‘O vice-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Darc da Costa, disse ontem que a instituição permanece aberta a negociações com as empresas de comunicação. As associações que representam o setor de mídia rejeitaram esta semana os termos do programa de ajuda desenvolvido pelo banco. Segundo Darc, a oferta de R$ 4 bilhões para financiamentos às empresas de mídia continua valendo.
– As empresas não fizeram nenhuma contra-proposta objetiva, mas nós estamos sempre abertos a discutir as questões que eles puderem nos apresentar porque achamos que a questão da comunicação é central para a estratégia do Brasil e para a questão da manutenção da cultura no Brasil – disse.
Na segunda-feira, as associações de mídia enviaram carta ao banco reclamando que as condições do programa ‘ficam aquém daqueles habitualmente disponibilizados a outros setores da economia e se afiguram particularmente inócuas para empresas de comunicação’. Segundo as associações os prazos para pagamento eram menores do que de outros setores e as taxas de juros, maiores.
De acordo com Darc, o BNDES apresentou uma proposta dividida em três modalidades. Uma destinada a investimentos tradicionais, como compra de equipamentos, que segundo estimativas do banco receberia R$ 800 milhões de financiamento. Outra modalidade, estimada em R$ 1,2 bilhão, seria para a compra de papel e reforço do capital de giro. A terceira, de R$ 2 bilhões, seria para o saneamento financeiro das empresas, com o pagamento de dívidas.
O executivo ressaltou ainda que o banco já fez o que era mais relevante, ou seja, inserir as empresas de mídia nas políticas operacionais do BNDES.’
Zero Hora
‘Entidades desistem de financiamento do BNDES’, copyright Zero Hora, 15/07/04
‘Em carta enviada ontem ao presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Lessa, as entidades que representam as empresas de comunicação informaram não ter mais interesse no programa de financiamento para o setor. A proposta elaborada pelo banco encontra-se atualmente no Senado.
Os representantes das empresas afirmaram que cada organização poderá negociar individualmente com o BNDES, já que o banco está lançando uma linha de capital de giro para empresas em geral, com livre uso pelos tomadores dos empréstimos, que serão concedidos via sistema bancário.
O presidente da Associação Nacional de Jornais (ANJ), Francisco Mesquita Neto, explicou ontem que a desistência das empresas de esperar por uma linha de financiamento específica tem dois motivos. O primeiro é a demora na formatação da proposta, em negociação desde os primeiros meses de 2003. O outro, acrescentou, é o fato de que as condições oferecidas pelo BNDES são consideradas inócuas para o setor.
– Os prazos são menores e as taxas de juros mais elevadas do que as de outros programas. A exigência de que haja um banco repassador acaba por encarecer o custo do financiamento – acrescentou o presidente da ANJ.
Além da ANJ, assinaram o documento a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) e a Associação Nacional de Editoras de Revistas (Aner). Até o final dos anos 90, o BNDES era impedido de operar com o setor de comunicação por expressa determinação interna, observa o empresário.
As negociações entre a instituição e as empresas de comunicação começaram no ano passado, quando as entidades apresentaram um diagnóstico setorial a uma equipe de técnicos do banco, lembrou Mesquita. Segundo ele, como um ano depois ainda não houve conclusão, as empresas optaram por buscar alternativas individuais.
As opções, esclareceu, vão desde refinanciamento de dívidas até novas parcerias, como a recentemente anunciada pelo Grupo Abril, que fechou um acordo com um investidor norte-americano por meio do qual receberá uma injeção de R$ 150 milhões. O novo investidor terá 13,8% do capital da Editora Abril.’
Carlos Franco
‘BNDES frustra meios de comunicação’, copyright O Estado de S. Paulo, 15/07/04
‘Os grupos de comunicação representados pela Associação Nacional de Jornais (ANJ), Associação Nacional de Editoras de Revistas (Aner) e Associação Brasileiras de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) enviaram carta ao presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Lessa, manifestando o desinteresse ‘no prosseguimento do exame do programa de fortalecimento das empresas do setor’. Por meio da Assessoria de Imprensa, Lessa acusou o recebimento da carta.
A decisão dos associados das entidades que representam o segmento de mídia, explicou o presidente da ANJ, Francisco Mesquita Neto, é decorrente do ofício enviado por Lessa ao senador Osmar Dias (PP-PR), presidente da Comissão de Educação do Senado. Nesse ofício, Lessa apresenta o projeto do BNDES para o fortalecimento das empresas de comunicação por meio de crédito de R$ 2 bilhões para capital de giro e de R$ 2 bilhões para modernização.
Ontem, essa comissão criou um grupo para avaliar a proposta do BNDES.
