Eventos debatem ensino de Jornalismo

Nunca a formação profissional do jornalista esteve tão questionada. Do ponto de vista legal, há a polêmica decisão da juíza Carla Rister, suspendendo temporariamente a exigência do diploma para o exercício legal da profissão; do ponto de vista acadêmico, o crescimento do número de cursos e a difusão maciça de fábricas de diplomas colocam em xeque a qualidade do ensino.

Embora tenhamos dois instrumentos oficiais de avaliação ? o Provão e a Avaliação das Condições de Ensino ? e outros não-oficiais ? como o ranking da Playboy e o Guia do Estudante ?, de um modo geral desconfia-se dessas avaliações e muitos as descartam na totalidade, sequer problematizam e separam, ou distinguem, os aspectos positivos daqueles negativos.

É evidente: se o sistema midiático está em crise, o sistema de ensino e de formação profissional não poderia estar funcionando à perfeição. Mas, neste momento, há mais sinais de luz no fim do túnel no sistema de ensino do que no sistema midiático. Os movimentos destes dois meses são exemplares neste sentido.

O Fórum dos Cursos de Jornalismo, evento realizado durante a Semana Santa em São Paulo, sob o silêncio da grande imprensa mas com cobertura intensa deste Observatório, evidencia claramente sinais de vida inteligente.

Não se trata de concordar com as decisões dos relatórios finais dos grupos. Pessoalmente, e fica aqui apenas como registro, tenho discordâncias gerais ou pontuais em todos os grupos. Mas o que importa no momento é o fato de as pessoas estarem conscientes de que há problemas a resolver e assumir que os cursos e seus professores e alunos têm um papel decisivo neste processo.

No final deste mês, dois eventos em Porto Alegre deverão atrair professores e coordenadores de curso.

Dias 26 e 27 haverá o 3^o Seminário de Avaliação do Inep, na PUC-RS. As duas primeiras versões trataram exclusivamente do Provão. O primeiro seminário, em São Paulo, foi confuso e teve problemas de organização, frustrando a todos. O segundo, em Campo Grande, evoluiu bastante em relação ao anterior. Mas as críticas se dirigiram à confusão entre o Seminário e o Fórum de Professores.

Este ano haverá debates também sobre a Avaliação das Condições de Ensino, a que todos os cursos se submeterão em 2003. Os cursos de Comunicação que solicitaram reconhecimento depois de outubro do ano passado também serão avaliados por este instrumento, em cada uma de suas habilitações.

Mas o grande evento, sem dúvida, será o V Fórum Nacional de Professores de Jornalismo, que se realizará de 28 a 30 de abril, nas dependências da Fabico. Não apenas a programação está pronta, como também já estão disponíveis os resumos dos trabalhos dos 4 grupos temáticos.

Esta é a primeira vez que o Fórum funciona com Grupos de Trabalho, que neste ano tratarão de Projetos Pedagógicos, Pesquisa na Graduação, Projetos de Extensão e Produção Laboratorial.

Pela leitura dos resumos, percebe-se que há vida inteligente e criativa em todo o país. A consolidação de um espaço próprio para que os professores de Jornalismo possam relatar e trocar experiências parece que alcançou um ponto de não-retorno.

Quatro dos cinco encontros foram autônomos e se realizaram entre o 21 de abril e o 1? de maio: Belo Horizonte, em 1996; Campinas, em 1999; Campo Grande, em 2001 e agora, Porto Alegre, em 2002.

Podem marcar na agenda: entre 21 de abril e 1? de maio de 2003 ocorrerá o VI Fórum Nacional de Professores de Jornalismo. Falta decidir o local. No ano passado, Porto Alegre disputou com mais de meia dúzia de outras cidades. Tudo indica que esta disputa se repetirá este ano.

Jamais houve vínculo formal entre o Inep e o Fórum de Professores de Jornalismo. Mas no evento do ano passado houve críticas pelo fato de os dois eventos ocorrerem com uma solidariedade ativa entre os organizadores. Houve quem confundisse uma coisa com outra. Este ano, a desvinculação é total. Há apenas a coincidência de datas e de cidade.

O Seminário do Inep ocorrerá na PUC-RS, com organização própria.O V Fórum Nacional de Professores de Jornalismo ocorrerá na Fabico, na UFRGS, com organização própria.