‘‘Senhora do Destino’ conseguiu fazer merchandising de três marcas em menos de 60 segundos, com suas duas principais personagens. No capítulo de quarta, a vilã Nazaré (Renata Sorrah) apareceu usando produtos da Natura. Na seqüência, a heroína Maria do Carmo (Suzana Vieira) mostrou tintas Lukscolor e cimento Votoran em sua loja. Isso mostra que o fato de a novela da Globo não se passar no tempo atual, mas na década de 90, não prejudicou seu faturamento com merchandising (ação mais complicada para tramas de época). O ‘minuto publicitário’ de ‘Senhora’ foi captado pelo Controle Remoto, que monitora publicidade na TV.
Fofoca
Ex-diretores do ‘TV Fama’, da Rede TV!, Cassia Dian e Ricardo Perez vão processar a emissora por danos morais. A rede publicou anúncio com o título ‘Sempre alguém querendo copiar o que faz sucesso’. E usou notas informando que Dian havia ido para a Band, e Perez, para o SBT, dirigir programas nos moldes do ‘TV Fama’.
Caraca
A Ancine (Agência Nacional de Cinema) aprovou na semana passada a captação de patrocínio de ‘Tati, o Filme’. O longa-metragem vai mostrar as aventuras da adolescente e louca por gírias Tati (Heloísa Périssé), que nasceu na peça ‘Cócegas’, ‘bombou’ no ‘Fantástico’, já virou livro e CD. O orçamento previsto é de R 5,9 milhões.’
TV GLOBO
‘Globo põe mais ‘mel’ às 19h’, copyright Folha de S. Paulo, 8/08/04
‘Pitadas de humor e aventura para os teens, edição versátil com estética de história em quadrinhos. Isso tudo é importante, mas não adianta fugir: o que o telespectador quer acompanhar mesmo é uma boa e velha história de amor.
Essa receita de novela das sete começou a ser desenvolvida na Globo há cerca de dois anos, e o canal considera que tenha ficado pronta -e perfeita- na atual ‘Da Cor do Pecado’.
Para a próxima, ‘Começar de Novo’, que estréia dia 30, decidiu testar um aumento da pitada de ‘mel’, investindo prioritariamente num triângulo amoroso com os quarentões Marcos Paulo e Natália do Valle e a novata Gisele Itiê.
Com os encontros e desencontros de uma relação de amor inter-racial, ‘Da Cor do Pecado’ termina no próximo dia 27 com o maior recorde de audiência no horário desde o Plano Real (1994), quando houve um ‘boom’ na venda de aparelhos de TV no Brasil e o perfil do telespectador sofreu grandes alterações.
Desde então, o Ibope passou a registrar oscilações significativas e as emissoras tiveram de repensar completamente as suas programações. Os telejornais de ‘mundo cão’ e os DNAs do Ratinho atraíram o público com sua versão do ‘mundo real’. O formato foi cansando, e a audiência voltou a buscar nas novelas um descanso para tanta ‘realidade’.
Das três novelas exibidas pela Globo, a das sete foi a que mais passou por mutações. Recentemente, a emissora sofreu duas decepções no Ibope, com a confusa ‘As Filhas da Mãe’ (2001) e a violenta ‘Desejos de Mulher’ (2002).
Em 2002, ‘O Beijo do Vampiro’ começou a colocar a horário nos eixos novamente. Com um pouco de romance e muito humor, registrou 31 pontos no Ibope nacional e 55% de share (audiência dentre as TVs ligadas no horário). A dose de amor (e de homens sem camisa) aumentou na novela seguinte, ‘Kubanacan’ (2003). A audiência também: 39 pontos com 63%. O recorde veio com a ainda mais romântica ‘Da Cor do Pecado’, que registra 47 pontos com 72% das TVs ligadas (resultados até o capítulo 162, fase atual de ‘Da Cor’).
A expectativa da Globo é que a escala romance/audiência prossiga com ‘Começar de Novo’, de Antonio Calmon e Elizabeth Jim.
