Wednesday, 18 de December de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1318

Luis Nassif: carta a dois jornalistas


Leia abaixo a seleção de sexta-feira para a seção Entre Aspas.


 


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Luis Nassif Online


Sexta-feira, 24 de setembro de 2010


 


CARTA


Luis Nassif


Aos jornalistas Rui Nogueira e Marcelo Beraba, 23/9


Prezados Beraba e Rui Nogueira,


hoje sai essa matéria no Estadão: ‘Blogueiro que critica a mídia é contratado da EBC’ , do repórter Leandro Colon.


A própria matéria explica as razões de sua publicação. Segundo ela, ‘desde terça-feira, o jornalista tem destacado em seu blog informações em defesa do protesto contra a imprensa marcado para hoje a partir das 19 horas no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo’. Foi o álibi encontrado pelo repórter Leandro Colon para vender a matéria para seus chefes.


Desde terça-feira, dos cem posts publicados pelo Blog, publiquei dois comentários de leitores sobre o evento. Sem entrar em juízo de valor e sem estimular o encontro – que, acredito, coloca mais lenha na fogueira. Acredito que a melhor crítica à mídia é desnudar os aspectos técnicos das falsas matérias. E não tenho me furtado a isso.


Mas isso é o de menos.


Primeiro, vamos ao email do repórter e aos esclarecimentos que dei:


Prezado Luis Nassif,


O Diário Oficial da União publicou no dia 20 de setembro o extrato de inexigibilidade de licitação da contratação da Dinheiro Vivo Consultoria Ltda pela Empresa Brasil de Comunicação por um valor de R$ 180 mil e vigência de seis meses. Segundo o edital, o contrato foi feito para prestação de serviços de entrevistador e comentarista para o telejornal ‘Repórter Brasil’ e o ‘Programa 3 a 1’.


Abaixo, seguem algumas perguntas sobre o assunto. Gostaria, se possível, que o senhor me respondesse.


– Quantos contratos a Dinheiro Vivo e o senhor têm hoje ou tiveram no passado com a EBC? Quais os valores e prazos de cada um?


Tive um contrato para produção e apresentação do programa Brasilianas que venceu em julho passado. Agora foi assinado um contrato de seis meses para participação no Repórter Brasil e no Programa 3 a 1, prevendo a remuneração de R$ 30 mil mensais.


– Quais tipos de serviços são prestados além do contrato acima citado no início desse e-mail referente ao processo 2201/2010?


Os serviços são aqueles discriminados no contrato: comentários e entrevistas no Repórter Brasil e participação no programa 3 x 1.


– Por que houve dispensa de licitação para sua contratação?


Em televisão – assim como no jornalismo em geral – há dois tipos de trabalho e de profissionais. Um, o trabalho técnico, que pode ser executado por formecedores diversos. Como, por exemplo, trabalhos de gravação, edição, audiovisual. Esse tipo de trabalho comporta licitação.


O segundo, é o trabalho intelectual e a formação de casts, pessoas com reputação em sua área e reconhecimento público, que ajudam a reforçar a cara da emissora. Nenhuma emissora pública – da TV Cultura em São Paulo a qualquer outra, estadual – procede a licitações para a contratação de comentaristas com imagem pública.


Em relação à minha área – comentários econômicos – há muitos e muitos anos fico entre os três jornalistas mais votados na categoria jornalismo de economia, mídia eletrônica – além dos prêmios que recebi como jornalista de economia da mídia impressa.


O mais importante prêmio de jornalismo do país é o Comunique-se – que teve no Estado de S. Paulo um de seus apoiadores. No último Comunique-se – cuja festa final foi ontem – fui classificado para a final de mídia eletrônica ao lado da Mirian Leitão e do Carlos Alberto Sardenberg. No ano passado fui finalista, ao lado do Joelmir Betting e da Mirian Leitão. Presumo que isto explique a notória especialização: ser considerado pelo voto da categoria como um dos quatro jornalistas econômicos de mídia eletrônica mais reconhecidos do país.


Tenho mais uma extensa relação de prêmios, que é de conhecimento do Marcelo Beraba, da Cida Damasco, do Ary Schneider e do dr. Ruy Mesquita. Mais informações sobre minha carreira e minha reputação poderão ser obtidas também com Rodrigo Mesquita, Ruy Mesquita Filho. Poderão falar dos cadernos Seu Dinheiro e Jornal do Carro que leguei para o Jornal da Tarde, por exemplo.


– Quais parâmetros e justificativas usados para os valores cobrados nesse contrato (do processo 2201/2010) e nos demais?


Mesmos valores de contrato recente meu com o Canal Rural – emissora de cabo – e com os valores pagos pela Globonews a seus profissionais.


O repórter sonega a informação de que meu contrato de comentarista obedeceu às mesmas bases do Globonews com seus comentaristas e às mesmas bases do contrato que mantive com o Canal Rural. Não faço parte do Centro de Estudos Barão de Itararé, nem participei de reuniões visando montar essa manifestação. Mesmo porque acredito que ajudará a colocar mais lenha na fogueira.


Mais uma vez o Estadão publica uma não-matéria. Não me surpreenderia se saísse em outro veículo. No Estadão, me surpreende negativamente, pois julgava que restassem resquícios de jornalismo nele.


Sobre jornalistas


Anos atrás, quando me preparava para lançar o livro ‘O jornalismo dos anos 90’, o atual diretor da sucursal do Estadão em Brasília, Rui Nogueira, escreveu-me algo ansioso, pedindo para ler antecipadamente os originais. Enviei.


No email, dizia-me do ambiente da sucursal da Folha nos anos 90, de como eu criticava os abusos – mesmo trabalhando no próprio jornal -, de como a sucursal toda vez tentava me pegar (várias matérias contra mim na própria Folha). Falava-me do seu arrependimento quando caiu a ficha de que minhas críticas estavam corretas e visavam defender o jornalismo. Depois, dizia-me que as críticas ajudaram no seu próprio amadurecimento jornalístico após a constatação de que eu estava correto em investir contra esse tipo de jornalismo que encontrava qualquer álibi para fuzilar adversários.


De lá para cá, muita água rolou. Rui passou pelo Primeiro Leitura, foi sócio, acompanhou os problemas da revista, enviou propostas ao Palácio Bandeirantes, na tentativa de manter a revista em pé e conseguiu resolver uma série de passivos que a revista tinha com a Prefeitura de São Paulo e fornecedores. Nunca indaguei como saiu do sufoco das dívidas remanescentes. Mas fiquei solidário por conhecer, na pele, as dificuldades de tocar empresas jornalísticas pequenas.


