Saturday, 02 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1312

Jornal belga é o primeiro
a usar “papel eletrônico”


Leia abaixo os textos desta quinta-feira selecionados para a seção Entre Aspas.


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O Estado de S. Paulo


Quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006


JORNALISMO & TECNOLOGIA
O Estado de S. Paulo


Bélgica lança primeiro jornal em papel eletrônico


‘Na Bélgica, os leitores que gostam de aproveitar as tardes para folhear o jornal não precisam mais se preocupar com notícias desatualizadas durante o dia. Ao menos, por um período de testes de três meses. Segundo a agência de notícias Deutsche Presse-Agentur (dpa), o diário De Tijd, da Antuérpia, se tornará o primeiro jornal a publicar uma versão digital do ‘papel eletrônico’.


Em vez de comprar um jornal diariamente, a partir de abril 200 assinantes poderão começar o dia conectando à internet um aparelho eletrônico fornecido pelo De Tijd e então baixar o jornal. As atualizações serão feitas automaticamente ao longo do dia.


De acordo com as informações da dpa, o aparelho é uma tela com a espessura de uma folha de papel e o tamanho de uma folha de jornal, repleto de microcápsulas brancas e pretas. Quando ligado, mostra a imagem do jornal, tal qual ele é impresso em gráficas. A ‘tinta eletrônica’ reproduz 16 tons de cinza. Quando o leitor aperta os botões para trocar de página ou aumentar um artigo específico, as partículas se rearranjam.


‘Se o período de testes se mostrar favorável, vamos criar um modelo de negócio baseado nos resultados’, disse o gerente do projeto, Peter Bruynseels.


A experiência belga reflete a luta dos jornais pela sobrevivência em um mundo de competição e custos crescentes. O modelo do papel eletrônico do De Tijd custará 400, mas os assinantes estão isentos. A empresa afirmou que os custos devem baixar conforme o diário eletrônico for se tornando um item de produção em massa.


O aparelho tem o tamanho de dois laptops, mas gasta 100 vezes menos energia do que um monitor de laptop comum. Se usado três horas por dia, a bateria do papel eletrônico pode durar uma semana. A capacidade de armazenamento do aparelho é de 244 megabytes, o suficiente para gravar um mês de jornais e mais 30 livros. Bruynseels destaca também a economia em papel. Um diário como The New York Times ou The Wall Street Journal chegar a gastar 200 mil toneladas de papel para impressão por ano.


Usando um marcador especial, os leitores já podem marcar trechos de texto na tela e, ao tocar um anúncio, a site do anunciante se abrirá automaticamente. O jornal estuda variar os anúncios publicados ao longo do dia. Além disso, a E Ink, empresa que desenvolveu a tecnologia das microcápsulas, estuda como fabricar uma tela colorida para o papel eletrônico.’


MERCADO EDITORIAL
O Estado de S. Paulo


Número de leitores de jornais na Espanha supera 40% da população


‘LA VANGUARDA – O ano de 2005 foi bastante favorável para o sistema de mídia espanhol, não só pelo aumento da publicidade, como pelos sinais de crescimento do setor industrial. A imprensa escrita bateu recorde de leitura, já que o número de leitores superou 40% da população. O crescimento do consumo de meios de comunicação na Espanha supera a média da União Européia UE), segundo o estudo Tendencias, da Fundación Telefónica.


De acordo com o estudo dirigido por Bernardo Diaz Nosty, ‘os conteúdos da mídia estão mais orientados para o entretenimento e o lazer, com perfis populares acima dos observados nos países do Centro e Norte da Europa. Essas diferenças não expressam tanto a diversidade cultural lógica no seio da União Européia como também prováveis desigualdades e sintomas de pobreza no cardápio midiático-cultural espanhol’.


A indústria jornalística melhora de forma constante desde 2001, embora mais pelas receitas publicitárias do que pelo aumento de vendas (que é inferior a 100 exemplares por mil habitantes). Não obstante, a leitura de jornais atingiu em 2005 um recorde, já que o número de leitores foi superior a 40% da população, em parte pelo surgimento da imprensa gratuita. É significativo o uso dessas publicações por uma parte importante dos imigrantes, pouco habituados a comprar jornais. A diferença de consumo de jornais entre as comunidades do Norte e do Sul da Espanha continua sendo muita acentuada, assim como o escasso consumo por parte dos jovens.