Pelo perfil da audiência do horário das sete, a mulher está no centro da demanda por romance. Dos telespectadores, 63% são do sexo feminino, e 37%, do masculino. A faixa etária mais presente é dos maiores de 50 anos: são 26% da audiência, seguidos por 22% de público entre os 35 e os 49 anos. Telespectadores de 12 a 17 anos formam uma fatia de 11%. Ou seja, por mais ‘teen’ que a novela das sete possa parecer, não é possível ignorar que quem domina o sofá são os mais velhos.
E a trama desse horário tem de contemplar os sonhos da classe média brasileira. A maior parte dos que a assistem (43%) são pessoas da classe C, seguidas de 29% da AB e de 28% da DE.
Repetir de novo
Além de mais ‘mel’, a nova novela repetirá ingredientes de ‘Da Cor’ apontados como positivos em pesquisas com grupos de telespectadores. A relação inter-racial é um deles. Depois de Preta (Taís Araujo) e Paco (Reynaldo Gianecchini), ‘Começar de Novo’ terá o negro Guilherme Bernard e a branca Júlia Lohman.
Com o grupo de discussão, a Globo concluiu que o público se identifica com as diferenças retratadas pela novela e considera positivo abordá-las, uma forma de incentivar a tolerância.
A trama também tentará repetir o sucesso do núcleo cômico de ‘Da Cor’, formado pela família Sardinha, já cogitada até para tema de minissérie e filme. Em ‘Começar de Novo’, o papel ficará a cargo de Marília Pêra e Luiz Gustavo, Vó Doidona e Vô Doidão. E tudo começará de novo.’
***
‘Globo planeja DVD com Zeca Camargo’, copyright Folha de S. Paulo, 7/08/04
‘A Globo planeja usar cenas inéditas e bastidores da ‘Fantástica Volta ao Mundo’ _protagonizada por Zeca Camargo no ‘Fantástico’_ para produzir um programa especial e lançar um DVD.
O quadro apresenta ao público dois rumos e o jornalista embarca para o que recebe o maior número de votos dos telespectadores no ‘Fantástico’. O programa pretende lançar outros projetos com interatividade e aventura.
Zeca saiu do Brasil acompanhado do cinegrafista Guilherme Azevedo em 16 de maio. A dupla ficará ao todo 160 dias viajando e voltará ao país no próximo mês.
Até agora, já esteve na Turquia, México, Havaí, Nova Zelândia, Austrália, Tasmânia, Cingapura, Camboja, Filipinas, Índia, Sri Lanka , Uzbequistão e Romênia.
No Brasil, há uma produtora e um editor no projeto. Os vistos começaram a ser pedidos seis meses antes. Mas já ocorreu de o público escolher um país para o qual os dois não tinham autorização de entrada. Foi o caso da Romênia. Tiveram de fazer escala na Ucrânia e, de lá, obtiveram o visto.
As reportagens são pré-editadas pelos dois e finalizadas no Brasil. Para o envio, usam a internet e passam horas em ‘cyber cafés’. Há locais em que há dificuldades para o acesso à rede. Foi o caso da Turquia, segundo o próprio Zeca, que, após várias tentativas, conseguiu responder a um e-mail da Folha, contando que o próximo destino é uma cidade grega.
OUTRO CANAL
Michê 1 Márcio Garcia (o vilão Marcos de ‘Celebridade’) acertou detalhes de seu contrato com a Rede Record anteontem à noite. Ele irá apresentar o ‘reality show’ ‘Sem Saída’, com estréia prevista para o próximo mês, e vai protagonizar a ‘novela das oito’ que a emissora pretende colocar no ar até o final deste ano.
Michê 2 Procurado pela Folha, Carlos Alberto, pai e agente do ator, disse que o combinado seria ele negar o negócio até quarta-feira, quando a Record deve fazer uma entrevista coletiva para apresentar seu novo galã. ‘Então eu nego. O Márcio ainda é da Globo.’
Michê 3 Na Record, o salário de Márcio Garcia, que estava em sua melhor fase na Globo, irá girar em torno de R$ 120 mil por mês. Após adquirir esse passe e o de Tom Cavalcante, a emissora trocará o slogan de suas campanhas publicitárias. De ‘Record, aqui o espetáculo é a vida’ passará para ‘Record, rumo à liderança’.
