‘Bom dia. O Jornal do Brasil, um dos pilares da história da imprensa carioca, pode sair do Rio de Janeiro, informa o Sindicato dos Jornalistas do RJ. A intençao dos empresários Nelson Tanure e Paulo Marinho, presidente e vice presidente da empresa, segundo nota da entidade distribuida no final do dia, seria a de transferir a ediçao do jornal para Brasília, ‘mais perto do Governador Joaquim Roriz’. 21/10 Julio Hungria
No Rio, ficaria uma espécie de sucursal, com os jornalistas das editorias de cidade e de suplementos lucrativos que sobreviverem a nova demissao em massa planejada pela empresa, avisa o Sindicato – ‘O JB vai sair do Edifício Conde Pereira Carneiro, na Avenida Rio Branco, e, com os cortes, poderia ‘caber’ na Casa do Bispo, no Rio Comprido, um imóvel tombado pelo IPHAN onde funcionou a Fundaçao Roberto Marinho’. 21/10 Julio Hungria
O Sindicato convocou para esta manha, as 11:00, uma assembléia dos jornalistas do JB e da Gazeta Mercantil. A proposta será a de interromper as negociaçoes na Delegacia Regional do Trabalho. Alega que a empresa nao está cumprindo os compromissos – ‘Vamos a Justiça e ao Ministério Público’ – diz a nota. O Sindicato está solicitando audiências com autoridades cariocas e fluminenses ‘com o objetivo de formar uma frente para impedir que o Rio de Janeiro perca um patrimônio tao valioso de sua história’. 21/10 Julio Hungria
TV Reuters em português na web 12:12 A Reuters, de informaçoes, e a Claxson, empresa argentina que distribui vídeos sob demanda, firmaram um acordo para disponibilizar, na internet, o conteúdo da Reuters Television. Através da parceria, o Reuters News Video Online será divulgado, em português e espanhol, nos sites da Claxson e no portal BrTurbo, pelo serviço Turbo Vídeo, fruto da parceria da empresa com a Brasil Telecom. 21/10 Julio Hungria
O Reuters News Video Online é uma versao, em tempo real, do pacote de notícias que a Reuters oferece as principais emissoras de TV no Brasil e no mundo. Ao longo do dia sao divulgadas mais de 20 matérias jornalísticas, com duraçao média de 30 segundos cada, sobre economia, negócios, esportes, cultura e comportamento.’
CONFERP vs. FENAJ
‘RPs e jornalistas devem somar forças’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 25/10/04
‘Podem Conferp e Fenaj se digladiarem pela reserva de mercado para os profissionais que representam e mesmo suas diretorias lançarem mão da força da lei para fazer valer esses direitos, que isso em pouco ou nada sensibilizará o mercado. Ao contrário, quem está longe dessa briga fratricida travada entre as duas instituições vê nela algo sem o menor sentido, sem a menor serventia.
Este próprio Comunique-se, em matéria assinada pelo colega Édson Sardinha, correspondente em Brasília, fez uma ampla matéria sobre a briga, ouvindo, neste caso, os chamados três lados: os RPs, através do Conferp, os jornalistas, através da Fenaj, e o mercado, através da Abracom. Pôs aspas nas farpas lançadas de parte a parte e quando ouviu o presidente da Associação Brasileira das Agências de Comunicação, José Luiz Schiavoni, obteve dele a seguinte declaração: ‘A Abracom não defende nem uma posição, nem outra. Tanto o relações públicas quanto o jornalista estão habilitados para exercer a assessoria de imprensa. Cabe à agência escolher o melhor perfil profissional’. Sardinha viu nessas declarações de Schiavoni uma postura de quem está em cima do muro e explicitou esse seu sentimento no inter-título da matéria, a meu ver de forma equivocada. A Abracom e o mercado não estão em hipótese alguma em cima do muro. Há tempos as empresas mais do que diplomas buscam competências, resultados, ações integradas e focadas nas estratégias de negócios. E por isso não defendem essa ou aquela categoria, essa ou aquela postura, já que essa não é uma briga delas e muito menos do mercado.
Sem esse entendimento vamos continuar fazendo comunicação partida, fragmentada, desintegrada e, pior, com desunião e belicosidade.
Temos que garantir mercado e posições nas empresas por sermos (RPs e/ou jornalistas) melhor preparados que advogados, publicitários, administradores etc. e não por termos um diploma ou uma regulamentação que nos garanta reserva de mercado.
