E deve entrar o Marco Acco. Já conversei sobre isso com Acco e com a equipe, e ele já se mostrou motivado a aceitar. E deverá assumir até o fim de janeiro.


Haverá mudanças na política de leis de incentivo? O que o senhor conversou com Acco?


GIL: O principal trabalho do órgão para este ano estará centrado no decreto de reforma da Lei Rouanet, que já está na Casa Civil e, espero, deve ser sancionado pela Presidência da República neste primeiro semestre. A reforma prevê, por exemplo, a regionalização dos projetos.


O que mais está previsto para 2006?


GIL: Vamos continuar com os projetos para os museus, investir na política de livro e leitura, com a criação de uma agência para isso, e consolidar a política de editais para seleção de projetos em várias áreas, como no audiovisual. Queremos fazer isso com a Funarte, por exemplo.


Com o orçamento para a cultura este ano sendo o dobro do que no início, em 2003, vai aumentar a parcela de recursos para a Funarte e as artes cênicas?


GIL: A Funarte precisa trabalhar com planejamento mais antecipado. Não dá para falar: ‘Ah, vamos chamar umas pessoas aqui, e fazer uns projetos’, em cima da hora, tem de haver planejamento. Por não haver isso, por terem outro esquema de funcionamento, nesses últimos anos 50% dos recursos da Funarte foram realocados para outras áreas.


E a denúncia de peças falsificadas que estavam no Ano do Brasil na França (a PF investiga se obras de arte enviadas para uma exposição seriam falsas)?


GIL : Que história? Não estou sabendo disso, não. Fiquei sabendo disso agora, por você!’


MEMÓRIA
Obituário


José Duba, radialista, 87 anos


‘Radialista, escritor e apresentador de TV, o carioca José Duba manteve no rádio um programa com seu nome, dedicado às serestas, durante 66 anos. Começou na Rádio Metropolitana, na década de 30, passou pela Tamoio e pela Rádio Rio de Janeiro, onde apresentava de segunda a sexta, de 17h às 18h, o programa ‘Recordações Saudade’. Apaixonado pelas canções interpretadas por cantores como Silvio Caldas, compilou um livro com o mesmo nome do programa, reunindo 352 letras de serestas. Morreu de pneumonia domingo, dia 8, aos 87 anos. Deixou quatro filhos e seis netos.’


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O Estado de S. Paulo


Sexta-feira, 13 de janeiro de 2006


PUBLICIDADE OFICIAL
João Domingos


Planalto diz que gastou menos com publicidade


‘BRASÍLIA -Na estratégia de sempre se comparar ao governo de Fernando Henrique, e no contra-ataque puxado pelo ano eleitoral, o governo Lula concluiu levantamento pelo qual gastou bem menos com publicidade que o antecessor. Pelos dados do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), em 2000 o governo FHC teve despesas com propaganda de R$ 428.533.538, enquanto o de Lula, em 2003, desembolsou R$ 244.044.783.


Os valores referem-se a pagamento, em todas as mídias (jornais, revistas, rádio, TV, internet e outdoors), de serviços de publicidade e propaganda, publicidade institucional e de utilidade pública (campanhas de vacinação, por exemplo), publicidade legal, mercadológica e patrocínios. Não estão registrados os valores de produção das peças publicitárias. Segundo a Secretaria de Comunicação de Governo (Secom), a produção corresponde a cerca de 30% do que é pago às mídias.


DEFESA


A conta não registra também a publicidade feita pelas estatais, que em tese não prestam contas à Secretaria de Comunicação. É por aí que o secretário-geral do PSDB, deputado Eduardo Paes (RJ), faz a defesa do governo Fernando Henrique. ‘Registrar os números da administração direta não quer dizer nada, porque eles são transparentes e estão submetidos ao controle do Siafi’, argumentou. ‘Quero ver é o que aconteceu nas estatais. É de lá que saíram os recursos para o esquema de corrupção montado pela dupla Delúbio Soares e Marcos Valério’, atacou.


Ainda pelo levantamento do Planalto, o governo Fernando Henrique pagou em 2001 R$ 459.510.603 para propaganda da administração direta e em 2002, seu último ano, R$ 387.947.164. O de Lula gastou R$ 319.558.352 em 2004. A conta de 2005 ainda não foi fechada, mas o cálculo preliminar, feito até dezembro, é de R$ 236.146.626. A previsão orçamentária para 2006 é de R$ 159 milhões.


As despesas com publicidade registradas pelo Siafi e agora divulgadas pelo Planalto referem-se aos gastos da Presidência e da Vice-presidência e de todos os ministérios. Logo no início do governo, o então ministro da Secom, Luiz Gushiken, que centralizava a propaganda, negociou com os veículos, separadamente, um abatimento no valor da divulgação das peças de publicidade.’


