Sunday, 22 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1319

Louise Jury


‘DO ‘INDEPENDENT’. Para gerações de crianças, Willy Wonka sempre foi Gene Wilder. O maluco dono da fábrica de chocolate criada por Roald Dahl foi encarnado por Wilder na tela grande em 1971, e o filme se tornou um clássico do cinema infantil, amado pelas crianças.


Assim, a reação foi de calafrios quando se anunciou que Johnny Depp, com seu rosto escultural, iria assumir o papel sob a direção de Tim Burton, criador de ‘Edward Mãos de Tesoura’. O próprio Wilder acusou os produtores do novo filme de só pensar em dinheiro. ‘São apenas algumas pessoas sentadas por aí, pensando: ‘Como podemos faturar mais um pouco?’, disse o ator em entrevista amarga concedida no mês passado. ‘Não vejo para quê voltar atrás e fazer tudo de novo.’


No entanto, Felicity (conhecida como Liccy) Dahl, a viúva de Roald Dahl, e outros membros da família do escritor acreditam que o novo ‘Fantástica Fábrica de Chocolate’ teria conseguido a bênção de Dahl e que poderá superar a versão açucarada de 1971. ‘Ele a teria adorado’, disse Liccy, após assistir ao novo filme. Consta que Dahl teria ficado decepcionado com o filme original, entre outras razões porque queria que o mais excêntrico Spike Milligan fizesse o papel de Wonka.


As sugestões anteriores de refazer o filme sempre caíram diante dos obstáculos difíceis erguidos pelos herdeiros de Dahl, que, num indicativo do poder que possuem, tiveram direito pleno de aprovação dos novos diretor, roteiro e atores principais. A Warner Brothers já detinha os direitos sobre a refilmagem havia oito anos, mas foi só quando Tim Burton, Johnny Depp e Freddie Highmore (o ator mirim aclamado por ‘Em Busca da Terra do Nunca’), no papel de Charlie, uniram suas forças que a família deu luz verde ao novo projeto.


É claro que a perspectiva de ter Tim Burton na direção era interessante. Com seu catálogo passado de filmes sombrios e heterodoxos, como ‘O Estranho Mundo de Jack’ e ‘Os Fantasmas se Divertem’, o diretor parecia estar mais próximo a Roald Dahl, em espírito, do que era Mel Stuart três décadas atrás. Aliás, Johnny Depp descreveu Tim Burton e Roald Dahl como ‘uma união acordada no céu’.


Mais importante ainda, Amanda Conquy, responsável pelo patrimônio literário de Dahl, insiste que os herdeiros não vêem o novo filme como remake do primeiro. ‘Nós o vemos como um novo filme baseado no livro ‘A Fantástica Fábrica de Chocolate’, diz ela.


A Warner ainda vende o DVD de ‘A Fantástica Fábrica de Chocolate’ original, que é imensamente bem-sucedido, especialmente nos EUA, onde é cult entre o público infantil. Segundo Conquy, porém, é hora de esse livro clássico ganhar uma nova versão para o cinema: ‘O filme já tem mais de 30 anos, e o livro tem 40. É hora de ele ser reinterpretado. O que gostamos em Tim Burton é que ele é muito criativo. Seu senso visual é fantástico, e isso é algo que a fábrica de chocolate exigia.’


Fontes sugerem que o orçamento muito maior do filme atual -teria ficado entre 50 milhões e 80 milhões de libras (entre R$ 205 milhões e R$ 328 milhões)- tornou possível à nova versão ser mais fiel ao livro original. Os sets de filmagem foram maiores e incluíram um rio de 192 mil galões de chocolate derretido criado com efeitos especiais. Em 1971, os criadores do primeiro filme substituíram por uma máquina os esquilos da fábrica de chocolate que classificavam as nozes, mas Burton mandou treinar 40 esquilos reais durante semanas para que pudessem quebrar nozes e colocá-las na esteira transportadora.


‘Não quero jogar os sonhos infantis de ninguém por terra’, disse Burton, ‘mas a verdade é que o filme original era água com açúcar. Eu curti ‘Charlie and the Chocolate Factory’ porque respeitava o fato de que crianças podem ser adultos. Foi uma das primeiras vezes em que se viu uma obra de literatura infantil mais sofisticada e que tratava de questões e sentimentos mais sombrios. Existem coisas muito sinistras que fazem parte da infância.’


