‘Não faltam motivos para pedir o empixamento do presidente. Não do Lula, do Bush. Um memorando sobre o clima pró-guerra em Washington preparado para uma reunião do gabinete inglês em 2003 e publicado agora diz com todas as letras que o governo Bush estava ‘arranjando’ informações para justificar uma invasão do Iraque. O arranjo incluía dados sobre armas de destruição em massa que não existiam e referências a uma compra pelo Iraque de urânio da África que não houve. Quem disse que não houve a compra foi o próprio encarregado pelo governo Bush de verificá-la, Joseph Wilson, que não só a negou como depois escreveu um artigo denunciando o fato quando o governo, mesmo assim, encampou a informação falsa. Para se vingar, a Casa Branca, através do principal estrategista político de Bush, Karl Rove, tentou desacreditar Wilson, passando para o colunista conservador Robert Novak que ele era mandado pela mulher, uma agente da CIA. Novak publicou a inconfidência com o nome da mulher e cometeu um crime, pois é proibido revelar a identidade de agentes da CIA. Não foi processado por isto, estranhamente. Processados foram dois repórteres, da revista ‘Time’ e do ‘New York Times’, que tocaram no mesmo assunto e se viram intimados por um juiz a revelar a origem da informação. O repórter da ‘Time’ dedou Karl Rove. Investiga-se a responsabilidade de Rove no episódio e Bush ainda não deu sinal do que irá fazer com um (para todos os efeitos legais americanos) delator dentro da Casa Branca, com acesso a todos os segredos de Estado. Assim, uma fofoca e um legalismo ameaçam a confiança no presidente mais do que sua responsabilidade pela morte de quase 2 mil soldados americanos e dezenas de milhares de civis iraquianos, até agora, numa guerra arranjada.
Mas tudo isto é só um preâmbulo para comentar o curioso caso de Judith Miller, a repórter do ‘New York Times’. Ao contrário do seu colega da ‘Time’, Judith se recusou a nomear sua fonte e foi presa. Ela foi muito criticada porque na fase da preparação para a guerra se tornou quase que uma porta-voz de Ahmed Chalabi, o escroque que produziu muitas das falsas razões para os americanos atacarem o Iraque. O próprio ‘New York Times’ reconheceu depois, oficialmente, que tinha sido manipulado por Chalabi e seu grupo. Miller, uma veterana do jornal e vencedora de um Prêmio Pulitzer, nunca foi punida, mas sua reputação no meio jornalístico sofreu e ela era apontada como exemplo da submissão de boa parte da imprensa americana ao clima guerreiro fabricado pelo governo Bush, na época do arranjo. Agora, preservando a sua fonte e protegendo o direito do jornalista à confidência total, Judith Miller é a heroína da classe. Não ficará muito tempo na cadeia – apenas o suficiente para se redimir.’
NEWS CORPORATION
‘Filho de Murdoch deixa comando da News Corporation’, copyright O Estado de S. Paulo, 30/07/05
‘Lachlan Murdoch, de 33 anos, filho do bilionário das comunicações Rupert Murdoch, renunciou ontem ao comando da News Corporation, um dos maiores conglomerados de mídia do mundo, causando surpresa nos mercados financeiros, segundo agências internacionais. A News Corporation, além da Fox (o canal de televisão fechada e filmes), controla a DirecTV, a Sky e jornais tradicionais como o New York Post e o inglês The Times.
No mês passado, ao receber o prêmio de Homem de Mídia do Ano do Festival Internacional de Publicidade de Cannes, Lachlan Murdoch não deu o menor sinal de que viria a tomar uma decisão como essa. Ao contrário, o filho de Rupert Murdoch fez questão de ressaltar, na cerimônia de entrega dos famosos leões de Cannes, que estava conduzindo a News Corporation com a visão do futuro. Ele disse que apostava na integração dos meios de comunicações e de tudo o que envolvesse o rápido consumo de conteúdo.
O empresário também defendeu, em Cannes, a interatividade no uso de conteúdo como o cinema, ressaltando os produtos da Fox Films que começaram a seguir essa linha, de olho em licenciamentos para a indústria, conteúdo e jogos, muito além das telas do cinema.