As revistas, que em muitos países da UE são a primeira opção para investimento publicitário na imprensa, aqui são absolutamente superadas pelos jornais e pela televisão. A grande imprensa tem a maior parte do consumo, mas há uma tendência progressiva à especialização de conteúdos e à segmentação dos públicos.


No que se refere ao rádio, é o meio que se mantém mais estável em seus conteúdos. No rádio ‘a personalidade de seus dirigentes’prevalece sobre a marca de uma emissora. Porém, sua audiência continua estagnada, apesar do aumento da população, e ‘se converteu num meio subsidiário realmente importante, mas não decisivo, com mais influência social que empresarial’, uma vez que, embora ocupe o segundo lugar em termos de audiência, essa preferência não se repete em investimentos em propaganda.


O documento constata que ‘no conteúdo, a televisão continua apresentando menos novidades’.’


INTERNET
O Estado de S. Paulo


Direitos autorais levam o Google à Justiça


‘REUTERS NOVA YORK – O serviço de busca de imagens do Google viola os direitos autorais da revista e site para adultos Perfect 10 Inc., ao mostrar as fotografias em tamanho reduzido. Essa foi a decisão de um juiz federal americano, que veio a público na semana passada. No entanto, o Google provavelmente não será responsabilizado por mostrar as principais imagens do site do Perfect 10, disse um juiz da corte da Califórnia na semana passada, ao dar seu o veredicto sobre o assunto.


A ordem de não exibir as imagens impediria o Google de mostrar as fotos em tamanho reduzido – ao clicar sobre elas, o internauta tem acesso a uma versão maior das mesmas. Mas a decisão judicial não impediria o Google de fornecer o link para o site de origem das fotos. O juiz aceitou que as pessoas que clicam nas fotografias não acessam imagens que o Google armazenou em seus computadores, mas links para o outros sites.


O Google alega que não há nada de errado com o uso das fotos pequenas. ‘Qualquer sentença judicial não terá efeito na imensa maioria de imagens exibidas pelo Google, afetará apenas as que forem de propriedade do Perfect 10’, disse um advogado da empresa.


A Perfect 10 planeja levar mais evidências a plenário na próxima quarta-feira que comprovam a violação dos direitos da revista por parte do site de buscas.’


TELEVISÃO
Luiz Carlos Merten e Keila Jimenez


MTV leva música virtual à TV


‘Criador (com Federico Fellini) do chamado neo-realismo interior, uma dissidência do neo-realismo clássico, Michelangelo Antonioni ganha a homenagem do Eurochannel, que lhe dedica sua Noite Nostalgia, exibindo dois filmes a partir das 22 horas. O primeiro é As Amigas, de 1955; o segundo, à meia-noite, é O Dilema de Uma Vida, que foi como Il Deserto Rosso, de 1964, se chamou no Brasil.


Antonioni trabalhou quase sempre com roteiros originais. As Amigas foi um de seus raros filmes adaptados de fontes literárias. A origem é o romance de Cesare Pavese sobre cinco amigas de Turim, unidas em torno de uma casa de modas. Nesse ambiente essencialmente feminino, voltado à aparência exterior, as mulheres se preocupam, mais do que tudo, com os homens.


Primeiro grande filme de Antonioni, As Amigas marca a afirmação de um tipo de cinema baseado na acuidade psicológica que virou a marca do diretor. O que difere é que as mulheres, aqui, falam muito e Antonioni cultivou, depois, o valor do silêncio. Eleonora Rossi Drago e Valentina Cortese estão no elenco. O Dilema de Uma Vida foi o primeiro longa do autor após a sua famosa trilogia da solidão e da incomunicabilidade, com a mesma atriz de A Aventura, A Noite e O Eclipse, Monica Vitti. Foi também o primeiro filme em cores de Antonioni, mas a neurose da protagonista faz com que a dimensão existencial do filme seja um pouco diferente dos outros.A MTV está entrando de cabeça no mundo da música em MP3, do I-pod, Podcast, música na internet. Tecnologia demais? Isso não é nada.