Voltou ao jornalismo diário, assumiu a direção da sucursal de Brasília do Estadão e escreveu para o jornal uma resenha do livro ‘O país dos petralhas’, de seu ex-sócio Reinaldo Azevedo, recomendando que fosse adotado pelas cadeiras de ética das Universidades. E, agora, retoma o mesmo modelo da Folha. Identifica um inimigo e usa qualquer arma para atingi-lo, inclusive transformar uma informação corriqueira em escândalo. O mesmo esquema anterior do qual participou, abjurou e voltou a fazer.


De Beraba, me pergunto qual seria a posição do melhor ombudsman que a Folha já teve, ao analisar a não-matéria do Estadão. O que diria da sonegação da informação de que o contrato obedeceu às mesmas bases da Globonews e do Canal Rural? Ou da explicitação, na própria matéria, de que o motivo de sua publicação foi minha suposta participação no movimento contra os abusos da mídia? Como explicaria uma não-matéria sendo transformada em escândalo?


Do Leandro Colon, pouco a observar. Faz parte do grupo de repórteres dos quais os jornais se valem, quando pretendem acertar contas com alguém.


Nesses tempos de cólera, esperava-se apenas que jornalistas experientes, com biografia, zelassem pelo bom jornalismo e pela reputação não apenas dos veículos em que trabalham, mas da sua própria reputação.


 


 


 


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Folha de S. Paulo


Sexta-feira, 24 de setembro de 2010


 


MÍDIA E POLÍTICA


Imprensa finge que não tem lado, diz Lula


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar a imprensa ontem.


‘A imprensa brasileira deveria assumir categoricamente que ela tem um candidato e tem um partido. Seria mais simples, mais fácil. O que não dá é para as pessoas ficarem vendendo uma neutralidade disfarçada’, afirmou ao portal ‘Terra’.


‘Muitas vezes fica explícito no comportamento que eles têm candidato e gostariam que o candidato fosse outro. (…) Acho que seria mais lógico, mais explícito. Mas eles preferem fingir que não têm lado e fazem críticas a todas as pessoas que criticam determinados comportamentos e determinadas matérias’, disse.


Lula disse ainda que é ‘absurdo’ falar em falta de liberdade de imprensa. ‘Duvido que exista um país na face da Terra com mais liberdade de comunicação do que neste país, da parte do governo.’


‘Agora, a verdade é que nós temos nove ou dez famílias que dominam toda a comunicação desse país. A verdade é que você viaja pelo Brasil e tem duas ou três famílias que são donas dos canais de TV. E os mesmos são donos das rádios e os mesmos são donos dos jornais.’


As críticas de Lula refletem a estratégia eleitoral petista em relação à mídia. O objetivo é que ele entre em cena para fazer ‘fogo de encontro’.


Como não é candidato, Lula aproveita sua popularidade para comprar brigas diretas e preservar sua candidata, Dilma Rousseff (PT).


Ontem, pesquisa Datafolha revelou que aumentou a possibilidade de segundo turno. A vantagem de Dilma sobre a soma dos adversários caiu cinco pontos. Ela tem 49%, contra 42% dos outros.


DILMA E SERRA


Ontem, Dilma evitou criticar o ato, apoiado pelo PT, contra o ‘golpismo da mídia’. ‘Eu não sou contra ato nenhum. Acho que os atos, a gente tem que conviver. Não tentem que eu vá desautorizar qualquer manifestação, que eu não vou’, afirmou.


O tucano José Serra disse em Sinop (MT) que as críticas de Lula à publicação de ‘notícias sobre maracutaias’ representam ‘um cerco, um verdadeiro combate’ à liberdade de imprensa.


‘Tem gente que defende a liberdade da imprensa, mas só quando a imprensa fala bem’, disse. Para Serra, a liberdade de imprensa ‘incomoda aos donos do poder’.


 


 


Manifestantes fazem ato contra a imprensa em SP


Centrais sindicais, entidades de militância pró-governo, representantes de partidos políticos e jornalistas fizeram manifestação ontem à noite de ‘resistência às ações eleitorais’ que consideram estar sendo promovidas por veículos de imprensa.


O evento, na sede do Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, reuniu cerca de 300 pessoas no auditório e outras 200 do lado de fora, segundo os organizadores.


O jornalista Altamiro Borges, do Centro de Mídia Independente, leu um manifesto em que afirmou que o ato não tinha como objetivo atacar a mídia, mas criticar os veículos que estariam praticando ‘golpismo midiático’.


O manifesto defende uma investigação dos contratos de publicidade de grandes empresas como a Editora Abril, a Folha e o jornal ‘O Estado de S. Paulo’ e pede que essa apuração seja feita pela vice-procuradora-geral eleitoral, Sandra Cureau.


É resposta ao pedido de informações encaminhado pelo Ministério Público Eleitoral à revista ‘Carta Capital’ sobre os valores da verba publicitária que a publicação recebeu do governo federal nos últimos dois anos, processo administrativo aberto por decisão de Cureau.


Os manifestantes defenderam ainda uma campanha para promover a assinatura dos veículos de mídia que intitulam de ‘progressistas’.


Participaram do ato centrais sindicais e membros do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) e da UNE (União Nacional dos Estudantes), além de representantes de partidos como PT, PC do B, PDT e PSB.


Também estavam presentes a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP), o vereador Jamil Murad (PC do B), o presidente nacional do PC do B, Renato Rabelo, e o jornalista Luiz Carlos Azenha.


CLUBE MILITAR


No Rio de Janeiro, cerca de 300 pessoas, na sua maioria oficiais da reserva das Forças Armadas, aplaudiram críticas duras a tentativas de controle da mídia e da cultura e de aparelhamento estatal, em debate promovido ontem pelo Clube Militar para analisar ‘riscos à democracia’.


Colaborou a Sucursal do Rio


 


 


Secretário de SP organiza evento contra ataques


O secretário de Relações Institucionais do governo paulista, Almino Affonso, organiza um ato ao mesmo tempo de repúdio às declarações críticas à imprensa feitas nos últimos dias pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e em favor do candidato tucano, José Serra.


A manifestação ocorrerá na quarta-feira na praça da República, no centro de São Paulo. Foram convidados políticos e advogados que assinaram o ‘Manifesto em Defesa da Democracia’, lançado anteontem, em ato no Largo São Francisco, em frente à Faculdade de Direito da USP, em São Paulo.


Entre os signatários do manifesto de anteontem estão o arcebispo emérito de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal Carlos Velloso, os cientistas políticos Leôncio Martins Rodrigues e José Arthur Gianotti, os atores Carlos Vereza e Mauro Mendonça, o presidente nacional do PPS, Roberto Freire, além de quatro ex-ministros da Justiça, entre outros.


O texto do manifesto foi lido no ato pelo advogado Hélio Bicudo, que foi um dos fundadores do PT e deixou o partido depois da crise do mensalão, em 2005.


