Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Keila Jimenez

‘Silvio Santos resolveu assumir as rédeas de duas atrações no SBT: o Domingo Legal e o Programa do Ratinho.


Na semana passada, SS teve uma longa reunião com Gugu e com o diretor do programa, Maurício Nunes, para decidir os novos – ou nem tanto – rumos do Domingo Legal. A idéia é retomar quadros antigos como os games com artistas – exemplo: a prova de adivinhar em que bicho estão colocando a mão – e a ronda aérea feita na cidade pelo comandante Hamilton. Até em ressuscitar a prova da banheira Silvio Santos pensou, mas resolveu esperar mais um pouco.


Gugu, assim como outras produções da casa, está terminantemente proibido pelo patrão de acompanhar o Ibope minuto a minuto enquanto estiver no ar, ao vivo. Tanto é que todos os aparelhos de audiência em tempo real foram retirados das produções dos programas do SBT. Até o de Gugu. Há alguns anos, Silvio já havia retirado dos camarins e de algumas salas os monitores que dão acesso ao Ibope em tempo real, mas, aos poucos, uns e outros foram recuperando o acesso os índices.


SS também quer que os quadros do Domingo Legal fiquem mais curtos, para dar dinamismo ao programa. Quadros novos devem ser criados e outros, como o que mostra vídeos engraçados na internet, serão mantidos.


Silvio diz estar preocupado não somente com a concorrência com Faustão, mas também com a perda de audiência para o Domingo da Gente, da Record, e para o Pânico, da RedeTV!


De um ano para cá, Gugu viu sua audiência cair da faixa de 22 pontos para 15. Em seus piores dias, o programa chegou a dar 11 pontos de audiência. O dono do SBT prometeu fazer mais reuniões com Gugu e, quem sabe, dirigir o Domingo Legal pessoalmente um dia desses, assim como está fazendo com Ratinho.


Por falar no nele, são fortes os rumores no SBT de que seu programa poderá perder a vaga diária na programação. SS, que estava acompanhando a gravação dos pilotos da nova atração de Ratinho, chegou a propor que o programa fosse exibido apenas três vezes por semana. O apresentador não gostou muito da idéia.


O novo Programa do Ratinho estréia em março, assim que Silvio Santos voltar dos Estados Unidos. Ele viajou esta semana.


GALISTEU


Outra vontade do dono da emissora é abrir espaço à noite para uma atração comandada por Adriane Galisteu. A loira está escondida na programação vespertina do canal e, constantemente, tem sido vista conversando com executivos de sua antiga emissora, a Record. Apesar de garantir que não pretende voltar para a Record, Galisteu não esconde que faria gosto em migrar para o horário nobre da nova casa.’




Daniel Castro


‘SBT reprisa ‘Xica da Silva’ e refaz ‘Beija’’, copyright Folha de S. Paulo, 27/02/05


‘O SBT vai apostar no erotismo de novelas da extinta TV Manchete. Na última quinta, a emissora comprou os direitos de ‘Xica da Silva’ (1996/1997), último grande sucesso da Manchete em teledramaturgia. Também adquiriu os direitos de adaptação do livro ‘Dona Beija, a Feiticeira do Araxá’, que originou a novela ‘Dona Beija’, exibida em 1986.


‘Xica da Silva’, com as hoje globais Taís Araújo, Drica Moraes e Giovanna Antonelli, será reprisada pelo SBT. Já ‘Dona Beija’ irá gerar um ‘remake’. Ainda não há previsão de exibição de ambas as obras.


‘Dona Beija’ é uma pioneira das novelas que exploram a sensualidade. Na trama, Maitê Proença interpretava Ana Jacinta de São José, uma mulher de Araxá (MG), no século 19, que funda um bordel de luxo e se torna um mito como cortesã. São memoráveis suas cenas, nua, em cachoeiras.


‘Xica da Silva’ também explorou à exaustão a sensualidade. Tanto que teve até participação de Ilona Staller, a Cicciolina, atriz pornô italiana. A hoje apresentadora do SBT Adriane Galisteu também protagonizou, despida, cenas tórridas.


A novela foi escrita por Walcyr Carrasco, então contratado pelo SBT. Para driblar a emissora, Carrasco usou o pseudônimo de Adamo Angel, mas foi descoberto por Silvio Santos.


OUTRO CANAL


Mulheres A atriz Adriana Garambone, do musical ‘Chicago’, fechou com a Record e será uma das protagonistas de ‘Essas Mulheres’, novela que substituirá ‘A Escrava Isaura’. Ela fará a cortesã Lúcia. A Record negocia agora com Ana Beatriz Nogueira, a Ana Paula de ‘Celebridade’, para fechar a trinca de protagonistas _a outra será Christine Fernandes.


Linha cruzada José Wilker vem tendo problemas com uma operadora de telefonia celular do Rio. Em uma semana, o ator recebeu em seu nome e endereço duas contas, uma de R$ 2.000 e outra de R$ 600, de números de telefones dos quais ele nunca ouviu falar. E seu verdadeiro celular não está recebendo ligações.