A emissora estréia no dia 6, às 21h, I-dog, nome provisório de uma atração que promete ser a marca de uma nova linha editorial que a emissora seguirá, a da convergência de mídias em busca da música. I-dog trará o telespectador como uma espécie de VJ internauta. É com base nas músicas em MP3, Podcast( programa de rádio disponível na internet em formato digital) e outros tipos de música via computador que será pautada a atração.


‘Os telespectadores vão nos mandar sua seleção de músicas em MP3, o que estão ouvindo na internet, como estão realizando essas buscas e vamos colocar isso no ar’, tenta explicar o diretor de Programação da MTV, Zico Góes. ‘A partir de uma lista de músicas vamos exibir alguns videoclipes e para as que não tiverem clipes vamos criar imagens exclusivas, assim como acontece na internet.’


No programa, além de compartilhar informações sobre bandas e músicas, o telespectador/internauta também poderá enviar seu perfil virtual, assim como temos no Orkut, que será mostrado na atração.


‘Esse programa será uma espécie de emblema da nova programação da MTV, que se preocupará cada vez mais com esses novos jeitos de se chegar à música.’


Deixando tanta modernidade um pouco de lado, outra novidade é a estréia da VJ Luísa no canal, no comando do I-dog. A bela é paulistana, tem 20 e poucos anos e já trabalhou no jornalismo da emissora. No dia 7, estréia a nova programação da MTV, com o fim de atrações como Mochilão e Missão MTV, entre outros. ‘Tínhamos na grade umas 30 atrações, vamos reduzir 1/3 disso. A grade será menos picadinha e com mais foco’, adianta Góes.’


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Folha de S. Paulo


Quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006


TODA MÍDIA
Nelson de Sá


Como espuma


‘Da escalada do ‘JN’:


– Datafolha mostra a recuperação da popularidade do presidente Lula. Ele venceria qualquer candidato.


Os ‘pundits’, comentaristas políticos, não falaram de outra coisa, ontem.


Nada do ‘JN’, que não tem mais opinião formal. Mas desde a madrugada, na rede, o blog de Josias de Souza na Folha Online já sublinhava:


– Foi entre os mais ricos que se registrou a maior reviravolta. Lula dobrou a votação entre aqueles que ganham mais de dez salários mínimos.


Na mesma linha, no canal Band News, Fernando Mitre se surpreendeu:


– Lula havia crescido entre as classes populares e agora cresce entre eleitores de maior poder aquisitivo. Isso não é comum. Normalmente é o contrário, [a onda] se irradia da faixa com poder de influência.


O blog de Helena Chagas no Globo Online perguntou, sobre a mesma faixa:


– E quem é esse pessoal? É aquele que havia abandonado Lula. Oito meses depois, parece ter chegado à conclusão de que o escândalo não foi aquilo tudo que a oposição dizia.


No canal Globo News, Tereza Cruvinel observou:


– A avaliação pessoal de Lula cresceu mais que a aprovação do governo. Apesar de toda a crise, a sua figura se manteve descolada e, quando se expõe, ele se recupera.


Em outra direção, o Blog do Alon comentou que o Datafolha confirma que ‘Lula voltou a ser competitivo, mas (ainda) tem suas fragilidades’.


Em especial, Lula é governo -e seu governo não melhora de avaliação, não tem jeito, por mais que ele se esforce.


Pelo mundo, despachos de Reuters, EFE e outras agências destacavam que se ‘confirmou a recuperação’.


Já a Associated Press, em seu despacho em espanhol, deixou dúvida quanto à consistência da recuperação, com o enunciado ‘Lula sobe como espuma nas pesquisas’.


No exterior, aliás, cresce a atenção com Garotinho. Ontem foi a vez do ‘El País’, no texto ‘Lula corteja os evangélicos’. A teoria é que a Igreja Universal ‘pode respaldar’ Lula contra a força do ex-governador entre os evangélicos, especialmente na Assembléia de Deus.


O blog de Fernando Rodrigues no UOL citou que o Datafolha ‘anaboliza os governistas do PMDB’ e deve levá-los a ‘tentar melar as prévias’ para conter Garotinho, ‘determinante’ para um segundo turno.