Francisco Mesquita Neto diz, porém, que as condições para obtenção desses créditos, incluindo o prazo de 5 anos, são inferiores às oferecidas para outros setores da economia. ‘O que não significa que, individualmente, alguma empresa de comunicação do País não possa pleitear o financiamento, uma vez que a restrição de crédito do BNDES às empresas de comunicação foi removida.’ O presidente da ANJ avalia que, após as negociações com o BNDES, que puseram fim a essa restrição, os resultados se mostraram insuficientes.
Primeiro, diz Francisco Mesquita Neto, porque ‘o banco levou muito tempo para apresentar uma proposta; segundo, porque o teor dessa proposta ainda mantém as empresas do setor em condições desfavoráveis quanto a prazo e limitação de recursos para a carteira’.
Para Francisco Mesquita Neto, ‘houve um desgaste muito grande para o setor, para a imagem dos meios de comunicação, num processo em que se pleiteava apenas um tratamento isonômico por parte do banco para essas empresas e não vantagens em relação a outros segmentos da economia’.
Já o tempo gasto na avaliação desse programa, diz Francisco Mesquita Neto, fez com que as maiores empresas do setor de mídia encontrassem soluções próprias para equacionar dívidas, como ocorreu com os grupos Abril, Globo, Estado e Folha.
A carta enviada a Lessa agradece aos técnicos que se dedicaram a avaliar o projeto apresentado em nome da mídia pela economista Maria Silvia Bastos Marques, ex-diretora do BNDES e ex-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional, que foi contratada no início do ano passado para elaborar o programa que permitiria aos meios de comunicação o acesso às linhas de crédito do banco tanto para modernização do parque industrial como para capital de giro.’
Folha de S. Paulo
‘BNDES diz manter programa’, copyright Folha de S. Paulo, 17/07/04
‘O presidente do BNDES, Carlos Lessa, disse que, mesmo as entidades de mídia tendo informado formalmente que não têm mais interesse no programa de ajuda que o banco criava para o setor, o programa continuará sendo montado, e as empresas poderão, individualmente, aderir a ele.
‘As associações disseram que desistiram. Se eu formatar um programa, as empresas poderão aderir, individualmente.’’
Mirelle de França
‘Mídia: BNDES quer ouvir projetos isolados’, copyright O Globo, 17/7/04
‘O presidente do BNDES, Carlos Lessa, afirmou que as empresas de comunicação poderão aderir individualmente ao programa específico de financiamento ao setor, caso o banco decida mesmo criá-lo. Segundo ele, a instituição aguarda a análise do grupo de trabalho da Comissão de Educação do Senado para, então, submeter a proposta à diretoria do BNDES. Na quarta-feira passada, Lessa recebeu uma carta das associações das empresas de mídia, em que informavam estar desistindo do programa desenvolvido pelo BNDES.
— Não foram as empresas, mas as associações que disseram que desistiram. Se eu formatar um programa, as empresas poderão aderir ou não individualmente — disse Lessa, referindo-se ao documento enviado ao banco pela Associação Nacional de Jornais (ANJ), a Associação Nacional de Editores de Revistas (Aner) e a Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert).
Programa ainda depende de apreciação do Senado
Lessa afirmou que, a julgar pela carta, as associações desistiram do programa específico, mas as empresas têm interesse no acesso às linhas normais do BNDES. Ele ressaltou, porém, que não entendeu ‘muito bem o que as empresas não querem’, já que a proposta do programa de fortalecimento do setor ainda está sob análise no Senado, à espera de observações.
O diretor-executivo da ANJ, Fernando Martins, afirmou ontem que o documento enviado ao BNDES, assinado pelas associações, representa a opinião das empresas do setor. Segundo Martins, a proposta apresentada ao Senado foi considerada desvantajosa em diversos aspectos e tratava o setor de forma diferente dos demais:
— Os prazos de carência e de pagamento dos empréstimos do programa específico são menores do que os disponíveis para outros setores da economia. Além disso, os custos são mais altos. Nós nos manifestamos sobre a proposta que foi enviada ao Senado.
Empresas poderão usar linha de capital de giro
O diretor-executivo da ANJ disse ainda que o presidente do BNDES informou ao setor, há cerca de 15 dias, que o banco está estudando a criação de uma grande linha para financiar capital de giro, que estaria aberta a empresas de qualquer setor da economia. De acordo com Martins, caso a linha seja realmente criada, caberá a cada empresa de comunicação decidir se quer ou não recorrer a ela.
— Entendemos que essa linha de capital de giro poderá ser usada para qualquer fim, sem que a liberação esteja condicionada a projetos de investimentos no BNDES. A decisão de usá-la vai depender de cada empresa — disse Martins.
A proposta enviada ao Senado prevê uma linha de crédito de R$ 4 bilhões para o setor de mídia. O dinheiro seria usado para reestruturação de dívidas, compra de papel imprensa e investimentos.’