Segundo o texto, ‘é intolerável assistir ao uso de órgãos do Estado como extensão de um partido político, máquina de violação de sigilos e de agressão a direitos’ e ‘é aviltante que o governo estimule e financie a ação de grupos que pedem abertamente restrições à liberdade de imprensa’.


Segundo a Polícia Militar cerca de cem pessoas participaram da manifestação. Os organizadores calcularam que o público ficou entre 1.000 e 1. 500 pessoas.


Affonso disse que o novo ato não terá caráter apartidário: ‘O manifesto não faz referência a Serra, mas reforça sua candidatura. Vamos dar continuidade, com outra cara’.


 


 


ELEIÇÕES 2010


Valdo Cruz e Ana Flor


Debate da Globo terá papel decisivo, avaliam partidos


Petistas e tucanos avaliam que o debate da TV Globo, agendado para a próxima quinta-feira, terá papel decisivo para determinar se a eleição presidencial terá ou não segundo turno.


Depois de quase dar como perdida a eleição, o PSDB avalia que basta Dilma Rousseff (PT) perder mais dois pontos nas pesquisas para que o debate ganhe caráter de definição da eleição.


Entre tucanos, a maior preocupação não está no conteúdo, mas na forma. Serra treinará para ser mais objetivo, concluindo suas respostas dentro do tempo fixado pela emissora.


O comando da campanha de Dilma, do seu lado, vai lançar uma ofensiva na próxima semana para tentar recuperar os pontos perdidos nos últimos dias e chegar ao debate numa situação confortável, evitando pressões sobre a candidata.


Dilma recuou dois pontos na última pesquisa Datafolha, enquanto Marina avançou dois e Serra, um. Com isso, a diferença dela para os adversários caiu de 12 para 7 pontos. Nesse cenário, ela venceria no primeiro turno.


A campanha da petista espera evitar esse cenário com os últimos programas eleitorais, buscando passar a mensagem de que Dilma é a candidata que une o Brasil, com depoimentos de pessoas de todas as classes sociais.


Além disso, será reforçada a comparação entre os governos Lula e FHC, indagando ao eleitor se ele prefere a volta ao ‘passado’ ou a continuidade da gestão petista.


Novas gravações também foram feitas com Lula, para reforçar a ligação entre eles.


O marqueteiro João Santana quer transmitir otimismo na reta final da TV, evitando cair em provocações. As inserções curtas podem ser usadas, no entanto, para rebater eventuais ataques.


Outro cuidado será nas declarações da candidata. A campanha decidiu adotar a tática ‘paz e amor’ usada na campanha de Lula em 2002.


Além de diminuir as críticas da candidata à imprensa e à oposição, o desejo é que o próprio Lula modere o tom.


Desde sábado, quando o presidente abriu fogo ao dizer que órgãos da imprensa ‘se comportam como partidos políticos’, houve uma escalada nas críticas à mídia.


A própria candidata se alterou ao reagir publicamente a uma reportagem da Folha. O entendimento da coordenação é que as críticas tendem a levar à perda de votos. Além disso, há uma preocupação com a relação com a imprensa após a eleição, caso ela vença em 3 de outubro.


 


 


Tucano aposta em evento para ir ao 2º turno


O comando da campanha de José Serra à Presidência aponta sua participação no debate da Globo como decisiva para garantia de segundo turno.


Entre tucanos, a maior preocupação não está no conteúdo. Mas na forma.


O candidato treinará para que conclua suas respostas dentro do tempo fixado pela emissora. Tucanos temem que Serra repita o desempenho do debate da Folha/RedeTV!, quando foi considerado prolixo pelos aliados.


Além do esforço para que Serra seja mais objetivo nas suas respostas, tucanos torcem para que a verde Marina Silva (PV) tenha uma boa performance, atraindo votos de indecisos.


A expectativa é que Marina bata tanto em Serra como na adversária petista, Dilma Rousseff.


 


 


TODA MÍDIA


Nelson de Sá


A maior do mundo


Ao longo do dia, no topo das buscas de Brasil via Google News, a France Presse anunciava ‘uma das maiores vendas de ações que o mundo já viu’. No ‘Financial Times’, ‘a maior emissão de ações na história’. Por aqui, no Valor Online, ‘Ações da Petrobras avançam 5% e impulsionam Bovespa’.


Ao fundo, o site da ‘Forbes’ aconselhava, ‘Compre Brasil, corte S&P’, índice de Wall Street.


Por fim, às 23h na manchete da Reuters Brasil, também no site do ‘Wall Street Journal’ e em outros, ‘a Petrobras arrecadou R$ 120 bilhões com sua oferta primária de ações ordinárias e preferenciais, informou a companhia em registro na Comissão de Valores Mobiliários’. E ‘o valor confirma a operação como a maior já registrada no mundo’.


//OPÇÃO NUCLEAR NO FMI


O representante do Brasil no FMI, Paulo Nogueira Batista, publicou no ‘FT’ o artigo ‘Europa precisa abrir caminho para um FMI moderno’. Alertou para a ‘crise aberta’ com a decisão dos EUA de usar a ‘opção nuclear’, seu direito de veto, para enfrentar a Europa, que não quer ceder poder. Se não ceder, diz Batista, o Fundo cairá em descrédito. O mesmo ‘FT’ noticiou depois que, embora escrevendo em caráter pessoal, o brasileiro ecoava a visão dos emergentes.


//BRIC POWER!


Com o título acima, o site da ‘Foreign Policy’ ecoou declaração do representante da Índia na ONU, de que no ano que vem os quatro Brics estarão juntos no Conselho de Segurança e a ‘coordenação Bric se tornará um fato’. O site se diz ‘cético’ quanto ao novo agrupamento no órgão, ‘mas é bom ficar de olho’.


Em entrevista à agência PTI após a reunião dos Brics em Nova York, o representante indiano lembrou que, com a entrada também da África do Sul no órgão, ‘serão cinco cadeiras em 15, 30% do Conselho’.


PAZ A ‘Economist’ retrata ‘Como a ambição global está ajudando a modernizar o Exército’ no Brasil, que, além do Haiti, ‘vai comandar a missão naval da ONU no Líbano’. Diz que, ‘com a democracia estabelecida, o Exército, que mudou pouco desde a ditadura, precisa encontrar um novo emprego’


PULMÕES Em mais uma cobertura especial com atenção voltada, em grande parte, ao Brasil, a nova ‘Economist’ publica a capa ‘Os pulmões do mundo’ -enfatizando que ‘há esperança para as florestas, mas a humanidade precisa agir rapidamente se quiser que elas sejam salvas’


//EX-DESMATADOR-CHEFE


Em seu primeiro editorial, a ‘Economist’ apoia o mecanismo REDD, de pagamentos aos países em desenvolvimento para manter as árvores, como saída contra o desmatamento. Na reportagem central, James Astill defende ‘os milagres ecológicos que são as florestas, consumidoras de carbono, tesouros de espécies’, e diz que ‘mudar as políticas de destruição, no Brasil e por todo o mundo tropical, é uma tarefa difícil, mas não impossível’.