Tradução de Clara Allain’


 


Antonio Gonçalves Filho


‘Doce fantasia de um visionário maluco’, copyright O Estado de S. Paulo, 22/7/05


‘Roald Dahl era maluco por doces. Em sua infância, passava horas cobiçando a vitrine de uma loja de chocolates caseiros perto de sua casa. Por essa época, duas fábricas de guloseimas disputavam a preferência popular na Inglaterra, a Cadbury e a Rowntree. Como se descobriria depois, a espionagem industrial rolava solta em ambas, obrigando os donos a contratar detetives para seguir seus funcionários, suspeitos de roubar receitas. Logo se vê que Dahl não precisou usar muito a imaginação para criar seu livro infantil mais popular, A Fantástica Fábrica de Chocolate, agora relançado pela editora Martins Fontes na esteira do sucesso do filme de Tim Burton. Embora com ligeiras modificações no original – a inclusão do personagem do pai de Willy Wonka, por exemplo -, o filme é bastante fiel ao livro, que sofreu alterações da primeira edição (1964) para a segunda (1973) por força das críticas dirigidas a Dahl.


Entre seus detratores, mais de um crítico chegou a acusar Dahl de racista e colonialista, por retratar pigmeus de uma floresta selvagem como felizes escravos do dono de sua fábrica de chocolate. Para quem não conhece a história, o solitário e voluntarioso Willy Wonka, maior fabricante do mundo em sua categoria, descobre que os pigmeus de Lumpalópolis, chamados de umpa-lumpas, adoram cacau. Justificando a fama colonialista dos ingleses, Wonka atrai os pigmeus para sua fábrica, manda todos os funcionários caucasianos para o olho da rua e passa a explorar o trabalho escravo quando ameaçado de falência pelos concorrentes que roubaram suas receitas. Os gulosos umpa-lumpas seriam, então, maus exemplos de servidão voluntária para a criançada, segundo os críticos.


Em sua defesa, Willy Wonka poderia alegar que não arrastou nenhum umpa-lumpa para a sua fábrica. Às crianças que o visitam ele revela como foi o encontro com o chefe da tribo e sua oferta para atrair os pigmeus: pagar seus salários em chocolate. No novo filme, tentando convencer o lúmpen Charlie a herdar seu doce império, o milionário Wonka apela ao pequeno com o infalível argumento paternalista: ‘Quem, afinal, vai cuidar dos umpa-lumpas quando eu estiver morto?’ É certo que Tim Burton não fez de seus pigmeus vítimas da globalização nem metáforas dos imigrantes nanicos do Terceiro Mundo, explorados por gigantes do Primeiro, mas sua versão é bem mais sinistra que a de Mel Stuart (de 1971) com Gene Wilder.


Primeiro, a exemplo de Roald Dahl, Burton nunca teve pudor em ceder ao dualismo infantil. As crianças egoístas, gulosas, invejosas e desobedientes são punidas com severidade. No filme, como no livro, das cinco convidadas a visitar a fábrica fechada de Wonka – bunker industrial que desperta a curiosidade de todos – apenas uma, Charlie, escapa dos castigos impostos pelo perturbado proprietário. Charlie é pobre, bom e solidário. As outras quatro crianças que acharam o cupom dourado (garantia de acesso à fábrica) são criaturas da ‘ruling class’, monstros dominados pela ganância e maldade. Saem punidas da traumática visita. Esse cupom, signo da distinção, acaba por se revelar uma indesejável passagem para o inferno.


Burton não reprime seu sadismo gótico. Já o filme antigo com Gene Wilder, roteirizado por Roald Dahl e abjurado pelo próprio autor, era apenas uma fantasia musical sem chances de leitura política ou filosófica. O de Tim Burton, até pelas referências explícitas a Stanley Kubrick (a barra de chocolate que vira o monólito de 2001, uma Odisséia no Espaço), permite vôos mais altos. O do elevador transparente usado por Wonka, por exemplo. Ele se move em todas as direções, mas o dono da fábrica só tem coragem de ensaiar uma escala ascensional ao lado de Charlie, como se essa viagem para o céu fosse permitida apenas aos humilhados e ofendidos.


O monólito vira, no filme de Burton, o signo do mistério que separa os mortais de um território inexpugnável (o paraíso de chocolate de Wonka, interdito como o paraíso perdido). Seguindo o exemplo de Dahl, o mérito de Burton é tratar de temas profundos com a simplicidade das crianças. Nele há lugar para o humor, o grotesco, a crueldade e o absurdo. Ambos, livro e filme, criaram uma ponte onde antes existia um abismo: o da comunicação entre gente graúda e miúda.’