Em comunicado, Lachlan informou ontem que vai se dedicar à família e a projetos pessoais na Austrália. Rupert Murdoch divulgou outro comunicado, lamentando a decisão. ‘Estou particularmente triste pela decisão do meu filho, mas agradeço a ele por sua grande contribuição à companhia’, disse o magnata.
Lachlan entrou para os quadros da News Corporation em 1994, chegando a ocupar o posto de editor do New York Post, que modernizou, imprimindo conteúdo mais jovem e abrindo espaço para a interatividade na internet. No momento, ele tocava o projeto de sinergia das empresas do grupo, de olho em novas frentes de negócio.
‘Queria agradecer especialmente a meu pai por tudo o que me ensinou, tanto nos negócios, como na vida. Está na hora de aplicar essas lições na fase seguinte da minha carreira’, declarou Lachlan ao sair de cena. Pelo menos, por enquanto.’
Folha de S. Paulo / Financial Times
‘Filho de Murdoch deixa News Corp’, copyright Folha de S. Paulo / Financial Times, 30/07/05
‘Lachlan Murdoch, o filho mais velho de Rupert Murdoch e herdeiro aparente do magnata da mídia, anunciou ontem que está deixando suas funções executivas na News Corporation para voltar à Austrália.
A medida, que executivos da News Corp consideraram um choque, pareceu afetar profundamente Rupert Murdoch, 74. Em rara demonstração de emoção, o presidente da empresa, que não escondia o desejo de transmitir um dos maiores grupos de mídia do mudo para os filhos, se disse ‘particularmente entristecido’.
A saída de Lachlan, 33, aumenta a probabilidade de que Peter Chernin, o respeitado chefe de operações da News Corp, suceda a Murdoch como chefe do grupo, que inclui jornais, os estúdios Fox, a TV Fox News e serviços de TV a cabo e via satélite em todo o mundo.
‘Os investidores estavam preocupados com a questão do nepotismo na News Corp’, disse Richard Greenfield, analista da Fulcrum. ‘A saída de Lachlan não mudará muita coisa. Mas está claro que agora o mais provável sucessor é Chernin.’
James Murdoch, 32, irmão de Lachlan e principal executivo da British Sky Broadcasting, é agora o único dos seis filhos de Murdoch com um papel proeminente na News Corp. Ele deve seguir dirigindo o negócio de TV paga no Reino Unido.
Lachlan Murdoch, que como vice-chefe de operações supervisionava o jornal ‘The New York Post’, jornais australianos, empresas de televisão e a editora HarperCollins nos EUA, continuará no conselho da News Corp. Ele disse que voltará de Nova York para a Austrália, local do quartel-general corporativo da News Corp, para passar mais tempo com sua família.’
SUICÍDIO NO MIAMI
‘Morte No Miami Herald’, copyright Direto da Redação (http://www.diretodaredacao.com/b
r), 28/07/05
‘Um homem se matou com um tiro na cabeça hoje à tarde no lobby do edifício do jornal The Miami Herald no centro de Miami.
Não era um mendigo vindo das ruas insuportavelmente quentes do centro da cidade, nem um ex-repórter desempregado e endoidecido. Era um político chamado Arthur Teele, um dos principais administradores da cidade de Miami até o ano passado.
Teele tinha sido oficialmente acusado de fraude, lavagem de dinheiro e outros crimes de corrupção semana passada. Se condenado, Teele poderia pegar de 10 a 20 anos de cadeia por cada uma das acusações, 26 delas no total.
O Miami Herald tinha publicado algumas matérias sobre Teele, as acusações e a reação da família dele. Porém, foi um outro jornal, o Miami New Times, que estava se preparando para publicar uma matéria de capa acusando Teele não só de corrupção, mas também de envolvimento com tráfico de drogas, várias amantes e até garotos de programa.
É sensato dizer que Teele não aguentou a pressão. Mas as razões pelas quais ele decidiu se suicidar naquela hora e naquele local ainda são um mistério e talvez serão para sempre.
