‘Wellington Muniz, o Ceará, 31 anos, aproveita sua boa maré profissional com pé no chão. ‘Não dá para a gente achar que é mais do que os outros porque tudo passa’, diz. Uma das estrelas da turma do Pânico na TV (Rede TV!) e o mais engraçado imitador de Silvio Santos e de Clodovil dos últimos tempos, Ceará sonha fazer cinema. Quando não está perseguindo Clodovil para calçar-lhe ‘as sandálias da humildade’, Ceará defende seu dinheirinho na rádio (em dois programas na Jovem Pan), como mestre-de- cerimônias em eventos ou ajudando a vender cerveja em comercial de TV.
Nesta entrevista, o humorista conta que descobriu sua vocação quando fazia um curso de torneiro mecânico em Fortaleza, sua cidade natal.
Até quando você vai brigar com o Clodovil?
Não brigo com ninguém, ele é quem briga com todo mundo. Tenho muita admiração pelo Clodovil e só imito quem eu gosto. Se eu fosse o Clodovil, ficaria honrado. Além disso, não sou o primeiro e nem serei o último a imitá-lo.
Você se gosta mais como Silvio Santos, Clodovil ou como garoto propaganda de cerveja?
Admiro Silvio Santos. Ele foi o primeiro personagem que fiz na TV e me deu sorte. Já o imitava na rádio há quatro anos, ligava para gente famosa para oferecer emprego.
O que mudou em sua vida depois que você tornou-se popstar?
Não mudou muita coisa, continuo morando na Casa Verde, vou à padaria, à banca de jornal. As pessoas me reconhecem, falam comigo como se eu fosse velho conhecido, mas às vezes me confundem com o personagem. Outro dia fui gravar como Clodovil, um sujeito pediu para tirar uma foto comigo e arrancou a minha peruca.
Rola ciumeira na trupe do ‘Pânico’? Quem é o chefe?
Quando se trabalha em equipe é preciso ser generoso. Somos muito amigos, mas cada um tem sua personalidade. A gente discute nas reuniões de pauta e quando surge um impasse o Emilio Surita é quem decide. Ele é o maestro e o dono do programa .
Como você aprendeu a ser engraçado?
Não gosto de me ver no vídeo e de me ouvir porque sou muito crítico. Eu não me acho engraçado, meu rosto não é cômico. Eu descobri minha vocação para humor quando fazia o curso de torneiro mecânico, no Senai, em Fortaleza. Antes eu era muito tímido. Na 5.ª série minha irmã me alcançou, nós éramos dois bobos, entrávamos mudos e saíamos calados da escola. Comecei a trabalhar em rádio no Ceará, aos 16 anos. Em 97, Marcelo Carvalho, o irmão do Tutinha (dono da Jovem Pan), ouviu falar de mim e chamou. Vim de mala e cuia para São Paulo.
Qual humor que você admira na TV?
Os Normais e o Casseta & Planeta têm um humor mais inteligente.
Qual é o seu sonho?
Tenho muita vontade de fazer cinema. Fiz um curso de ator com o Nilton Travesso para aprender a fazer drama, coisa que eu perdi. Quando eu era criança, meu pai olhava para mim e chorava.’
REDE GLOBO EM CRISE
‘Organizações Globo pagam dívida com Quércia’, copyright Comunique-se (www.comuniquese.com.br), 17/12/04
‘Em sua coluna na Folha de S. Paulo, Mônica Bergamo informa que as Organizações Globo estão prestes a quitar sua dívida com o ex-governador de São Paulo Orestes Quércia. O valor é de R$ 60 milhões, referente à compra do atual Diário de S. Paulo – na época em que foi comprado, o jornal era conhecido como Diário Popular.
Ainda segundo a colunista, metade da dívida será paga em imóveis. Um deles fica na Rua Major Quedinho, onde fica a Redação do diário, que volta a ser do político e empresário.
Os R$ 30 milhões restantes serão pagos em três parcelas iguais.’
TV DIGITAL
‘Comitê Consultivo da TV Digital define suas atribuições’, copyright Boletim de Divulgação do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação – nº 46 – 17/12/2004
‘Comitê Consultivo aprovou documento onde assume a ‘proposição das diretrizes norteadoras das opções tecnológicas e econômicas’ do Sistema Brasileiro de TV Digital. Os integrantes da sociedade civil no processo de transição da radiodifusão também definiram organização interna e suas principais atividades. Não houve acordo sobre as ações futuras.
Foi aprovada por unanimidade na última terça-feira a proposta de organização interna e de atividades do Comitê Consultivo do Sistema Brasileiro de Televisão Digital (CC-SBTVD). A reunião serviu, principalmente, para que o Comitê definisse suas atribuições. Até então, elas se resumiam a ‘propor as ações e as diretrizes fundamentais relativas ao Sistema de TV Digital’. De acordo com o texto aprovado dia 14/12, os integrantes trouxeram para si a responsabilidade pela ‘proposição das diretrizes norteadoras das opções tecnológicas e econômicas, em conformidade com o interesse público e em atendimento às demandas sociais, que devem presidir a organização técnica e o exercício das atividades empresariais, com ou sem finalidades lucrativas, no SBTVD’.
