Thursday, 26 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Justiça censura também a Polícia Federal

A extensão da medida judicial que censurou o jornal Folha de S. Paulo
e o site Folha Online de noticiar o Caso Kroll (investigação da Polícia Federal
sobre a contratação da empresa de investigação pela Brasil Telecom para suposto
monitoramento de autoridades do governo) é o destaque desta quarta-feira no que
se refere ao noticiário sobre mídia e imprensa nos maiores jornais brasileiros.
Folha, Globo e O Estado de S. Paulo noticiaram que também a
divisão de comunicação social do Departamento da Polícia Federal, em Brasília,
foi obrigada pela Justiça a retirar 400 páginas de notícias sobre o caso Kroll
de seu site.


Os três jornais também destacaram o pedido de demissão do secretário da
Segurança Pública do Espírito Santo, Rodney Rocha Miranda, fm função da
repercussão do caso do grampo telefônico na Rede Gazeta.


Além desses temas, vale a pena ler, na Folha, a seqüência da série de
colunas que Luís Nassif vem escrevendo sobre os rumos da TV Digital no Brasil.
Hoje, Nassif analisar o modelo norte-americano – ontem o colunista escreveu
sobre o modelo europeu.


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Leia abaixo os textos desta terça-feira selecionados para a seção Entre
Aspas.


Folha de S. Paulo


Quarta-feira, 14 de dezembro de 2005


CENSURA À FOLHA
Rubens Valente


PF é proibida de divulgar caso Kroll em site


‘A divisão de comunicação social do Departamento da Polícia Federal, em
Brasília, foi obrigada ontem, devido a um ofício judicial, a retirar 400 páginas
de notícias de seu site relacionadas ao caso Kroll -investigação da PF sobre a
contratação da empresa de investigação pela Brasil Telecom para suposto
monitoramento de autoridades do governo.


Trata-se de decisão semelhante à que obrigou a Folha Online a excluir, na
última sexta-feira, 165 páginas de seu noticiário que tratavam do processo
criminal.


O ofício que ordena a retirada das informações da PF foi assinado pela juíza
substituta da 5ª Vara Federal Criminal de São Paulo, Margarete Morales Simão
Martinez Sacristan, sob argumento de que o processo corre sob segredo de
Justiça. Não foi informada, no ofício, a identidade do autor do pedido acolhido
pela Justiça.


A decisão ordena que ‘cesse imediatamente qualquer forma de divulgação de
dados pertinentes aos fatos e às pessoas envolvidas no processo em questão, seja
por intermédio de notícia jornalística, televisiva, rádio ou qualquer outro
veículo de divulgação, inclusive por meio da página da rede mundial internet,
mantida por essa repartição […], pois trata-se de processo no qual foi
decretada a tramitação sigilosa’.


No ofício, a juíza cita dois artigos. O artigo 10, da lei 9.296/96, que
regulamenta as interceptações telefônicas, e o artigo 153 do Código Penal, que
trata da ‘divulgação de segredo’.


O artigo da lei federal diz: ‘Constitui crime realizar interceptação de
comunicações telefônicas, de informática ou telemática, ou quebrar segredo da
Justiça, sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei’. A
pena prevista é de detenção de dois a quatro anos e multa. O artigo do Código
Penal prevê constituir crime: ‘Divulgar alguém, sem justa causa, conteúdo de
documento particular ou de correspondência confidencial, de que é destinatário
ou detentor, e cuja divulgação possa produzir dano a outrem’. A pena prevista é
de um a seis meses de reclusão ou multa.


Em entrevista à Folha publicada ontem, o juiz titular da 5ª Vara, Silvio
Rocha, disse que a decisão partiu dele, antes de suas férias, mas a comunicação
coube à sua substituta. Ele discordou dos termos usados pela substituta.
‘Textualmente, não corresponde ao que decidi’, disse Rocha, que negou estar
promovendo a censura.


‘O teor da minha decisão é no sentido de que as empresas verificassem, dentro
dos seus sites, eventualmente quais as informações que poderiam configurar
violação ao sigilo, e providenciassem a retirada’, disse o juiz.


Em sua página na internet, a Polícia Federal divulgou o ofício da juíza e
informou que, para atender à determinação, retirou do ar 400 páginas de textos.
Não foi informado se a PF ou o Ministério da Justiça vão recorrer da
decisão.’




GRAMPO NA REDE GAZETA
Eduardo de Oliveira e Thiago Reis


Rede Gazeta de TV sofreu escuta


‘O secretário da Segurança Pública do Espírito Santo, Rodney Rocha Miranda,
pediu demissão ontem, depois da repercussão do caso do grampo telefônico
descoberto na Rede Gazeta, levado a público no final de semana.


Miranda disse que havia pedido sua saída à tarde em conversa com o governador
Paulo Hartung (PMDB), que a aceitou.


Segundo Miranda, houve erro por parte da companhia telefônica, que segundo
ele forneceu o número de telefone errado.


A interceptação telefônica foi autorizada pelo desembargador Pedro Valls Feu
Rosa em 28 de março, cinco meses depois de haver sido solicitada por dois
delegados da Polícia Civil.


Feu Rosa disse que foi induzido a erro, pois pensou tratar-se de um pedido de
autorização para monitorar uma empresa de fachada, chamada Telhauto.


A descoberta do grampo surgiu após a presidente do Sindicato dos Jornalistas
do Espírito Santo, Suzana Tatagiba, ter recebido um envelope, anônimo, com todas
as conversas jornalísticas transcritas em folha de papel timbrado do governo do
Estado.


Os delegados que solicitaram o grampo investigam o assassinato do juiz
Alexandre Martins de Castro Filho, morto a tiros em março de 2003, em Vila Velha
(ES). A Telhauto seria de um dos envolvidos no crime. Sete já foram condenados
pelo assassinato.


Em nota, a Rede Gazeta informou que ‘vai tomar todas as providências,
inclusive judiciais, para reparar o tratamento indigno do qual ela foi
alvo’.’




PRÊMIO ESSO
Folha de S. Paulo


Renata Lo Prete ganha Prêmio Esso


‘A jornalista Renata Lo Prete, editora do Painel da Folha, foi a vencedora do
Prêmio Esso de Jornalismo pela entrevista com o ex-deputado federal Roberto
Jefferson (PTB-RJ) que revelou ao país o ‘escândalo do ‘mensalão’.


O Esso foi criado em 1955 e está em sua 50ª edição. A categoria Jornalismo,
vencida pela Folha, é a principal do prêmio, entregue ontem à noite, no Rio.


O trabalho de Lo Prete foi considerado pelos jurados o melhor entre 1.027
inscritos.


No ano passado, a Folha e o jornal ‘O Estado de S.Paulo’ criticaram a
estrutura da premiação. Em carta enviada aos organizadores -Esso Brasileira de
Petróleo e RP Consultoria em Comunicação-, os jornais afirmaram que a estrutura
do prêmio ‘conspira contra a análise do mérito jornalístico do trabalho’ e que
‘a composição do corpo de jurados não é representativa do mercado editorial do
país e tende a favorecer determinados grupos de mídia’.


Entrevista


A entrevista com Jefferson, publicada em 6 de junho, desencadeou uma crise
política que já dura seis meses, durante a qual foram descobertas várias
irregularidades cometidas por membros do governo Lula. Na sua esteira, foram
criadas três CPIs, cujas investigações resultaram na abertura de processos de
cassação contra 19 deputados. Dois deles -o próprio Jefferson e José Dirceu
(PT-SP)- já foram cassados.


