Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Keila Jimenez

‘Cazé gostou de brincar de Roberto Justus. O VJ está determinado a fazer uma segunda edição de Projeto Piloto, uma versão da emissora musical para o reality show O Aprendiz, da Record, comandado por Justus. Projeto Piloto teve como prêmio uma ‘sensacional’ vaga remunerada de escravinho na MTV. Daniela Recco foi a ganhadora do reality show, que teve sua final na segunda-feira.


‘Fizemos uma surpresa no fim, os eliminados voltaram para disputar com os sobreviventes’, conta Cazé. ‘Acho que aos poucos fomos acertando o tom do programa, fui aprendendo a conduzir os conflitos entre os participantes. Estamos correndo atrás de fazer logo uma segunda edição.’


Enquanto um outro Projeto Piloto não vem, Cazé prepara seu novo programa na MTV. Ainda sem nome definido, a atração estréia no dia 5, às 23horas, e traz Cazé em uma de suas melhores facetas na TV: falando com o povo, nas ruas. Sim, o VJ vai fazer um ‘fala povo’, com perguntas jornalísticas misturadas com uma boa dose de besteirol.


‘Além das externas, teremos um quadro que se chama um ‘minuto de silêncio’. Toda semana o ofereceremos para um determinado assunto e, enquanto ficamos em silêncio, entram no ar imagens com trechos de entrevistas, bastidores de gravações da MTV, coisas que acontecem antes do diretor gritar ‘gravando’, conta Cazé. ‘Tem artista se arrumando, VJ fazendo careta, essas coisas que ficam registradas, mas que nunca vão ao ar.’’



Esther Hamburger


‘Comercial tem versão alternativa na MTV’, copyright Folha de São Paulo, 25/05/05


‘Os comerciais de uma popular loja de departamentos, especializada na venda a prazo com os juros que conhecemos, chegaram à MTV. Sinal de que o canal ‘jovem’ da editora Abril vai de vento em popa, mesmo sem acrescentar novidades à sua programação. O surpreendente é que, na MTV, o formato do comercial, que se repete nas outras emissoras, é muito diferente.


A popular loja de departamentos, que, a essa altura, imagino que você já saiba qual é, satura diariamente as mais diversas emissoras com uma enxurrada de comerciais barulhentos. Da TV Cultura à Globo, o ‘varejão’ vem contribuindo generosamente para sustentar a TV aberta e irritar os telespectadores que permaneçam no canal durante o intervalo.


Varejão é o chamado comercial barato de lojas que vendem muitas coisas. O formato não admite inovação.


Varejão é aquele filme publicitário que custa pouco para produzir, paga pouco aos que nele trabalham e vende coisas baratas. As lojas e os produtos compõem o cenário desses filmes publicitários. Os planos não têm mistério. O visual é o mais convencional possível.


As entradas sucessivas dos personagens cansam. Cansam o telespectador com sua verborragia insistente. Este formato didático, que aprisiona profissionais e espectadores, não aparece na MTV.


A MTV exibe comerciais feitos especialmente para ela, de telefones celulares e produtos eletrônicos em geral.


Na publicidade das Casas Bahia, chama a atenção o contraste entre a pouca elaboração do comercial majoritário na TV aberta e o visual simples e discreto do desenho animado que a MTV apresenta. Aqui não há discurso. O traço manual revela a menina no balanço. Ao final de poucos segundos, um letreiro-logo ‘assina’ discretamente a vinheta.


Por que será que só os espectadores da MTV têm direito ao bom gosto? Esther Hamburger é antropóloga e professora da ECA-USP’



TELESUR


Folha de S. Paulo


‘TV estimulada por Chávez lança 1º sinal’, copyright Folha de São Paulo, 25/05/05


‘Uma rede de TV formada por Venezuela, Argentina, Cuba e Uruguai, com apoio logístico do Brasil, emitiu ontem, de Caracas, seu primeiro sinal. Promovida pelo presidente venezuelano, Hugo Chávez, a Telesur pretende concorrer com redes européias e americanas -que, para os criadores da nova TV, distorcem os fatos sobre a América Latina.


A primeira transmissão foi sobre o Plano Colômbia, o programa de combate ao narcotráfico e às guerrilhas de esquerda financiado pelos EUA que Chávez diz ser uma intervenção militar na região.


O canal, que pretende estar plenamente operacional em setembro, deve ficar no ar 24 horas por dia e, além de noticiários, também transmitirá documentários e filmes.’



TV GLOBO


Daniel Castro


‘Substituta de Padrão deixa marido no Rio’, copyright Folha de São Paulo, 25/05/05


‘A jornalista Christiane Pelajo, 34, assume o ‘Jornal da Globo’ na próxima segunda-feira vivendo o mesmo dilema de sua antecessora: a distância do marido.


Ana Paula Padrão trocou a Globo pelo SBT dizendo que não suportava mais chegar em casa tarde e não ver o marido. Já Pelajo passará a morar em São Paulo e só verá seu marido, que continuará no Rio, nos fins de semana. ‘A gente vai se adaptar’, diz a nova estrela do jornalismo da Globo.