Criado pelo decreto presidencial n.º 4.901 em novembro do ano passado, juntamente com o Grupo Gestor e o Comitê de Desenvolvimento – compostos por representantes de diversos ministérios e órgão de governo -, o Comitê Consultivo só foi instalado em agosto deste ano. E até esta semana, o Ministério das Comunicações, que o coordena, mantinha um certo grau de informalidade na sua convocação e nos trabalhos. ‘As medidas vieram em boa hora para dar cara e corpo a este espaço de importantes deliberações públicas’, afirma o Coordenador-Geral do FNDC, Celso Schröder, um dos representantes do Fórum no CC-SBTVD.
Maior transparência
As entidades da sociedade civil representadas na reunião também entenderam que as atribuições do CC-SBTVD exigem uma estrutura permanente de apoio e o registro documental de todas as discussões para que os interessados possam acompanhar os debates que definirão os rumos da transição da televisão brasileira nas próximas décadas. Formulada pela Câmara de Serviços, Conteúdo, Universalização e Inclusão Digital do Comitê, coordenada pela ABTU, e integrada pelo FNDC e a Fenaj, a proposição prevê a criação de uma coordenação executiva e uma secretaria de apoio para o CC-SBTVD. A primeira seria composta pelo presidente do Comitê, indicado pelo Minicom, e pelos coordenadores da duas câmaras (a segunda é a de Desenvolvimento Industrial e Tecnológico), respectivamente, Alexandre Kieling e Walter Duran. A secretaria virá da indicação de pelo menos um servidor do ministério e serviria para a distribuição de documentos, convocação de reuniões e elaboração de atas e outros assuntos administrativos. Os participantes da reunião também aprovaram medidas para dar a mais ampla publicidade aos debates e às deliberações surgidas neste espaço e aumentar a circulação de informações entre seus integrantes.
Diretrizes polêmicas
Se houve consenso na questão organizativa e de competência, o mesmo não se pode dizer sobre o detalhamento das ‘ações’ e ‘diretrizes fundamentais’ a serem propostas pelo CC-SBTVD. Por conter pontos polêmicos, o outro documento discutido na tarde de terça-feira deverá receber emendas na próxima reunião, cuja data ainda não está prevista. A principal divergência em relação à proposta da Câmara de Conteúdo ficou por conta dos radiodifusores e dos fabricantes de produtos eletro-eletrônicos. Eles não querem especificar as definições e implementações do processo de digitalização a serem adotadas conjuntamente pelas plataformas de televisão aberta, de rádio e as três modalidades de TV por assinatura (cabo, MMDS e DTH). Entre outras diretrizes, o documento propôs ainda:
* a observância das necessidades sociais de conteúdo no sentido de promoção da formação cultural e da cidadania, educação e capacitação, além de entretenimento e lazer;
* a complementaridade dos sistemas Privado, Estatal e Público;
* a especificação das cadeias produtivas, base de financiamento e de sustentabilidade dos três sistemas;
* o planejamento paralelo dos sistemas de transporte e distribuição de conteúdo;
* distinções entre conteúdo de comunicação social e outras aplicações;
* a especificação dos recursos de interatividade a serem desenvolvidos, viabilizando não somente aplicações comerciais e relações de consumo, mas também aplicações voltadas para educação, cultura e cidadania;
* a disponibilização dos canais comunitários, universitários e dos Poderes Legislativos, Judiciário e Executivo em cada área de prestação do serviço.’
FUTEBOL NA TV
‘Brasileirão movimenta R$ 430 milhões’, copyright Valor Econômico, 20/12/04
‘O Campeonato Brasileiro de Futebol, série A, rendeu aos 24 clubes que disputaram a competição neste ano cerca de R$ 430 milhões entre contratos de transmissão dos jogos pela TV, publicidade em torno dos gramados, bilheteria e patrocínio no uniforme.
O resultado mostra que a principal competição do país do futebol ainda está anos-luz de distância das cifras movimentadas na Europa. O clube inglês Manchester United faturou sozinho o equivalente a R$ 891 milhões (169,1 milhões de libras) em 2004, mais que o dobro do que conseguiram os 24 clubes da elite do futebol brasileiro.
Da TV, incluindo o sistema pay-per-view, os clubes receberam cerca de R$ 295 milhões, de acordo com dados do Clube dos 13, a entidade que representa as equipes nas negociações com a TV Globo, atual detentora dos direitos de transmissão do torneio.