As investigações apontaram ainda a existência do chamado ‘valerioduto’,
esquema operado pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e pelo publicitário
Marcos Valério de Souza, pelo qual ao menos R$ 55,8 milhões foram repassados a
aliados do governo nos anos de 2003 e 2004.


Outros prêmios


Na categoria Reportagem, a segunda mais importante do prêmio, os vencedores
foram Fábio Gusmão e equipe, do jornal ‘Extra’, do Rio, com a série ‘Janela
Indiscreta’. As reportagens foram sobre a aposentada, conhecida como Dona
Vitória, que, de seu apartamento, filmou durante meses a ação de traficantes e
consumidores de drogas na favela em frente à sua janela.


O prêmio de telejornalismo foi para o programa ‘Domingo Espetacular’, da TV
Record, pela reportagem ‘Cidadão Fantasma’. O jornal ‘O Globo’ ganhou na
categoria especial de 50 anos do Prêmio Esso com a série de reportagens ‘Vida
Severina’, que retratava a vida de imigrantes nordestinos no Rio de Janeiro.


O prêmio de informação econômica foi para o jornal ‘O Estado de Minas’ pela
reportagem ‘A verdade sobre a transposição do rio São Francisco’. O fotógrafo
Evandro Monteiro, do jornal paulista ‘Diário do Comércio’, ganhou o prêmio de
fotografia por ‘Guerra no Centro’.’




BLOGOSFERA
Elio Gaspari


As lições de Bruna, Tiazinha e La Close


‘De tempos em tempos, o mundo das celebridades brasileiras é enfeitado por
jovens que embaralham a relação entre a verticalidade das vidas públicas e a
horizontalidade das intimidades privadas. A estrela da vez é Bruna Surfistinha,
autora de ‘O Doce Veneno do Escorpião – O Diário de uma Garota de Programa’. A
moça tem 21 anos e seu livro disputa a lista dos mais vendidos com ‘Quase Tudo’,
de Danuza Leão, ‘Carmen’, a biografia da ‘pequena notável’, de Ruy Castro, e
‘Freakonomics’, de Steven Levitt.


O ‘Diário de uma Garota de Programa’ é exatamente isso, um diário de 134
páginas, acompanhado de um anexo de auto-ajuda, com 34. Tudo muito bem escrito,
com a ajuda do jornalista Jorge Tarquini. Autora estreante em editora pequena
estaria no caminho do fracasso, mas Bruna foi vitaminada por uma força dos
tempos. Seu blog pessoal, com dois anos de existência, recebe 20 mil visitantes
por dia. Deu noite de autógrafos, foi a shows de TV e já patrocina uma
balada.


Pode ser sociologia de botequim, mas, na hora em que dirigentes de um partido
de 26 anos formados na pregação moralista da monogamia programática foram
apanhados em tenebrosas transações, nada mais natural que o sucesso da narrativa
escancarada de uma jovem de 21, com três de militância em mais de mil eventos.
Ao contrário dos similares, Bruna Surfistinha não deixa curiosidade sem
resposta. Mais: não dá lição de moral nem procura se justificar atribuindo aos
outros a responsabilidade pelos seus atos.


Bruna Surfistinha pode ser um símbolo da bacante de solteironas da política
nacional. Depois de quase um ano de tartufices nas CPIs, enfim alguém conta uma
história que tem início, meio e fim, na qual se pode acreditar. Ela também não
dava recibo, mas jamais tocou em dinheiro da Viúva.


Bruna teve duas precursoras (na simbologia, não no ofício). Uma foi a
Tiazinha. Com máscara e chicote, era o grande personagem do programa de
televisão de Luciano Huck e viveu seu momento de glória no Carnaval de 1999, aos
22 anos. A ekipekonômica acabara de arruinar a economia nacional. Mesmo
sabendo-se que o desastre do dólar de R$ 1,20 era inevitável, FFHH foi reeleito.
Era o estilo bate-que-eu-gosto.


Antes da Tiazinha, o Brasil viveu um incrível momento de ambigüidade
política. Em 1984, depois que o Congresso derrotou a campanha pelas eleições
diretas, Tancredo Neves, o candidato da oposição, elegeu-se pelo sistema
indireto implantado pela ditadura. Além disso, tinha como vice o senador José
Sarney ex-presidente do partido do governo. As coisas eram e não eram, seriam,
mas talvez não fossem, como acabaram não sendo, pois Tancredo morreu sem tomar
posse. A celebridade feminina desse tempo chamava-se Roberta Close (1,88 m, 94
cm de busto, 101 cm de quadril). Tinha 20 anos e chamava-se Luiz Roberto
Gambine. Só mudaria de sexo cinco anos depois, em Londres. La Close está
depositada na Suíça, onde viveu com o marido Roland, de quem se separou há cinco
anos.


Roberta Close e Tiazinha foram fenômenos da imprensa e da televisão.


Bruna Surfistinha mostra que há algo de novo no céu. São os blogs, com sua
maravilhosa capacidade de levar qualquer um para qualquer lugar, empurrado
apenas pela curiosidade, pelas próprias idéias e pela certeza de que pode dar
sua opinião, pois alguém haverá de lhe dar atenção.’




TV DIGITAL
Luís Nassif


A TV digital americana


‘São três os padrões de TV digital analisados pelo governo brasileiro: o
europeu, o japonês e o norte-americano. Correndo por fora, há um padrão
desenvolvido em cima do sistema japonês por um consórcio de instituições de
pesquisa brasileiras.


Já abordei o europeu e o brasileiro. Vamos ao ATSC, o padrão norte-americano.
Na verdade, o dono da patente é a LG, empresa coreana que adquiriu a Zenith. Os
defensores do padrão apresentam como sua maior qualidade a capacidade de
transmissão, de 19,4 megabits por segundo. O padrão europeu seria bem menos, e o
japonês, um pouco menos.


Tem uma fragilidade, que é a falta de mobilidade, porque não era a opção de
negócios da TV americana. Como há esse requisito para o Brasil, os
norte-americanos se dispõem a desenvolver o chip da mobilidade até julho de
2006.


O ponto central que diferencia os sistemas é a modulação do sinal. Os demais
pontos são comuns a todos os sistemas -como o padrão de imagem MPEG. Os
norte-americanos se dispõem a negociar sobre os royalties da modulação -que são
de US$ 2 por aparelho.


Como é impossível a redução dos royalties para um país especifico, de acordo
com as regras da OMC (Organização Mundial do Comércio), os norte-americanos se
dispõem a transferir metade dos royalties para um fundo de desenvolvimento da TV
digital no Brasil.


Acenam também com o ganho de escala, pelo fato de o aparelho ser o padrão dos
Estados Unidos, mercado de 34 milhões de aparelhos por ano. Pelos seus cálculos,
o Brasil poderá fabricar 5 milhões de aparelhos por ano. Os mercados para esses
receptores, além do Brasil e dos Estados Unidos, seriam o Canadá, o México e a
Coréia do Sul.


Segundo os técnicos, o sistema ATSC permite alterações na transmissão sem ter
de jogar fora os aparelhos em uso. Mas isso para os aparelhos digitais. Por
enquanto, todo transmissor analógico fabricado nos Estados Unidos tem obrigação
de ter um sintonizador digital.


