‘O SBT Brasil completou sua primeira semana no ar. E as tão esperadas novidades não aconteceram. Ele nasceu debaixo de uma das maiores exposições na mídia de que se tem notícia nos últimos tempos, além da propaganda massiva nos intervalos da programação da emissora. Talvez este tenha sido o grande erro de estratégia no lançamento do telejornal. Criou-se a expectativa de um tiro de canhão e o que se viu não passou do tiro de um revólver de pequeno calibre.
Especulou-se exageradamente sobre o salário milionário da apresentadora Ana Paula Padrão, sobre novas contratações e compra de modernos equipamentos. A jornalista, que Silvio Santos tirou da Globo na esperança de aumentar a audiência do SBT, não teve um comportamento discreto nos meses que antecederam à estréia. Ao contrário, expôs publicamente sua vida pessoal, alegando ter deixado a Globo porque na emissora líder não estava conseguindo engravidar por causa do horário tardio do Jornal da Globo. Tudo bem, nada contra seu desejo de ter um filho, mas será que existe hora marcada para se fazer um filho, tem que ser na calada da noite? Ela ficou cinco anos no Jornal da Globo e nesse período não teve folgas e férias para fazer uma ninhada de bebês?
A grande novidade na estréia do telejornal foi o cenário. Pelo que se sabe, em nenhum telejornal do mundo, o nome do apresentador ou apresentadora aparece escrito permanentemente no cenário. É como se ela mandasse um recado do tipo; ‘olha, esse aqui é o meu pedaço e ninguém bota a mão’. Isso é o que se pode chamar realmente de ‘culto à personalidade’. Quero ver quando ela sair de férias se vão manter o nome dela no cenário ou se vão escrever o nome do substituto. Pelo que se está vendo, certamente o nome dela será mantido.
Padrão prometeu uma revolução na linguagem do telejornal. A proposta de falar coisas difíceis com um texto fácil não foi observada nesta primeira semana. Ana Paula é experiente e sabe que linguagem inovadora em telejornalismo não se inventa. Pode-se mudar a linguagem visual do produto, este sim um campo que está aberto a inúmeras experiências. Mas mudar a linguagem jornalística é mais complicado. Se fosse fácil, ela mesma o teria feito nos anos que passou à frente do JG, numa emissora muito mais estruturada. O que acontece é que a mudança de emissora de uma estrela, ainda mais no caso de Ana Paula, gera uma expectativa muito grande. E ela é obrigada a fazer promessas que não terá condições de cumprir.
Como Lula na presidência da República, Ana Paula chegou ao SBT prometendo mundos e fundos. Depositaram nela toda a esperança de uma renovação do jornalismo televisivo. Com o tempo, Lula descobriu como é difícil dirigir um país e corrigir problemas crônicos que o afetam. Guardadas as devidas proporções, Ana Paula também já deve estar percebendo as dificuldades que vai enfrentar. A queda gradativa da audiência na primeira semana, chegando a ficar em alguns momentos atrás do Jornal da Band, é o termômetro de que o público do SBT talvez não esteja mesmo preocupado com jornalismo depois de tantos anos em jejum.
Silvio Santos e a nova equipe de jornalismo do SBT, experientes como são, deveriam saber que a credibilidade de um telejornal não se conquista da noite para o dia. Além do mais, de que adianta apenas um telejornal na grade de uma emissora? Investiram tudo num só produto e esqueceram que o jornalismo tem que ocupar maiores espaços na grade de programação para criar o hábito nos telespectadores. E mais. Um telejornal precisa ser alavancado por outro produto mais ou menos da mesma linha. Não adianta tornar o programa do Ratinho mais ‘light’, antes do sofisticado telejornal com cenário futurista e terninho Armani. São públicos totalmente diferentes. Nada como ser estrela na líder, onde a audiência é a última preocupação do apresentador já que seu programa faz parte do hábito do público, deve estar pensando Ana Paula.
Outra novidade do telejornal foi a presença de comentaristas que não são do ramo. Da Folha de SP, foram contratados os jornalistas Eliane Catanhede e Sergio D’Avila, ambos competentes e respeitados. Sem dúvida, duas estrelas do jornalismo escrito, mas que mostraram pouca intimidade com o novo veículo. Quando se escreve, a credibilidade está no conteúdo do texto. Na telinha é preciso ter, além disso, empatia com o público e carisma. O telespectador precisa acreditar no que o profissional está falando. Por melhor que seja no jornal, se ele estiver pouco à vontade e inseguro frente às câmeras a imagem que vai passar é a de um principiante e de nada vai adiantar seu histórico jornalístico. Ana Paula deveria tê-los incluído em suas prioridades, treinando-os e preparando-os para a nova experiência. Pode ser também que tenham sido chamados na tentativa de ganhar espaço e arrefecer as críticas da mídia impressa, sempre tão dura com os colegas da TV.