Para 2005, a estimativa do Clube dos 13 é de que essa renda alcance R$ 370 milhões, crescendo 25% sobre a deste ano. Em relação a 2003, os números conhecidos indicam que só houve aumento de receita nas transmissões pay-per-view, que representam em torno da sexta parte das receitas totais. Essa receita cresceu cerca de 17%, passando de R$ 60 milhões para R$ 70 milhões.
O diretor-executivo do Clube dos 13, Mauro Holzmann, calcula que a parcela dos clubes significa 40% da receita total do sistema pay-per-view, que teria sido de R$ 175 milhões no ano. Ele disse esperar aumento da receita do pay-per-view em 2005, mas não quis arriscar um número. ‘Não é simples, porque a base de assinantes (da Net, responsável pelas transmissões) está estagnada’, justificou.
A renda da bilheteria, segundo dados da Confederação Brasileira de Futebol, somava R$ 49,3 milhões até a 44ª das 46 rodadas da competição, com uma média de R$ 93,375 mil por jogo e um público médio de 7.899 pessoas por partida. Desse valor, nem tudo vai para os clubes. A participação deles varia de acordo com o local onde o jogo é disputado, chegando, no máximo, a 75% da renda, segundo cálculos da CBF.
O patrocínio no uniforme, terceira fonte de renda básica dos clubes (exceto negociações de jogadores) rendeu no ano uma média de R$ 3,5 milhões por clube, segundo cálculos de especialistas, o que significa R$ 84 milhões para as 24 equipes. Somados patrocínios, publicidade, TV e bilheteria, o total chega a R$ 428,3 milhões. O patrocínio no uniforme é muito variável, dependendo do tamanho e popularidade do clube.
O Flamengo, que tem a maior torcida do Brasil, é dono da cota mais polpuda, cerca de R$ 12 milhões por ano da Petrobras. O Corinthians recebeu neste ano cerca de R$ 8 milhões da Pepsi-Cola. Segundo o superintendente de marketing da Unimed, Marcelo Giannubilo, a empresa pagou ao Fluminense cerca de R$ 7,2 milhões neste ano, mas isso ocorreu porque a Unimed resolveu bancar o direito de imagem (na prática, os salários) de cinco jogadores, entre eles, Romário e Edmundo. Para 2005, o patrocínio cai pela metade.
Alguns clubes considerados menores, segundo cálculos de especialistas, não chegam a receber R$ 2 milhões por ano em termos de patrocínio no uniforme.
A renda da TV, exceto pay-per-view, teve variação pequena em relação a 2003, já que, segundo o Clube dos 13, o contrato tinha valor fixo de US$ 70 milhões por ano no período 2002-2004. Holzmann, do Clube dos 13, disse que um clube da primeira divisão do futebol brasileiro tem orçamento anual médio de R$ 30 milhões, o que significa um total de R$ 720 milhões para os 24 que disputaram a série A de 2004. Isso significa que eles precisarão ter conseguido aproximadamente R$ 300 milhões de outras fontes (como negociações de jogadores e participações em outras competições) para fechar o orçamento do ano.
Com uma parcela em torno de 12% da receita gerada pelo Campeonato, a bilheteria é o calcanhar-de-aquiles do futebol brasileiro. Segundo estimativa feita por Marco Aurelio Klein, diretor de programas do Ministério dos Esportes, nos principais campeonatos nacionais da Europa a renda de bilheteria gira em torno de um terço da receita total da competição. O número final da bilheteria da competição deste ano deverá fechar muito próximo ao de 2003, que alcançou R$ 53,5 milhões. O preço do ingresso (sem promoções) subiu de R$ 10 para R$ 15, mas a média de público caiu de 10.342 para os 7.899 (até a 44ª rodada), uma redução parcial de 23,6%.
O diretor técnico da CBF, Virgílio Elísio, disse que a entidade deverá contratar uma consultoria para estudar as razões da queda de público médio neste ano, já que, na sua avaliação, a fórmula de disputa do campeonato, por pontos corridos, já se consagrou como a mais justa no sentido de premiar a competência da equipe que acumula o maior número de pontos ao final das 46 rodadas (42 em 2005, porque o número de clubes foi reduzido de 24 para 22). Este ano foi o segundo em que o campeonato foi disputado no formato de pontos corridos.
Para Elísio, uma das causas é o fato de os clubes que, geralmente, levam maiores públicos aos estádios, como Flamengo, Corinthians e Vasco, terem passado todo o campeonato fora da disputa pelo título.
Ainda assim, as empresas continuam apostando no esporte. A Rede Globo renovou todos os contratos de patrocínio para 2005 com Alpargatas, AmBev, Itaú, Coca-Cola e Vivo. A emissora informou que comercializa o Campeonato Brasileiro como parte de um pacote que cobre os principais torneios e campeonatos de futebol do Brasil, incluindo os jogos da Seleção Brasileira, durante um ano inteiro. São oferecidas cinco cotas exclusivas de patrocínio com 1.821 inserções, no valor de R$ 76,5 milhões.’