E na reportagem ‘Menos fumaça, menos ira’ a revista ressalta que o Brasil, ‘por muito tempo o desmatador-chefe, está se corrigindo’. Saúda o menor desmatamento, que credita às novas reservas e ao desestímulo da cana na Amazônia.


//PILOTO AUTOMÁTICO


No exterior, sobre o Datafolha, a Reuters noticiou pela manhã que ‘Rousseff ainda vence no primeiro turno’, mas ‘sua liderança encolheu levemente’. À noite, sobre o Vox Populi, ‘Liderança de Rousseff não muda em pesquisa’.


A mesma Reuters seguiu com os despachos sobre o eventual governo Dilma -destacando a análise ‘Rousseff a caminho de grande maioria no Congresso’ e também o longo perfil, postado por ‘New York Times’ e outros, ‘Dilma Rousseff, o piloto automático do Brasil’. Afirma que a petista, ‘para o bem ou para o mal, não planeja grandes mudanças na política econômica do Brasil’.


 


 


TREINAMENTO


Mineiros chilenos vão fazer ‘media training’


Os 33 mineiros soterrados no Chile desde 5 de agosto vão receber treinamento de mídia para dar entrevista a programas de TV ou jornais.


Eles se tornaram celebridades mundiais por estarem sobrevivendo há mais de um mês soterrados a 700 m de profundidade na mina San José, em Copiapó, cidade no norte do Chile.


Autoridades disseram que os 33 mineiros vão receber treinamento para ajudá-los a lidar com o ataque violento da mídia quando forem resgatados -o que pode acontecer no início de novembro, já que os trabalhos estão mais avançados do que o previsto.


Eles terão instruções, via circuito fechado de televisão, sobre como manter o equilíbrio durante uma entrevista, como pedir ao entrevistador para repetir a pergunta se não entendê-la e sobre a melhor forma de dizer que preferem não responder a determinado questionamento.


As informações foram passadas pelo psicólogo Alberto Iturra, que tem a missão de supervisionar o bem-estar mental e emocional dos mineiros até o resgate.


Os 32 chilenos e um boliviano recebem comida, água, remédios e divertimento por meio de três tubos de suprimentos, que também mantêm linhas de comunicação com a superfície, onde membros da família continuam acampados.


 


 


TELEVISÃO


Laura Mattos


Rejeição a Carolina Dieckmann é mentira, diz Silvio de Abreu


Após participar de um grupo de discussão com telespectadores de ‘Passione’, o autor da novela, Silvio de Abreu, negou que haja rejeição a Diana, personagem de Carolina Dieckmann.


No Twitter e em outros sites, internautas chamam Diana de chata e pedem que ela seja a personagem que será assassinada na novela no próximo mês.


Mas o público da novela, segundo as pesquisas da Globo, pensa diferente. ‘É mentira’, afirmou Silvio de Abreu quando a Folha lhe perguntou se Diana é rejeitada.


A trama que envolve assassinatos começa a ser exibida no capítulo da próxima segunda, quando Bete Gouveia (Fernanda Montenegro) recebe carta anônima afirmando que seu marido (Mauro Mendonça) morreu vítima de um crime e não de infarto.


Para noveleiros, outra novidade. O garoto que Candê (Vera Holtz) queria adotar e sumiu da novela, retornará na próxima semana.


Cheio de hematomas, contará ter sido espancado pela família que o adotou. Candê o acolherá e terá problemas.


COMEÇA O MISTÉRIO


Na segunda, em ‘Passione’, Bete (Fernanda Montenegro) recebe carta em que está escrito, com letras recortadas de jornais, que seu marido foi morto


Fora da realidade Em uma das creches que o ‘Extreme Makeover Social’ reformará, Brunete Fraccaroli, arquiteta celebridade, usará móveis do ambiente que fez na Casa Cor. A mobília chique será da creche de Sumaré (SP). O reality (Record) estreia amanhã.


Astrid na MTV Começa na segunda a programação especial do 20º aniversário da MTV, com 20 programas, um para cada ano do canal. Serão relembrados apresentadores pioneiros como Astrid, Thunderbird, Maria Paula, Rita Lee.


Panela velha Palmirinha, 79, ‘novo’ hipe da TV, fala em entrevista ao ‘Vitrine’ (amanhã, na Cultura), sobre seu recém-criado Twitter e conta que teve até que contratar assessor de imprensa.


Com moderação A Agência Câmara publicou reportagem afirmando que há mais de 200 projetos de lei que criam restrições à publicidade. Grande parte impõe limite a propagandas com bebidas alcoólicas. Para TVs, o temor está principalmente nos que enquadram a cerveja, patrocinadora de futebol, Fórmula 1, Carnaval e outros eventos.


Sem brincadeira Outro foco importante dos projetos são comerciais para crianças. A deputada Aline Corrêa (PP-SP), da Comissão de Seguridade Social e Família, é relatora de quatro propostas de restrição à publicidade infantil e defende que propagandas para esse público só devem ir ao ar após as 18h. As TVs e os anunciantes apoiam que haja apenas a autorregulamentação.


 


 


 


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O Estado de S. Paulo


Sexta-feira, 24 de setembro de 2010


 


TELEVISÃO


Emanuel Soares Carneiro


Os 60 anos da TV brasileira


A televisão aberta brasileira completou 60 anos. Desde a primeira transmissão da TV Tupi, em São Paulo, no dia 18 de setembro de 1950, por uma iniciativa ousada de Assis Chateaubriand, a evolução tecnológica, o arrojo empresarial e o talento dos nossos profissionais fizeram da televisão um case de padrão internacional. Com penetração de 95,7% nos domicílios do País (2009, Pnad/IBGE), este meio popular por vocação tem sido capaz de integrar milhões de pessoas, valorizar as realidades regionais e dar-lhes acesso gratuito a informação, cultura e entretenimento. Seu papel para o fortalecimento da identidade nacional é incontestável.


Nos mais longínquos rincões, cidadãos conectam-se com o restante do Brasil e com o mundo por intermédio de seu televisor e, independentemente de classe social ou nível de instrução, têm acesso às mesmas informações.


Em entrevista à revista Época, em 2006, o sociólogo francês Dominique Wolton afirma que a televisão provocou uma revolução na vida de milhões de pessoas. Para ele, que é um dos mais respeitados especialistas em comunicação no mundo, a televisão ‘produz uma cultura mediana acessível, sensibiliza o telespectador para outras culturas e reflete o mundo contemporâneo’, instigando o cidadão a buscar informação e conhecimento antes ignorados.