Ex-Globo News, Pelajo dividirá a bancada do ‘Jornal da Globo’ com William Waack, que tem longa trajetória como repórter internacional. O telejornal terá novo cenário, mais reportagens feitas pelos apresentadores e mais entrevistas em estúdio.


‘Vamos fazer entrevistas na bancada com mais freqüência. Sempre que for possível, levaremos alguém para aprofundar o assunto do dia’, anuncia Pelajo, que estreou como repórter de TV em 1992, na TVE, e se especializou em ancorar transmissões ao vivo.


Segundo Pelajo, ela e Waack irão se revezar nas grandes coberturas: um irá para o local dos fatos e outro ficará em estúdio.


Ela diz que gostaria de ficar marcada como ‘uma repórter que apresenta telejornal’. ‘Não quero ficar estigmatizada como apresentadora especializada em economia. Gostaria que o telespectador soubesse que o ‘Jornal da Globo’ terá uma dupla de repórteres’, afirma.


OUTRO CANAL


Improviso 1 A modelo que o ‘Pânico na TV’ apresentou domingo como sendo o ‘intérprete’ do personagem Mestre Fioda é uma ex-’Casa dos Artistas’: Flávia Cavalcanti. Ela participou da terceira edição do programa do SBT, como fã do ator Jorge Pontual. Até domingo passado, nunca tinha pisado no palco do ‘Pânico’.


Improviso 2 Mestre Fioda foi ‘interpretado’ até abril por Japa, que deixou o elenco do ‘Pânico’. Nos dias 8 e 15 de maio, a fantasia foi ocupada pelo ‘neo-hare krishna’ Márvio Lúcio, o Carioca.


Espeto Suzana Vieira deu uma cutucada na Globo durante cerimônia de entrega do Prêmio Contigo, anteontem no Rio. Disse ao microfone que, nos tempos que José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, estava na emissora, ela sempre encontrava um ‘guarda-chuva’. ‘Hoje está tudo meio no ar’, espetou a atriz.


Over A concorrência da Record considerou forte a reação da emissora às denúncias feitas pela revista ‘IstoÉ’ ao bispo Marcelo Crivela e à Igreja Universal. Todos os telejornais da emissora fizeram cobertura. E reproduziram trecho de comunicado de Crivela e da Igreja, que também entrou como anúncio nos intervalos.


Outro lado O departamento de jornalismo da Record diz que usou o comunicado de Crivela e da Igreja de forma absolutamente jornalística.’



PÂNICO NA TV


Marcelo Coelho


‘A desordem chega na hora certa ‘, copyright Folha de São Paulo, 25/05/05


‘Quando me dizem que os políticos são todos iguais, recorro a minhas antigas convicções e ainda tento discordar. Sem dúvida, figuras como Roberto Jefferson, Eduardo Suplicy, Henrique Meirelles e Marina Silva representam interesses diferentes e cumprem funções diversas no cenário nacional.


Mas quem reclama dos políticos não está, imagino, negando a existência de diferenças individuais entre eles. O preocupante, o ridículo, o espantoso é que essas diferenças não fazem diferença nenhuma.


Na verdade, o modo como está estruturado o sistema político, no Brasil ou em outros países, determina que seja irrelevante o que cada presidente, primeiro-ministro ou deputado pense, prometa ou diga antes ou depois das eleições. Uma mesmice de corrupção, mentira, incompetência e oportunismo parece ser o que está no fundo de toda estabilidade política, sendo como que a essência, não mais disfarçável, daquilo que antigamente se chamava de ordem democrática.


A própria campanha eleitoral, que exige verbas gigantescas, determina o que um candidato fará e não fará depois de eleito; a procura de uma ‘base de sustentação’ em meio aos fisiologistas de sempre consome o tempo e o dinheiro do mandato, e é mínima a disposição das pessoas comuns para organizar-se de modo a contrabalançar o arranjo entre os poderes constituídos.


Para falar como o presidente Lula, nem sempre estamos muito a fim de ‘levantar o traseiro’ da poltrona de onde assistimos, indignados, às cenas de corrupção explícita no telejornal diário.


Eu, pelo menos, passei o domingo em casa, sentado diante da TV, o que exige certa dose de mobilização pessoal: cada vez menos assisto à televisão. Mas, pelo que eu tinha ouvido dizer, o ‘Pânico na TV’, com o falso Silvio Santos e seu Repórter Vesgo, valia a pena. Vai ao ar das 18h às 20h, todo domingo, na Rede TV!


Quando liguei, dois anões vestidos de jogador de futebol, com dentaduras de vampiro, saracoteavam diante da câmera, volta e meia recebendo tapas na nuca de um apresentador que, imagino -mas são precários os meus conhecimentos de TV-, imitava o José Luiz Datena.


Era de assustar. Devo ter perdido muitas alusões e piadinhas ao longo do programa, mas terminei contente. À vontade no mau gosto, na canastrice e na bobeira adolescente, os humoristas do ‘Pânico’ parecem, ao mesmo tempo, detestar profundamente a vulgaridade que domina a televisão. Entregam-se à ruindade com o mesmo ímpeto com que a criticam.