A atividade de comunicação corporativa depende de competência para evoluir e crescer, depende de massa crítica para ocupar espaços estratégicos, depende de inteligência para avançar na hierarquia das organizações, depende de resultados para colher frutos.
Enquanto continuarmos a brigar por fronteiras, por reserva de mercado, por leis inócuas, enquanto continuarmos a olhar as árvores e não a floresta, enquanto ignorarmos as reais necessidades das empresas, querendo impor-lhes leis goela abaixo, seremos desimportantes, insignificantes e permanentes candidatos a primos pobres. Se invertermos esse jogo, como já acontece com um número significativo de profissionais, nossas chances de sucesso serão ainda maiores.
Defendo a tese de que nossas entidades devem investir firme em ações para melhorar o ensino, em atividades de intercâmbio e aperfeiçoamento profissional, em estratégias de ampliação de mercado não pela intimidação e sim pelo esclarecimento e pela persuasão. E o faço por entender que só fortes e preparados garantiremos o tão sonhado espaço. Tanto faz sejamos RPs ou jornalistas. Os dois hoje mostram-se qualificados e habilitados para inúmeras das funções exercidas dentro da Comunicação Corporativa, entre elas a assessoria de imprensa e atividades editoriais de cunho institucional e corporativo, como produção de house organs e relatórios anuais.
Se no curto prazo isso ainda não é possível, ao menos vejo como possível um entendimento gradual que sinalize nessa direção. Uma das medidas que julgo possíveis, para desarmar os espíritos e retomar o diálogo, é a formação de uma comissão paritária entre Fenaj e Conferp, de preferência com participantes de outras instituições como Aberje e Abracom (ainda que como observadores ou interlocutores), tendo por missão negociar um acordo que contemple benefícios para os dois lados.
Com inteligência, as duas instituições vão descobrir que o confronto vai pôr a perder tudo o que historicamente se conseguiu de bom até hoje, enfraquecendo tanto uns quanto outros.
E tão certo como essa briga não dar em nada é pensar que jornalistas ou relações públicas vão abrir mão de sua atuação nessa área. Está mais do que claro que isso não acontecerá. Se é assim, se o mercado já assimilou (e bem) essa situação, e se na prática esse convívio já existe e é, na maioria dos casos, extremamente salutar, porque jogar as entidades numa guerra como essa, sem sentido?
Até arrisco uma modesta sugestão, que poderia ser uma espécie de pontapé (no bom sentido, claro) inicial de um eventual entendimento: que as atividades editoriais de cunho institucional e corporativo e a assessoria de imprensa sejam atividades inerentes às duas categorias, possibilitando que tanto os formados em relações públicas quanto em jornalismo possam exercê-las.
Se nos dermos as mãos ao invés de trocarmos tapas, tanto RPs quanto jornalistas vão ganhar, pois a soma de forças engrandecerá e dignificará ainda mais as duas atividades. O contrário também mostrará que temos muito a perder, sobretudo as próprias entidades que se enfraquecerão e ficarão cada vez mais longe do mercado e das soluções que ele deseja.
Quanto ao futuro, aí sim há belos desafios pela frente, inclusive, quem sabe, o de repensar essa atividade profissional.
Sou, como se vê, pelo entendimento, pelo avanço, pela redefinição de papéis, pela evolução que contribua para valorizar um segmento que tem dado mostras de ser forte e de que dia-a-dia amadurece, apesar das recaídas.’
FOTOJORNALISMO
‘‘Orgulho-me das fotos que não fiz’, diz Burri’, copyright Folha de S. Paulo, 25/10/04
‘Uma das imagens mais conhecidas de René Burri é o retrato de Che Guevara, então com 35 anos, fumando um charuto em seu gabinete de ministro da Indústria, em Havana, em 1963. Burri recebeu a reportagem da Folha também envolto numa nuvem de charuto, que ele fumava enquanto contava animadamente sua trajetória nesses 50 anos de atividade. Ele falou sobre as fotografias que deixou de fazer, sobre fotografia digital e sobre São Paulo, entre outros temas. Leia a seguir alguns trechos.
SÃO PAULO
Ao chegar a São Paulo em 1960 a cidade me pareceu semelhante a Chicago, por causa do dinamismo e do poderio econômico. Eu ficava intrigado com a miscigenação e a mistura de culturas. Pensei, e ainda penso, que São Paulo pode vir a ser o exemplo de uma cidade multirracial que funciona em harmonia. Talvez daqui a uns 20 anos pode acontecer aqui uma revolução com o surgimento de um novo Che Guevara. Na verdade, acho que esse tempo é mais propício a uma evolução do que a uma revolução.