De qualquer maneira, corrigidas as imperfeições da semana de estréia, é bastante louvável a iniciativa do SBT de querer reconstruir seu departamento de jornalismo. Silvio Santos agora precisa ter paciência com os números do IBOPE e entender que a importância do jornalismo não está apenas na audiência, mas principalmente na credibilidade e prestígio que ele dá à emissora.
(*) Começou como repórter na TV Aratu, em Salvador. Trabalhou depois nas TVs Globo, Manchete, SBT e na CBS Telenotícias Brasil, como repórter e âncora. É também artista plástica e tem dois livros publicados.’
Bia Abramo
‘Novo telejornal do SBT segue ‘escola Globo’’, copyright Folha de S. Paulo, 21/08/05
‘Ana Paula Padrão no SBT, Carlos Nascimento na Bandeirantes, Lillian Witte Fibe na Rede 21… A Rede Globo e o jornalismo nem sempre se entenderam às mil maravilhas, mas a emissora acabou por fazer uma escola que hoje está instilando mais consistência no telejornalismo de outras emissoras.
Apesar de o jornalismo, por vezes, ter sido substituído ou contaminado pela espetacularização da notícia, a Globo formou profissionais, inventou uma linguagem e aperfeiçoou técnicas que hoje constituem base para qualquer telejornalismo que se pretenda sério.
Por ora, a ‘escola Globo’ é, ao mesmo tempo, o trunfo e o problema do ‘SBT Brasil’ que Ana Paula Padrão estreou na última segunda-feira no horário das 19h15. Apesar do cenário um tantinho ao gosto mais espalhafatoso do SBT, o tom geral é de profissionalismo. Ana Paula retoma seu estilo discreto e seguro e traz sua credibilidade intacta para o novo programa. Em termos de jornalismo, acerta no básico -pauta, produção, reportagem começaram direito e, apesar da bênção oficial do presidente Lula na estréia, não destoa muito da média nos quesitos isenção e independência.
Há algumas novidades que, se mais e bem exploradas, podem realmente fazer uma diferença. A primeira é o esforço narrativo, digamos assim, que é imprimido à edição e à montagem do jornal. Blocos inteiros de notícias são ‘costurados’ em um texto mais interpretativo e que tenciona estabelecer conexões entre, por exemplo, as manifestações de terça-feira, as oscilações do mercado, a liberação de verbas pelo governo, a proposta de aumento do salário mínimo.
O pulo do gato parece ser que o fio condutor dessa narrativa é, sobretudo, temporal. Um pouco na contramão da valorização da idéia de simultaneidade que é tradição no telejornalismo, aqui há uma preocupação em fazer uma espécie de ‘resumo do dia’, numa seqüência que tenta conjugar coerência em termos do tempo e de temas. É uma via de simplificação e didatismo interessante essa, pois pretende ‘organizar’ o fluxo de informações para o espectador, em vez de apostar na fragmentação. O risco é que nem sempre a realidade se presta à organização.
A presença de comentaristas, como Eliane Cantanhêde e Sérgio Dávila, não chega a constituir uma novidade em si, mas talvez o fato de ambos terem origem no jornal impresso (a Folha) confira um caráter menos ‘televisivo’ às suas intervenções, ou seja, eles trazem uma certa incisividade analítica e opinativa do texto escrito para a paisagem mais morna da TV. A dificuldade do ‘SBT Brasil’ é preservar aquilo que a Globo ensina em termos de procedimentos básicos de telejornalismo ao mesmo tempo em que se livra de algumas ‘globices’. O excesso de frieza de Ana Paula, por exemplo, parece meio deslocado para o público da emissora.’