Nas palavras de Wolton, a ‘cultura televisiva popular’ é, em síntese, o que as pessoas têm em comum, mas, ao ser repartida entre os pares, fortalece a noção de democracia. Dessa forma, a TV promove um indiscutível processo de evolução social, como observamos no Brasil nas últimas décadas.


Dados de recente pesquisa encomendada à empresa Meta pela Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), sobre o acesso à informação e a formação da opinião da população brasileira, mostram que as percepções de Wolton em relação ao papel deste meio de comunicação estão corretas. A pesquisa revela, por exemplo, que, para 66,3% das pessoas, a televisão aberta é o meio de comunicação mais relevante para buscar informação e, para 69,4%, é a mídia mais confiável. Quanto à programação, 64,6% dos entrevistados consideram os telejornais os programas mais importantes, seguidos das novelas, com 16,4%. O levantamento ouviu 12 mil pessoas em 639 cidades de cinco regiões do País.


Com noticiários, reportagens, entrevistas e debates entre candidatos, a televisão tem sido fundamental para a consolidação da democracia. Além de prover informação e estimular a discussão de temas de interesse nacional, é com a produção regular de séries e campanhas de utilidade pública que este meio estabelece compromisso com as demandas sociais, seja de dimensão nacional ou comunitária, de qualquer pequena cidade interiorana.


Isso só é possível graças ao modelo federativo de radiodifusão, semelhante ao que ocorre em outros países de dimensões continentais. Baseado no conceito de redes de programação básica, ele combina grandes centros de produção, dotados de tecnologia avançada, e profissionais altamente qualificados, capazes de fornecer conteúdo a milhares de emissoras e municípios. O mesmo acontece no sentido inverso – as emissoras afiliadas às redes nacionais contribuem com a sua visão regional e local.


Marcado pela diversidade e pela pluralidade, este modelo compreende 496 emissoras de televisão, sendo 295 comerciais e 201 educativas, e mais de 5 mil estações retransmissoras. A indústria televisiva brasileira gera mais de 200 mil postos de trabalho, diretos e indiretos, produz 70 mil horas/ano e, apenas em programas jornalísticos, 180 mil horas/ano. Cerca de 70% desse conteúdo é nacional – 90%, se considerado apenas o horário nobre.


Uma das grandes contribuições do setor é, por certo, o estímulo ao desenvolvimento econômico e social. Estudo da empresa Tendências Consultoria Integrada realizado em 2007, com base no conceito econométrico, verificou que a inserção de meios de comunicação, entre eles a TV, tem efeito positivo sobre o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH). A televisão leva informação atualizada sobre tendências de mercado, oportunidades de trabalho e novos produtos e tecnologias, contribuindo para tornar mais robustos os mercados regionais e locais.


Como está organizado, o modelo brasileiro dá oportunidade às pequenas e médias empresas de anunciarem seus produtos e serviços localmente a um custo adequado à sua realidade financeira, alcançando o público-alvo, melhorando suas vendas e gerando empregos.


Para se ter uma ideia desse alcance e de seu impacto na economia, a mesma pesquisa revela que mais de 5.600 agências de publicidade interagem com o setor de radiodifusão. A maioria de seus clientes são pequenas empresas que compram espaços em programação local de TV: dos 45 mil anunciantes anuais de TV, 94% têm gastos anuais inferiores a R$ 50 mil. Esses números atestam outra característica essencial do modelo brasileiro de televisão: a multiplicidade de anunciantes garante independência e qualidade na produção de conteúdo.


Até 2012 teremos disseminado no Brasil o padrão digital de televisão, que, mais do que qualidade superior de imagem e som, permitirá o avanço da mobilidade e da portabilidade, ou seja, a capacidade de o telespectador receber o sinal em aparelhos portáteis ou celulares. O sistema nipo-brasileiro também se internacionaliza e é adotado até o momento por 11 países.


É um passo decisivo para a inserção da TV no ambiente de acelerada convergência tecnológica, que permitirá cada vez mais o acesso a voz, vídeo, dados e texto nas mais variadas plataformas.


Portanto, ao completar 60 anos de existência, percebemos que a televisão brasileira continua forte e rejuvenescida, cumprindo o seu papel para o crescimento econômico e a consolidação da democracia.


PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EMISSORAS DE RÁDIO E TELEVISÃO (ABERT)


 


 


Keila Jimenez


Infantis dão mais ibope que SBT e Band na TV paga


Ele nem se foi ainda, mas a TV paga já suspira de saudades do horário eleitoral. Segundo medição do Ibope nacional na TV paga em agosto, a soma das audiências dos canais infantis superou as médias de ibope de SBT, Band e RedeTV! na TV por assinatura. Liderados por Discovery Kids, os canais infantis na TV paga (das 7 horas à meia-noite) somados, fecharam o mês passado em 4,4 pontos. A mesma medição mostra que a média do SBT na TV por assinatura em agosto foi de 2,4 pontos, seguido por Band, com 1,7 ponto, e RedeTV!, 1 ponto.


Os infantis empataram com a Record na TV por assinatura, que também obteve média de 4,4 pontos em agosto. A Globo encerrou o mês como o canal mais assistido na TV por assinatura, com média de 13 pontos de audiência.


Entre os canais esportivos, o líder em agosto (das 7 h à meia-noite) foi o Sportv. As médias de ibope dos esportivos somadas no mês também surpreenderam: chegaram a 1,4 ponto, saldo maior do que o público da RedeTV! no universo da TV por assinatura. Mesmo assim, os canais convencionais seguem como as maiores audiências do setor. As médias de Globo, Record, SBT, Band e RedeTV! juntas, na TV paga em agosto, chegam a 25 pontos.


A soma dos ibopes de todos os canais pagos no mês (mais de 100) foi de 15,5 pontos.


2 pontos de audiência foi a média do Programa do Ratinho, anteontem, no SBT, o mesmo ibope do horário político na RedeTV!


‘Estou meio de saco cheio da Band já.’ Desabafo no Twitter de Edgard Picoli, apresentador do Busão do Brasil, que encalhou em audiência na Band.


Domingos Meirelles, ex-Linha Direta, da Globo, é o nome mais cotado para assumir a vaga de Marcelo Rezende no Tribunal na TV, da Band. A emissora também promete processar Rezende – que foi para a Record- por quebra de contrato.


Além de uma leva de famosas que vão fazer pontas em Ti-ti-ti, como Ana Maria Braga, Preta Gil e Xuxa, a trama também vai contar com a volta de uma personagem de outra novela. Divina Magda, vivida por Vera Zimmerman em Meu Bem, Meu Mal, entra no folhetim em janeiro.