EUA / JORNAIS EM CRISE
O Estado de S. Paulo


Margens de lucro dos jornais variam de 20% a 30%


‘Associação dos Jornais dos EUA ressalta que os porcentuais são mais altos do que os da indústria farmacêutica


‘Os jornais, apesar de todos os comentários e evidências do contrário, são boas compras. São os maiores fornecedores e produtores de conteúdo e suas margens de lucro são grandes. Esta é a última peça de informação que é freqüentemente esquecida nas análises de modelo de negócio’. A avaliação é de Thomas Kostigen, especialista em mídia do site MarketWatch.


Segundo ele, os jornais têm margens de lucro médias de 20% a 30%. Um relatório da Associação dos Jornais dos Estados Unidos (Newspaper Association of America) ressalta que esses números são um pouco inferiores aos da Microsoft e da Dell, mas mais altos do que os da indústria farmacêutica.


‘Isto é importante ter em mente no momento em que as pessoas estão sendo inundadas pelo estardalhaço de que a internet é o futuro do crescimento e assassina de tudo que é impresso’, afirma Kostigen. ‘Os distribuidores de notícias online estão suficientemente maduros para serem considerados negócios distintos e separados.


No momento, a venda do grupo de jornais da Knight Ridder está trazendo à luz dos refletores os fatos e os números relativos aos jornais. Na realidade, pode até estabelecer o tom do desempenho do setor – ao menos em termos de preço das ações.


Tanto a Merril Lynch como a Goldman Sachs, que está representando a Knight Ridder na venda, dizem que, se a empresa conseguir um bom preço (acima de US$ 70), as ações dos jornais estão propensas a subida.


‘Lances agressivos da parte de patrocinadores financeiros claramente servirão como um catalisador positivo para o grupo, pois os investidores antevêem potencial para outras consolidações na indústria’, disse o analista da Goldman, Peter Appert.


Neste ínterim, a Merril Lynch, num relatório emitido na segunda-feira, diz que as ações das operadoras de jornais Gannett e McClatchy serão as mais afetadas pela venda da Knight Ridder. Se a Gannet fizer uma oferta pela Knight Ridder, a Merrill prevê uma queda nas ações da Gannett. Se a Gannett não participar da licitação, a Merrill prevê uma alta nas suas ações.


E, mesmo sendo a McClatchy uma concorrente direta da Knight Ridder, a Merrill não vê nenhum resultado positivo para suas ações.


Embora não haja licitantes confirmados para a compra da Knight Ridder, há notícias de que firmas de investimento privado como a Kohlberg Kravis Roberts, o BlackStone Group e a Providence Equity Partners estão preparando ofertas. ‘Esses são investidores sofisticados e perspicazes. Eles não estariam fazendo um lance para uma propriedade dentro que uma indústria que está morrendo, algo a que o investidor médio deve prestar atenção’, ressalta Kostigen.


‘Os jornais ainda são importantes e, na realidade, resistentes’, diz, lembrando que numa palestra que ele assistiu há dez anos, o magnata da mídia e agora prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, disse que sempre haverá lugar para os jornais e para as revistas porque, bem, porque sempre houve.


‘Ele não estava sendo simpático, estava se mostrando agudamente consciente dos hábitos das pessoas. Um exemplo mais marcante – veja o fracasso da indústria de livros eletrônicos. As pessoas ainda gostam da experiência de ler virando as páginas e o mesmo acontece com os jornais’, comenta.


Richard Parsons, diretor-presidente da AOL Time Warner atribui aos ‘Três Bs’ a permanência do material impresso: beach, bathroom e bedroom (praia, banheiro e dormitório), lugares onde a tecnologia e os aparelhos ainda não se firmaram.


‘Se você encarar os jornais da forma antiga e acreditar nas previsões, vai se deparar com uma perspectiva sombria. Mas encare o setor de uma outra forma e verá que os jornais são uma boa compra’, conclui Kostigen.’


FRAUDE NA SCIENCE
O Estado de S. Paulo


Hwang joga a culpa em dois colegas de pesquisa


‘SEUL – O cientista sul-coreano Hwang Woo-Suk pediu desculpas ontem pela falsificação dos resultados de suas pesquisas com clonagem de células-tronco, mas colocou a culpa em dois jovens cientistas que teriam manipulado os dados sem seu conhecimento. Disse, também, que tem a tecnologia para clonar embriões humanos e que poderia fazê-lo num prazo de seis meses, se tivesse óvulos suficientes.