Dolores Orosco
‘É com você, Ana!’, copyright IstoÉ, 23/08/05
‘Devido à ampla publicidade e à troca de farpas à época da saída da Rede Globo, todos os holofotes estavam voltados para a estréia de Ana Paula Padrão e seu SBT Brasil, na segunda-feira 15. Embora fosse visível o nervosismo dos primeiros minutos, a jornalista mostrou-se à vontade com a nova bancada, alcançando 10 pontos de média no Ibope, com pico de 12 pontos. Quase não lembrou a sisuda apresentadora dos fins de noite do Jornal da Globo. A nova Ana Paula esbanja simpatia, agradece no ar a coincidência da estréia com o dia da Ascensão de Nossa Senhora e até exibe um impecável tailleur branco, bem mais leve que os pretinhos básicos costumeiros. ‘Não gosto dessa cor, mas ela caiu bem com o cenário’, explica a ex-global, satisfeita com o resultado do primeiro dia no novo emprego. ‘Foi tudo muito limpo na tela. Muita pirotecnia poderia atrapalhar.’
O risco do desastre não veio exatamente da tecnologia, mas do depoimento do presidente Luiz Inácio Lula da Silva desejando ‘parabéns a Ana Paula Padrão, a Silvio Santos e boa-sorte ao povo brasileiro’, em plena crise política. Tanto oficialismo até fez lembrar os tempos do dominical A semana do presidente, da antiga TVS. Segundo Ana Paula, a iniciativa partiu do marketing do SBT e foi gravada na quinta-feira 11, véspera do já histórico discurso de desculpas à Nação. ‘Não vi problemas, até porque colocamos uma matéria sobre os partidos de oposição’, defendeu-se.
Carlos Nascimento, ex-colega global e agora concorrente direto com seu Jornal da Band, da Rede Bandeirantes, classificou de ‘estranho’ o depoimento. Até a estréia de Ana Paula, o Jornal da Band ocupava o segundo lugar entre os telejornais de maior audiência no horário nobre. Para enfrentar a adversária, a atração ganhou novo cenário e ampliou sua rede de correspondentes internacionais. ‘De início vamos ficar em terceiro por não termos a base de audiência do SBT. Mas pode escrever aí que vamos voltar à vice-liderança e será um bom combate’, promete. Resta saber se Ana Paula, além de manter o segundo lugar, terá sucesso na missão que já coube a Marília Gabriela e a Boris Casoy: criar uma tradição de jornalismo no SBT. É com você, Ana!’
José Paulo Lanyi
‘‘Eu não leio o Comunique-se’’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 18/08/05
‘Reencontro um colega com quem trabalhei tempos atrás. Pergunto-lhe, ambos em pé em um corredor largo, junto a um estúdio:
– Você viu a estréia do jornal da Ana Paula?
– Vi.
– O que achou?
– Gostei. Achei bom. Claro, sempre tem quem não goste…
– É assim mesmo. Escrevo uma coluna há três anos lá no Comunique-se. O meu leitor é jornalista. Você sabe, a pior raça que existe…
– ?
– A chatice, os exageros… Conhece o Comunique-se?
– Conheço…
– Ninguém agrada a todos. No Comunique-se tem aquela área de comentários.
– É…
– No mesmo espaço elogiam e acabam com o mesmo artigo… Acho curioso, isso… Te elogiam e acabam com você… Isso é bom, com o tempo você se acostuma, acha tudo natural…
– É por isso que eu não leio o Comunique-se.
– É mesmo? Por causa dos comentários?
– Eu não leio Comunique-se, não leio caderno de TV dos jornais, não leio revistas de televisão….
– Por que não?
– Hoje em dia faço o meu trabalho e não quero saber o que os outros pensam…
– Sei…
– Faço o que acho certo, cumpro a minha obrigação, não quero ficar pensando se vão gostar ou não… Trabalho e vou para casa tranqüilo…
O meu interlocutor é um dos responsáveis pela Redação de uma grande emissora de TV de São Paulo. Ele está cansado do Jornalismo, quer se aposentar e trabalhar ‘com qualquer outra coisa’.
– Claro… Mas não diga dessa água não beberei… Você fala assim mas um dia pode querer voltar…
– Não, não agüento mais essa rotina… Se o jornal vai bem, ótimo; se a audiência cai, é problema meu; se o colarinho do repórter está desajeitado, é problema meu; se não tem carro para a equipe, é problema meu; se tem que entrar ao vivo, é problema meu; se falta motorista, é problema meu…; se falta fita, é problema meu… Isso não é vida…
– Sei como é…
– É por isso que ele ganha bem – diz uma jovem que ouviu a conversa…
– Mas tenho as três pensões para pagar… – responde ele, rindo de si mesmo…
– Três pensões? Mas você teve filho com as três?