Na fila de autores da Globo, Glória Perez já tem data para retornar ao ar com nova novela e a promessa de ter Glória Menezes no elenco: 2012.


O Prêmio Multishow foi a melhor audiência do canal pago de música no mês de agosto.


Já no Viva, a maior audiência do mês passado foi a reprise, às 16h30, da novela Por Amor, líder de audiência do canal, seguido pelo humorístico Sai de Baixo.


Lançada esta semana, a loja virtual com produtos personalizados do SBT já tem um sucesso de vendas: a camiseta com a estampa do eternizado microfone de lapela de Silvio Santos.


Depois do núcleo judeu, aposta de Walcyr Carrasco em Caras & Bocas, em Dinossauros e Robôs, próxima trama das 7 da Globo, o autor vai mostrar os costumes de uma rígida e tradicional família japonesa.


A cantora e atriz Lua Blanco é uma das fortes candidatas ao elenco da versão nacional de Rebeldes, que a Record fará em 2011.


Vem gente nova na direção da RedeTV! em breve. Executivos de TV têm conversado com os donos da emissora. Mauro Lissoni, ex-diretor de programação do SBT, foi um dos que passaram por lá.


 


 


ARGENTINA


Cerco à imprensa argentina


Passados 27 anos do fim da ditadura militar na Argentina, o governo da presidente Cristina Kirchner pediu abertura de processo contra os diretores dos dois mais importantes jornais do país, Clarín e La Nación, por alegada cumplicidade dos periódicos com ‘crimes de lesa-humanidade’ cometidos pelo regime em 1976. Os diários são acusados ainda de envolvimento com atos de ‘homicídio, extorsão, privação ilegítima de liberdade e tortura’. Os ex-proprietários de um terceiro jornal, La Razón, adquirido pelo Grupo Clarín, também foram incluídos na denúncia.


A iniciativa, anunciada pela Casa Rosada em fins de agosto, não é nada do que aparenta – o restabelecimento da verdade e a imputação de responsabilidades aos controladores de duas organizações jornalísticas pela participação em algumas das brutais violações dos direitos humanos perpetrados ao longo do ciclo ditatorial argentino. Na realidade, por um tortuoso caminho, Cristina e seu marido, Néstor, o presidente que a precedeu e deverá se candidatar à sua sucessão no pleito de 2011, pretendem amordaçar as principais vozes críticas ao kirchnerismo na mídia nacional.


A arena em que se arma o garroteamento da imprensa independente argentina não é a do exercício da censura convencional em suas diversas modalidades, mas a da apropriação do insumo essencial do setor de comunicação impressa – o papel-jornal. Para dar certo, a operação passa pelo alijamento do Clarín e do La Nación do controle acionário da companhia Papel Prensa, que fabrica 75% do produto utilizado no país e abastece 170 jornais. O primeiro daqueles diários enfeixa 49% das ações da empresa. O segundo, 22,49%. O Estado detém 27,46%. As relações entre os acionistas privados e o parceiro estatal são de confronto aberto. De março até este mês, a Papel Prensa esteve sob intervenção, a pedido do governo.


Há mais de um ano, os Kirchners vêm tramando uma ofensiva em duas frentes para estatizar a empresa. De um lado, o governo enviou ao Congresso um projeto que declara ‘de interesse público’ a produção e distribuição de papel-jornal. De outro, como previsto, foi à Justiça para incriminar os dirigentes dos matutinos que ainda não sucumbiram às intimidações da Casa Rosada. A acusação é de que, em conluio com os militares, coagiram os então proprietários da Papel Prensa a vendê-la a preço vil. Mas a mera cronologia dos fatos desmonta a ficção urdida pelo governo. A empresa pertencia à família do banqueiro David Graiver, Morto em agosto de 1976 no México, num desastre aéreo jamais elucidado.


Graiver aplicava no exterior os recursos obtidos pelo movimento armado peronista Montoneros com os sequestros de empresários argentinos. Entre março e abril de 1977, o regime prendeu e torturou seis parentes do banqueiro, entre eles a sua viúva Lidia Papaleo, condenada a 5 anos de prisão pelas ligações da família com a organização guerrilheira. Nessas condições, ela teria concordado em passar adiante a Papel Prensa. O anacronismo é flagrante: a transação ocorrera em novembro de 1976, meio ano antes, portanto. Os Graivers precisavam de dinheiro, entre outras coisas, para devolver aos Montoneros a sua parte. O irmão de David, Isidoro, entre outros familiares, assegura que a venda foi voluntária e a valor de mercado.


Também chama a atenção que, em nenhum outro momento, desde a redemocratização do país, em 1983, e no curso das numerosas investigações sobre os horrores do regime militar, se levantaram dúvidas sobre a legitimidade do negócio. Em nota conjunta, Clarín e La Nación qualificaram o pedido de processo ‘uma aberração moral e jurídica’, sem nenhum fundamento na realidade. ‘O governo’, assinalaram, ‘insiste em mentir, reescrever a história e manipular os direitos humanos como ferramenta de perseguição e represália.’ O mais grave é que os Kirchners o fazem apostando na complacência de um Judiciário em boa medida domesticado. É improvável que a presidente se expusesse ao risco de ver negada a sua solicitação.


As perspectivas para a liberdade de imprensa na Argentina são sombrias. O controle da mídia faz parte da operação eleitoral peronista no próximo ano.


 


 


MÍDIA E POLÍTICA


Lula rebate acusação de autoritarismo


O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a fazer duras críticas à imprensa, rebateu acusações de autoritarismo e reafirmou seu papel de líder partidário simultâneo ao de chefe de Estado, em entrevista concedida ao portal Terra, divulgada ontem. Lula sugeriu que a imprensa ‘deveria assumir categoricamente’ que tem candidato e partido, deixando de ‘vender uma neutralidade disfarçada’.


Questionado sobre ataques feitos anteriormente à imprensa, Lula disse duvidar ‘que exista um país na face da Terra com mais liberdade de comunicação do que neste País, da parte do governo’.


‘A verdade é que nós temos nove ou dez famílias que dominam toda a comunicação do País. A verdade é essa. A verdade é que você viaja pelo Brasil e você tem duas ou três famílias que são donas dos canais de televisão. E os mesmos são donos das rádios e os mesmos são donos dos jornais’, disse o presidente.


Para ele, ‘muita gente’ não teria gostado do fato de seu governo ter distribuído os recursos para publicidade para imprensa entre vários Estados. ‘Hoje, o jornalzinho do interior recebe uma parcela da publicidade do governo.’ Segundo Lula, ‘muitas vezes uma crítica que você recebe é tida como democrática e uma crítica que você faz é tida como antidemocrática’. ‘Ou seja, como se determinados setores da imprensa estivessem acima de Deus e ninguém pudesse ser criticado.’


