Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Keila Jimenez


‘A Academia Brasileira de Letras homenageará amanhã, no Rio, uma das maiores – senão a maior – teledramaturgas brasileiras: Janete Clair.


O evento, que marca o início das comemorações pelos 80 anos do nascimento da autora, contará com a presença ilustre de amigos e profissionais que trabalharam com Janete, entre eles, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, Daniel Filho, Glória Perez, Regina Duarte e Rosa Maria Murtinho.


Eles darão depoimentos sobre sua relação com a autora e contarão curiosidades das obras de Janete. A homenagem, organizada pelo Instituto Janete Clair e pela Daltrozo Produções – que cuida dos direitos autorais do acervo de obras dela -, marca também o relançamento da única obra literária publicada em livro pela autora, o romance Nenê Bonet, que ganha nova edição pela editora Barcarolla. O livro foi lançado por Janete nos anos 80 e teve pouca repercussão.


ACERVO


A cerimônia de amanhã dará início a uma série de atividades que têm como objetivo criar condições para o armazenamento do acervo de Janete Clair, composto atualmente por mais de 300 obras, entre peças, novelas, radionovelas e anotações da autora. Há roteiros originais, como o de Pecado Capital, que foi consultado pela Globo na época de seu remake.


O acervo, armazenado por pesquisadores da USP, pertence aos três filhos de Janete e precisa de recursos para ser digitalizado e melhor catalogado. A intenção do Instituto Janete Clair é conseguir incentivo financeiro para a criação de um arquivo com as obras da autora que possa ser consultado para pesquisas e pelo público.


Atualmente, algumas obras de Janete – aquelas às quais a Globo não possui os direitos autorais – estão sendo negociadas com emissoras como Band e Record, que pretendem fazer uma novela com os créditos de Janete.


Outra negociação em andamento deve levar uma radionovela de Janete para a Rádio Globo. Executivos da rádio já entraram em contato com a Daltrozo Produções para negociar os direitos de alguns títulos.’



Laura Mattos


‘Novela inédita marca ‘volta’ de Janete Clair ‘, copyright Folha de S. Paulo, 10/08/05


‘Uma garota rica apaixona-se por um homem mais velho. O romance começa a esquentar quando ele descobre que ela é filha de uma paixão do passado. A mãe, infeliz no casamento, aproveita esse reencontro para viver um grande amor, ou deixa o galã para a filha, que sofre de grave doença?


Esse é o dilema de ‘Estrada do Pecado’, novela inédita de Janete Clair perdida provavelmente por quase 40 anos entre milhares de papéis datilografados pela autora.


Com 80 capítulos, seria pioneira do formato atual de telenovelas e, por isso, é considerada um ‘tesouro’. Foi encontrada graças a um minucioso garimpo no acervo de Janete Clair, dona da maior produção de telenovelas do país.


A pesquisa dá início a um ‘revival’ da escritora, que neste ano completaria seu 80º aniversário. O projeto de recuperação de sua memória será divulgado amanhã, Dia da Televisão, em evento na Academia Brasileira de Letras, no Rio. Na presença de pesquisadores da USP, Boni, Glória Perez, Daniel Filho e outros globais serão lançados o Instituto Janete Clair e uma reedição do romance ‘Nenê Bonet’ (publicado em formato de folhetim na revista ‘Manchete, na década de 70).


Mais do que conservar fisicamente os originais das cerca de 300 obras datilografadas por Clair (1925-1983) ao longo de sua carreira, seus herdeiros querem trazer o nome da mãe de volta à TV.


O produtor cultural Luque Daltrozo, 39, foi designado pela família como agente para negociar as novelas com emissoras de TV. Ele só não poderá vender as 12 histórias escritas para a Globo, que comprou os direitos em contrato assinado em 1996 com o escritor Dias Gomes, viúvo de Clair.


Antes de ganhar fama como ‘rainha’ das novelas das oito da Globo, Clair havia obtido sucesso como autora de radionovelas. Foram 37 textos, que poderão ser adaptados para a televisão.