De sua parte, o ex-governador surgia destacado no noticiário da pesquisa na Band, lado a lado com Lula e Serra.


Garotinho, como noticiou o jornal ‘O Estado de S.Paulo’, não sai da Band. No domingo, Raul Gil. Antes, ‘Canal Livre’. E todo sábado ele apresenta seu próprio programa, ‘Encontro Marcado’, que não é ‘horário comprado’.


Sem esquecer do programa diário, ‘Falando com a Família’, que é bancado por um pastor da Assembléia de Deus.


O âncora da CNN, enviado ao Brasil, visita posto para celebrar o etanol


OS ELEFANTES


A CNN mergulhou ontem no Brasil, em reportagem que começou num ensaio de escola de


samba -e saiu para tratar do ‘potencial’ do país que ‘está preparando um boom econômico’. E tome BRIC, o acrônimo das ‘quatro superpotências do futuro’, Brasil, Rússia, Índia e China -os dois primeiros, na explicação do enviado da CNN, como celeiros dos dois últimos.


Partindo de tal premissa, Lula volta a ser ‘ex-engraxate e metalúrgico que herdou uma economia aleijada pelo derretimento de 1998, dobrou as exportações e levou a Bovespa a crescer um terço só no ano passado’. E tome entrevistas com Gilberto Gil, até Zico. Em especial, com o presidente da Petrobras, afinal, ‘uma das coisas mais surpreendentes sobre o Brasil é que, para um país deste tamanho, ele é auto-suficiente em combustível’.


No samba-exaltação da CNN, até a Daslu se torna uma evidência de que tudo vai de bom a melhor. Ok, a loja é ‘a reserva dos ricos’ num país ‘entre os mais desiguais do mundo’. Mas entra a gerente da loja e explica:


– Para nós, brasileiros, o luxo é um fenômeno novo.


Entende-se o oba-oba da CNN. Ontem o ‘Wall Street Journal’ fez nova e eloqüente defesa da derrubada das barreiras americanas à importação do etanol brasileiro. E anteontem o ‘Financial Times’ deu primeira página para entrevista com o presidente da Petrobras.


Tem mais. O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, o francês Pascal Lamy, deu ontem uma longa entrevista ao ‘Financial Express’, a principal publicação de economia da Índia. No título, uma declaração dele, ‘China, Índia e Brasil serão os elefantes do século 21’.’


GUERRA DAS CHARGES
Michael Slackman e Hassan M. Fattah


Caso das charges amplia disputa entre muçulmanos


‘DO ‘NEW YORK TIMES’, EM AMÃ – Contestando diretamente a reação internacional de ultraje contra as charges do profeta Muhammad, o jornalista jordaniano Jihad Mohmani escreveu: ‘O que traz mais prejuízos ao islã, essas caricaturas ou as imagens de um seqüestrador degolando sua vítima diante das câmeras, ou ainda de um homem-bomba se explodindo durante uma cerimônia de casamento?’.


No Iêmen, o jornalista Muhammad al Assadi escreveu um editorial condenando as charges, mas também lamentando a reação de muitos muçulmanos. ‘Os muçulmanos tiveram uma oportunidade de ensinar ao mundo os méritos do profeta Muhammad e o caráter pacífico da religião que ele trouxe’, escreveu Assadi. ‘Os muçulmanos sabem melhor como perder oportunidades do que como fazer bom uso delas.’


Momani e Assadi estão entre 11 jornalistas em cinco países que enfrentam a possibilidade de ser processados por sua decisão de publicar algumas das charges. Os casos trazem à tona outro lado do conflito atual, o lado intramuçulmano de uma questão que vem sendo definida pela maioria como uma luta entre o islã e o Ocidente.


A reação de choque contra as charges, primeiro publicadas num jornal dinamarquês, vem aprofundando uma falha que percorre todo o Oriente Médio, dividindo os que querem engajar suas comunidades num diálogo introspectivo e os que centram sua atenção nos inimigos externos.


Mas a reação também veio ressaltar uma disputa política que envolve movimentos políticos islâmicos emergentes, como o Hamas, na faixa de Gaza, e a Irmandade Muçulmana, no Egito, e governos árabes que não sabem ao certo como contê-los.