Lula disse que, independentemente de quem seja o futuro presidente, um novo marco regulatório de telecomunicações precisa ser discutido. ‘As pessoas, em vez de ficarem contra, deveriam participar, ajudar a construir, porque será inexorável’, afirmou. ‘Discutir isso é uma necessidade da nação brasileira. Uma necessidade dos empresários, dos especialistas, dos jornalistas, ou seja, de todo o mundo, para ver se a gente se coloca de acordo com o que nós queremos de telecomunicações para o futuro do País.’


Sobre as críticas ao seu comportamento como líder partidário, Lula disse que ‘não é possível o presidente da República agir como magistrado’. ‘Tenho lado. Tenho um partido e tenho candidato’, afirmou. Questionado se não tem interferido no processo eleitoral ao adotar tal comportamento, ele rebateu: ‘Deveria ser cobrado quem perdeu. Quem não conseguiu fazer o sucessor, porque o sucessor é uma das prioridades de qualquer governo para dar continuidade a um programa que você acredita.’


Lula disse ter medo que o Brasil ‘sofra retrocesso’ caso sua candidata, Dilma Rousseff, não seja eleita. ‘Por isso que eu tenho candidato. Seria inexplicável para a sociedade se eu entrasse numa redoma de vidro e falasse: olha, aconteça o que acontecer nas eleições, o presidente da República não pode dar palpite. Mas nem para escolher o Papa acontece isso’, afirmou.


Demonizar. Em rápida entrevista, em Brasília,Dilma disse não estar disposta a desautorizar qualquer manifestação no País. Questionada se apoiava o Ato Contra o Golpismo da Mídia, respondeu: ‘Não sou contra ato nenhum. A gente tem que conviver com eles. Não vou desautorizar nem as perguntas da imprensa nem qualquer ato.’


Para a petista, ‘ninguém pode ser demonizado’ no País. ‘Não vejo nenhuma ameaça a democracia do Brasil. O Brasil vive um momento democrático’, disse ela, ao lado do presidente do PT, José Eduardo Dutra, e de Antonio Palocci, um dos coordenadores da sua campanha. ‘Não é possível a gente julgar que o Brasil tenha qualquer problema na área democrática.’


A candidata governista lembrou que enfrentou o regime militar e declarou que jamais poderia ser contra liberdade de expressão. ‘Tolerância é a melhor palavra para relação democrática. As pessoas têm absoluto direito de falarem o que querem. Você tem o absoluto direito de aceitar ou não. Agora, não dá para demonizar ninguém nesse País. Isso não é clima adequado para um país que saiu há mais de 20 anos da ditadura.’


 


 


João Domingos


De 8 artigos no site do PT, 7 atacam a imprensa


Do dia 17 até ontem, dos oito artigos publicados na página do PT na internet (www.pt.org.br), apenas um não tratou de uma suposta vocação golpista e autoritária dos meios de comunicação.


Além dos artigos publicados em seu site, o PT foi um dos organizadores do ato realizado ontem no Sindicato dos Jornalistas de São Paulo, intitulado ‘Contra o golpismo midiático e em defesa da democracia’. A manifestação contou com partidos aliados da candidata à Presidência Dilma Rousseff, a exemplo do PDT, PC do B e PSB, de centrais sindicais e de entidades estudantis.


As investidas do PT contra os meios de comunicação se intensificaram à medida que Lula aumentou seus ataques contra a imprensa, de maneira geral, acusando-a de ‘tentativa de golpismo’ por divulgar escândalos do governo.


Em um deles, intitulado ‘Som e fúra da velha imprensa’, Gilson Caroni Filho disse que nos meios de comunicação não há espaço para o contraditório. Outro articulista, Vinícius Wu, acusou os meios de comunicação de querer ‘venezualizar’ o Brasil. Já o secretário Sindical do PT e de Relações Internacionais da CUT, João Felício, disse que os meios de comunicação estabeleceram uma ‘ditadura de pensamento único.’


 


 


Jornalistas condenam pressão sobre a mídia


Reunidos ontem no Clube Militar, no centro do Rio, o diretor de Assuntos Legais da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Rodolfo Machado Moura, e os jornalistas Merval Pereira (O Globo) e Reinaldo Azevedo (Veja) acusaram o governo federal de tentar controlar a produção de notícias e a produção cultural no País desde o início da gestão do presidente Lula, que foi chamado várias vezes de ‘autoritário’.


O tema do painel organizado pelos militares foi ‘A democracia ameaçada: restrições à liberdade de expressão’. O primeiro aplauso do salão lotado veio para Reinaldo Azevedo, quando declarou que a Lei da Ficha Limpa é ‘escancaradamente inconstitucional’. Na única divergência entre os dois jornalistas no debate, Merval disse considerar a lei correta.


Em seguida, Azevedo criticou as restrições propostas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) à publicidade de alimentos não nutritivos. Moura afirmou que não há monopólio da mídia no País.


Após a palestra, Merval disse considerar ‘um ótimo sinal’ o Clube Militar fazer uma reunião pela liberdade de imprensa’. ‘É sinal de que eles (os militares) aprenderam alguma coisa.’


 


 


Leandro Colon


Filho de Franklin deu palestra na fase de criação da EBC


O jornalista Cláudio Martins, filho do ministro da Comunicação Social, Franklin Martins, deu sua contribuição para a criação da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). Até fez exposição técnica aos funcionários da estatal durante a implantação da TV Brasil, entre 2007 e 2008. O comando da EBC sabia, ainda, que ele trabalhava na Tecnet em dezembro de 2009, quando a empresa fechou contrato de R$ 6,2 milhões para cuidar dos arquivos digitais da TV Brasil.


As informações foram confirmada ontem pela própria EBC, em respostas enviadas ao Estado. ‘No início da implantação da EBC, ele (Cláudio Martins) foi convidado pela área técnica para fazer uma exposição sobre cenários virtuais e não recebeu qualquer remuneração por isso’, disse a TV estatal. Segundo a EBC, Ricardo Collar, secretário executivo da emissora, ‘tinha notícias de que Claudio Martins era funcionário do grupo Tecnet’.


Foi Collar quem assinou, no dia 11 de dezembro de 2009, documento autorizando a EBC a fazer o pregão presencial, às pressas, no dia 30, que deu vitória à Tecnet na concorrência contra a Media Portal. Cláudio é representante comercial da Tecnet há dois anos. A empresa faz parte do grupo que dirige a RedeTV!. O filho do ministro negocia softwares e tecnologia da empresa no exterior e no Brasil.