– Tive…
– Você pode diminuir o ritmo – sugiro eu, impressionado. Por que não tenta jornalismo semanal? Dá prazer, é mais tranqüilo…
– Não, não… Acho que vou trabalhar com transportadora…
– Humm…. Isso é legal, também… Uma vez convidaram o meu pai para ser gerente nacional de uma transportadora… Meu pai é militar, ele foi para a reserva… Quando nós fomos lá conhecer, vimos um imenso mapa do Brasil cheio daquelas tachinhas coloridas… Deve ser interessante mapear, distribuir, checar a rota dos caminhões, acompanhar…
– Olha, só sei que vou fazer qualquer outra coisa… Eu queria ser militar… Eu digo para a minha mãe: ‘Mãe, eu não te perdôo. Queria ser militar e você insistiu nessa coisa de jornalista. A culpa é sua’.
– Sei…
– É verdade, eu digo para ela, eu devia ter sido militar… Tudo bem, os caras ganham mal, mas pelo menos eu já estaria aposentado com um salário digno. No jornalismo quando eu vou ter isso?
– É, mas…
– Eu devia ter sido militar…
– Calma, não é bem assim… Você conquistou muitas coisas…
– Eu estou brincando – ri, sem convencer…
Isso se chama estresse… Você sabe o que é isso e à essa altura já me xinga… Espero, ao menos, que não pague tantas pensões assim… À leitora desejo sorte ainda melhor…’
VALE A PENA…
‘Globo reprisa novela que foi um fracasso’, copyright Folha de S. Paulo, 20/08/05
‘A próxima novela a ser reprisada pela Globo na sessão ‘Vale a Pena Ver de Novo’ será ‘Força de um Desejo’, de Gilberto Braga e Alcides Nogueira. A trama, ambientada na segunda metade do século 19 e que abordava o abolicionismo, substituirá ‘Laços de Família’ no final de setembro.
Com Sonia Braga, Malu Mader, Fábio Assunção e Reginaldo Farias, ‘Força de um Desejo’ não foi um sucesso de audiência em 1999. Fracassou na missão de recuperar a audiência das 18h, que havia caído com o remake de ‘Pecado Capital’. Sua média oscilou entre 23 e 25 pontos _abaixo da meta de 35. Nem Gilberto Braga esconde que o resultado foi frustrante.
A Globo vem encontrando dificuldades para reprisar à tarde novelas das oito (originalmente classificadas para após as 20h). Sua preferência era por ‘Porto dos Milagres’ e ‘O Clone’.
Em fevereiro, o Ministério da Justiça acatou recomendação do Ministério Público Federal e determinou que, a partir de então (com exceção de ‘Laços de Família’), toda novela das oito, para ser liberada para o horário livre (até 20h), terá que ser reexaminada a partir da apresentação da fita de cada capítulo devidamente reeditado, sem cenas de nudez e violência. Isso praticamente tornou inviável a reclassificação.
A trama central de ‘Força de um Desejo’ é a história de um homem que se casa com uma cortesã pela qual o filho é apaixonado.
Temperatura A semana que vem será movimentada no SBT. De volta de férias nos EUA, Silvio Santos fará mudanças na programação. Especula-se que o empresário poderá trazer ‘Chaves’ de volta para a faixa das 18h, no lugar do ‘Programa do Ratinho’, numa tentativa de alavancar o ‘SBT Brasil’.
Trovoadas Anteontem, Carlos Massa, o Ratinho, registrou sua pior audiência desde 1998: quatro pontos de média. Assim, entregou o horário para o ‘SBT Brasil’ em baixa. O jornal de Ana Paula Padrão ficou atrás do ‘Brasil Urgente’ (Band) durante dois minutos.
Agenda Na terça-feira, Silvio Santos terá reuniões com Ratinho e Adriane Galisteu, ambos muito descontentes.
Apito A ESPN Brasil finalizou ontem as negociações para transmitir a Copa de 2006.
Topete O publicitário Roberto Justus só assinou anteontem, horas antes da final de ‘O Aprendiz 2’, contrato com a Record para apresentar a terceira edição do ‘reality show’, em 2006. Justus, que já recebe 40% dos merchandisings do programa (o que dá cerca de R$ 400 mil), ganhou um aumento salarial.
Bombou A final de ‘O Aprendiz 2’ deu média de 16 pontos. Liderou o Ibope durante 44 minutos, superando o ‘Jornal da Globo’.’