Quando acabar o prazo para os analógicos, só ficarão os transmissores
digitais. O Brasil tem uma larga herança de analógico e um baixo poder de renda.
No caso americano, o custo do adaptador digital sairia por US$ 50, mas
dependendo do volume.


Em relação ao mercado externo, dos 34 milhões de aparelhos comprados
anualmente, 30 milhões são importados da Coréia, México e Japão. Hoje, o grande
beneficiário é o México. O Brasil poderia se beneficiar.


O consórcio oferece também US$ 150 milhões de financiamento da Opic (Overseas
Private Investment Corporation) -instituição ligada ao governo norte-americano-
para desenvolvimento de pesquisas de software no Brasil.


De qualquer modo, é importante salientar os seguintes aspectos:


1) Os aspectos propriamente tecnológicos não são o mais relevante. Nenhum é
fundamentalmente melhor do que outro.


2) Abrir mercado para exportações brasileiras é relevante.


3) Permitir que a tecnologia brasileira possa ser desenvolvida e agregada a
um dos padrões existentes é importante.


4) Na definição do padrão estará em jogo a possibilidade de se alargar ou não
o espectro de distribuição de conteúdo para TV.’




TELEVISÃO
Esther Hamburger


‘Direito de Resposta’ defende direito à diferença


‘A idéia de direitos humanos surgiu no século 18; uma idéia inovadora baseada
em uma abstração: a de que somos todos iguais.


‘Eu’ ‘sou’ ‘diferente’ era o bordão pronunciado por partes, sucessivamente,
por pessoas anônimas, em um clipe transmitido durante um dos intervalos da
primeira edição de ‘Direito de Resposta’. Como um grito de guerra, a frase
sintetiza o espírito da coisa.


‘Direito de Resposta’ é um programa inédito, produzido pelo Ministério
Público Federal e seis ONGs de defesa de direitos humanos e direitos dos
homossexuais. O programa tem ido ao ar diariamente, às 16h, na Rede TV!, desde
segunda, e seguirá até 20 de janeiro. A série resulta de acordo que pôs fim à
ação civil pública movida por ONGs que pediam a cassação da concessão da
emissora em decorrência da pregação agressiva do apresentador João Kleber, no,
ao que parece, finado ‘Tarde Quente’.


Por determinação judicial, o canal chegou a ficar sem sinal em São Paulo por
25 horas. Como parte do acordo, a emissora financia os programas.


A ação é rara. Nos jornais a prática é corrente. Na TV, na seara da política
partidária, há ocorrências conhecidas. No âmbito dos costumes, houve muita ação
da censura -que procurou, sem muito sucesso, conter a liberalização crescente da
sensualidade.


Recentemente o apresentador do SBT Gugu Liberato foi punido em razão de
difusão de informações falsas. Essa é provavelmente a primeira vez que um
programa é suspenso por perseguir direitos à diferença garantidos por lei.


Na forma, o programa segue o padrão básico da TV: o acento na palavra carrega
o conteúdo. Há uma preponderância jovem na equipe, que se traduz em opções de
enquadramento e edição.


A apresentação é da simpática, bonita e arguta Anelis Assumpção, do
‘Atitude.com’ (TV Cultura). Na segunda-feira, ela animou a conversa de dois
convidados, o jurista Oscar Vilhena e o escritor Ferrez, do Capão Redondo.


Em determinados momentos, entra o quadro ‘TELE-VISÃO’, apresentado por
Soninha Francine, numa bem-vinda retomada de suas origens televisivas. Como que
para compensar a aridez do assunto, ela enfatiza a dicção clara e pausada das
idéias básicas, como a luta contra a criminalidade nos meios de comunicação.


Nos intervalos, animações curtas, produzidas por ONGs e/ou produtoras
independentes que atenderam ao chamado, trazem um certo respiro.


A diversidade promete crescer ao longo da temporada de resposta. O programa
de abertura tratou de abrir um leque amplo de assuntos que cabem dentro de uma
avaliação geral dos avanços e pontos fracos na conquista dos mais diversos
direitos humanos no Brasil.


Dentre os temas anunciados para a primeira semana estão a comunicação, a
diversidade sexual e a questão racial.


Diante da possibilidade da moda pegar, há notícias de que a TV Record e a
Rede Mulher, acusadas em ação semelhante, estariam processando o Ministério
Público por ‘conduta desrespeitosa de magistrados em sessões de julgamento’.


O desafio para o grupo de admiráveis combatentes que levou a ação à frente é
deixar fluir a criação.


Está mais do que na hora das emissoras que não o fazem justificarem as
concessões públicas que exploram. Não há nada de complicado nisso, basta pensar
duas vezes antes de produzir programas baratos que bebam exclusivamente no
discurso ofensivo.


Esther Hamburger, antropóloga e professora da ECA-USP’




Daniel Castro


Sem elenco, autor ameaça deixar novela


‘A dificuldade que autores e diretores da Globo estão enfrentando para
escalar elenco pode levar a uma crise inédita na emissora.


Autor da próxima novela das seis, ‘Sinhá Moça’, Benedito Ruy Barbosa ameaça
abandoná-la caso não consiga montar um bom time de atores. A trama estréia em
março, mas ainda falta completar 30% de seu elenco, um fato raro.


‘Está ficando dificílimo escalar. Em tantos anos de Globo, nunca vi algo
igual. Ainda não tenho o barão de Araruna, um personagem importantíssimo. Todo
mundo em quem pensei para o papel já está reservado. Se continuar assim, prefiro
tirar minha novela e esperar quando tiver ator. Se for um fracasso a culpa será
minha’, desabafa o autor.


Barbosa trava com João Emanuel Carneiro (que escreve ‘Coração de Ouro’,
próxima das 19h, no ar em abril), para quem já perdeu Carolina Dieckmann, uma
disputa por Bruno Gagliasso. ‘Vou brigar por ele’, diz.


A falta de atores na Globo, em parte provocada pela maior concorrência com a
Record, tem causado reviravoltas. Há seis meses, Malu Mader estava em ‘Sinhá
Moça’, mas foi convocada para ‘JK’. A cúpula da Globo, no entanto, acaba de
‘cassá-la’. Ela deverá agora fazer ‘Coração de Ouro’. Em seu lugar em ‘JK’,
entrará Letícia Sabatella, reservada para ‘Páginas da Vida’ (próxima das oito),
que já havia tomado Ana Paula Arósio da minissérie.


OUTRO CANAL


Crise no Oeste A novela das sete da Globo, ‘Bang Bang’, já está quase sem
frente de capítulos gravados. Novos trechos de capítulos reescritos têm chegado
à produção desde que Carlos Lombardi assumiu a função de ‘consultor técnico’ da
trama, semana passada.


Ranking Protagonista de ‘Malhação’, Fernanda Vasconcellos manteve em novembro
a liderança do ranking das atrizes que mais recebem cartas de fãs na Globo. A
surpresa foi o segundo lugar, para Ariela Massoti, que interpreta a Brenda Lee,
papel pra lá de secundário na trama. Juliana Didone (‘Malhação’), Cléo Pires
(‘América’) e Sthefany Brito (‘Alma Gêmea’) completam a lista.


Até que enfim A série ‘Lost’ estreará na Globo em um ‘Domingo Maior
Especial’, em 5 de fevereiro, e ocupará a vaga do ‘Programa do Jô’, de segunda a
sexta, até 10 de março.