Talvez Teele tivesse considerado a localização do Miami Herald, em pleno centro de Miami, em conjunção com o fato que o jornal está entre os dez de maior prestígio no país. Uma maneira de chamar atenção na hora da morte e mandar uma mensagem para a imprensa, de como jornalistas podem destruir a vida de um homem ao revelar informações dolorosas e trágicas – porém muitas vezes necessárias para defender os interesses dos cidadãos.
A verdade, como o suicídio de Teele, nem sempre é bela. Entretanto, a verdade é o dever dos jornalistas.
Enquanto muitos jornalistas já fabricaram estórias, outros já foram presos ou morreram corajosamente para defender a verdade. Agora, com o suicídio de Teele, o jornalismo pode ter levado mais um tiro, depois de ter sido condenado pela ‘injustiça’ americana por simplesmente proteger suas fontes.
Enfim, o que se sabe por certo é que Teele havia falado várias vezes por telefone com um colunista do Miami Herald chamado Jim DeFede, que o conheceu há 14 anos, bem antes dos escândalos de corrupção. A última chamada, na qual Teele avisava a DeFede que ia deixar uma encomenda para ele no edifício, aconteceu alguns minutos antes de sua morte.
O Miami Herald conta que, vestido de terno e gravata, Teele entrou no edifício às seis da tarde, apertou a mão do guarda e pediu que passasse uma mensagem a DeFede. Depois tirou a arma de uma bolsa, apontou-a para a cabeça e esperou a polícia chegar para apertar o gatilho contra si mesmo. Cerca de uma hora e meia depois, foi declarado morto no hospital.
Com tudo isso, a mensagem que Teele deixou para DeFede não tinha nada a ver com indiscrições jornalísticas. Segundo o guarda, Teele disse mais ou menos a seguinte frase:
‘Fale para ele dizer à minha esposa que a amo.’’
IRAQUE
‘Julgamento de Saddam será televisionado’, copyright Folha de S. Paulo, 1/08/05
‘O julgamento do ex-ditador do Iraque, Saddam Hussein, deverá ter início em outubro e será transmitido pela televisão, afirmou ontem o conselheiro de segurança nacional do país, Mowaffak Al-Rubaie.
‘Vamos dar um exemplo para o mundo árabe. Será um julgamento justo e todos poderão assistir pela TV’, disse Al-Rubaie ontem, durante uma entrevista à rede americana CNN.
Saddam Hussein, 68, será julgado pelo massacre de muçulmanos xiitas ocorrido em 1982 num vilarejo ao norte de Bagdá.
Al-Rubaie disse também acreditar que o julgamento começará antes do dia 15 de outubro.
Ontem a comissão que está redigindo a nova Constituição do país informou que os trabalhos estarão concluídos nos próximos dias, acabando com os rumores que sugeriam que haveria um atraso.
‘O projeto da Constituição será entregue à Assembléia Nacional no dia 15 de agosto’, disse Munzer Fazzal, um dos membros da comissão.
Emboscada
Três insurgentes e um policial morreram ontem em Bagdá em um ataque contra a comitiva do vice-primeiro-ministro iraquiano, Ahmad Chalabi.
‘Homens armados prepararam uma emboscada na região de Mahawil (sul de Bagdá), mas Chalabi não estava em nenhum dos carros’, disse Intifadh Qanbar, do partido Congresso Nacional Iraquiano- o mesmo de Chalabi.
Além dos quatro mortos no ataque, pelo menos 20 pessoas morreram em diferentes pontos do Iraque em decorrência da violência que castiga o país.
Quatro mil iraquianos já morreram no país de forma violenta desde o começo de 2005, de acordo com estimativas divulgadas ontem pelo Ministério de Interior do Iraque.
Retirada progressiva
Os EUA pretendem reduzir o contingente de soldados no Iraque, segundo o último número da revista ‘Newsweek’. Segundo o semanário, a idéia é diminuir o número de soldados no país, passando dos atuais 140 mil para 80 mil até 2006.’