Na Europa tudo parece encaixado, é tudo pré-programado. Aqui as coisas ainda estão por serem feitas. Existe a possibilidade de se recriar sempre.
CUBA
Em 59, após seis meses na América Latina, optei por tirar férias e fui esquiar com minha família na Suíça, abrindo mão de ir fotografar ‘um monte de barbudos que estavam descendo da Sierra Maestra, em Cuba’. Era a Revolução Cubana. Fiquei com um peso no coração por dois anos, até que me chamaram de novo e consegui fotografar o Che. Fiz uns oito rolos de filmes e não tem sequer uma foto em que ele esteja olhando para mim. Ele fazia um gênero de quem não estava suportando a minha presença. Ignorou-me completamente, talvez porque eu estivesse com uma americana.
DIGITAL E A MANIPULAÇÃO
Digital ou negativo é apenas uma questão técnica. O ato fotográfico vai além. O importante ainda é a sintonia entre olho, coração e pés. O problema está na credibilidade do fotógrafo e não no equipamento. Durante a Guerra Fria, os russos retocavam as fotos; hoje o mundo inteiro faz o mesmo.
Os fotógrafos têm a obrigação de fotografarem o mundo para que daqui a 100 anos se tenha um visão realista de hoje.
Todos parecem mais preocupados em se tornar celebridade que em trabalhar honestamente. A vida não é uma corrida rápida, é uma maratona.
As fotos feitas pelos fotógrafos infiltrados nos Exércitos americano e britânico na Guerra do Iraque são imagens hollywoodianas, isso não pode acontecer. Ficaram no conforto do abrigo e deixaram de contar a história real.
Acredito que seja necessário que os fotógrafos busquem a verdade e editores que tenham coragem de publicá-la.
FOTOGRAFIAS NÃO FEITAS
Não lamento as fotografias que não fiz. Aliás, eu me orgulho de várias fotos que deliberadamente não fiz. Nunca gostei de fotografar miséria, pessoas mortas ou em situação constrangedora.
Fotografar é importante, mas a vida e o respeito a ela estão na frente de tudo.
MAGNUM
Com a energia dos novos fotógrafos a Magnum pode manter a força. A questão é como se manter independente. Mas pode ser que um dia ela acabe. Já foi um milagre se manter por 60 anos. Isso ocorreu graças ao Cartier-Bresson, que dava as linhas mestras da agência. Ele tinha a capacidade de manter as pessoas reunidas em torno da árvore. Ele resistiu muito a aceitar fotógrafos contemporâneos como o Martin Parr, por exemplo.’
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‘Após 44 anos, fotógrafo revê SP de cima’, copyright Folha de S. Paulo, 25/10/04
‘Absolutamente entusiasmado com a estada em São Paulo, René Burri comentou logo ao chegar, com o representante da Leica (empresa que o trouxe ao Brasil com o apoio do Senac), que gostaria de lembrar em qual local ele havia feito a fotografia de São Paulo que está publicada nesta página -quando aqui esteve, em 1960, para realizar uma reportagem sobre a cidade para uma revista européia. Na palestra, realizada no Senac na quinta-feira, ele disse que essa é uma das suas fotografias prediletas.
Para seu espanto, o cicerone que o acompanhava sabia exatamente qual era o local: o alto do edifício do Banespa, no centro da cidade.
Ontem, após ter saboreado um sanduíche de mortadela no Mercado Municipal, levou e foi levado pelos 13 alunos do seu workshop para o centro da cidade e, 44 anos depois, retornou ao local onde havia feito a foto da cidade e, emocionado, fez novas fotos repetindo o mesmo ângulo, mas tendo que se conformar com a poluição visual da cidade que modificou a paisagem.
Na década de 60 Burri passou cerca de seis meses na América do Sul para fotografar os gaúchos entre a Argentina e o Brasil. Depois de passar por São Paulo foi ao Rio de Janeiro e à Amazônia.
Várias imagens dessa viagem estão no livro ‘René Burri Photographs’, recém-publicado pela editora de arte inglesa Phaidon, obra que seria o catálogo definitivo do fotógrafo se ele não estivesse neste momento editando um segundo volume apenas com fotografias coloridas.
No site da Magnum (www.magnumphotos.com) é possível ver um vasto portfólio de Burri e de todos os fotógrafos, vivos e mortos, da agência.’