Em entrevista ao jornal Brasil Econômico, publicada ontem, ele admite que mostrou ao pai o produto oferecido pela Tecnet e comprado pela EBC. Segundo o jornal, a frase foi a seguinte: ‘Ele (Franklin) nunca me deu bola sobre esses assuntos. O que eu fiz foi mostrar (o sistema) e dar minha opinião. É como se eu dissesse que o Playstation é melhor do que o Wii’.


‘Ser filho de ministro é pior que ter Aids’, afirmou Cláudio. Também disse que nenhum outro veículo de comunicação tentou falar com ele. O Estado tenta desde segunda-feira – por telefone, ligando de Brasília para a empresa, e na sede, em São Paulo.


A EBC confirmou que o filho de Franklin esteve na festa de inauguração da TV Brasil, em São Paulo, em dezembro de 2008. Segundo a assessoria, a direção da EBC tinha ciência das relações de Cláudio com a RedeTV!. O Tribunal de Contas da União investiga o contrato. O procurador Marinus Marsico, que representa o Ministério Público no TCU, vai pedir os documentos sobre a concorrência e apurar suspeita de tráfico de influência. A EBC é a única emissora de TV brasileira cliente da Tecnet na área digital. Dono da Media Portal, única adversária da Tecnet na concorrência, Fábio Tsuzuki admitiu ao Estado que ajudou a EBC no edital da licitação. E-mails da EBC mencionam que Franklin deu ‘prioridade zero’ ao contrato.


 


 


FORBES


Fundador do Facebook passa Steve Jobs em lista de bilionários


O fundador da rede social Facebook, Mark Zuckerberg, de 26 anos, se tornou a 35.ª pessoa mais rica dos EUA, ultrapassando o fundador da Apple, Steve Jobs, no ranking divulgado pela revista Forbes. Zuckerberg tem uma fortuna estimada em US$ 6,9 bilhões (US$ 2 bilhões a mais que no ano passado), enquanto Jobs, com US$ 6,1 bilhões, ficou em 42.º lugar na lista.


O ranking foi, mais uma vez, liderado pelo fundador da Microsoft, Bill Gates, de 54 anos, que renunciou às atividades cotidianas da empresa para se dedicar à filantropia. Gates, segundo a Forbes, tem uma fortuna estimada em US$ 54 bilhões.


O investidor Warren Buffet, da companhia Berkshire Hathaway, é o segundo americano mais rico, com US$ 45 bilhões, seguido de Larry Ellison, da Oracle, que aos 66 anos tem US$ 27 bilhões, e Christy Walton, da rede varejista Walmart, com US$ 24 bilhões.


Entre os dez mais ricos estão, ainda, Charles Koch, de 74 anos, e seu irmão, David Koch, de 70 anos, da Koch Industries, cada um com uma fortuna estimada em US$ 21,5 bilhões.


O prefeito de Nova York, Michael Bloomberg, de 68 anos, fundador da agência de notícias financeiras Bloomberg, está no décimo lugar, com uma fortuna estimada em US$ 18 bilhões.


Os cofundadores do Google, Larry Page e Sergey Brin, ambos com 37 anos, seguem com um valor estimado em US$ 15 bilhões.


Problemas. No mesmo dia em que apareceu como um dos mais ricos dos EUA, Zuckerberg teve de enfrentar um problema grave: o Facebook entrou em pane pelo segundo dia consecutivo.


O site estava ontem inacessível para vários usuários, que encontravam uma mensagem dizendo ‘DNS Failure’ quando tentavam entrar nas páginas. Até o início da noite de ontem, a empresa havia informado apenas que estava tentando corrigir o problema. / AGÊNCIAS INTERNACIONAIS


 


 


MERCADO


Blockbuster sucumbe à internet e pede concordata


A Blockbuster Inc., que já foi a maior rede de videolocadoras dos Estados Unidos, pediu concordata depois de meses acumulando prejuízos e dívidas crescentes. A empresa continuará operando suas 3,3 mil lojas americanas, mas analistas calculam que centenas delas fecharão sob a gestão dos novos donos, liderados pelo bilionário investidor Carl Icahn. A companhia, baseada em Dallas, tem cerca de 25,5 mil empregados.


A concordata, solicitada ontem em Nova York, deverá derrubar as ações já extremamente fragilizadas da Blockbuster, que foram retiradas da Bolsa de Valores de Nova York há dois meses porque não tinham quase nenhum valor. Icahn e seu grupo possuem 80% da dívida de alta prioridade da rede, num valor nominal de US$ 675 milhões. Pelo plano de reorganização proposto, eles receberão novas ações e controlarão o conselho da Blockbuster em troca de perdoar a dívida.


É a segunda vez que Icahn tentar recuperar a Blockbuster. Ele instigou a empresa a criar seu serviço de entrega de DVDs por correio após adquirir uma participação de 10% na companhia em 2005, mas a cadeia se afundou cada vez mais em problemas.


A empresa espera reduzir a dívida de quase US$ 1 bilhão para cerca de US$ 100 milhões com o pedido de concordata. A companhia recebeu promessas de US$ 125 milhões em financiamento de ‘devedores com permanência na gestão’ para pagar clientes, fornecedores e empregados durante a reorganização. Busca pronto acesso a US$ 45 milhões para garantir o pagamento de estúdios de cinema para manter suas lojas abastecidas de DVDs.


Potência. Fundada em 1985 por um empresário de software de Dallas, a Blockbuster já foi uma potência no entretenimento doméstico. Ela ajudou a popularizar os aparelhos de videotape e deslanchou em 1987, após o fundador da Waste Management Inc, Wayne Huizenga, assumir o controle e começar a expandir agressivamente os negócios e a comprar concorrentes. Nos últimos anos, no entanto, a rede perdeu espaço para vídeos assistidos via cabo e serviços de entrega de DVD pelo correio, como o Netflix. Mais de mil lojas da Blockbuster foram fechadas nos dois últimos anos porque não eram lucrativas.


O pedido de concordada nos EUA não afeta a operação da marca no Brasil, segundo a Lojas Americanas, que adquiriu, em 2007, o direito de uso da marca no País por 20 anos. ‘Não há qualquer vínculo entre Lojas Americanas e Blockbuster Internacional’, disse a companhia em nota.


Desde que adquiriu a marca, a Lojas Americanas eliminou as lojas próprias da Blockbuster. Todas as cerca de 200 locadoras da marca no País estão instaladas em lojas da varejista, principalmente nas do formato Americanas Express, que responde pela operação. Já a locadora virtual Blockbuster On Line é operada pela B2W, braço da Lojas Americanas para vendas na internet que também reúne Americanas.com, Submarino, Shoptime, Ingresso.com e B2W Viagens. / AGÊNCIAS INTERNACIONAIS E ALEXANDRE RODRIGUES


 


 


 


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