Pela terceira semana consecutiva, os jornais e revistas estão repletos de artigos e notícias sobre a crise das charges. Os protestos continuam em todo mundo árabe e na Europa e o assunto permanece com destaque na imprensa brasileira, bem como a questão da definição do padrão de TV Digital que o Brasil vai adotar. O anúncio do novo padrão já foi adiado e os ‘players’ da disputa – emissoras de televisão, por um lado, e companhias de telecomunicação, por outro – destacam seus ‘soldados’ para defender este ou aquele padrão nos jornais.
A novidade da semana, porém, não tem nada a ver com TV Digital ou a crise das charges. O colunista Daniel Castro, da Folha de S. Paulo, revelou na edição de sábado que a TV Globo decidiu cortar do Jornal Nacional os comentários de Franklin Martins, Arnaldo Jabor e as charges de Chico Caruso. Pode parecer pouco, mas é uma mudança de peso. Segundo Daniel Castro, ‘a Globo diz que os três poderão voltar ao ‘JN’ em ‘momentos especiais’. Assim o telejornal mantém-se ‘eminentemente informativo’, afirma (a emissora)’.
Castro informa ainda que a TV Globo negou que a medida tenha relação com o crescimento da Record ou com as eleições presidenciais de outubro. Apesar das negativas da direção da emissora, o fato é que o Jornal Nacional vem sofrendo diversas mudanças depois da estréia do novo Jornal da Record, apresentado e produzido por experientes jornalistas e produtores oriundos justamente da TV Globo. Para enfrentar a concorrência, o JN vem apelando para reportagens mais populares, com uso de câmeras ocultas, conforme informa matéria de Laura Matos, também na Folha, mas na edição de domingo. Detentor do horário comercial mais caro da televisão brasileira, o Jornal Nacional utilizou o recurso de ‘esticar’ os blocos do programa para evitar que os telespectadores mudassem para a Record durante o comercial e acabassem assistindo ao jornal concorrente.
Dentro desta lógica, a saída dos colunistas também teria ocorrido para deixar o JN mais ‘ágil’ e evitar a dispersão dos telespectadores durante os comentários. Se todas essas mudanças serão suficientes para manter a audiência do telejornal líder no País, o tempo vai dizer. O risco, porém, é de rebaixamento da qualidade jornalística, especialmente se a tática a ser adotada for a da popularização das câmaras e gravadores ocultos e demais truques tão conhecidos dos programas de ‘pegadinhas’.
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