‘A situação se transformou num jogo entre dois lados, os extremistas e o governo’, comentou Tawakkul Karman, que preside um grupo de defesa dos direitos de jornalistas, Mulheres Jornalistas Sem Repressões, do Iêmen. ‘A coisa se estruturou de tal maneira que, se você tenta resistir a essa onda gigante, se vê enfrentando 1,5 bilhão de muçulmanos.’


As emoções em ebulição, a violência dos protestos e as detenções de jornalistas, tudo isso vem semeando o receio entre pessoas, em sua maioria escritores, que querem exprimir idéias contrárias aos sentimentos prevalecentes. E ameaça quem afirma que os grupos islâmicos vêm manipulando o público para demonstrar sua força e que os governos vêm utilizando as charges para declarar suas credenciais religiosas.


‘Não paro de ouvir perguntar ‘por que os liberais se mantêm em silêncio?’, contou o juiz egípcio Said al Ashmawy, autor de vários livros sobre o islã político. ‘Como podemos escrever? Quem vai me proteger? Quem vai me publicar, para começo de conversa? Com a islamização da sociedade, a lista de tabus se alonga a cada dia. Não se deve escrever sobre religião. Não se deve escrever sobre política ou sobre mulheres. O que é que resta?’


Embora as charges tenham de fato despertado a fúria de muçulmanos, a dinâmica regional subjacente ao conflito já vem se desenvolvendo há décadas, nas quais os líderes vêm se esforçando para frear a ascensão do apelo político islâmico, tentando se estabelecer como guardiões da fé.


Jihad Khazen, conhecido colunista árabe do jornal pan-árabe ‘Al Hayat’, disse: ‘Os islâmicos queriam comprovar sua força. O governo reagiu no mesmo tom, dizendo ‘somos todos muçulmanos e nos importamos com nossa religião’, e acho que, nesse processo, a verdade acabou pisoteada’. Tradução de Clara Allain’


TELEVISÃO
Daniel Castro


Programa da Globo vai invadir festas reais


‘‘Minha Nada Mole Vida’, novo seriado de humor que a Globo começa a gravar dia 6 de março, vai levar ao pé da letra a sátira às colunas sociais eletrônicas que imitam o jornalista Amaury Júnior.


Na segunda temporada do programa, prevista para novembro, o protagonista Luiz Fernando Guimarães, que interpreta o telecolunista Jorge Horário, vai invadir festas reais. ‘Ele iria à festa da Malu Mader, por exemplo, fazendo seu personagem. Mas as pessoas entrevistadas seriam elas mesmas, não personagens’, adianta José Alvarenga, diretor da série.


‘Minha Nada Mole Vida’ estréia dia 7 de abril, numa primeira temporada de apenas oito episódios. Mas já é a nova grande aposta da cúpula da Globo.


Alvarenga afirma que Jorge Horácio não irá a festas reais nessa primeira temporada para que o telespectador possa se acostumar com os personagens da série.


No seriado, Jorge Horácio terá um programa de TV, o ‘Jorge Horácio By Night’. Ele compra horário numa emissora, produz e comercializa (às vezes cobrando pela cobertura de festas de não-famosos) o programa. Trabalha com uma produtora ‘doidíssima’ e um câmera ex-hippie (que serão selecionados hoje).


O seriado será um metaprograma. As ‘entrevistas’ do ‘Jorge Horácio By Night’ serão exibidas dentro dele. Haverá duas vinhetas de abertura (uma para a série e outra para o ‘Jorge Horácio’).


OUTRO CANAL


Esperando Record e Gugu Liberato terão uma rodada de negociações após o Carnaval, ainda na semana que vem. Na reunião, a emissora irá apresentar seus ‘números’ ao apresentador, que está descontente com o SBT, que quer reduzir seus ganhos em 40%.


Miojo Um diretor da Globo já pensa numa forma de aproveitar a nova megacelebridade instantânea Katilce Miranda, a moça que deu um selinho em Bono no show de segunda-feira. Ela virou uma febre na internet. Mas o executivo ainda não sabe se ela tem talento para dançar ou interpretar. A única certeza é que precisa perder vários quilos.