Caneta Domingos Meirelles apareceu anteontem para gravar o último ‘Linha
Direta’ do ano com a mão direita inchada. Segundo o jornalista, uma tendinite o
atacou após noite de autógrafos (dia 6) de seu livro sobre a Revolução de 30,
que reuniu cerca de 900 pessoas.


Estica Sílvio de Abreu já trabalha com a idéia de que ‘Belíssima’ será
esticada. E a permanência de Fernanda Montenegro por mais tempo na trama só
depende de dinheiro (da Globo) e de vontade (da atriz).’


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O Globo


Quarta-feira, 14 de dezembro de 2005


CRISE POLÍTICA
O Globo


Jornalistas contam em livro bastidores da CPI


Os principais fatos da crise que dominou o cenário político este ano são
contados com bastidores inéditos pelos jornalistas Bernardo de la Peña e Gerson
Camarotti, da sucursal de Brasília do GLOBO, no livro ‘Memorial do escândalo’,
que será lançado hoje, às 20h, na Livraria da Travessa, em Ipanema. Ao longo de
13 capítulos, Bernardo e Camarotti contam a trajetória dos principais
personagens da crise, incluindo o ex-deputado Roberto Jefferson, o empresário
Marcos Valério de Souza e o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares.


Também revelam as reações do Planalto à sucessão de denúncias que vieram à
tona desde maio, quando foi divulgado o vídeo em que o então chefe do
Departamento de Contratações dos Correios, Maurício Marinho, aceita propina de
R$ 3 mil. E contam a tensão vivida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em
momentos críticos, como em julho, quando O GLOBO revelou que a Gamecorp, empresa
de um dos filhos do presidente, Fábio, recebeu um aporte de R$ 5 milhões da
Telemar.


Os jornalistas destrincham o esquema de pagamentos a parlamentares da base
aliada, operado por Marcos Valério. Um dos casos contados é o do ex-tesoureiro
do Banco Rural em Brasília José Francisco de Almeida Rego. Acostumado a
distribuir o dinheiro do valerioduto a quem se apresentasse para ‘pegar a
encomenda’ (parlamentares e seus emissários), Rego chegou a dar R$ 200 mil à
pessoa errada, por não ter comparado a identidade do beneficiário com o nome que
constava na autorização enviada por fax.


A transformação de Delúbio, um professor de matemática que se tornou um dos
principais dirigentes do PT, também é descrita. A troca dos hábitos humildes
pela ostentação é exemplificada num diálogo que Delúbio travou com o dono de um
bar popular de Brasília, freqüentado desde o início de sua militância.


– Você tem que melhorar a sua carta de vinhos. Isso que você tem aqui não
presta – criticou Delúbio.


– Eu te conheci bebendo cachaça. Delúbio, pára com o seu deslumbramento que
você vai se dar mal – respondeu o dono do bar.’




CENSURA À FOLHA
Jailton de Carvalho


Juíza de São Paulo censura site oficial da PF


‘A juíza Margarete Morales Simão Martinez Sacristan, da 5 Vara Federal
Criminal de São Paulo, determinou ontem que a Polícia Federal retire de seu site
todas as informações sobre o caso em que a Kroll Associates é investigada por
espionar a Telecom Itália a pedido do banqueiro Daniel Dantas. A Divisão de
Comunicação Social da PF cumpriu a ordem da juíza e ontem mesmo retirou de site
400 páginas com dados sobre o chamado caso Kroll. A PF ainda não decidiu se
recorrerá ou não a decisão contra a decisão da juíza.


Decisão judicial já tinha imposto à Folha Online, serviço de notícias na
internet da ‘Folha de S.Paulo’, a proibição de divulgar informações sobre o
processo que apura o caso de espionagem envolvendo a contratação da Kroll pela
Brasil Telecom, com o intuito de investigar a Telecom Itália. A decisão judicial
foi criticada pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e pela Associação
Nacional de Jornais (ANJ).


– Vamos submeter o despacho da juíza a nossa consultoria jurídica e ver quais
são os caminhos possíveis – disse um dos coordenadores da Divisão de Comunicação
Social da PF.


No despacho, de nove linhas, Margarete Sacristan determina que a PF adote
todas as providências necessárias ‘a fim de que cesse imediatamente qualquer
forma de divulgação de dados pertinentes aos fatos e pessoas envolvidas no
processo em questão, seja por intermédio de notícia jornalística, televisiva,
rádio ou qualquer outro veículo de divulgação, inclusive por meio da página da
rede mundial internet’.


A juíza adverte ainda que, caso a ordem não seja cumprida, os responsáveis
pelo site poderão ser punidos por quebra de sigilo de processo que tramita em
segredo de Justiça.


Para a PF, a ordem é abrangente e implicará na retirada de informações
inclusive do Google, site de busca que reúne informações esparsas em circulação
na internet. Margarete determinou a retirada das informações do site a pedido de
um dos acusados no processo de espionagem. Entre os acusados está Daniel Dantas
que, no período da suposta espionagem, protagonizava um ruidosa disputa
comercial com a Telecom Itália. No despacho, a juíza não informa o motivo
apresentado por um réu do caso contra a divulgação das informações no site da
PF.


Margarete Sacristan se limita a dizer que o processo está protegido por
sigilo. Dirigentes da Associação Nacional de Jornais (ANJ) foram informados
sobre a censura no início da noite. A entidade deve fazer uma análise jurídica
da decisão da juíza antes de se pronunciar sobre o caso.


– Temos de conhecer melhor esse caso – disse Fernando Martins, diretor da
ANJ.


Em Salvador, nova denúncia de grampo ilegal


Em Salvador, surgiu ontem nova denúncia de grampo telefônico ilegal. Dessa
vez o alvo é o Tribunal de Justiça do estado. A denúncia começou a circular com
a distribuição, pela internet, de uma gravação dando conta de fraude e tráfico
de influência na eleição para a presidência do TJ, no dia 2.


Os personagens do diálogo são estranhos ao Judiciário estadual: o arquiteto
baiano Fernando Frank e o advogado Luciano Cintra, irmão do desembargador Carlos
Alberto Dultra Cintra, presidente do Tribunal Regional Eleitoral e ex-presidente
do TJ. Cintra apoiou o desembargador Benito Figueiredo, eleito com ampla
votação.


A gravação denuncia a distribuição de presentes aos desembargadores para que
votassem em Figueiredo. Ele derrotou Luci Moreira e Eduardo Jorge Magalhães,
irmão do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). Na gravação, o arquiteto
Fernando Frank se diz íntimo de inúmeros desembargadores. COLABOROU: Heliana
Frazão’




JORNAIS EM CRISE
O
Globo


‘USA Today’ vai unificar as redações de jornal e
online


‘SAN FRANCISCO. A diretoria do ‘USA Today’ – o jornal de maior circulação nos
EUA – anunciou ontem que vai unificar as redações de suas edições impressa e
online. A medida faz parte da estratégia de crescimento do grupo, que está de
olho na crescente demanda por notícias via internet. A unificação será feita aos
poucos, para que os profissionais se acostumem a produzir para diferentes
plataformas. Segundo o ‘USA Today’, que pertence ao grupo Gannett Co. Inc., a
mudança começará pelas editorias de viagens, entretenimento e plantões
extraordinários ( breaking news ).


O vice-presidente e diretor de redação do USA Today.com (a versão online do
jornal), Kinsey Wilson, foi promovido a diretor-executivo do ‘USA Today’, cargo
que dividirá com o atual editor-executivo do jornal, John Hillkirk.