A família também colocou à venda duas histórias transmitidas pela TV Tupi (‘O Acusador’ e ‘Paixão Proibida’), uma para a TV Rio (‘Acorrentados’) e as exibidas pela Globo, mas produzidas originalmente para o rádio.


Band, Record, uma emissora da Argentina e uma de Portugal demonstraram interesse em adquirir um texto com a grife Clair.


R$ 1 milhão


Uma das novelas mais cobiçadas é ‘Véu de Noiva’. Exibida pela Globo em 1969, marcou a consolidação da emissora como produtora de teledramaturgia e líder de audiência. Foi adaptada pela autora do original ‘Vende-se um Véu de Noiva’, escrita por ela para o rádio, quatro anos antes.


Para a exibição na televisão, Clair aproveitou a ascensão do piloto de Fórmula 1 Emerson Fittipald e usou esse universo como pano de fundo da história central.


Além de explorar um tema contemporâneo, ‘Véu de Noiva’ inovou por misturar realidade com ficção, ferramenta hoje muito utilizada pelos autores. Para definir quem ficaria com uma criança, ela convenceu um juiz a participar da novela e conduziu o julgamento com tom jornalístico. Nem o elenco conhecia o veredicto.


A Bandeirantes avalia a possibilidade de comprar o texto, mas esbarra no valor pedido pela família. O agente Luque Daltrozo não revela o preço das obras e diz que depende da negociação, da quantidade de títulos a ser comprada. Mas a Folha apurou que o original de ‘Véu de Noiva’ não sai por menos de R$ 1 milhão (uma novela bem-sucedida fora da Globo pode gerar faturamento entre R$ 25 milhões e R$ 30 milhões).


Mofo


Desde a morte de Clair por câncer, em 1983, seu acervo permaneceu ‘morto’. Primeiro, no escritório de Dias Gomes, com quem ela foi casada durante quase 40 anos. Quando o escritor morreu de acidente, em 1999, os papéis foram empilhados num guarda-roupas de Alfredo (um dos filhos do casal), onde muitos se degradaram em razão da umidade.


Por intermédio de Glória Perez, ‘aprendiz’ de Clair e amiga da família, o acervo passou para as mãos do diretor e roteirista de TV Márcio Tavolari, 38, e de pesquisadores do Núcleo de Telenovela da USP, que formaram o Instituto Janete Clair. O grupo passou meses na casa de Alfredo, no Rio de Janeiro, organizando o material.


Já em caixas adequadas à conservação, foi trazido para um escritório em São Paulo. O próximo passo é angariar fundos para obter uma sede e criar um site.’



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‘‘Texto poderá mudar rumo do estudo da TV’’, copyright Folha de S. Paulo, 10/08/05


‘‘Estrada do Pecado’, novela encontrada durante o garimpo do acervo de Janete Clair, poderá mudar o rumo dos estudos da teledramaturgia brasileira. A opinião é de Márcio Tavolari, coordenador do projeto de recuperação da memória da autora.


Para entender essa história e a de Janete Clair, um ‘flashback’. Nos primórdios da TV, o Brasil utilizava o formato cubano de telenovelas, consagrado pela autora Glória Magadan. Eram épicos, como ‘O Sheik de Agadir’ (Globo, 1966/67), com um romance passado na Arábia e cenas em areia ‘do deserto’ gravadas em estúdio. Veio ‘Beto Rockfeller’, de Bráulio Pedroso, com Luiz Gustavo no papel principal. Com temática contemporânea e linguagem coloquial, a novela fez a Tupi bater recordes de audiência. Como reação, a Globo convocou Janete Clair a acabar com a ‘era Magadan’ e modernizar a telenovela.