Interesses Marcello Antony não participa das cenas de ‘Senhora do Destino’ que têm ações de merchandising porque não concorda com essa prática. Mas não se importa de ver seu nome ligado à marca New Power, um revitalizante japonês que está recebendo para se preparar para uma viagem ao Nepal.


Agora é moda Vai ao ar nesta quarta, às 20h, no Warner Channel, o episódio do seriado ‘The O.C.’ em que duas garotas (as personagens Alex e Marissa) se beijam. A cena está sendo muito aguardada pelos fãs da série, um ‘Barrados no Baile’ dos anos 2000.’




REALITY SHOWS
Bruno Yutaka Saito


‘‘BBB’ entra na vanguarda involuntária’, copyright Folha de S. Paulo, 27/02/05


‘A arte contemporânea esbarra em uma nova encruzilhada. O choque é entre dois pesos pesados. De um lado, o homem das latas de sopa, Andy Warhol (1928-1987), mantém seu reinado no alto escalão da pop art.


No andar de baixo das manifestações artísticas, a televisão, está o diretor Boninho, que transforma o ‘Big Brother Brasil’ em um dos maiores sucessos da TV nacional.


Uma observação mais atenta nos flashes diários do programa na TV paga ou no conteúdo do ‘pay-per-view’ (pague para ver) -que mostram os acontecimentos na casa durante 24h por dia- revela similaridades, ainda que involuntárias, com os filmes experimentais dos anos 60 do artista plástico norte-americano.


Não raro, câmeras estáticas do ‘BBB’ mostram apenas um bando de gente dormindo durante horas, ou então, uma cozinha vazia durante longos minutos. Em ‘Sleep’ (1963), Warhol posiciona uma câmera à frente do poeta John Giorno, criando um filme de mais de cinco horas de duração com a mesma cena. Seria o ‘BBB’ uma menosprezada pérola da arte de vanguarda? Ou, ainda, seria Boninho um gênio enrustido?


Os artistas e estudiosos consultados pela Folha divergem sobre semelhanças entre Warhol e ‘BBB’. ‘São duas propostas totalmente opostas’, diz o artista plástico Nelson Leirner, 73. Para ele, a arte, como os filmes do americano, pressupõe interação entre a obra e o público. ‘Um ‘reality’ não traz isso; ele é apenas um programa de mau gosto, kitsch. Warhol tinha a intenção de dar ao público a sensação de um voyeur; ‘BBB’ está mais próximo do circo.’


Para o cineasta Cao Guimarães, 40, é justamente o voyeurismo o ‘momento de confluência’; a partir daí, vê diferenças. ‘Warhol se propunha ao antiespetáculo. ‘Sleep’ tenta encapsular o passar do tempo. ‘BBB’ é a espetacularização do cotidiano.’ Quem também vê breve semelhança é o professor do departamento de cinema da PUC Arlindo Machado, 55: ‘Ambos são registros em tempo real, mas o sentido é outro. No ‘BBB’, há apenas o vazio’. Já para o professor de comunicação da Universidade de Iowa (EUA) Mark Andrejevic, Warhol ‘estava à frente de seu tempo’ e antecipava eventos de hoje. ‘Reality show’ é um entretenimento de baixa qualidade que celebra o mundano e transforma um Zé Ninguém em alguém; é a loteria da fama.’


As similaridades puramente visuais não aproximariam as linguagens? ‘Não, os enquadramentos de câmera do ‘BBB’ são horríveis. Isso sem falar que tem um monte de gente feia’, afirma o cineasta Carlos Adriano, que diz ter assistido a todos os filmes experimentais de Warhol. Afirma ainda que não dormiu no meio das exibições. ‘Não havia em Andy o elemento exibicionista; o ‘BBB’ escancara as vísceras dos participantes, todos estão em busca do dinheiro, e não da arte.’ ‘A diferença não reside no fato de ser ou não arte, mas no pressuposto crítico que existe em Warhol e é ausente no ‘BBB’, afirma a professora da PUC Giselle Beiguelman.


Assinantes do ‘pay-per-view’ do ‘BBB’, no entanto, não estão preocupados. O gerente financeiro Mércio Querido de Figueiredo, 33, que apenas ouviu falar em Warhol, pergunta: ‘Por que um filme com um cara dormindo é arte? Isso é uma apelação, uma idéia equivocada’. Ele prefere o ‘BBB’. ‘Tem menos pretensão, e é mais autêntico.’ Se ele consegue ver ‘insights’ artísticos no programa? ‘Claro que não, aquilo é uma bobagem, por isso eu gosto tanto.’ ‘BBB’ é apenas fofoca, futilidade, não tem nada de artístico’, completa o administrador de empresas Danilo Faria, 29, que nunca ouviu falar em Warhol.


Arte ou não, vanguarda ou pura coincidência, o fato é que embaixo do edredom do ‘Big Brother’ há espaço para todos os tipos de manifestações.’