Em agosto, o ‘New York Times’, um dos jornais de maior prestígio do país,
disse que também iria integrar sua redação tradicional com a equipe da versão
online. Anunciada inicialmente como uma colaboração mais intensa e freqüente
entre as duas equipes, a medida tem como objetivo eliminar diferenças entre os
dois tipos de jornalismo.’




MEMÓRIA
O Globo, Obituário


Irineu Guimarães, jornalista, 76


Nascido em 21 de julho de 1929 em Tamboril, no Ceará, Antonio Deusdedit da
Cruz Guimarães ingressou no seminário da Prainha, em Fortaleza, onde iniciou
seus estudos religiosos. Ao mudar-se para São Paulo, fez o noviciado com os
dominicanos, e em 1951 foi enviado para o convento dominicano de
Saint-Maximin-La-Sainte-Baume, perto de Marselha. Não recebeu as ordens
sacerdotais, mas prosseguiu na vida acadêmica, doutorando-se em filosofia pela
Sorbonne. De volta ao Brasil, tornou-se correspondente do ‘Le Monde’ e repórter
da France Presse, adotando o nome Irineu que lhe fora dado pelos dominicanos.
Também colaborou com a revista ‘L’Express’. Em 1970, ingressou como repórter na
revista ‘Manchete’, para a qual fez várias coberturas internacionais, entre as
quais a visita do Papa João Paulo II a Puebla para a 3 Reunião do Conselho
Episcopal Latino-americano. Faleceu em 20 de novembro, no Rio, de enfarte. Deixa
os dois filhos do primeiro casamento, quatro netos e sua companheira dos últimos
cinco anos, Maria Amélia Rocha Seixas.’


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O Estado de S. Paulo


Quarta-feira, 14 de dezembro de 2005


CENSURA À FOLHA
Vannildo Mendes


Juíza estende censura a site da PF


‘A 5ª Vara da Justiça Federal de São Paulo estendeu ontem ao site da Polícia
Federal a mesma censura, antes aplicada ao jornal Folha de S. Paulo, que impede
a divulgação de qualquer notícia referente à contratação da empresa americana
Kroll para espionar desafetos do ex-presidente da Brasil Telecom Daniel
Dantas.


Por força da ordem judicial, assinada pela juíza substituta Margarete Morales
Simão Martinez Sacristan, a PF teve de retirar de circulação mais de 400 páginas
da página eletrônica de sua Divisão de Comunicação Social.’




GRAMPO NA GAZETA
Felipe Werneck


Grampo no ES derruba secretário de Segurança


‘O grampo telefônico realizado pela polícia na redação da Rede Gazeta, de
Vitória, derrubou ontem o Secretário da Segurança Pública do Espírito Santo,
delegado federal Rodney Rocha Miranda. No início da noite, ele foi afastado pelo
governador Paulo Hartung (PMDB), três dias após a divulgação do caso. O ministro
Márcio Thomaz Bastos, da Justiça, pediu ontem uma ‘forte apuração’ do caso.


O secretário explicou que colocou o cargo à disposição e o governador
aceitou. ‘Cumpri minha tarefa e saio emocionado, não há rancor’, disse ele, para
em seguida pedir que a imprensa registre que houve ‘escuta irregular’ e não
‘ilegal’, porque teria sido feita com autorização judicial e ‘sem dolo’.


Miranda negou que houvesse intenção de monitorar jornalistas e atribuiu o
‘erro’ a informação que, segundo ele, foi passada pela operadora de telefonia
Vivo. ‘Houve uma informação errada da Vivo, que deu o telefone da Rede Gazeta
como sendo de uma empresa que estávamos investigando, a Telhauto, uma empresa de
materiais de construção que fazia lavagem de dinheiro. Isso vai ser comprovado’,
afirmou.


O secretário admitiu que o caso desgastou o governo e disse entender os
motivos pelos quais o governador lhe pediu o cargo. ‘De forma nenhuma saio de
cabeça baixa. Trabalho há mais de 20 anos na polícia com interceptação
telefônica, não houve nada disso (a intenção de grampear jornalistas), nunca fui
acusado disso, não vai ser agora’, disse. E insistiu em atribuir o erro à
empresa de telefonia.


Segundo ele, nenhum áudio foi usado politicamente. E isentou os policiais
envolvidos de culpa no episódio: ‘Não vou deixar cadáver no campo de batalha’,
declarou. No cargo desde o início do governo, Miranda disse que voltará a
trabalhar na Polícia Federal de Brasília.


‘Tenho a certeza de que quando essa história for esclarecida a sociedade do
Espírito Santo vai entender que um erro cometido por alguns não vai manchar um
belo trabalho.’


O grampo feito entre março e abril pela Polícia Civil atingiu um número de
telefonia celular que é ligado à central telefônica da Rede Gazeta, onde
trabalham cerca de 200 jornalistas de seis veículos de imprensa. A escuta
permitia acesso a todos os ramais da rede telefônica.


O ministro Thomaz Bastos disse ontem que até quinta-feira deverá se reunir
com representantes da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) para conversar
sobre a escuta na Rede Gazeta.’




TANURE & VARIG
Jander Ramon


BNDES não empresta a Tanure


‘A negociação de transferência de controle da Varig pela Fundação Ruben Berta
(FRB) ao empresário Nelson Tanure não tem envolvimento com o Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), disse ontem o presidente da
instituição financeira, Guido Mantega. Ele declarou que o relacionamento do
BNDES está mantido com a companhia aérea portuguesa TAP, que tomou financiamento
do banco para adquirir as empresas VarigLog e Varig Engenharia e Manutenção
(VEM). Caso a TAP aceite a operação conduzida pela FRB, de transferir as duas
empresas para a Docas, de Tanure, ou se a própria TAP quiser negociar
diretamente a VarigLog e a VEM com o empresário, terá antes de quitar o
empréstimo tomado com o BNDES. Tanure não tem condições de obter empréstimo do
BNDES, explicou Mantega, porque o banco cobra dele, na Justiça, débitos que não
foram quitados por outras companhias do empresário.’




JORNAIS EM CRISE
O Estado de S. Paulo


Jornais encaram o desafio da era da internet


‘Em artigo para o periódico Advertising Age, especializado em mídia e
publicidade, o editor-executivo da revista, Jonah Bloom, recorre a uma
entrevista dada pelo ex-editor do Financial Times, Andrew Gowers, para discutir
o futuro do jornal impresso. A frase de Gowers, ao deixar o Financial Times
depois de 22 anos, foi: ‘Trabalhar na imprensa escrita, pura e simplesmente, é o
equivalente no século 21 a dirigir uma empresa fonográfica especializada em
discos de vinil.’ Segundo Gowers, os proprietários de jornais ainda não
perceberam o poder da internet.


Para Bloom, porém, a questão vai além. Segundo ele, com as constantes
dispensas de jornalistas que vêm ocorrendo nos EUA, fica difícil ignorar a
pergunta: ‘Será que fenecerão as organizações noticiosas centradas na palavra
impressa?’


A resposta óbvia, diz Bloom, é que a maioria se sustentará convertendo-se em
organizações digitais. E volta a citar Gowers: ‘Os jornais que sobreviverão
serão aqueles que produzirem conteúdo verdadeiramente original e aprenderem
rapidamente como traduzir isso na nova mídia.’