Patrimônio A Globo acaba de pedir ao INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) o registro da marca ‘Organizações Globo’. Trata-se apenas de uma medida preventiva. Registrou o título antes que algum ‘espertinho’ o fizesse e tentasse revender a marca à própria emissora, como já ocorreu em novelas.


Sacolão 1 Sem diretor comercial desde o final de dezembro, o SBT não conseguiu recrutar executivos para a vaga anunciando em seu próprio site, iniciativa que foi malvista pelo mercado publicitário.


Sacolão 2 Nos últimos dias, a rede de Silvio Santos sondou profissionais da área comercial em quase todas as concorrentes, principalmente na Record. Nem Cícero Feltrin, que vem fazendo um bom trabalho na TV Cultura, escapou do assédio do SBT.’


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O Globo


Quinta-feira, 23 de fevereiro de 2006


INGLATERRA
Fernando Duarte


Charles processa jornal e paparazzi pagam 1 por perseguir Diana


‘LONDRES. No mesmo dia em que a Corte de Cassações, a mais alta instância jurídica de Paris, decidiu punir de maneira simbólica três paparazzi que perseguiram Lady Di na noite de sua morte, em 1997, seu ex-marido, o príncipe Charles, também esteve às voltas com tribunais.


Em Paris, a Corte de Cassações acolheu recurso dos advogados do milionário egípcio Mohammed Al-Fayed, para quem os papparazzi infringiram as leis de privacidade francesas quando tiraram fotos de Diana e seu namorado, Dodi Al-Fayed. No entanto, os três fotógrafos receberam uma multa conjunta de apenas 1.


Charles, por sua vez, processa o tablóide ‘Mail on Sunday’ por conta da publicação de um trecho de seu diário com críticas a líderes do governo chinês, sob a alegação de violação de privacidade e direitos autorais.


Segundo ex-assessor, príncipe pedia para vazar informações


O imbroglio teve início em novembro passado, quando o ‘Mail on Sunday’ revelou, durante visita a Londres do presidente da China, Hu Jintao, que Charles comparou as autoridades do país com grotescas figuras de um museu de cera, observação escrita no diário durante a participação do príncipe nas festividades pela devolução do território de Hong Kong aos chineses, há nove anos. Os advogados do príncipe alegam que a publicação de suas opiniões foi ilegal e não autorizada.


No entanto, o depoimento de um ex-assessor de Charles pôs em dúvida esse argumento. Mark Bolland, que trabalhou com o herdeiro do trono entre 1996 e 2002, contou ao tribunal ter recebido diversas orientações do príncipe para tornar públicas suas posições diante de assuntos como a ocupação chinesa do Tibete e que Charles normalmente escrevia cartas para parlamentares e ministros para manifestar opiniões.


Ainda segundo Bolland, o príncipe várias vezes disse estar agindo como dissidente do consenso político e por vezes fazia questão de que suas opiniões fossem vazadas para imprensa. Os representantes do ‘Mail on Sunday’ se fiam no argumento da liberdade de imprensa e do direito de informar ao público sobre o posicionamento político de seu futuro soberano.’


ARGENTINA
Janaína Figueiredo


‘Clarín’ revê seu apoio a Kirchner após ser atacado


‘BUENOS AIRES. O jornal ‘Clarín’, o mais importante da Argentina, questionou ontem, pela primeira vez, o relacionamento entre o governo Néstor Kirchner e os meios de comunicação. Após protagonizar um bate-boca com o presidente, provocado pela publicação de informações sobre a suposta intenção do governo de executar uma reforma tributária, o jornal argentino publicou uma carta reivindicando o direito de a imprensa ‘informar e publicar notícias devidamente confirmadas’ e acusando o governo de ‘concentrar ferreamente a informação’.


A carta, assinada pelo diretor de redação do jornal, Ricardo Kirschbaum, foi divulgada um dia depois de o presidente ter atacado duramente o ‘Clarín’ – jornal que desde o início do governo, em maio de 2003, mostrou-se fiel aliado do presidente – durante um ato na Casa Rosada (palácio de governo).


