Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Keila Jimenez


‘Band e Record fecharam na semana passada a compra dos direitos de transmissão dos Jogos Pan-Americanos, que serão realizados no Rio, em 2007. A brincadeira ficou cara, desembolsaram cada uma cerca de R$ 7,5 milhões pelo evento, montante parecido com o que a Globo pagou também pela transmissão. Por ser no Brasil, a transmissão do Pan teve um aumento de cerca de 200% no preço de seus direitos de exibição em relação ao último Pan, que foi em Santo Domingo, em 2003.


Tamanho buraco nos cofres de duas emissoras de orçamento bem mais modesto que o da Globo tem boa explicação: a maleabilidade das grades de programação dessas em relação à da líder.


No pacote do evento as emissoras terão direito a transmitirem no mínimo 700 horas de imagens ao vivo dos jogos, de mais de 10 modalidades esportivas. É muita coisa para quem não pode tirar do ar programas como Jornal Nacional e novelas. É justamente aí que Record e Band correm por fora, abrindo sua programação a transmissões em todos os horários. Mesmo assim, há quem aposte que a decisão das principais modalidades fique para depois das 22 horas, quando termina a novela das 9 da Globo. Pressão da líder e interesse do Comitê Olímpico Brasileiro em divulgar seus patrocinadores.


Para diluir o custo do evento, a Globo já começou a exibir competições ligados ao Pan captando patrocinadores. Band também já tem um boletim no ar sobre os jogos e Record planeja para este ano ainda a promoção de eventos esportivos e a criação de atrações ligadas ao Pan.’



PUBLICIDADE


Armando Strozenberg


‘Menos preconceito na propaganda’, copyright O Globo, 19/05/05


‘O terceiro milênio apanhou boa parte dos profissionais de comunicação de calças curtas. Publicitários, jornalistas, pessoal de marketing, há muita gente boa por aí que ainda não se acertou com o fuso da chamada sociedade da informação. Pudera. Girando em torno de um novo eixo, temos sido obrigados a requalificar conceitos e práticas. Mais que reaprender a fazer, como tanto se fala, temos que reaprender a pensar. Pensar comunicação.


O novo eixo, claro, é a globalização. E como toda nova ordem se faz preceder da desordem, ricos e pobres estão, ainda, a buscar seu novo lugar no mundo. Como na velha brincadeira da dança das cadeiras, não há lugar para todos. Quando a música pára, alguém fica de fora. Um doce para quem adivinhar quem sobra!


Metáforas à parte, são muitos os dilemas que a globalização impõe aos profissionais de comunicação. Falar em globalização, afinal, é falar em sociedade da informação e, forçosamente, de comunicação. Só que não aquela comunicação que nos acostumamos a reconhecer como tal – conjunto de conceitos, recursos e ferramentas que organiza a informação – mas uma outra, nova, que emerge da rearrumação global mais ampla, mais plural, mais forte.


Mais ampla, porque se apropria de múltiplas técnicas e ferramentas, além de estar em praticamente todos os campos de conhecimento e de atividade. Mais plural porque, desconhecendo fronteiras, alcança públicos antes inalcançáveis e precisa atuar na diversidade para lograr eficiência. E mais forte porque se deslocou para a primeira divisão de poder de qualquer estrutura institucional. Ter comunicação, fazer comunicação, trocar comunicação é tomar parte da sociedade da informação. É estar dentro, na brincadeira. Dançar a dança das cadeiras.


Na pauta desta nova comunicação mais ampla, plural e forte, que emerge da rearrumação global, é certo, está o uso das ferramentas em favor da redução do fosso que separa ricos e pobres no mundo e o direito de todos à informação, como prerrogativa de liberdade e acesso à educação e ao conhecimento. Está, ainda, o respeito à pluralidade e à diversidade étnica, religiosa, cultural e, de forma contundente, o compromisso com a inclusão social.


Nós, profissionais da área, não podemos ignorá-la, sob pena de perdermos o compasso do nosso tempo, perdermos capacidade de formular, criar, propor. Antes de constituir-se uma atividade comercial, a comunicação é um direito, alinhado a outros em debate na cena mundial, como o de acesso às patentes dos coquetéis da Aids ou ao software, essenciais à democratização da saúde e da educação. A comunicação é parte indissociável da nova cartilha social.


Nela, nos deparamos com um novo padrão de consumo. Foi-se o tempo em que o anúncio de automóvel vendia apenas automóvel e o de geladeira, apenas geladeira. Hoje, o que se vende é conceito, comportamento, atitude. Mais importante que as mercadorias que a Humanidade produz são os valores que esta Humanidade precisa produzir.


Trata-se de uma ressignificação daquilo que sempre entendemos por produto, mercado, consumo, consumidor. O salto de qualidade da propaganda do automóvel é o combustível alternativo, de combustão limpa, e a geladeira tem que oferecer o uso racional da energia, bem finito a ser preservado.


