‘A novela do ‘mensalão’ fez Francisco Cuoco, 71, desistir da ‘carreira política’. Após ser cabo eleitoral do filho em duas campanhas, ele lhe avisou: ‘Estou fora’.
Intérprete de Zé Higino em ‘América’, o ator, que sempre se ligou à política cultural, se diz decepcionado com a administração federal. ‘O governo Lula acabou.’
Vai agora se concentrar no trabalho. ‘Prefiro ficar no sonho, que é minha atividade.’ Além da TV, volta ao teatro após 20 anos. Estará em ‘Três Homens Baixos’ no Cie Music Hall, em SP, da próxima quinta a domingo. Leia trechos da entrevista à TELEVISÃO
Folha – A peça fala da complexidade da cabeça dos homens. O sr. acha que eles são mais complicados do que as mulheres?
Francisco Cuoco – São muito parecidos, mas elas são mais adultas. Homens, quando se reúnem em mesa de bar, viram crianças.
Folha – Como o galã de tantas novelas encara ser avô do galã [é avô de Murilo Benício em ‘América’]?
Cuoco – Nessa atividade, temos o privilégio de fazer papéis diferentes de acordo com a idade. Não posso mais estar no meio da garotada de ‘Malhação’, mas posso ser professor. Senti essa diferença com o ‘remake’ de ‘Pecado Capital’. Na primeira versão [1975] fui o Carlão, e na segunda [98], o Salviano. Achei natural, não olhava com saudade para trás.
Folha – Não foi difícil nem após o problema com Carolina Ferraz [foi publicado que ela, mocinha do ‘remake’, teria dito que não queria beijá-lo por ele ser ‘velho’]?
Cuoco – Acho que ela atravessava uma fase difícil e teve problemas de relacionamento. Eu me adequei a isso e disse que preferia não trabalhar mais com ela, a não ser que ela mudasse. Foi uma experiência ruim na minha vida. Foi amargo ter de passar por isso.
Folha – Que diferenças vê entre os galãs de hoje e os do seu tempo?
Cuoco – Nenhuma. Eu era empenhado e vejo hoje o Murilo [Benício] empenhado, o [Edson] Celulari, reconheço o interesse por acertos do Thiago Lacerda, do Reynaldo Gianecchini.
Folha – Seu filho foi candidato a deputado estadual [2002] e a vereador [2004] e contou com o seu apoio. Após a novela do ‘mensalão’, o sr. voltará aos palanques?
Cuoco – Disse a ele que não queria mais lidar com isso. Está evidente que houve muita corrupção e fico escandalizado. Sei que posso confiar no meu filho, mas avisei a ele: ‘Estou fora’. Não esperava que depois do Collor isso fosse acontecer mais. É decepcionante. Prefiro ficar no sonho, que é minha atividade. A atuação do Lula foi muito modesta na área cultural. E o governo Lula acabou.’
TV PAGA
Ronaldo D’Ercole
‘Net Brasil distribuirá canal de agronegócios’, copyright O Globo, 3/08/05
‘A Net Brasil, empresa das Organizações Globo especializada na comercialização de conteúdo para as operadoras de TV por assinatura, e o grupo Bandeirantes de Comunicação anunciaram ontem o fechamento de um acordo para a distribuição do canal de agronegócios Terraviva.
– Este é um acordo muito importante para a Net Brasil porque incorpora toda a capacidade do grupo Bandeirantes na geração de conteúdos nacionais – disse o diretor-executivo da Net Brasil, Fernando Ramos.
A primeira operadora a veicular o Terraviva em sua programação, já a partir do próximo dia 8, será a Sky – líder no mercado de TV digital por assinatura no país.
– Com esta iniciativa, a Sky espera contribuir com o agronegócio brasileiro à medida que a operadora alcança todo o território nacional – disse o presidente da Sky, Ricardo Miranda.
Pelo acordo, a Net Brasil poderá oferecer o novo canal a todos os 20 grupos de TVs pagas que são suas clientes, que, juntas, respondem por 110 operadoras de cabo e Distribuição de Sinais Multiponto Multicanal (MMDS) nas principais cidades brasileiras.’
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‘Concorrência na TV paga’, copyright O Globo, 3/08/05
‘O presidente da DirecTV Latin America, Bruce Churchill, defendeu ontem a fusão com a Sky como forma de assegurar a concorrência do setor de TV paga por satélite com o de TV a cabo e as operadoras de telefonia, que começam a avançar na distribuição de audiovisual. Ele disse que espera a aprovação do negócio no Brasil.
Churchill refutou o argumento apresentado por agentes do setor de que pode haver monopólio nas regiões remotas do país, alegando que apenas 20% a 25% dos usuários de TV paga no Brasil não têm acesso a provedores alternativos, como TVs a cabo.