Voltemos a ‘Estrada do Pecado’, a novela encontrada no garimpo do acervo da escritora: pela localização do texto no ‘baú’, formato e conteúdo da história, Tavolari calcula que seus 80 capítulos tenham sido escritos entre 1967 e 1968. Seria, então, anterior a ‘Beto Rockfeller’. ‘Estrada’ já utilizava temática moderna. Também inovava por explorar tramas paralelas, enquanto ‘Beto Rockfeller’ era concentrada na história do protagonista. Outra característica revolucionária para a época era a previsão de cenas gravadas fora dos estúdios, as externas.’


Tavolari diz que conversou com vários diretores e autores de TV, mas ninguém conhece ‘Estrada do Pecado’. ‘Ela deve ter tido o aval de alguma emissora para escrever essa história, porque ela está completa, com 80 capítulos. Normalmente, ela fazia apenas a sinopse ou, no máximo, os dez primeiros capítulos e submetia à direção da emissora. Se não houvesse aprovação, não seguia adiante com o roteiro. Não conseguimos descobrir por que a novela não chegou a ser produzida.’


A escritora e pesquisadora da USP Renata Pallotini (autora de ‘O que É Dramaturgia’) ficou animada com a descoberta de ‘Estrada do Pecado’, relatada a ela pela Folha: ‘Que ótima notícia. Eu não tinha ouvido falar dessa história’.


Pallotini afirma que Janete Clair é, ‘sem dúvida’, uma das principais autoras da televisão brasileira. Afirma que seu nome teve extrema importância na ‘nacionalização’ da teledramaturgia.


‘Janete Clair colaborou com a evolução da telenovela quando começou a escrever utilizando a realidade brasileira. A mudança ocorreu quando ela deixou de seguir Gloria Magadan e passou a ser influenciada pelo marido, Dias Gomes’, explica Pallotini.


Drama e realidade


A autora, segundo Márcio Tavolari, teve como característica unir os romances melodramáticos aos temas do dia-a-dia do país e à crítica social. ‘Ela gostava dos amores dramáticos e impossíveis, mas era também ávida por se inspirar em histórias publicadas nos jornais’, diz Tavolari.’



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‘Glória Perez e Gilberto Braga são ‘discípulos’ ‘, copyright Folha de S. Paulo, 10/08/05


‘O primeiro parágrafo desta reportagem, no texto ao lado, descreve a sinopse de uma telenovela: uma mocinha se apaixona por um antigo amor de sua mãe.


É de ‘Estrada do Pecado’, escrita por Janete Clair provavelmente nos anos 60, mas poderia ser da história das personagens de Mariana Ximenez (Raíssa) e Christiane Torloni (Haydée), em ‘América’, atual novela das oito da Globo, de Glória Perez. Quem não é do tempo de Janete Clair pode tomar contato com seu estilo principalmente nas obras de Perez e Gilberto Braga. Os dois começaram a carreira ao lado de Clair e são considerados seus ‘discípulos’.


Glória Perez foi sua colaboradora e teve de finalizar ‘Eu Prometo’, de Clair, quando a autora morreu de câncer, em 1983, com o auxílio de Dias Gomes.


Perez herdou da veterana, entre outras características, o gosto por amores impossíveis (Sol e Tião, de ‘América’; Jade e Lucas, de ‘O Clone’), situações inverossímeis, temas da realidade (clonagem, barriga de aluguel, imigração, internet etc.) e ações sociais.


‘Tive o privilégio de ter começado com a Janete e de ter aprendido com ela os truques do folhetim. Janete revolucionou as telenovelas. Retirou as tramas dos reinos imaginários e situou-as no cotidiano brasileiro, concebeu os capítulos, que antes eram escritos a metro, como uma unidade, um espetáculo em si. Foi a maior de todos nós, e me orgulho muito de que tenha sido minha mestra’, afirmou Perez à Folha.


Segundo a autora, Clair destacava, especialmente, um ponto em comum entre as duas. ‘Ela dizia que tínhamos o mesmo despudor.’


Perez se refere à falta de preocupação que herdou de Clair com a verossimilhança, como quando seus personagens iam e voltavam do Brasil ao Marrocos, em ‘O Clone’, como se fosse uma ponte aérea Rio-São Paulo. É novela, então pode tudo.