 


AMÉRICA


Keila Jimenez


‘‘América’ aborda pedofilia’, copyright O Estado de S. Paulo, 22/7/05


‘Glória Perez resolveu aumentar o pacote de causas polêmicas levantadas em seus folhetins: vai tratar de pedofilia em América. O personagem Rique (Matheus Costa), filho dos personagens de Simone Spoladore e Rodrigo Faro no folhetim, será alvo de um pedófilo. O menino, que há tempos está se comunicando com um amiguinho virtual pela internet, Bill, resolve encontrar com ele – escondido de seus pais- no shopping.


Em cena prevista para ir ao ar hoje, Rique chega ao shopping e encontra um homem, que se diz pai de Bill, vivido pelo ator Jaime Leibovitch. O desconhecido, que na verdade é um pedófilo acostumado a fisgar suas vítimas pela internet, convence Rique a ir até sua casa para encontrar com seu filho, mas a tentativa acaba frustrada pois eles são interceptados por Sol (Deborah Secco), que pega Rique e o leva de volta para a pensão sem notar o perigo que o menino corria.


Mas o criminoso não irá descansar. Tentará de novo levar Rique para sua casa nas cenas que irão ao ar a partir de segunda. Dessa vez, Rique será salvo por um alarme de incêndio.


A autora adianta que Rique não chegará ser molestado, mas que resolveu mexer em um tema tão polêmico para abrir os olhos dos pais para uma crime que vem ocorrendo com freqüência.


Para tratar o assunto de forma delicada, alertando as famílias para uma das formas de abordagem desses criminosos, Glória contou com a assessoria do promotor de Justiça Romero Lira, especialista em casos de pornografia infanto-juvenil na internet, e da escritora Ilana Casoy. A intenção da autora é também a de divulgar a Campanha Nacional de Combate à Pedofilia na Internet.’


 


BELÍSSIMA


Laura Mattos


‘Novela estréia com desfile de cenários paulistanos’, copyright Folha de S. Paulo, 22/7/05


‘O autor Silvio de Abreu quer deixar claro já no primeiro capítulo de ‘Belíssima’, que substitui ‘América’, sua intenção de fazer uma novela realmente paulistana.


No primeiro capítulo, marcado para 7 de novembro, haverá um verdadeiro desfile dos principais cenários da capital onde se passará a trama. Avenida Paulista, Masp, Ibirapuera, vale do Anhangabaú, estádio do Pacaembu, entre outros, serão mostrados em cenas com modelos famosas.


Tudo começa com o aniversário de 50 anos da fábrica de lingerie Belíssima, da empresária Bia Falcão, interpretada por Fernanda Montenegro. Para uma campanha de marketing, ela decide colocar modelos trajando lingerie em locais públicos, o que gera tumulto e polêmica. As cenas foram gravadas à época da São Paulo Fashion Week a fim de aproveitar a presença na cidade de tops da passarela como Isabeli Fontana, Carol Trentini, Caroline Ribeiro, Talyta Pugliesi e Michelle Alves. Essa última, conhecida por ser uma das dez modelos mais bem pagas do país e namorada de um amigo de Madonna, gravou de sutiã no ponto mais alto do estádio do Pacaembu, com direção de Denise Saraceni.


Reconhecido pelas novelas ambientadas em São Paulo, Silvio de Abreu quer marcar ‘Belíssima’ como a mais paulistana de suas tramas. Para isso, conseguiu que a Globo grave cenas externas da cidade com mais freqüência do que nas anteriores. Começam em agosto as gravações com o elenco.


Além de Fernanda Montenegro, estarão na novela Glória Pires, Claudia Abreu e outros.’


 


TELESUR


Joaquim Ferreira dos Santos


‘Terceiro mundo’, copyright O Globo, 22/7/05


‘Estréia domingo, às 13h, a Telesur, canal internacional via satélite de Hugo Chávez. Na estréia, um debate entre o venezuelano, Fidel Castro e o argentino Nestor Kirchner. Um grupo de resistentes comprou um receptor de R$ 950 e fará uma sessão especial para assistir ao programa na quadra da Vila Isabel. A TV Alerj reprisará a discussão durante a semana.’