A guerra entre o presidente e o principal jornal da Argentina ocorre quando o governo tenta passar uma polêmica reforma que, segundo opositores, representa um atentado à independência do Poder Judiciário. O governo esperava aprovar ontem, na Câmara, um projeto que reduz o número de membros do Conselho da Magistratura, encarregado de eleger e exonerar os juízes. A oposição afirmou que Kirchner busca redobrar o controle à imprensa e ao Judiciário, como fez quando foi governador de Santa Cruz.’


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Jornal do Brasil


Quinta-feira, 22 de fevereiro de 2006


LÍNGUA PORTUGUESA
Deonísio da Silva


Muvuca et cetera


‘Como sempre acontece nessas ocasiões, muitas celebridades, agraciadas com lugares reservados no show dos Rolling Stones, deixavam claro diante das câmeras o esforço de mostrar que estavam livres da muvuca. Os leitores sabem o que é muvuca? Seus avós sabem ou sabiam?


Vejamos como é curiosa a viagem das palavras! Devemos a Nei Lopes, em seu Dicionário banto do Brasil, as fontes para entendimento de muvuca, como reconhece o Houaiss, que indica o ano de 1976 como entrada do verbete na língua escrita.


Não sei se Nei Lopes vai gostar de saber o que aqui vou revelar. Já passei pela mesma perplexidade e, ao confidenciar a outros escritores o ocorrido, soube que a prática não é muito rara.


Uma alfarrabista me consolou, ao vender-me meu próprio livro, autografado a um ex-amigo. Não aceitei suas razões. É prova de mesquinhez a venda solitária de livro autografado por amigo, ainda que o sujeito o tenha comprado em sessão de autógrafo. Quem, em vida do autor, vende um livro autografado, se era seu amigo, ipso facto deixou de ser.


Não sei se nossos amigos do direito vão aprovar esta medida cautelar, mas quando os recursos legais são insuficientes, lançamos mão de saberes jurídicos complementares, ainda que informais.


Pois o dicionário de Nei Lopes, que consulto com reiterada freqüência, por suas notáveis qualidades de acurado pesquisador, editado pela prefeitura municipal do Rio, quando Helena Severo era secretária de Cultura do governo Cesar Maia, foi comprado em Outros Contos, sebo de Mjriam Schill, em São Carlos, no interior de São Paulo.


O livro está autografado assim: ‘para o (dois nomes), com a amizade do Nei Lopes’. A seguir, vêm o nome da cidade e a data: 19/1/97.


Nei Lopes explica que muvuca vem do quicongo mvúka, febre intermitente. Mas pode ter havido mescla com mfuka, espécie de cipó. Ou ainda mistura com infuca, intriga, fofoca, questão complicada. Infuco, por exemplo, tem o significado de confuso.


E assim, muvuca passou a designar aglomeração, grande confusão, tumulto. O Houaiss ainda esmiúça que a muvuca é própria de jovens reunidos em áreas públicas, bares etc. E não põe vírgula antes de etc, no que faz muito bem, embora haja quem a defenda. Ora, etc quer dizer mais coisas, funcionando, pois, como conectivo.


O Aurélio, que também registra muvuca, diz que é ‘(1) grande aglomeração de pessoas, e conseqüente agitação, vozearia, etc’ e ‘(2) desorganização; balbúrdia; bagunça’.


E põe vírgula antes de etc, o que este escritor não recomenda, ainda mais que o próprio Aurélio diz no verbete etc que vem do latim et coetera, abreviação de et cetera, ‘e as demais coisas’, usado no latim medieval como fórmula em certos atos jurídicos, e modernamente para evitar uma longa enumeração.


Vou sugerir a dona Marina Baird Ferreira, fluente em tantos idiomas e atenta curadora da língua portuguesa, que, em próxima atualização do Aurélio, aperfeiçoe este e outros verbetes.


No caso da língua portuguesa, a muvuca será evitada com artigos que não se reduzam apenas à prescrição de normas, mas que expliquem as razões de falarmos e escrevermos como falamos e escrevemos.


PS: Quem se queixa de que Rubem Fonseca não dá entrevistas, tem boa surpresa em www.portalliteral.terra.com.br , com José, uma história em cinco capítulos. Aquela é a história de José Rubem Fonseca. E por ele mesmo! Tudo é imperdível, especialmente o capítulo 5, sobre o carnaval.’


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