Gilberto Braga trabalhou com Clair em ‘Bravo!’ (Globo, 76/77) e aprendeu a utilizar com maestria o suspense. ‘Quem matou Salomão Hayala?’, pergunta que mobilizou o Brasil em 78, com a exibição de ‘O Astro’, de Janete Clair, é precursora de ‘quem matou Odete Roittman?’, de ‘Vale Tudo’ (Globo, 88), escrita por Braga.


Também é ‘clairiana’ a maneira como o autor cria vilões extremamente ‘do mau’ (Laura, ‘Celebridade’) e faz crítica ácida à ‘mediocridade da burguesia’. ‘Não posso fugir ao lugar-comum: Janete foi de longe a maior escritora de novelas da TV brasileira, uma mulher que nasceu com essa vocação. Ela gostava mais de novela do que de qualquer outra forma de expressão, e talvez esteja aí a explicação de seu grande sucesso’, afirma Braga. ‘Tive a chance de trabalhar com ela em ‘Bravo!’, quando nos tornamos amigos. Daí em diante, ela leu todas as minhas sinopses e primeiros capítulos. Tão generosa quanto criativa, tentou me passar tudo o que sabia. Espero que eu tenha aproveitado ao menos alguns de seus ensinamentos.’


Uma das inovações de Janete Clair no folhetim, que faz parte do formato atual, é o uso de ‘ganchos’, ou seja, aquele final ‘surpreendente’ de cada capítulo que chama o telespectador para o próximo episódio.’



TVE vs. SKY


Etienne Jacintho


‘TVE se queixa da Sky’, copyright O Estado de S. Paulo, 9/08/05


‘A batalha dos canais por uma boa posição nos line-ups das operadoras de TV por assinatura fez uma nova vítima. Desta vez é a TVE quem reclama – e com razão. A única grande operadora paulista que retransmite o sinal da rede pública TVE é a Sky, que a mantinha, até terça-feira passada, no canal 23, perto de outras emissoras educativas como o canal Futura e a TV Cultura.


A operadora, no entanto, reformulou sua grade de canais e transferiu a TVE para o canal 94, com a TV Justiça e a TV Senado e longe dos canais educativos. ‘Estamos em um contexto de canais que não têm nada a ver’, reclama a diretora da TVE, Beth Carmona, que está tentando ‘sensibilizar’ os executivos da Sky para voltar a uma posição no line-up que condiga com a linha do canal. ‘A TVE faz uma cobertura fortíssima do audiovisual brasileiro com os projetos Curta Criança e DocTV’, afirma. ‘Só estou tentando entender essa lógica da localização do canal no line-up da Sky. Por que fui prejudicada?’


ATAQUE PELOS FLANCOS


Enquanto luta por uma posição melhor dentro da Sky, Beth também procura aumentar a penetração da TVE nas operadoras paulistas. ‘Temos um jornal visual para deficientes auditivos e cerca de 18 programas com close caption (sistema de legendagem que possibilita o entendimento das pessoas com deficiência auditiva)’, defende Beth, que tem o apoio da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos para ter um maior alcance. A entidade enviou uma carta à TVE para que a emissora pressione a TVA para inserir a emissora em seu line-up. Beth também quer a TVE na NET. ‘Sei que a lei do cabo dá obrigatoriedade de carregar apenas a rede educativa local, mas a TV Cultura está na NET Rio e nós não estamos na NET São Paulo’, defende.


‘Estamos fazendo um serviço público importante’, diz. ‘A TVE não é do Rio de Janeiro, é federal. Temos a obrigação de oferecer programas para todo o Brasil’, diz a diretora.’