Hwang disse que enviou as pesquisas para publicação na revista Science acreditando que os resultados estavam corretos. Segundo ele, dois jovens cientistas do Hospital Mizmedi, em Seul, que colaboraram com o trabalho, mentiram para ele quando disseram que tinham conseguido cultivar células-tronco dos embriões humanos clonados por sua equipe.


‘Acreditamos que eles nos enganaram completamente com seus resultados’, disse Hwang. ‘Com base na atuação e na responsabilidade do Hospital Mizmedi, confiamos 100% nos seus relatórios.’


Em 2004 e 2005, Hwang publicou dois estudos no qual relatava a clonagem de embriões humanos e o estabelecimento de várias linhagens de células-tronco embrionárias clonadas. A investigação da Universidade Nacional de Seul, entretanto, não encontrou nenhuma evidência de que Hwang tenha produzido sequer uma única linhagem.


‘Eu assumo responsabilidade total pelos artigos e ofereço minhas desculpas’, afirmou o cientista, em um depoimento transmitido ao vivo pela televisão. Ele disse que ficou ‘cego’ com o potencial das células-tronco. ‘Tudo o que eu podia ver era se conseguiria colocar a Coréia no centro do mundo com essa pesquisa.’’


BISBILHOTICES
Ignácio de Loyola Brandão


Bisbilhotando, vejam só!


‘Quem ainda não está na praia está indo. Praia é lugar para curtir água, sol, caipiroscas, cervejas geladas. Mas como nunca se viu um tempo igual, é bem provável que na praia esteja fazendo uns cinco graus e vocês tenham de ficar em casa. Vai levar livros e DVDs, é claro. E entre os livros, comendar um que vai dar pano para manga, assunto para conversa, riso e perplexidades. Um livro que é melhor ser lido em conjunto, para desfrutar melhor. Porque se trata de bisbilhotices. Por sinal que o título é esse mesmo? Bisbilhotices. Autor: Amaury Jr., o colunista que já fez mais de 20 mil entrevistas. Conheço Amaury desde os tempos de São José do Rio Preto, onde ele foi redator de jornal de colégio, radialista, promotor de concursos (Ana Maria Braga, certa vez, ganhou como a melhor sósia de Brigitte Bardot, mas isso faz tempo) e um dos primeiros produtores e apresentadores de televisão naquela cidade. Flash começou na tevê com cinco minutos, daí o nome do programa, e hoje tem uma hora. Amaury ‘inventou’ o colunismo social eletrônico e ao longo dos anos acumulou um número notável de historinhas. Não sabia o que fazer com elas até que decidiu dar a tudo a forma de livro. Encontrou Alessandra Blocker da editora Jaboticaba e Bisbilhotices está nas ruas, quero dizer, nas livrarias. São deles os casos que se seguem.


O papel: Num banquete oficial, FHC se descuidou e derramou um copo de água na mesa. Instintivamente, apanhou um papel ao seu lado e enxugou a mesa, amassou o papel e jogou. Era o discurso do presidente ucraniano Leonid Kravschuk.


As gafes: Ibrahim Sued, que com Jacinto de Thormes formou a maior dupla de colunistas dos anos 50 e 60tinha um programa de televisão. Certo dia se despediu: ‘Estarei aqui diariamente às terças e quintas-feiras.’ Ibrahim sempre garantia que tropeçava de propósito, era a sua marca registrada, assim falavam dele.


O engano: Tom Jobim, na Itália, queria pedir uma xícara de chá para sua mulher e arranhou em italiano: – Mia moglie vuole te.


O maître setentão, acostumado a ver de tudo, franziu a testa e saiu pela tangente: ‘Desculpe-me, mas estou muito velho…’ Em italiano, chá se pronuncia té. Ao falar, sem frisar o acento, Tom disse ao velho: ‘Minha mulher te quer.’


Altura: Nelson Ned é o cantor (hoje só canta temas evangélicos) menor do Brasil, mede 1,12 m. Ao passo que Falcão é o maior, mede 1,93 m e calça 45.