Segundo Bloom, porém, o problema com esta transição de árvores para bytes é
que a receita da maioria dos sites de editoras na internet não chega nem perto
de sustentar a coleta de notícias e as organizações de conteúdo construídas
sobre os alicerces do anúncio impresso. Mas, para Gowers, no ritmo em que o
dinheiro migra para a web, logo alguns sites conseguirão suportar as
infra-estruturas de criação de conteúdo existentes.


Segundo Bloom, a resposta mais provável para a adaptação das empresas atuais
ao novo mundo está numa mudança por atacado no modelo e na mentalidade do
jornalismo. Rafat Ali, que comanda o Paidcontent.org – site dedicado a novos
modelos de mídia – é um defensor deste Jornalismo 2.0. No mundo descrito por
ele, os editores parariam de desperdiçar recursos ordenando aos repórteres que
recriassem as reportagens existentes, em vez disso aceitando que parte do papel
de seus sites é agregar o conteúdo mais relevante. Isso liberaria tempo para os
jornalistas se aprofundassem em reportagens genuinamente originais.


Ali acredita, também, que os jornalistas terão de ser treinados para criar
conteúdo multimídia. ‘Alguns dos repórteres de empresas noticiosas pontocom têm
pedido câmeras para criar conteúdo de vídeo, e seus chefes então respondem:
‘Não, temos compromissos e questões sindicais’. Mas, se eles não o fizerem,
alguém mais o fará’.


E, é claro, há a promessa do conteúdo gerado pelo usuário. ‘Cada vez mais, os
editores se transformarão em curadores, eles terão software que os ajudará a
filtrar conteúdos, mas também farão triagem, analisarão e contextualizarão um
volume de conteúdo entrante’.’




OESP
/ PROJETO GRÁFICO
Carlos Franco


‘Estado’ entra em nova etapa do projeto gráfico


‘Com tipologia mais moderna e adequada ao processo industrial, textos e
títulos de reportagens agora estão mais atraentes e fáceis de ler


O jornal O Estado de S. Paulo entrou, segunda-feira, em nova etapa do seu
projeto de renovação contínua, tanto de conteúdo como de apresentação gráfica,
que visa a facilitar a leitura e destacar os principais fatos do dia. Desta vez,
substituiu uma tipologia antiga por outra mais nova e adequada aos atuais
processos de impressão: saiu a Times e entrou a Benton.


O designer Francisco Amaral, da Cases y Associats, de Barcelona, um dos
responsáveis pelo projeto de reformulação gráfica, diz que com essa tipologia,
‘o leitor sai ganhando, pois os títulos ganham uniformidade com os textos, que
estão sendo impressos em Benton desde 7 de junho. Um projeto deve levar em conta
uma ou duas tipologias, para ter uniformidade’.


Desde 17 de outubro de 2004, o Estado vem passando por transformações
profundas, que incluíram, além de um novo projeto gráfico, o lançamento de
cadernos e suplementos, entre os quais Aliás, Casa&, Link, Paladar, Guia,
TV&Lazer, Vida&, Negócios e Retratos do Brasil, que trouxe um especial
sobre armas e outro sobre consumo. ‘Um jornal deve apresentar a informação de
forma ordenada, atraente para os leitores, sem esconder suas reportagens, a sua
oferta diferenciada’, diz Amaral, acrescentando que o projeto de reformulação
contínua visa a evitar um confronto com as expectativas dos leitores quanto ao
conteúdo. ‘O que torna um desafio um projeto de reformulação é a possibilidade
de realizá-lo sem que isso represente uma ruptura com a tradição de um veículo
que tem uma postura clara há mais de um século’. Para ele, o projeto tem sido
bem sucedido ao reforçar o conteúdo com uma diagramação que desperta o prazer da
leitura.


O diretor de Mercado Leitor do Grupo Estado, Antônio Hércules Júnior,
reforça: ‘Cerca de 20% dos leitores desejavam um jornal mais fácil de ler, com o
mesmo conteúdo e sem abrir mão da credibilidade. Foi para atender a essa demanda
que o Estado passa por processo contínuo de melhorias, que têm a ver também com
a renovação das tecnologias, especialmente da parte gráfica.’


O novo projeto abriu espaço para a maior participação dos leitores, seja por
meio do portal www.estadao.com.br ou por meio de reportagens que hoje, com o uso
de material exclusivo dos leitores, abriu as páginas para o projeto
FotoRepórter.


Fundado em 4 de janeiro de 1875, o jornal chegou ao mercado com o título A
Província de São Paulo, substituído depois da proclamação da República, um dos
ideais que nortearam a sua fundação ao lado da luta abolicionista, por O Estado
de S. Paulo.’




INTERNET
Ana Paula Ragazzi e Graziella Valentin


Procura pelas ações do UOL supera previsões


‘Terminou ontem o período de reservas das ações que serão colocadas na Bolsa
de Valores de São Paulo com a abertura de capital do Universo Online (UOL), na
sexta-feira. Segundo fontes do mercado, a demanda pelos papéis foi cinco vezes
maior que o esperado. Por causa dessa procura, a empresa teria até elevado a
faixa de preços sugerida para os papéis – de um intervalo entre R$ 13,50 e R$
16,50 para um preço entre R$ 15,50 e R$ 18,00. A empresa informou que não iria
se manifestar sobre a operação, pois está em período de silêncio.


Como se trata apenas de um intervalo de preço sugerido para a ação e o
comunicado já frisava que ele poderia se situar acima ou abaixo dos valores
mínimo e máximo estabelecidos, não haveria necessidade de o UOL distribuir um
novo comunicado ao mercado. Investidores estrangeiros, satisfeitos com a
experiência do Google, e pessoas físicas do mercado doméstico seriam os
principais interessados nas ações.


Antes mesmo do anúncio oficial da oferta, houve um rumor no mercado dando
conta de que os coordenadores da operação (Merrill Lynch e Pactual) e a empresa,
de um lado, e os bancos participantes, do outro, divergiram sobre o intervalo de
preço para a ação. O UOL teria defendido uma faixa na casa dos R$ 30,00,
enquanto as instituições financeiras participantes brigavam por um intervalo
entre R$ 15,00 e R$ 20,00.’




TELEVISÃO
Patrícia Villalba


Belíssimo, senhor autor!


‘Silvio de Abreu se diz um homem de sorte porque trabalha com uma das grandes
paixões brasileiras, as novelas. Tanto é, que escolheu esta definição como
título de sua primeira biografia – Silvio de Abreu, Um Homem de Sorte – que será
lançada hoje, às 19 h, no Cine Bombril, dentro da Coleção Aplauso, editada pela
Imprensa Oficial. Boa parte dessa sorte parece residir na capacidade que ele tem
de lidar com as adversidades que a vida foi lhe impondo nestes 63 anos de vida e
mais de 40 anos de carreira no meio artístico, entre ator, diretor de cinema e
escritor de novelas. Muitos desses obstáculos acabaram virando história, indo
parar nas suas tramas e na boca de seus personagens. Como no caso do Chevrolet
preto usado pelo serial killer de A Próxima Vítima, sucesso que parou o País em
1995. Quando menino, Silvio foi atropelado por um carro daquele tipo e anos
depois preparou essa espécie de vingança no plano ficcional.