TV GLOBO


Daniel Castro


‘Globo testa exibição de minissérie no sábado’, copyright Folha de S. Paulo, 10/08/05


‘A Globo vai usar a experimental ‘Hoje É Dia de Maria’ para testar a audiência de minisséries aos sábados. A segunda edição de ‘Maria’ irá ao ar em outubro, na semana da criança. Terá cinco capítulos. Estréia numa terça e termina em um sábado (após ‘América’). Tradicionalmente, minisséries são exibidas de terça a sexta. A cúpula artística da Globo avalia que há um intervalo muito grande entre o capítulo da sexta e o da terça seguinte, que poderia estar prejudicando a audiência das minisséries. Com ‘Maria 2’, medirá o impacto de eventual mudança.


A segunda temporada de ‘Hoje É Dia de Maria’ promete surpreender tanto quanto a primeira, até agora o melhor programa da TV brasileira de 2005.


A produção continuará artesanal, gravada em um domo, mas usará câmeras digitais de alta definição, que acabam de chegar da Holanda. A narrativa será musical, com falas cantadas ou rimadas. As letras estão sendo musicadas por Tim Rescala.


O cenário será agora circundado por painéis com pinturas surrealistas, que têm a ver com o tom onírico da fábula, ambientada em uma cidade cinzenta e triste, por causa de uma guerra. Nas batalhas, figurantes serão bonecos.


‘Será mais uma tentativa de fazer televisão voltada para a qualidade, sem se perder do entretenimento e espargindo uma pitada de conteúdo’, diz o diretor e co-autor Luiz Fernando Carvalho.


OUTRO CANAL


Cromo 1 O cenário do ‘SBT Brasil’, telejornal que Ana Paula Padrão ancora a partir de segunda-feira (19h15), terá a predominância dos tons prata e cinza _e não do azul, como a maioria dos telejornais brasileiros. Atrás da bancada de Ana Paula, há um telão de seis metros de largura, que projetará imagens de reportagens. Ao fundo, aparece uma redação. Na lateral, existem mais dois telões, menores.


Cromo 2 Diretor de jornalismo do SBT, Luiz Gonzaga Mineiro diz que o cenário incorpora ‘novas tendências mundiais’ e foi inspirado em quatro telejornais _um alemão, um inglês, um americano (da ABC) e um canadense.


Pancadão Indiretamente, o ‘Pânico na TV’ emplacou na Globo. A nova trilha sonora da neo-rebelde Raíssa (Mariana Ximenes) inclui um funk carioca que tem como refrão o bordão ‘Pedala, Robinho’.


Impasse Substituto de Marcelo Rezende, o jornalista Rodolpho Gamberini parou de gravar pilotos do ‘Hoje em Dia’, com estréia prevista para segunda na Record. Gamberini, que tem mais dois anos de contrato, não concordou com a quantia oferecida pela Record para ser um dos apresentadores. Mas deve entrar em acordo.


El niño O tempo anda louco mesmo. Em ‘América’, quando chove na fictícia Boiadeiros (no hemisfério Sul, onde é inverno agora) também há relâmpagos em Miami (no Norte, onde é verão).’



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‘Roberto tira garotos do ‘Criança Esperança’’, copyright Folha de S. Paulo, 9/08/05


‘Por causa do cantor Roberto Carlos, dezenas de crianças e adolescentes carentes estão frustradas porque tiveram canceladas suas apresentações no ‘Criança Esperança’, show exibido sábado à noite pela Globo para arrecadar fundos para projetos sociais.


O cantor acertou sua participação apenas na última quinta. Para poder encaixá-lo no evento, a Globo cortou grupos populares.


Foi o caso do espetáculo do Espaço Cultural Beija-Flor, da ONG Fundação Criança em Risco, que atende 600 jovens em Diadema (Grande São Paulo).


Diretor da ONG, Gregory John Smith diz que foi convidado pela Globo e preparou um show com 53 garotos, misturando música com teatro e dança numa crítica à situação das crianças de rua.


‘Fizeram um monte de exigências, produziram pipas e uma bandeira do Brasil de 60 m2. Gastamos uns R$ 5.000 com figurino e ensaiamos duro durante um mês’, diz Smith. Na sexta, um ‘ônibus de luxo’ foi buscar as crianças para ensaiar no ginásio do Ibirapuera. Mas o ensaio nem ocorreu. ‘Foi um desrespeito. Nem nos deram a oportunidade de apresentar nosso trabalho. Falaram que era por causa do Roberto Carlos’, conta Smith.