Com respeito à distribuição de conteúdo nacional, Churchill disse que o mercado brasileiro tem uma demanda natural por conteúdo local e que, pela falta dele, a DirecTV Brasil acabou restringindo seu crescimento, que hoje corresponde a metade do tamanho da Sky, criada pelas Organizações Globo:
– A Sky é dominante porque tem conteúdo local.’
DIRECTV & SKY, JUNTAS
Renato Cruz e Graziella Valenti
‘DirecTV faz planos para depois da fusão com a Sky ‘, copyright O Estado S. Paulo, 3/08/05
‘A DirecTV espera que as autoridades brasileiras aprovem sua fusão com a Sky ainda este ano. A fusão entre as empresas, que pertencem à News Corp., do magnata australiano Rupert Murdoch, foi anunciada em outubro de 2004 e efetivada nos Estados Unidos e nos países latino-americanos, com exceção do Brasil. ‘É claro que acreditamos que a fusão será aprovada’, afirmou Bruce Churchill, presidente da DirecTV Latin America, que participou ontem do evento ABTA 2005. Ele quer migrar os 455 mil assinantes brasileiros da DirecTV para a Sky durante o próximo ano, a um custo entre US$ 50 milhões e US$ 75 milhões.
Mas não deve ser fácil aprovar a fusão. Os concorrentes apontam uma série de problemas. Segundo documentação enviada à Securities and Exchange Commission (SEC), autoridade do mercado acionário nos Estados Unidos, as Organizações Globo, acionista minoritário no grupo de TV paga via satélite, têm direito a veto na entrada de novos canais nacionais da empresa que surgirá da fusão. Impedido de oferecer seus canais pagos aos assinantes das empresas, o Grupo Bandeirantes se habilitou como terceira parte no processo de fusão entre a Sky e a DirecTV, com direito de contestar as informações apresentadas. Juntas, as empresas terão 95% do mercado de TV paga via satélite, com 1,28 milhão de assinantes. Churchill reconheceu que o satélite é a única opção para cerca de 20% da população brasileira.
A Sky busca limpar o caminho para a fusão. Ontem, a empresa anunciou que, a partir da próxima segunda-feira, passará a distribuir o TerraViva, canal da Bandeirantes que trata de agronegócios. Paulo Saad Jafet, vice-presidente do Grupo Bandeirantes, ressaltou, porém, que isto não significa o fim da contestação das fusões que envolvem as empresas das Organizações Globo. ‘O cabo e o DTH (TV paga por satélite) não estão contemplando o conteúdo nacional. O fim das pendências depende da dinâmica da evolução dos negócios. Neste momento, não dá para dizer se vão acabar ou continuar.’
O Grupo Bandeirantes questiona também a venda de participação na Net pela mexicana Telmex, dona da Embratel. Sobre a evolução dos negócios, o diretor-executivo da Net Brasil, Fernando Ramos, afirmou que os canais da Bandeirantes, que incluem o BandNews e o BandSports, serão oferecidos para os operadores de cabo da Net.
Paralelamente à análise da fusão Sky e DirecTV, corre desde maio 2001, na Secretaria de Direito Econômico (SDE), do Ministério da Justiça, um processo contra a exclusividade do canal SporTV, das Organizações Globo, aos jogos do Campeonato Brasileiro de Futebol. Somente o sistema Net/Sky tem acesso ao canal. ‘Tecnicamente, não há como aprovar a fusão das empresas sem restrições’, afirmou Neusa Risette, diretora-geral da Associação NeoTV, que reúne as empresas que não fazem parte do sistema Net. Ela lembrou que, nos Estados Unidos, foi exigido o fim da exclusividade de programação.
Ontem, o presidente da Anatel, Elifas Gurgel do Amaral, disse que a agência deve enviar até setembro um relatório ao Cade a respeito da fusão. O secretário de audiovisual do Ministério da Cultura, Orlando Senna, defendeu que a análise leve em consideração os riscos de monopólio, principalmente, em relação ao conteúdo.’
SBT
Keila Jimenez
‘Livro explica sucesso de ‘Chaves’ ‘, copyright O Estado S. Paulo, 3/08/05
‘Será lançado no fim do mês o livro que tenta explicar o sucesso do fenômeno enlatado Chaves. Batizado de Chaves: Foi sem Querer Querendo?, de Luis Joly, Paulo Franco e Fernando Thuler, o livro conta um pouco da trajetória do seriado, no ar pelo SBT desde agosto de 1984.
Psicólogos, diretores de TV e até atores do seriado falam sobre o programa, gravado nos anos 70 e vendido para o mundo inteiro. Ao todo são cerca de mil episódios gravados, mas o SBT só comprou 250. ‘Reunimos curiosidades e fatos que marcaram a história do programa’, conta Luis Joly, que pesquisou o assunto por um ano.