O livro segue a estrutura da Coleção Aplauso, que apresenta perfis de
personalidades em primeira pessoa – no caso de Silvio, o trabalho é do
jornalista gaúcho Vilmar Ledesma. Ele repassa os tempos de menino pobre da
Baixada do Glicério e o flerte com o meio artístico. Fala também dos tempos como
diretor de cinema na Boca do Lixo, em São Paulo – é dele o clássico erótico
nacional Mulher Objeto -, além de detalhes sobre os bastidores de criação de
suas novelas.


Nesta entrevista ao Estado, em seu apartamento nos Jardins, o autor de
Belíssima, atual sucesso no horário das 9 horas, fala um pouco mais sobre o
ofício de autor de novela, profissão que vive no fio da navalha entre o amor e o
ódio da audiência e da crítica. ‘A novela é diferente da literatura, de cinema e
teatro, e não pode ser analisada em comparação a eles’, diz ele. ‘Hoje, ela tem
no Brasil o mesmo papel que o cinema teve nos EUA na Depressão dos anos 30.
Serve para refrescar a cabeça.’


No livro, você demonstra que tenta seguir o caminho da razão para conquistar
o público, que tradicionalmente se deixa levar pela emoção na hora de ver
novela. Como é isso?


Você tem de conquistar o público com a emoção primeiro, para depois vir com a
razão. As minhas novelas, por exemplo, sempre têm uma crítica social como pano
de fundo, mas ela depende de uma segunda leitura do telespectador para ser
absorvida.


E daí conseguir uma audiência fiel.


Gosto de fazer com que o telespectador fique grudado na TV. Não gosto da
idéia de que as pessoas assistem à televisão porque não têm mais o que fazer.
Porque dá muito trabalho fazer novela, então esta idéia é uma falta de respeito.
Quero que eles assistam e gostem, ou que ao menos a novela produza algum ruído.
Só este ruído já é um grande serviço que a novela pode prestar à sociedade, já
que não é possível aprofundar nenhum tema nela – não dá para propor uma
discussão aprofundada num meio que é interrompido a cada 15 minutos para vender
margarina e pasta de dente. Uma novela que não gera comentários não existe, não
acontece.


Mesmo tendo o mistério, a crônica policial como marca, você gosta de
experimentar novas fórmulas. Ainda dá para inovar no gênero?


Sim, porque em primeiro lugar, a novela deve agradar a mim, que sou o
primeiro espectador. E se eu estiver fazendo sempre a mesma coisa, dificilmente
vai funcionar. Quando o capítulo vai para a produção, ele tem de conter sangue,
suor e lágrimas. E, para isso, eu tenho de gostar do que estou escrevendo.


Ao que parece, você já escreve pensando em determinados atores. Por que
prefere trabalhar assim?


Sou um autor de novelas, é a minha especialidade. Dentro da novela, sei que
se não tiver o ator certo para representar determinado personagem, não vou
conseguir passar a idéia que quero. Quando vou começar uma novela, faço uma
lista dos atores com quem quero trabalhar. E então vou escrevendo de acordo com
eles. Chego a ouvir vozes deles na minha cabeça.


Autor de novelas é, sem dúvida, uma profissão de imenso destaque. Mas, ao
mesmo tempo, dentro do universo da dramaturgia, ela não é uma profissão das mais
reconhecidas, principalmente pela intelectualidade. Isso chega a incomodar
você?


Quando resolvi fazer novela, quis me livrar justamente desse ranço da
pseudointelectualidade. É preconceito. Nos Estados Unidos há castas de atores.
Aqui, todo mundo faz de tudo porque precisa sobreviver. Veja a Fernanda
Montenegro, que concorre ao Oscar e faz novela. Sei que vão me xingar, mas a
novela brasileira é mais importante do que o cinema brasileiro.


Mas há preconceito até mesmo entre alguns atores, que desprezam seus
trabalhos em novela.


Mas se você soubesse o tanto de pedidos que a gente recebe deles quando está
iniciando uma produção… Depois, eles vêm com aquela história de ‘estou fazendo
aqui esta novelinha, mas depois estarei no filme tal’.


No livro, você dá detalhes dos bastidores da criação da novela, e até mesmo
dos momentos em que acha que errou e de onde tira inspiração para montar as
tramas. Qual foi o momento mais difícil de sua carreira?


Foi Torre de Babel (1998), com certeza. Foi encomendada pelo Boni (então
diretor-geral da TV Globo), que me pediu algo forte e polêmico e então botei
droga, homossexualismo, violência. Me empolguei bastante, porque gosto disso.
Mas o Boni saiu da Globo um mês antes de a novela estrear, e eu perdi o respaldo
da emissora, porque a nova direção não queria todo aquele escândalo. Eles me
pediram que diminuísse o impacto da novela, mas era impossível porque ela tinha
sido concebida para ser daquele jeito. Daí, vieram as reclamações, da Igreja, da
TFP, dos grupos disso e daquilo. Mesmo assim, foi um sucesso de audiência. Mas
quando eu terminei, tinha certeza de que não escreveria mais novela, fui parar
até na análise.’


***


‘Será no capítulo 64’, garante Silvio de Abreu


‘A campanha contra já está na rua e a especulação é grande, mas Silvio de
Abreu confirma: Bia Falcão vai mesmo ser assassinada. ‘Será no capítulo 64’,
sentencia. Há pouco mais de um mês no ar, a personagem vivida por Fernanda
Montenegro já concorre com Odete Roitman, feita por Beatriz Segall em Vale Tudo,
e Nazareth Tedesco, papel de Renata Sorrah em Senhora do Destino, para o posto
de peçonhenta-mór da história da teledramaturgia nacional. Compará-las não é
fácil, são três personagens notáveis, mas Bia talvez seja a mais querida de
todas, tamanha a empatia que Fernanda obtém com o público. ‘Ela é uma bandida
com razão’, observa Silvio, que se diverte discutindo a psique dos personagens
de Belíssima como se fosse não o autor, mas um assíduo telespectador
qualquer.


Bia é má porque gosta de espezinhar a neta.Mas tendo uma neta um tanto tonta
como Júlia Falcão, quem não espezinharia? E qual avó rica e chiquérrima como ela
não desconfiaria de um qualquer que aparecesse fazendo caras e bocas com ares de
ambigüidade, arrebatando o coração tão arrebatável desta neta um tanto
tonta?


Aí está, Bia é uma bandida com razão. Não é uma peste puro-sangue como Odete
Roitman nem uma doida varrida feito a Nazareth. ‘É diferente porque é construída
na humanidade. Criou e pariu o mito da Belíssima, a filha dela, para depois
perdê-la. Criou os netos, montou um império, mas nada é seu, é tudo dos netos.
Não tem direito a nada e vive praticamente de favor neste mundo que construiu’,
explica Silvio. ‘Não digo que é uma mulher boa, ela tem sentimentos ruins que
surgiram a partir da vida que levou; a maldade dela é justificada.’