Modesto No debate de anteontem da Band, quando Carlos Nascimento disse que seria ‘o maior acontecimento político do ano na TV’, o canal tinha 1,4 ponto no Ibope (menos de 70 mil domicílios na Grande SP). Estava em quinto, atrás da Globo, SBT, Record e Rede TV!. Na média, ficou em terceiro, com sete pontos.’
AMY
‘Mexicana ‘Amy’ segue trilha de ‘Carrossel’’, copyright Folha de S. Paulo, 8/08/04
‘Uma garotinha órfã, que enfrenta uma sucessão de tragédias marítimas, familiares e financeiras, é a última edição das novelas mexicanas infantis do SBT que fazem sucesso no Brasil.
No ar desde 26 de abril, ‘Amy, a Menina da Mochila Azul’, anda sobre os rumos traçados por ‘Carrossel’, que, entre maio de 1991 e abril de 1992, chegou a disputar fortemente a audiência com a Rede Globo. ‘Amy’ também segue ‘Carrossel’ no duro percalço seguido pelos personagens.
A novela conta a história de uma garota que, ainda bebê, é encontrada flutuando no mar, depois de um furacão, por um pescador e sua mulher. Na seqüência, o pescador fica viúvo e perde todo o seu dinheiro. Amy, uma menina esperta e amorosa, é tudo o que resta a seu lado.
A novela se desenrola com uma caça a um tesouro perdido e com a aproximação do verdadeiro pai de Amy, um homem rico e gravemente doente, sem que ela saiba sua verdadeira identidade. A história vem alcançando o segundo lugar na medição de audiência das 19h. Em 2 de agosto, segunda-feira, ‘Amy’ registrou uma média de dez pontos, com picos de 13, atrás somente da Globo, líder do horário com 46 pontos. Em terceiro lugar, veio a Record (seis pontos), seguida pela Bandeirantes (três pontos), pela TV Cultura e pela Rede TV! (ambas com um ponto).
O que atrai as crianças são as aventuras vividas pela personagem. É o que explica Victoria Barreto Ghattas, 6, fã de ‘Amy’. ‘Ela nada, ela tem um barco, um papagaio. Eu também gostaria de fazer essas aventuras, queria ter um barco. A história é mais ou menos triste, mas mesmo assim eu gosto’, conta a menina.
Victoria diz ainda que não há nada que a desagrade na novela. ‘Tudo é muito legal. Essa é a minha novela favorita, a única a que eu assisto’, completa.
Já Rodrigo Autuori, 8, que começou a assistir a novela nas férias, é fã do papagaio -uma espécie de pombo-correio. ‘Eu não gosto de quem tenta matar o papagaio. Ele é o mais legal. Assisto a ‘Amy’ por causa dele’, conta.
Para a professora Maria Lourdes Motter, pesquisadora do Núcleo de Telenovelas da ECA e professora livre-docente da USP, a aceitação de Amy pelas crianças pode ser explicada pelo modelo mexicano, em que os vilões são pérfidos, com todas as características exageradas. ‘Essa clareza vai pegar um público menos exigente e funciona bem como entretenimento. Por outro lado, o sucesso dela é lamentável porque o programa não mostra a complexidade do ser humano’, afirma.
Motter aponta a identificação do espectador com o ‘herói’ como um problema. ‘A novela pode ser prejudicial porque a criança vai achar que vai ter sucesso, não importa que tipo de adversidades encontrar. Mas isso é fantasia, ela pode se frustrar muito.’
Já a psicanalista infantil, especialista no uso da TV para a infância, Ana Cristina Olmos, acredita que ‘tudo o que ajuda a lidar com a frustração é educativo’.
Para ela, a novela consegue a atenção das crianças por ter intervalos comerciais mais curtos, por ter uma edição mais lenta, pelo forte apelo emocional e pelo formato de situações óbvias.
‘A ‘Amy’, ainda que estereotipadamente, atinge o mundo infantil fortemente dentro da sintonia de apreensão e de percepção de sentimento nas crianças. Por um lado, a novela é primária. Mas, por outro, está perto dos sentimentos, das sensações e dos medos. A TV não tem o poder de adoecer o espectador, mas também não tem o poder de salvá-lo.’’