Mal-entendido: Uma vez, João Ubaldo Ribeiro foi chamado de veado e riu muito. João estava na churrascaria Rodeio, em São Paulo, e chorava muito, desesperado com a morte de seu amigo Glauber Rocha. Estava inconsolável. Ao seu lado, o jornalista Tarso de Castro o cobria de beijos. Era uma das manias do Tarso, o criador do Pasquim, o sedutor de mulheres (Candice Bergen foi apaixonada por ele). Em recente biografia de Tarso, o jornalista Tom Cardoso fala dessa mania de Tarso de dar um selinho em todo mundo, o que chegava a incomodar os amigos. Ubaldo aos berros: ‘Não me conformo, não me conformo.’ E o Tarso a abraçá-lo, tentando acalmá-lo com mais beijos. Nas imediações, um casal estava perturbado com a cena. Era gente que não pertencia à tribo do Rodeio, um dos hits da época, point de gente descolada. A mulher virou-se para o parceiro e ordenou: ‘Ou você toma uma providência ou tomo eu.’ Chamaram o maître Ramon (que já morreu) e deram um ultimato: ‘A gente vem aqui, paga, quer comer bem, e não podemos comer em paz porque esse casal de veados fica na nossa frente brigando.’ Levantaram-se e bateram em retirada. Ela ainda passou pela mesa e gritou: ‘Seus veados!’ Ubaldo e Tarso se entreolharam, perceberam a situação e caíram na gargalhada.


Papo-de-anjo: O doce predileto de Vinicius de Morais era papo-de-anjo. Era capaz de abrir mão de qualquer compromisso importante diante de seu maior prazer gastronômico. Era vidrado mesmo. Diabético, o poeta tinha suas crises existenciais, costumava ‘puxar angústia’ como se dizia. Nessas horas, dava suas receitas de suicídio, que Toquinho cansou de ouvir e de reagir com muitas gargalhadas. A receita era: Vinicius via-se deitado numa banheira com uma enorme bandeja de papos-de-anjo, comendo obsessivamente e entrando delicadamente em coma diabético. Por ironia, o poetinha morreu numa banheira, mas infortunadamente sem um só papo-de-anjo ao lado. Uma das minhas entrevistas com Vinicius, conta Amaury, foi no Termas de Ibirá, para a TV Rio Preto, Canal 8. Ele costumava se hospedar no hotel, fazendo shows pela região. Foi lá que ouvi outra história hilária dos tais papos-de-anjo. Vinicius costumava abrir o show dizendo que a melhor coisa do mundo era comer papo-de-anjo tendo ao lado a mulher amada. Num desses shows, na platéia, Rubem Braga comentou: ‘O Vinicius está passado. O certo é comer a mulher amada tendo ao lado um papo-de-anjo.’


Qual é o nome? Para encerrar, os nomes reais de alguns famosos: Ariclenes Venâncio Martins é hoje o Lima Duarte. Pedro Aníbal de Oliveira Gomes virou Pepeu Gomes. Demetria Gene Guynes é Demi Moore. João Runinato era o Adoniran Barbosa. Grace Mendonza é Grace Jones. Maria Fernanda Dutra Clemente é a Fernanda Porto. Antonio Carlos Xenofonte é o Kid Vinil.


O resto? Está lá nas 266 páginas do livro. Aos que estranharem, comunico que nada pretendo receber por esta crônica, afinal, só editei material de um amigo que tem 23 anos de televisão.’


TELEVISÃO
Taíssa Stivanin


Cresce a marca Floribella


‘É uma mina de ouro infanto-juvenil. Na segunda fase da novela, que estréia no dia 23, Floribella, a novela seriado da Band, repete e incrementa o bom desempenho comercial. Mais um CD será lançado até março. O primeiro vendeu cerca de 200 mil exemplares entre junho e dezembro, um dos campeões de 2005.


Mais álbum de figurinhas: a Panini vendeu 6 milhões de envelopes e vai lançar um pôster este ano. O tênis da protagonista continua no mercado – em 2005, foram 220 pares vendidos -, assim como a boneca, que já alcançou as 65 mil unidades. Tem mais: sapatilha da Grendene e jogo de quebra-cabeça da Estrela. Fora os produtos online e de telefonia celular, negociados com operadoras e provedores e parcerias com grandes anunciantes, como Alpargatas, por exemplo.


Não há dúvida, diante de tantos números, que a fórmula de atores fofinhos cantando e dançando músicas fáceis de guardar, já testada em Chiquititas pelo SBT, rende audiência e dinheiro. O diretor comercial, Marcelo Mainardi, se diz espantado com o resultado. ‘No começo, os anunciantes olhavam desconfiados porque estávamos afastados da dramaturgia há um tempo’, diz. ‘Era como se o mercado sinalizasse: ‘Ih, mais uma novela de criança da Argentina’, brinca o executivo. A brincadeira tem um fundo de verdade. Cris Morena, dona da Cris Morena Group, é a inventora de Chiquititas na Argentina, produto que vendeu para diversos países do mundo via Telefe, a emissora mais poderosa do país, pertencente a Gustavo Yankelevich, seu marido.


Floribella repete a fórmula, mas é bem mais moderninha. E a produção brasileira, bem mais apurada. E custa mais. Como diz Mainardi: ‘Queria que custasse menos e desse o mesmo retorno.’ Mas aí é querer demais.’


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