Esse parece ser o caminho da propaganda no mundo e, em especial, da propaganda brasileira. Não por acaso, e curiosamente, pesquisa realizada pelo Ibope com dois mil brasileiros das classes AB, C e D, para a Associação Brasileira de Propaganda (ABP), recém-saída do forno, revela que, para o público, os anúncios e comerciais que criamos estão menos preconceituosos. Em 2002, eram 19%, mas agora subiu para 30% os que não sabiam identificar, nem se lembrar, de nenhum grupo social que estivesse sendo discriminado pela propaganda brasileira. Também em 2002, 26% constatavam a ausência de pobres na nossa propaganda; hoje, esse contingente caiu para 15%.


Este caminho, porém, não podemos trilhar sozinhos. É preciso que não só os profissionais de agência, mas também executivos de marketing, assessores de imprensa, gerentes de recursos humanos compreendam isso. Afinal, a boa comunicação é integradora, especialmente quando se trata da formulação de conceito e estratégia. Será sempre melhor a comunicação que soma conhecimento, soma recursos, soma especialidades. Soma.


Esta é a agenda da comunicação do terceiro milênio. Não devemos nem podemos ignorar o imenso contingente que, hoje, está fora da brincadeira, seja porque não sabe as regras do jogo, seja porque sequer foi convidado para a festa. Mais que atributo, solidariedade e sensibilidade social são, hoje, exigência profissional. Porque um outro mundo sempre será possível. ARMANDO STROZENBERG é presidente da Associação Brasileira de Propaganda (ABP).’



TV DIGITAL


Mônica Tavares


‘Definição de padrão para TV digital sai até fevereiro’, copyright O Globo, 19/05/05


O governo pretende decidir que tecnologia de TV digital será usada no país até fevereiro de 2006. A informação foi dada ontem pelo secretário-executivo do Ministério das Comunicações, Paulo Lustosa. Segundo ele, até 10 de dezembro os grupos encarregados das pesquisas têm de entregar suas propostas, que serão enviadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lustosa participou do 23 Seminário da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), em painel que tratou de convergência tecnológica.


O secretário acredita que até fevereiro Lula deverá ter ouvido tanto do conselho gestor quanto do conselho consultivo todas as informações necessárias para decidir qual o melhor caminho para o país: se é escolher entre as tecnologias americana, européia e japonesa, ou desenvolver uma tecnologia própria.


As emissoras querem que a tecnologia garanta a portabilidade – ‘televisão de bolso’ – e também a alta definição da imagem. Uma medida já está tomada: a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) vai publicar na próxima semana o Plano de Canais da TV Digital, aprovado por seu conselho diretor.


O plano permitirá que as emissoras de TV transmitam, depois da implantação da tecnologia digital, a programação pelos sistemas analógico e digital ao mesmo tempo, por um período mínimo de dez anos.


Governo vai estudar implantação de rádio digital


O Ministério das Comunicações deverá propor a criação de um grupo interministerial para estudar a implantação no país da rádio digital.


O vice-presidente de Relações Institucionais das Organizações Globo, Evandro Guimarães, defendeu um amplo debate sobre as novas mídias e a convergência tecnológica. Ele ponderou que, enquanto as rádios e televisões têm obrigações constitucionais, as operadoras de telecomunicações não têm.


São empresas internacionais operando internet com conteúdo estrangeiro, ao passo que a Constituição determina que a responsabilidade editorial das empresas de radiodifusão – seja de televisão aberta e paga, rádio, jornal, revista – é privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de dez anos.’



FSP CONTESTADA


Painel do Leitor, FSP


‘Rondônia’, copyright Folha de S. Paulo, 19/05/05


‘‘O colunista Nelson de Sá escreveu em sua coluna de segunda-feira (‘Silêncio’, Brasil) que o ‘Jornal Nacional’ de sábado apenas registrara o escândalo PTB-Correios. Na terça-feira, ele repetiu a mesma informação sob o título ‘Inócuo’ -’A exemplo de anteontem, também ontem a Globo demorou a dar atenção ao escândalo PTB-Correios’. Nada é mais inexato. Já, no sábado, dia em que a ‘Veja’ começou a circular, o ‘Jornal Nacional’ exibiu reportagem completa, com dois minutos e 11 segundos, com imagens da fita cedidas pela revista. Quem conhece televisão sabe que esse tempo equivaleria a uma página de jornal impresso. No domingo, dia seguinte à revelação, a Folha dedicou ao assunto uma pequena reportagem, ocupando apenas um estreito rodapé de quatro colunas na página A4 do jornal, sem chamada na Primeira Página. Na segunda-feira, o ‘Jornal Nacional’ dedicou nova extensa reportagem (três minutos) aos desdobramentos da denúncia, com destaque na escalada. A Folha, no mesmo dia, dedicava apenas pequena reportagem dentro de um quadro com quatro medidas, na página A6, sem chamada na Primeira Página. Nelson de Sá eu não sei, mas certamente os leitores da Folha poderão julgar qual veículo de comunicação demorou a acordar para assunto tão relevante.’ Ali Kamel, diretor-executivo de jornalismo da Central Globo de Jornalismo (Rio de Janeiro, RJ)’