A Globo diz que faltou tempo para a apresentação do Beija-Flor e de outros grupos. Afirma que divulgou o trabalho da ONG em um clipe veiculado durante o show de sábado.


OUTRO CANAL


Ranking 1 Nem Roberto Jefferson nem Delúbio Soares. O depoimento à CPI dos Correios de maior audiência na TV Senado e na Globo News foi o de Renilda Santiago, mulher do publicitário Marcos Valério, no último dia 27.


Ranking 2 O segundo depoimento mais visto até agora foi o de Roberto Jefferson, em 30 de junho. Com as transmissões ao vivo, a TV Senado, até pouco tempo desprezada pelos assinantes da TV paga, superou a forte Globo News em diversas oportunidades, ficando em segundo lugar, atrás apenas do líder TNT.


Reforço Xuxa Meneghel será a principal atração do programa de estréia de Maradona na TV argentina, na próxima segunda. No país para divulgar um vídeo, Xuxa cantará e dará entrevista ao vivo.


Surpresa A estréia do ‘Tudo É Possível’, novo programa de Eliana na Record, surpreendeu. Deu média de nove pontos e superou o SBT. No confronto com o ‘Domingo Legal’ (15h16/15h52), venceu por 11 a 7. Nem Eliana acreditava que bateria Gugu Liberato.


Decepção Já a outra estréia do domingo, o ‘Cidade Nota Dez’, na Band, não foi tão bem. Ficou em quinto lugar, com três pontos de média. O programa perdeu até para o ‘Late Show’, sobre bichos, na Rede TV!. O apresentador Otávio Mesquita já esperava que encontraria uma ‘pedreira’ nesse horário (17h27/18h56).’



TV PAGA


Adriana Ferreira


‘Programa é ‘American Idol’ cafona’, copyright Folha de S. Paulo, 10/08/05


‘A cantora loira de música country, a comediante sem graça, o poeta negro e a aspirante a Britney Spears: todos os estereótipos de ídolos norte-americanos estão reunidos em ‘The Entertainer’, ‘reality show’ que estréia hoje, no Entertainment Television.


A fórmula é semelhante à do superpop ‘American Idol’ -matriz brasileira do ‘Fama’-, exibido pela Sony, que também reúne aspirantes a famosos.


‘The Entertainer’ mostra os bastidores a que dez anônimos são submetidos em dez semanas de testes dentro de uma mansão em Las Vegas.


Nesse período, eles precisam impressionar Wayne Newton, ‘showman’ norte-americano conhecido como ‘Mr. Las Vegas’, que irá escolher o melhor candidato. O premiado irá dividir o palco com Newton, além de assinar um contrato para shows no teatro do hotel Las Vegas Hilton, no valor de US$ 1 milhão.


A cafonice dá o tom ao programa, começando pelo próprio Mr. Las Vegas, uma espécie de Chacrinha de paletó brilhante e laquê nos cabelos.


O primeiro episódio da série, reservado às apresentações, resume o perfil dos participantes e, como em outros ‘reality shows’, dá-lhe piadas sem graça, declarações de humildade, cantoras siliconadas e desafinadas e, é claro, as primeiras espetadas entre os candidatos -o que, no final das contas, é o que vale assistir ao programa. Uma das que promete apimentar a disputa é a gorducha Marla Schultz, aspirante a comediante que faz piadas temáticas sobre seu excesso de peso. A primeira vítima das chacotas de Schultz é Theresa Bruneau, apelidada de ‘The Temptress’ (a conquistadora), a mocinha performática que quer ser cantora, mas que, segundo a colega, deveria fazer um teste para ‘ser Branca de Neve na Disney’…


E por aí vai o show de horror que deve atrair dezenas de espectadores. Vale dar uma espiada.


The Entertainer


Quando: hoje, às 19h, na E! Entertainment Television’