Há quem aposte que Bia levará para a sepultura o melhor sabor da novela. E há
quem ligue a TV só para ver Fernanda Montenegro destilar veneno com elegância.
Daí, os boatos de que bastaria a atriz topar esticar seu contrato para a vilã
ser salva. Silvio ainda se mantém irredutível. Até porque autor de policial que
se preze não salva um personagem como ela tão facilmente. ‘Não tem jeito, tenho
de matar a Bia Falcão. Caso contrário, teria de mudar toda a novela.’ E há
alguma possibilidade de se mudar toda a novela?, pergunto, num último apelo por
Bia. ‘Não, não há. Mas quando ela sair, um outro vilão vai surgir. Porque, como
diz Hitchcock, a história é sempre tão boa quanto for o seu vilão.’ BR Música
Encontros: Festival comprova a força dos independentes O 6.º Mercado Cultural,
em Salvador, uniu grupos de diversas latitudes, tendo como ponto comum a
renovação dos gêneros tradicionais de suas regiões Lauro Lisboa Garcia SALVADOR
No show que fez sábado na Concha Acústica com o Quinteto da Paraíba, Chico César
agradeceu ao público de Salvador ‘pela atenção e pela civilidade’. Aquele
momento foi exemplar da experiência do 6º Mercado Cultural, que reuniu cerca de
130 mil pessoas em 6 dias de maratona de shows, rodas de samba, teatro, dança,
artes visuais, feira de negócios, palestras, rave e até missa.


Chico mostrou pela primeira vez o repertório de seu novo álbum, De Uns Tempos
pra cá, mesclando poesia e canções inéditas em arranjos camerísticos, em espaço
aberto, propício à dispersão. Apesar do risco, entre curiosidade e respeito, o
público de cerca de 2 mil pessoas ouviu atento. Essa foi a característica
primordial que marcou o evento todo. O ambiente geográfico, cultural e de
estrutura contribuiu para esse êxito em Salvador. Em São Paulo, pelo excesso de
ofertas, talvez se diluísse no cenário. No Rio, provavelmente seria desprezado
por não propiciar a badalação.


A maior parte dos shows, a feira e os encontros ocorreram nas vizinhanças do
Campo Grande, incluindo a praça, os teatros Castro Alves e Acbeu, o hotel
Tropical e a Concha Acústica, onde a Nação Zumbi reuniu 5 mil pessoas no domingo
com o novo (e ótimo) show baseado no álbum Futura. A partir da meia-noite, a
ferveção se transferia para as concorridas praças fechadas do Pelourinho (Tereza
Batista, Quincas Berro d’Água, Pedro Archanjo e Sesc-Senac), que ficaram
lotadas. Foi ali que a dupla piauiense Lado 2 Estéreo, os sergipenses do NaurÊa,
os rappers pernambucanos do Faces do Subúrbio, os gaúchos do Bataclã FC e o
percussionista argentino-baiano Ramiro Musotto, entre outros, fizeram shows de
impacto.


No Sesc-Senac, o samba de roda do Recôncavo e suas variações avançaram as
madrugadas. Nem as pernas mais duras resistiram à animação da velha-guarda de
sambistas baianos, como Dona Nicinha, de Santo Amaro, e o popular Bule Bule, que
é um pouco faz-tudo: ator, repentista, cordelista, poeta, etc.


‘A gente faz o festival para um público ativo, não passivo’, diz o pianista e
produtor Benjamin Taubkin, curador de música do Mercado. Entenda-se por público
ativo não aquele chato que canta mais alto que o artista, mas o formador de
opinião, o que sabe aproveitar a oportunidade para apreciar a boa música, sem
que para isso os artistas tenham de facilitar a conquista.


Entre o público não havia nenhuma celebridade (aquela espécie que Millôr
Fernandes definiu como ‘um idiota qualquer que apareceu na televisão’), mas
formadores de opinião, como os escritores Luis Fernando Verissimo e Zuenir
Ventura, que se juntaram ao público em geral, jornalistas, artistas e produtores
para ver/ouvir propostas sonoras de grupos e artistas independentes de várias
regiões brasileiras, e países como Finlândia, Austrália, Espanha e
principalmente da Argentina e da Colômbia (leia texto ao lado).


Nos teatros, uma boa surpresa atrás da outra, como a Itiberê Orquestra
Família, que acaba de lançar um CD duplo com 27 temas inéditos de Hermeto
Pascoal, extraídos do Calendário do Som, e se apresenta na sexta e no sábado em
São Paulo. A essa altura dos séculos, é difícil aplicar o termo originalidade a
qualquer proposta sonora que seja, mas vale arriscar o palpite sobre o trabalho
de grupos como os colombianos Puerto Candelaria, os argentinos Puente Celeste, o
combo Lucia Pulido, Fernando Tarrés & La Raza (reunindo músicos colombianos
e argentinos), o Trio Manari, do Pará, e a dupla australiana DVA, formada por
Tunji Beier e Linsey Pollak.


Todos têm em comum a união da cultura tradicional de seus países/regiões com
linguagens contemporâneas e uma tendência ao improviso jazzístico. Há quem,
equivocadamente, tenha classificado seus projetos de folclóricos, mas o
resultado é o oposto disso. Nunca se viu/ouviu nada parecido por aqui.


Com seus instrumentos inventados e uma fusão sonora que inclui influências da
Macedônia, da Índia e das tradições africanas, Pollak foi um dos grandes
destaques do festival. Em conversas informais entre um show e outro, ele se
pronunciava com entusiasmo sobre tantas descobertas e incluiu-se com
naturalidade a respeito da globalização sonora, refletida na proposta do
festival de formar um painel da diversidade.


Outro que provocou um misto de estranhamento e encantamento foi o trio
finlandês Wimme, com sua moderna interpretação do yoik, música tradicional dos
países gelados ao norte da Europa. Mesmo cantando e falando uma língua que
ninguém entendia, o vocalista do grupo deu seu recado, inclusive incorporando um
lobo. Boa parte da platéia saiu antes de terminar o show, mas o que importa é
ele ter segurado a outra metade. Benjamin Taubkin considerou o trio um dos
pontos altos do festival. ‘O mercado não pode virar um projeto morno. A gente
tem de instigar e provocar as pessoas.’ O repórter viajou a convite da produção
do evento’




RÁDIO
Keila Jimenez


Globais estréiam radionovela


‘Thiago Lacerda estréia em breve uma nova novela, mas seu olhos verdes não
serviram de chamariz para audiência. O galã global terá um dos papéis principais
em Amor sem Fronteiras, uma radionovela produzida pela Contudo.Net, agência de
conteúdo para rádios. Sucesso absoluto nos anos 50, a radionovela foi perdendo
espaço para a teledramaturgia até ser praticamente extinta com a chegada dos
anos 70.


Amor sem Fronteiras é uma iniciativa da Contudo.Net, de olho no interesse das
rádios de língua portuguesa no resgate desse tipo de conteúdo.


‘Colocaremos à disposição das rádios em nosso site programas que serão
comercializados para rádios brasileiras, portuguesas e angolanas’, conta o
produtor musical Kiko Fernandes. ‘Amor sem Fronteiras tem produção de Cláudia
Ohana, que também participa do elenco e fez o convite para os outros
participarem’, continua. ‘O Thiago (Lacerda) faria só uma participação especial,
mas gostou tanto que pediu para ficar até o fim. Estamos negociando a novela com
algumas rádios, mas não temos nada fechado ainda. O piloto foi gravado na semana
passada.’


Além de Thiago e Cláudia, a novela conta com a participação de Paulo Goulart,
que iniciou sua carreira na época de ouro dos rádios. O ator será o narrador da
trama, que se passa nos anos 40.


Entre os programas oferecidos pela ConTudo.Net está um humorístico comandado
por Benvindo Siqueira.


‘Será uma brincadeira em alusão ao Manhattan Conecttion. Ele e personagens
criados por ele debaterão notícias verdadeiras que bem poderiam ser piadas’,
conta Kiko.


Amor sem Fronteiras estará disponível na internet a partir do dia 5, no
portal www.ConTudo.net.’


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