Corrigindo: tudo o que houver de malfeito, de gratuito, de improvisado no programa, se transforma em instrumento crítico. Chama a atenção o grau de poluição sonora de ‘Pânico na TV’: comentários ‘off’, zunzum do auditório, apresentadores que se interrompem uns aos outros…


Nada poderia nos fazer notar melhor quanto de silêncio, de rigidez, de ordem implacável se impõe ao resto dos programas de TV -mesmo aos mais populares e apelativos.


Toda a artificialidade, toda a breguice da TV ‘normal’ -e seus pressupostos de comercialismo, luta pela audiência e exercício descarnado do poder- foram-se implodindo ao longo do programa. A ‘equipe esportiva’ do ‘Pânico’ tenta entrar num estádio de futebol, furando a exclusividade da Rede Globo na transmissão dos jogos. A ameaça física dos leões-de-chácara surge, então, para acabar com a brincadeira. A ‘não-reportagem’ terminou mostrando, é claro, qual o lado avesso do bom-mocismo global.


Em outro quadro, um casal de ‘ricos e famosos’ foi levado a ter seu dia de povão, passeando num Opala em petição de miséria, experimentando um cachorro-quente de carrocinha e até lavando pára-brisa no semáforo.


Por fim, Silvio Santos e o Repórter Vesgo se postam na entrada de uma festa da revista ‘Caras’, e, entre ofensas e camaradagens, incidentes bobos e tempo gasto à toa, lances reveladores foram ao ar. Uma jovem, que, para não ofender ninguém, diremos que estava produzidíssima para a festa, ouviu um comentário espantoso dos humoristas. Algo como: ‘Você, se vier trabalhar lá em casa, não fica mais do que uma semana’. No olhar de ódio inominável e mudo da moça, ao ser tratada como se fosse empregada doméstica, havia um retrato do Brasil.


Lembro-me de que o programa do Faustão, quando era transmitido de madrugada na TV Bandeirantes, tinha esse mesmo jeito bagunçado, esse prazer de, sendo malfeito, desestabilizar as aparências respeitáveis da TV normal. Contratado pela Globo, Fausto Silva foi ‘normalizado’ ao máximo.


No domingo passado, os apresentadores do ‘Pânico’ fizeram questão de dizer que não pensam em contratos com outras emissoras. Para mostrar que não ligam tanto para a audiência, chamaram um locutor que ficou lendo um longo poema de Alberto Caeiro – ‘um dos mestres do modernismo moderno’, dizia a legenda.


Mais do que simples humorismo, um componente de intervenção política está presente o tempo todo no programa. Não sei quanto pode durar. Mas, depois de ver ‘Pânico’, é como se algumas aparências tivessem explodido diante de meus olhos. Talvez nem todos os políticos sejam iguais. Mas a breguice de seus paletós, de suas falas e de suas aparições na televisão ganha de repente uma homogeneidade perturbadora: todos fazem parte, sem dúvida, desse mundo de ‘Caras’, das duplas sertanejas ou das emoções de um jogo transmitido por Galvão Bueno que ‘Pânico na TV’ sabe desmontar tão bem.’



TV RECORD


Carol Knoploch


‘Jogos desprezados pela líder são bem vistos na Record ‘, copyright O Estado de S. Paulo, 24/05/05


‘Informalidade, espontaneidade, força progredindo e uma alternativa de transmissão. Esses foram os principais itens apontados em grupos de pesquisa realizados em março, sob encomenda da Record ao Ibope, sobre as transmissões de futebol da casa. ‘Estamos fazendo uma bateria de análises sobre a nossa programação para saber o que o telespectador espera de nós’, explica o presidente da Record, Alexandre Raposo.


Ele se diz surpreso com os resultados sobre o futebol, ainda dominado pela Globo – a líder exibe, com exclusividade, a Libertadores e repassa os direitos do Brasileirão para a Record.


De acordo com Raposo, os pesquisados estão cada vez mais satisfeitos – foram realizados dez grupos de discussão, com homens que assistem aos jogos pela TV, das classes A/B, C e D. A emissora ganhou ‘ponto positivo’ quando exibiu jogos da segunda Divisão do Brasileiro (em 2003 e 2004) e a Eurocopa (2004), desprezados pela Globo. Os adeptos da Globo se surpreenderam com a ‘proximidade da Record’, mas ainda assim, não trocariam de canal.


Os boleiros elogiaram o fato de a Record mostrar, simultaneamente, com tela dividida, o jogo da vez (do Brasileirão ou da Copa do Brasil) e gols de outras partidas. ‘A Record se aproxima da Globo quando o assunto é qualidade de imagem. Nossa captação, de imagem e som ambiente, melhorou muito.’


Milton Neves foi apontado como um personagem engraçado, que dá ritmo aos programas especializados. É um apresentador que causa polêmica – e polêmica é bem-vinda para os aficionados, que preferem discussões sobre um pênalti do que debates sobre falcatruas e lavagem de dinheiro.’