‘Poucos sabem que o Chaves chegou ao SBT como uma imposição da Televisa. A rede obrigou Silvio Santos a comprar o seriado para levar um pacote de novelas. Era uma espécie de bônus’, conta ele. ‘Silvio apresentou a fita dublada para os diretores do SBT e todos odiaram. Foi aí que SS disse: ‘Se vocês não gostaram, será um sucesso.’ Ele acertou.’
O autor conta que Chaves conseguiu roubar audiência do Jornal Nacional nos anos 80, a ameaçar a estréia de Ana Maria Braga na Globo e até a ganhar do SPTV.
‘Na Colômbia, os atores do programa, por decreto presidencial, ganharam uma espécie de cidadania do país. Viraram colombianos’, conta Joly. ‘Para muitos, o sucesso da atração está no fato de as piadas serem simplistas e atemporais, e dos personagens serem tipos que existem no mundo todo’, continua. ‘Mas ninguém imaginava que seria esse sucesso todo. Foi mesmo sem querer querendo.’’
REDE TV!
Taíssa Stivanin
‘Marcelo Rezende assina com a Rede TV! ‘, copyright O Estado S. Paulo, 2/08/05
‘Na geladeira há quase 50 dias e quase indo para o Alasca, segundo suas próprias palavras, o jornalista Marcelo Rezende concedeu entrevista coletiva ontem para explicar sua saída da Rede Record. Ele deixou a emissora às vésperas da estréia do programa Assim É Melhor, e fechou com a Rede TV!. O contrato de sete anos, assinado ontem pela manhã, é para ancorar o Jornal da TV, que deve reestrear em 15 dias, em novo formato. Isso põe fim aos problemas judiciais que envolveram o jornalista e a Rede TV! quando ele deixou a emissora pela primeira vez, em fevereiro de 2004.
A briga jurídica, agora, é com a Record. O jornalista anunciou ontem que processou a emissora, em petição protocolada na 14ª Vara Criminal da Capital. Com isso, ele evita o pagamento da multa de 5 milhões e ainda reverte a situação. Se ganhar na Justiça, deve receber esse dinheiro da emissora do bispo.
Rezende alega descumprimento de seu contrato, desde que o programa Cidade Alerta saiu do ar no dia 1º de junho. ‘Durante esse período, houve cinco propostas de programas. O último era um jornalístico na faixa das 21 horas, mas o projeto não foi para frente. Então, fiz seis horas de piloto para uma nova atração e, durante esse tempo, não vi nada de jornalismo, que é o que meu contrato previa’, explicou. ‘Não posso jogar fora uma carreira de 30 anos fazendo programa feminino. Vocês viram a foto? Tem um cachorrinho, tens uns bonequinhos no cenário para conversar. Também não quero saber se a Vera Fischer está saindo com homem mais novo ou mais velho’, debochou o jornalista.
O mal-estar entre Marcelo e a direção da Record começou quando a emissora tirou do ar o Cidade Alerta, em junho. ‘Cheguei à emissora em uma quarta-feira para fazer o programa e me avisaram que ele não iria mais ao ar’, explicou. ‘Alegaram problemas políticos, desde que o presidente Lula declarou que não gostava do programa. Achei que nesse horário ele estivesse trabalhando, mas ele estava assistindo ao Cidade Alerta’, provocou. ‘Tenho amigos e respeito a Rede Record, eles estão investindo em dramaturgia, o que é ótimo para o mercado, mas não havia mais nada para mim’, declarou.
Na Rede TV!, Marcelo pretende ser o segundo âncora do telejornalismo brasileiro, depois de Boris Casoy. Substituindo Rita Lisauskas e Augusto Xavier, que serão remanejados para um dos outros sete jornalísticos da emissora, Rezende vai usar toda a sua verve na bancada no Jornal da TV. ‘Não vai ter nada revolucionário, porque a roubalheira no Brasil é sempre a mesma’, disse, em relação ao formato do novo programa. A ida de Marcelo para a Rede TV!, entretanto, cria um cenário curioso para o telejornalismo. Como Boris Casoy, ele recebeu carta branca para expressar suas opiniões.
OUTRO LADO
Em e-mail enviado à redação, a Record declarou que o bispo e superintendente de produção, Honorilton Gonçalves, encontrou-se com Marcelo no último dia 26. De acordo com o texto, o executivo deixou o jornalista à vontade para manifestar sua opinião sobre o novo programa. E que havia a possibilidade de retomar um jornalístico nos moldes do Cidade Alerta, às 21 horas. Ainda segundo o comunicado, mesmo assim, Rezende declarou que deixaria o programa.’